The Firm
é o álbum de estreia da banda inglesa de mesmo nome, ou seja, o The
Firm. Seu lançamento oficial aconteceu em 11 de fevereiro de 1985
através do selo Atlantic Records. As gravações ocorreram durante o
ano de 1984, no Sol Studios, na Inglaterra. A produção ficou a
cargo de Jimmy Page e Paul Rodgers.
O The
Firm foi a união de duas lendas do Rock em um projeto que teve curta
duração: Paul Rodgers, que foi o vocalista do Free e do Bad Company
e Jimmy Page, o lendário guitarrista do Led Zeppelin.
Após um
hiato de 3 anos, o Bad Company lançou Rough Diamonds, em 1982. Este
foi o sexto e último álbum com a encarnação original do grupo.
O disco
acabou sendo o pior em desempenho comercial do Bad Company dentre os
que tiveram Paul Rodgers como o homem de frente. O álbum alcançou a 15ª posição na parada do Reino Unido e a 26ª na
correspondente norte-americana.
Após o
lançamento de Rough Diamonds, o Bad Company se dissolveu.
Segundo
Mick Ralphs: "Paul queria uma pausa e sinceramente todos nós
precisávamos dela. O Bad Company tornou-se maior do que todos e para
continuar seria destruindo alguém ou alguma coisa. Do ponto de vista
de negócios, era a coisa errada a fazer, mas o instinto de Paul
estava absolutamente certo".
No início
dos anos 80, havia rumores de que Paul Rodgers iria cantar com a
Rossington-Collins Band (constituída pelos sobreviventes do Lynyrd
Skynyrd).
Mas, já
em Outubro de 1983, Rodgers lançou seu primeiro álbum solo, Cut
Loose. Ele compôs todas as músicas e tocou todos os instrumentos. O
disco acabou alcançando o 135º lugar na parada Pop da Billboard.
Paul Rodgers |
Em 25 de
setembro de 1980, aconteceu um dos episódios mais tristes da
história do Rock: John Henry Bonham, ou simplesmente John Bonham, um
dos maiores bateristas de todos os tempos no Rock, foi encontrado
morto aos 32 anos de idade.
Com a
morte de seu baterista, o Led Zeppelin se separou em 1980. Jimmy
Page, inicialmente, recusou-se a tocar guitarra, de luto por seu
amigo.
Page fez
um retorno aos palcos em um show de Jeff Beck, em março de 1981, no
Hammersmith Odeon. Também em 1981, juntou-se com o baixista Chris
Squire e o baterista Alan White (ambos ex-Yes) para formar um
supergrupo chamado XYZ (uma sigla para ex- Yes – Zeppelin).
Eles
ensaiaram várias vezes, mas o projeto foi arquivado. Bootlegs destas
sessões revelaram que parte do material surgiu em projetos
posteriores, nomeadamente em "Fortune Hunter" (no The Firm)
e "Mind Drive" e "Can You Imagine?", ambas no
Yes.
Page se
juntou ao Yes, no palco, em um show no ano de 1984, no
Westfalenhalle, em Dortmund, Alemanha, tocando a música "I'm
Down".
Em 1982,
Page colaborou com o diretor Michael Winner a fim de gravar a trilha
sonora do filme Death Wish II.
Esta e
várias gravações subsequentes, incluindo a trilha sonora Death
Wish III, foram gravadas e produzidas em seu estúdio de
gravação, Sol Studios, em Cookham, o qual havia comprado de Gus
Dudgeon, no início de 1980.
Em 1983,
Page participou do A.R.M.S. (Action Research for Multiple Sclerosis),
uma série de concertos para caridade os quais honraram o baixista
Ronnie Lane (Small Faces), que sofria da doença.
Para os
primeiros shows, no Royal Albert Hall, em Londres, o set-list de Page
consistiu de músicas da trilha sonora do filme Death Wish II (com
Steve Winwood nos vocais) e uma versão instrumental de "Stairway
to Heaven".
Uma turnê
em quatro cidades dos Estados Unidos se seguiu, com Paul Rodgers, do
Bad Company, substituindo Winwood. Durante a turnê, Page e Rodgers
tocaram "Midnight Moonlight", que mais tarde iria aparecer
no primeiro álbum do The Firm.
Já em
1984, Page colaborou com Roy Harper para o álbum Whatever Happened
to Jugula?, realizando concertos ocasionais. Também em 1984, Page
gravou com Robert Plant, como The Honeydrippers, o disco The
Honeydrippers: Volume 1; e com John Paul Jones a trilha sonora do
filme Scream for Help.
Jimmy Page |
Logo
após, Page e Rodgers se uniram para dar início a um novo projeto. O
mesmo seria batizado de The Firm!
Page e
Rodgers originalmente queriam o ex-baterista do Yes, Bill Bruford, e
o baixista Pino Palladino para completarem o grupo; no entanto,
Bruford estava contratado por outra gravadora e Palladino tinha
compromissos de turnê com o cantor Paul Young.
Desta
forma, a dupla acabou recrutando o baixista Tony Franklin e o
baterista Chris Slade; este ex-membro das bandas Manfred Mann's Earth
Band e Uriah Heep.
Assim,
estava formado o supergrupo!
Ambos,
Page e Rodgers, recusaram-se a tocar qualquer material de suas bandas
anteriores e, por sua vez, optaram por uma seleção de canções do
novo grupo e mais faixas de ambas careiras solo.
As novas
músicas foram fortemente infundidas com uma influência soul, com um
som mais acessível comercialmente, cortesia especial do estilo do
baixista Franklin.
O álbum
foi gravado no estúdio particular de Jimmy Page, na Inglaterra, o
Sol Studios e mostrava um som consideravelmente diferente do que seus
protagonistas fizeram em seus maiores empreendimentos musicais.
Vamos às
faixas:
CLOSER
"Closer" é um Rock com algum flerte com a música Pop de seu tempo. A guitarra de Page está presente e faz um bom solo ao final da execução. A interpretação de Rodgers é competente. Mas o destaque maior vão para os metais que dão um toque saboroso à faixa.
A letra
tem sentido de flerte:
There's
a mighty power
Rising
like a morning sun
It's a
power of love
Baby
and it's you I want
I get
a burning feeling
Flames
are getting higher and higher
You
got my senses reeling
“Closer”
foi lançada como single e não obteve qualquer maior repercussão
nas principais paradas de sucesso.
MAKE
OR BREAK
Na segunda música do disco, a pegada Rock está um pouco mais proeminente. É bem perceptível uma certa aura da época de Paul Rodgers no Bad Company. O ritmo é bastante cadenciado. A partir da metade, a guitarra de Jimmy Page está mais brilhante e a canção ganha bastante com isto. Ótima presença, também, da seção rítmica.
A letra é
inteligente e divertida:
In the
cut, drop Z ok the tops up
Left
the mall bought little Amo the toy truck
Your
boy's what, three years old know correct
He and
my daughter's age neck and neck
They
furtures set
In the
background's a old cassette
Fly
Stephanie Mills shit
Whats
the deal with all this shit I'm hearin up top
You
got arrested, shot affair, one with a cop
SOMEONE
TO LOVE
Já em "Somemone To Love", o grupo aposta em uma pegada mais atual (para a época, é claro). O ouvinte percebe os teclados mais proeminentes. O ritmo é lento, com bastante malícia e criatividade. O baixo de Tony Franklin é um dos maiores destaques da faixa.
A letra
tem sentido romântico:
She
gives me music in my soul
I've
found someone to love
And I
will never let this go
I've
found someone to love
Oh
baby she just has to let it show
She
found someone to love yeah
She
found someone to love
TOGETHER
Em sua quarta canção, a proposta é bastante diferente das faixas que a antecederam. O ritmo é ainda mais lento, predominando a suavidade e a leveza. A voz de Paul Rodgers está ainda mais contida, emprestando mais emoção à parte instrumental, formando uma composição bem atraente. Bom momento do álbum.
Novamente,
o sentido da letra é o amor:
Living
in dreams
Making
them real
Know
how it feels when they say
Yesterday
- shadows on my mind
Yesterday
- love so hard to find
Now
today - giving me the sign
Telling
me just what you need
RADIOACTIVE
"Radioactive" é a cara dos anos 80, com o uso de sintetizadores e uma inegável pegada Pop, bastante ressaltada. O ritmo é cadenciado, com a guitarra de Jimmy Page aparecendo em segundo plano. O principal destaque é a atuação de Paul Rodgers nos vocais, atuando conforme é exigido.
A letra
tem forte sentido de sedução:
Oh yeah,
radioactive
Don't you stand...stand too close
You might catch it
Don't stand too close, baby
Radioactive
Oh yeah
Radio radio radio radioactive
Don't you stand...stand too close
You might catch it
Don't stand too close, baby
Radioactive
Oh yeah
Radio radio radio radioactive
“Radioactive”
é, provavelmente, o maior sucesso lançado na curta carreira do The
Firm.
Foi o
primeiro single lançado para promover seu álbum de estreia.
Conquistou a 28ª posição na principal parada de singles dos
Estados Unidos, conquistando a 76ª colocação na correspondente
britânica.
Também
teve um videoclipe exibido com boa frequência pela MTV
norte-americana.
Ocasionalmente,
Paul Rodgers manteve a faixa em seu set-list de shows em sua
carreira-solo.
YOU'VE
LOST THAT LOVIN' FEELING
Na versão para "You've Lost That Lovin' Feeling", a pegada é bem mais suave e leve, sendo uma balada bastante competente. O baixo de Tony Franklin novamente está bastante proeminente e a guitarra de Jimmy Page dá um toque especial para a composição a partir de sua metade.
A letra
mostra o fim de um relacionamento:
Baby,
baby, I'd get down on my knees for you
If you
would only love me like you used to do
We had
a love...a love...a love you don't find everyday
So
darling, darling, darling don't take your love away
Trata-se
de uma versão para a faixa “You've Lost That Lovin' Feelin'”,
originalmente lançada pela banda The Righteous Brothes, no álbum
homônimo à música, lançado em 1964.
MONEY
CAN'T BUY
"Money Can't Buy" possui uma sonoridade mais setentista e tradicional, muito por conta do riff inicial, muito inspirado e executado à perfeição. A guitarra de Page está mais presente e, claro, a canção ganha bastante com isso. A atuação de Rodgers é das melhores no álbum. Certamente uma das principais músicas do trabalho.
A letra
faz uma pequena reflexão:
Running
in a nightmare
Waking
in a cold sweat
You
sell your soul to the company payroll
Just
to keep from gettin' in debt
SATISFACTION
GUARANTEED
Novamente em "Satisfaction Guaranteed", a pegada é claramente a da música Pop dominante na década de 80, sendo isto não necessariamente ruim. O andamento é bem arrastado, predominado por sintetizadores, embora, quando apareça, a guitarra de Page traga um brilho especial. Enfim, a faixa é bastante competente naquilo a que se propõe.
A letra
possui sentido de perda:
Sitting
in the gutter with my head wrapped in my hands
I've
been drinking all night, and I just can't stand the pain
It
took an awful lot of trouble just to make me understand
Now
it's clear to me, but will it ever be the same?
“Satisfaction
Guaranteed” é um dos grandes sucessos da The Firm.
Foi o
terceiro single lançado para promover o disco. Atingiu a 73ª
posição na principal parada norte-americana desta natureza.
MIDNIGHT MOONLIGHT
MIDNIGHT MOONLIGHT
A nona - e última - faixa de The Firm é "Midnight Moonlight". A derradeira canção do álbum traz de volta o espírito dos anos 70, deixando evidente o fato do qual a mesma foi composta cerca de uma década antes. O ritmo é mais lento, muitas vezes mais acústico, mas trazendo grandes variações de intensidade e atuações muito brilhantes de Page e de Rodgers. Fecha o disco com chave-de-ouro.
A letra é
uma inteligente metáfora sobre o transcorrer da vida:
See
the shadows dancing in the moonlight in her eyes
See a
vision forming and it comes as no surprise
Could
it be a warning that don't hurt before it dies?
See
the shadows dancing in the moonlight in her eyes
See a
vision forming and it comes as no surprise
Could
it be a warning that don't hurt before it satisfies?
Conforme
dito, “Midnight Moonlight” foi inicialmente apresentada em 1983,
quando Rodgers e Page tocaram juntos na turnê de caridade do ARMS.
A faixa
era uma música do Led Zeppelin, criada durante as sessões do álbum
Physical Graffiti (1975), que não foi lançada e permaneceu inédita.
Seu nome original era "The Swan Song".
Este fato
fez com que alguns críticos acreditassem que Page, à época, havia
começado a se encontrar em um período pouco criativo.
Considerações
Finais
Após o
lançamento do álbum, seguiu-se uma turnê pelos Estados Unidos e
Reino Unido, entre os meses de Fevereiro e Maio de 1985.
“Radioactive”
ajudou a impulsionar o trabalho, comercialmente falando, fazendo-o
galgar boas posições nas principais paradas de sucesso.
Ficou com
a ótima 15ª posição da principal parada de álbuns do Reino
Unido, conquistando a 17ª colocação na sua correspondente
norte-americana. Ainda atingiu os 21º, 16º e 51º lugares nas
paradas de Suécia, Canadá e Holanda; respectivamente.
A revista
britânica Kerrang! colocou o disco na 20ª posição de seu Ranking
de melhores álbuns de 1985. Já a Revista Rolling Stone não gostou
do álbum.
Já em
1986, o grupo lançaria seu segundo – e final – disco, Mean
Business, mas que não obteve a mesma repercussão do trabalho
anterior. Uma turnê foi realizada para promovê-lo, mas logo em
seguida a banda se desfez.
Formação:
Paul
Rodgers - Vocal, Guitarras
Jimmy
Page - Guitarra
Tony
Franklin - Baixo, Teclado, Sintetizador, Backing Vocal
Chris
Slade - Bateria e Percussão
Músicos
Adicionais:
Steve
Dawson - Trompete em "Closer"
Paul
"Shilts" Weimar - Saxofone Barítono em "Closer"
Willie
Garnett - Saxofone Tenor em "Closer"
Don
Weller - Saxofone Tenor Solo em "Closer"
Sam
Brown, Helen Chappelle & Joy Yates - Backing Vocals em "You've
Lost That Lovin' Feeling" e "Midnight Moonlight"
Faixas:
01.
Closer (Page/Rodgers) - 2:52
02. Make
or Break (Rodgers) - 4:21
03.
Someone to Love (Page/Rodgers) - 4:55
04.
Together (Page/Rodgers) - 3:54
05.
Radioactive (Rodgers) - 2:49
06.
You've Lost That Lovin' Feeling (Spector/Mann/Weil) - 4:33
07. Money
Can't Buy (Rodgers) - 3:35
08.
Satisfaction Guaranteed (Page/Rodgers) - 4:07
09.
Midnight Moonlight (Page/Rodgers) - 9:13
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/firm-the/
A expectativa pode ser o grande fiel da balança quando o ouvinte apreciar, pela primeira vez, o trabalho inicial do The Firm. Especialmente se o leitor for um grande fã de Led Zeppelin e das bandas Free e Bad Company, nas quais, respectivamente, Jimmy Page e Paul Rodgers brilharam intensamente.
Outro ponto é que a proposta apresentada pelo The Firm era antenada com o tempo em que a banda surgiu: a metade dos anos 80. Assim, a sonoridade que predomina em quase todo o trabalho tem a roupagem da música Pop dominante em 1985, com o uso de muitos sintetizadores, por exemplo.
Não há o que se discutir na qualidade dos músicos presentes no trabalho: Jimmy Page e Paul Rodgers dispensam quaisquer apresentações, Tony Franklin é ótimo (basta ver, no corpo do texto, que em algumas faixas ele é o destaque) e Chris Slade já havia demonstrado sua competência no Uriah Heep.
As letras são boas, muitas vezes com o apego mais romântico, mas, no âmbito geral, estão bem.
Os destaques do disco vão depender muito do ouvinte. E, aqui, o Blog não pode negar toda a sua tradição mais voltada ao Hard e Heavy em geral. E, ao mesmo tempo, tentar compreender o que o grupo se propôs a apresentar.
"Satisfaction Guaranteed" é uma boa composição, especialmente competente naquilo que se propôs a ser. O mesmo pode ser dito sobre "Closer", a qual possui um naipe de metais que a deixa ainda mais saborosa. "Make Or Break" é mais roqueira, com o espírito do Bad Company presente, o que se revela um bom sinal.
Mas a melhor faixa do trabalho é mesmo "Midnight Moonlight", com toda a sua áurea setentista e um brilhantismo inegável.
Enfim, o álbum de estreia do The Firm é um trabalho antenado com a música de seu tempo e que realiza uma agradável fusão desta musicalidade com o Rock. Conforme foi afirmado acima, o veredicto final depende muito de qual expectativa o ouvinte tem para o trabalho: se ele quer uma emulação do Free/Bad Company e Led Zeppelin é melhor passar longe. Se o leitor quiser um álbum divertido e competente naquilo que se propõe, o Blog recomenda a audição do bom primeiro disco do The Firm.
Eu me lembro bem da decepção que o The Firm provocou quando o primeiro LP foi lançado, pois todo mundo esperava uma obra-prima da união entre Page e Rodgers. O problema é que com isso muita gente deixou de lado um bom disco! Jimmy Page nunca mais lançou nada que se comparasse aos dois discos do Firm - claro que o trabalho dele com o Led Zeppelin é imbatível, mas a parceria com o Paul Rodgers ficou muito legal. E Live in Peace, do segundo disco, traz o melhor solo que ele fez depois do fim do Led.
ResponderExcluirEu fui conhecer o The Firm só na década passada, pois sempre que falava na banda as pessoas mandavam eu fugir. Como já fui preparado para não esperar um emulado do Led, eu gostei. É diferente do Hard, mas é bem inusitado.
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