In
The Court of the Crimson King é o álbum de estreia da banda
britânica King Crimson. Seu lançamento oficial aconteceu em 10 de
outubro de 1969, através do selo Island Records. As gravações
ocorreram entre junho e agosto daquele mesmo ano, no Wessex Sound
Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta do
próprio grupo.
Na
estreia do Blog em 2017, já começamos com uma novidade: o 'debut'
de um dos gigantes do Rock Progressivo setentista, estilo que
gradativamente começará a aparecer mais por aqui. Como tradição,
será feita uma descrição dos fatos que antecederam o lançamento
do disco para depois se abordar suas faixas.
A
história do King Crimson começa no ano de 1967, quando os irmãos
Michael Giles, baterista, e Peter Giles, baixista, fizeram um anúncio
procurando um músico que tocasse órgão e cantasse, a fim de
constituírem uma nova banda.
Peter
e Michael já tocavam profissionalmente em algumas bandas desde
meados de suas adolescências, portanto, tendo experiência no
assunto.
Quem
respondeu ao supracitado anúncio foi o guitarrista Robert Fripp, que
também era da mesma cidade dos irmãos Giles, Dorset, na Inglaterra.
O trio formou um novo conjunto e que foi batizado de Giles, Giles and
Fripp.
A
base musical do novo grupo era um Pop excêntrico, substancialmente
enriquecido por uma instrumentalidade bem complexa. O conjunto gravou
vários singles, todos com pouco ou nenhum sucesso, e até mesmo um
álbum, chamado The Cheerful Insanity of Giles, Giles e Fripp
(1968).
A
banda ficou pairando em torno do sucesso, incluindo várias aparições
em programas de Rádio e até mesmo uma na televisão, mas nunca
conseguiu gravar um hit o qual teria sido crucial para atingir o
almejado sucesso comercial.
Desta
forma, o disco não fez mais barulho que os singles, chegando a
receber uma crítica negativa do baterista do The Who, Keith Moon, em
uma revista.
Em
uma tentativa de expandir sua abordagem musical, o grupo recrutou o
tecladista Ian McDonald, o qual trouxe consigo sua então namorada,
Judy Dyble, ex-vocalista do conjunto Fairport Convention.
A
estadia de Judy foi bastante efêmera, com a vocalista deixando a
banda assim que seu relacionamento com McDonald chegou ao fim.
McDonald,
então, trouxe ao grupo o letrista, roadie e artista Peter Sinfield,
com quem havia escrito canções desde que Ian havia sugerido a
Sinfield que sua banda (de nome Creation) era musicalmente sem
esperança, mas que se juntasse a ele na qualidade de compositor.
Simultaneamente,
Robert Fripp assistiu a um show da banda Clouds,
no Marquee Club, em Londres, e que o inspiraria em acrescentar
elementos de música clássica e jazz na sua forma de compor música.
Ademais,
Fripp não estava mais disposto a prosseguir no estilo Pop
extravagante de Peter Giles e convidou seu amigo, o excelente
guitarrista e vocalista Greg Lake, para se juntar ao grupo e
substituir Peter Giles (ou seu irmão Michael).
Mais
tarde, Peter Giles chamaria este ato de Fripp de “sutil movimento
político” ao mesmo tempo em que, desiludido com a falta de sucesso
do Giles, Giles and Fripp, acabou deixando a banda e permitindo a
Greg Lake se tornar o baixista e vocalista do conjunto.
A
primeira encarnação do King Crimson surgiu na cidade inglesa de
Londres, em 30 de Novembro de 1968, e seu primeiro ensaio aconteceu em
13 de janeiro de 1969. O nome da banda foi cunhado por Sinfield,
embora não tivesse o objetivo de ser um sinônimo de Belzebu, o
príncipe dos demônios.
De
acordo com Robert Fripp, belzebu (em inglês Beelzebub) era uma forma
inglesa da frase árabe “B'il Sabab”, a qual significaria “o
homem com um objetivo”.
Histórica
e etimologicamente, um "King Crimson" seria qualquer
monarca em cujo reinado houve agitação civil e derramamento copioso
de sangue. Curiosamente, seu primeiro álbum estreou no auge da
oposição mundial ao envolvimento militar dos Estados Unidos no
sudeste asiático (Nota do Blog: Guerra do Vietnã).
Naquela
altura, Ian McDonald era o principal compositor do grupo, embora com
contribuições de Greg Lake e Robert Fripp, enquanto Peter Sinfield
escrevia as letras, criava e operava a iluminação de palco da
banda, sendo creditado nos termos “sounds e visions” (sons e
visões, em uma tradução literal).
Ian McDonald |
Ian
McDonald sugeriu à banda a comprar um Mellotron e eles começaram a
usá-lo para criar um som de rock orquestral, inspirado na banda
inglesa The Moody Blues.
(Nota do Blog: Mellotron é um teclado eletromecânico
polifônico desenvolvido originalmente em Birmingham, Inglaterra, no
início da década de 1960, por uma empresa de mesmo nome).
Peter
Sinfield descreveu o King Crimson assim: “Se ele soasse muito
popular, estava fora. Portanto, ele deveria ser complicado, deveria
possuir acordes mais expansivos, e ter influências estranhas. Se
soasse muito simples, nós o tornaríamos mais complicado (...)”.
O
King Crimson fez a sua estreia, ao vivo, em 9 de abril de 1969, e
acabou tendo sua grande premier ao tocar com o Rolling Stones em seu
famoso concerto gratuito no Hyde Park, em Londres, em Julho de 1969,
ante um público estimado de 500 mil pessoas.
As
sessões iniciais para gravação do álbum foram realizadas no
início de 1969, com o produtor Tony Clarke, mais conhecido por seu
trabalho com o The Moody Blues. Estas sessões se revelaram um
fracasso e o grupo conseguiu a permissão para produzir o disco por
si mesmo.
O
álbum foi gravado no Wessex Sound Studios, em Londres, com o
engenheiro de som Robin Thompson e auxílio de Tony Page.
Com
o objetivo de alcançar os exuberantes sons orquestrais,
característicos do álbum, Ian McDonald passou muitas horas na
mixagem das camadas de Mellotron e dos vários instrumentos de sopro
usados na gravação.
Algum
tempo depois que o álbum havia sido concluído, no entanto,
descobriu-se que o gravador stereo master utilizado durante a
fase de mixagem do álbum havia alinhado as cabeças de gravação
incorretamente.
Este
desalinhamento resultou em perda de altas frequências e introduziu
alguma distorção indesejada. Isto é evidente em algumas partes do
disco, em particular em “21st Century Schizoid Man”.
Por
conseguinte, enquanto se preparava a primeira versão americana do
disco para a Atlantic Records, uma cópia especial foi feita a partir
do gravador 2-track stereo master
(analógico), em uma tentativa de corrigir algumas dessas
anomalias. (O processo de cópia da fita analógica geralmente
resulta em perda de qualidade).
De
1969 a 2003, essa cópia de gravação 'corrigida' foi a fonte usada
na produção de cópias em vinil, cassete e CD lançadas ao longo
dos anos. As gravações originais, no entanto, haviam sido
arquivadas logo após as sessões originais de mixagem, em 1969.
Estas fitas foram consideradas perdidas até o ano de 2003.
Greg Lake |
Barry
Godber, um programador de computador, pintou a capa do álbum. Godber
morreu em fevereiro de 1970, de um ataque cardíaco, pouco depois do
lançamento do disco. Esta foi sua única capa de álbum e a pintura
original agora pertence a Robert Fripp.
Fripp
sobre Godber: “Peter trouxe esta pintura e a banda adorou.
Recentemente, recuperei o original dos escritórios (da E.G.
Records), porque eles mantiveram-no exposto à luz brilhante, com o
risco de estragá-lo, então eu acabei por removê-lo de lá. A face
do lado de fora é o Homem esquizóide, e a do interior é o King
Crimson. Se você cobrir o rosto sorridente, os olhos revelam uma
tristeza incrível. O que se pode acrescentar? Ele reflete a música”.
A
capa do álbum é pintada em uma parede no filme Surf Nazis Must
Die, de 1987.
Vamos
às faixas:
21ST
CENTURY SCHIZOID MAN
O álbum começa com um flerte deliberado a sonoridades mais pesadas, seja pela guitarra pesada de Robert Fripp, seja pela voz transtornada de Greg Lake, alterada no estúdio. O peso e o riff magistral logo dão caminho a uma extensa jornada com pegada jazzística. Ao final, o retorno ao tema inicial. Faixa incrível!
A
letra é inteligente, apresentando uma linguagem que traduz figuras e
críticas à sociedade política:
Blood
rack, barbed wire
Politicians'
funeral pyre
Innocents
raped with napalm fire
Twenty
first century schizoid man
As
letras de "21st Century Schizoid Man" foram escritas por
Peter Sinfield e consistem, principalmente, de frases desconexas as
quais apresentam uma série de imagens. Todos as três estrofes
seguem um padrão definido em apresentar essas imagens.
O
primeiro verso de cada estrofe apresenta duas imagens relativamente
vagas, como “Cat's foot, iron claw”. O segundo verso é uma única
imagem, muitas vezes, mais específica que as duas primeiras, e o
terceiro verso se aproximaria de uma sentença real. O quarto e
último verso de cada estrofe é o título da canção.
A música faz referência à Guerra do Vietnã com as letras
“Politicians' funeral pyre/Innocents raped with napalm fire” sendo uma
referência às bombas de napalm usadas no conflito.
Antes
de uma performance ao vivo da canção, em 14 de dezembro de 1969,
ouvida no álbum ao vivo Epitaph (1997), Robert Fripp comentou
que a canção foi dedicada a “uma personalidade política
americana a quem todos nós conhecemos e amamos muito. Seu nome é
Spiro Agnew”. (Nota do Blog: Spiro Theodore Agnew foi um
político estadunidense, vice-presidente do seu país entre 1969 e
1973, de origem familiar grega. Teve uma notável subida na carreira
política: em apenas seis anos passou de executivo municipal a
vice-presidente. Renunciou ao cargo de vice-presidente em 1973 por
ter sido acusado de evasão fiscal).
A
canção é notável por seus vocais fortemente distorcidos, cantados
por Greg Lake, e sua seção instrumental no meio da execução,
batizada de “Mirrors”.
O
solo de guitarra de Robert Fripp foi escolhido como 82º colocado na
lista Top 100 Greatest Guitar Solos, de 2008, realizada pela
revista norte-americana Guitar World. Entre os fãs da canção, está
o ex-primeiro ministro britânico, Tony Blair.
Entre
algumas bandas famosas que gravaram versões para o clássico
atemporal do King Crimson estão as bandas Voivod, Gov't Mule e Ozzy
Osbourne.
I
TALK TO THE WIND
Já em sua segunda faixa, "I Talk to the Wind", Greg Lake canta de forma contida e suave, casando os vocais com a sonoridade leve, mas muito envolvente. Mas o grande destaque é a flauta sublime de Ian McDonald, que não apenas encanta o ouvinte, mas também cria uma atmosfera especial para a canção. Linda música.
A
letra é ótima e passa uma mensagem sobre a fugacidade do tempo:
You
don't possess me
Don't
impress me
Just
upset my mind
Can't
instruct me or conduct me
Just
use up my time
É a
única música do álbum que não possui uma seção separadamente
batizada. Entre algumas versões estão artistas como Opus III,
Jordan Rudess e Klaus Waldeck.
EPITAPH
Com mais de 8 minutos, "Epitaph" traz uma melodia belíssima, mas ao mesmo tempo uma sonoridade escurecida e totalmente melancólica. Impossível não ressaltar o trabalho de Greg Lake, não apenas nos vocais, mas sobretudo no Baixo. Mas o destaque maior fica para o trabalho de Ian McDonald no teclado Mellotron, responsável direto pelo clima sombrio da canção. Espetacular.
A
letra é profunda, mas pode ser inferida com um sentimento sombrio e
resignado:
Confusion
will be my epitaph
As
I crawl a cracked and broken path
If
we make it we can all sit back
And
laugh
But
I fear tomorrow I'll be crying
Yes,
I fear tomorrow I'll be crying
Em
“Epitaph”, estão incluídas duas passagens denominadas “March
for No Reason” e “Tomorrow and Tomorrow”.
A
música se tornou famosa pelo uso intenso do Mellotron, de Ian
McDonald.
O
título da canção, mais tarde, foi usado como o nome para um álbum
ao vivo do King Crimson, Epitaph, de 1997.
O
grandioso trio Emerson, Lake & Palmer, mais tarde, incorporaria um trecho de “Epitaph” em uma versão ao vivo de sua música
“Tarkus” (após uma parte denominada “Battlefield”), do álbum
Tarkus (1971), conforme documentado no disco ao vivo Welcome
Back My Friends to the Show That Never Ends... Ladies and Gentlemen
(1974).
A
gravadora Epitaph Records também tomou seu nome da canção.
MOONCHILD
"Moonchild" é a mais longa faixa do disco, superando a casa dos 12 minutos. Os vocais de Greg Lake são encontrados apenas nos primeiros minutos, dando passagem a uma extensa viagem instrumental, na qual técnica e improviso se abraçam harmoniosamente em uma turnê repleta de experimentalismo.
Embora
seja uma letra dotada de notável fantasia, há um inegável
sentimento de tristeza e melancolia em seu significado:
Call
her moonchild
Dancing
in the shallows of a river
Lonely
moonchild
Dreaming
in the shadows
Of
the willow
“Moonchild”
é dividida em duas seções denominadas “The Dream” e “The
Illusion”.
A
primeira seção, “The Dream”, é uma balada predominantemente
donimada pelo Mellotron, mas, após dois minutos e meio de execução,
ela muda para uma forma completamente livre de improvisação
instrumental da banda (chamada “The Illusion”), a qual dura até
o final da canção.
Robert
Fripp toca um trecho de “The Surrey With the Fringe on Top”
(retirada do musical Oklahoma, de Rodgers & Hammerstein) durante
a seção “The Illusion”.
Na
versão remasterizada do álbum, de 2009, a faixa foi editada por
Fripp e seu amigo músico, Steven Wilson, com os cerca de 2,30
minutos de improvisação original (exatamente o trecho “The Surrey
With the Fringe on Top”) sendo removido. Esta edição do álbum,
no entanto, oferece a versão original como faixa bônus.
A
canção também contém uma alternância única entre os pratos da
bateria, a qual foi elogiada por muitos críticos musicais da época.
Alguns críticos também descreveram a música como “Space Jam”.
A
banda italiana Twenty Four Hours fez uma versão para “Moonchild”.
THE
COURT OF THE CRIMSON KING
A quinta - e última - faixa de In the Court of the Crimson King é "The Court of the Crimson King". Com seus mais de 9 minutos, a última canção do álbum é belíssima. O coro de vozes ajuda a criar um clima denso e pesado, juntamente a uma melodia repleta de melancolismo. Toda esta beleza é auxiliada pela ótima interpretação de Greg Lake nos vocais. Uma música estupenda!
A
letra pode ser inferida como uma contenda através da dualidade do
bem com o mal:
The
gardener plants an evergreen
Whilst
trampling on a flower
I
chase the wind of a prism ship
To
taste the sweet and sour
The
pattern juggler lifts his hand
The
orchestra begin
As
slowly turns the grinding wheel
In
the court of the crimson king
Lançada
como single, atingiu a 80ª posição da principal parada
norte-americana desta natureza.
“The
Court of the Crimson King” é dividida em duas seções, chamadas “The Return of the Fire Witch” e “The Dance of the Puppets”.
A
faixa é dominada por um riff tocado no Mellotron. A principal parte
da música é dividida em 4 estrofes, dividido por uma seção
instrumental chamada “The Return of the Witch Fire”.
A
canção tem seu clímax por volta dos sete minutos, mas continua com
uma reprise (chamada de “The Dance of the Puppets”), antes de
terminar em uma abrupta livre escala de tempo.
A
faixa foi usada no filme Children of Men, dirigido por Alfonso
Cuarón, de 2006, aparecendo em sua trilha sonora. Também é
amplamente utilizada na série de televisão canadense Kenny vs.
Spenny.
A
parte instrumental da canção pode ser ouvida no filme francês
Cineman. A canção foi recentemente escolhida como tema de
encerramento para o videogame Natural Doctrine.
Entre
versões cover famosas estão a de bandas como Saxon, Asia e Arc
Angel.
Considerações
Finais
A
qualidade inquestionável do álbum foi refletida no seu desempenho
nas paradas de sucesso.
In
the Court of the Crimson King conquistou a excepcional 5ª
posição da principal parada britânica de álbuns, alcançando a
28ª colocação na sua correspondente norte-americana. Ainda ficou
com o 27º e o 41º lugares nas paradas de Canadá e Polônia,
respectivamente.
O
álbum recebeu elogios públicos de Pete Townshend, guitarrista do
The Who, que chamou o disco de “uma obra de arte incrível”. O
som do trabalho, incluindo a sua faixa de abertura, “21st Century
Schizoid Man”, foi descrito como uma prévia do que se tornaria,
futuramente, o rock alternativo e o grunge, enquanto suas canções
mais suaves são referidas como possuidoras de sensações “etérea”
e “quase sagrado”.
Em
contraste com o Hard Rock, baseado no blues, das cenas britânica e
norte-americana da época, o King Crimson apresentou uma abordagem
mais europeizada, a qual misturava antiguidade e modernidade.
Robert Fripp |
A
música do conjunto se baseou em uma ampla gama de influências
fornecidas por todos os cinco membros do grupo. Estes elementos
incluíam música clássica, o rock psicodélico encabeçado por Jimi
Hendrix, Folk, Jazz, música militar (parcialmente inspirada por Ian
McDonald), a improvisação ambiente, Victoriana e Pop britânico.
Inicialmente,
In the Court of the Crimson King recebeu reações mistas dos
críticos. Robert Christgau destruiu o disco. A revista
norte-americana Rolling Stone foi favorável, escrevendo que “eles
combinaram aspectos de muitas formas musicais para criarem uma obra
surreal de força e originalidade”. O álbum, desde então,
alcançou um status de clássico.
Bruce
Eder, do site AllMusic, dá nota máxima ao disco, realçando: “o
álbum definitivo do grupo, e um dos álbuns de estreia mais ousados
já registrados por qualquer banda”.
Em
seu livro de 1997, Rocking the Classics, o crítico e
musicólogo, Edward Macan, observa que, “In the Court of the
Crimson King pode ser o mais influente álbum de rock progressivo
já lançado”.
Em
um especial das revistas britânicas Q e Mojo, chamado Pink Floyd
& The Story of Prog Rock, o álbum ficou em quarto lugar na
lista de 40 Cosmic Rock Albums. O disco também foi incluído
na lista 50 Albums That Built Prog Rock da revista britânica
Classic Rock.
Em
2015, a revista norte-americana Rolling Stone nomeou In the Court
of the Crimson King o segundo melhor álbum de rock progressivo
de todos os tempos, atrás apenas de The Dark Side of the Moon,
do Pink Floyd.
Depois
de fazer shows em toda a Inglaterra, a banda excursionou nos Estados
Unidos, com vários grupos pop e rock. Seu primeiro show foi no
Goddard College, em Plainfield, nos Estado de Vermont. Enquanto o seu som
original surpreendeu o público contemporâneo e críticos, algumas
tensões criativas já estavam se desenvolvendo dentro da banda.
Michael
Giles e Ian McDonald se esforçavam para lidar com o rápido sucesso
do King Crimson bem como com as realidades da vida em turnê e
ficaram desconfortáveis com a direção da banda.
Embora
não fosse o compositor principal e nem o frontman do grupo,
Robert Fripp representava sua força motriz e se tornou o porta-voz
da banda, levando o King Crimson a áreas musicais progressivamente
mais escuras e intensas.
McDonald
e Giles, privilegiando um estilo mais leve e mais romântico da
música, tornaram-se cada vez mais desconfortáveis com a proposta do
grupo e demitiram-se da banda durante a turnê norte-americana.
Para
salvar o que via como os elementos mais importantes do King Crimson,
Fripp se ofereceu a deixar ele mesmo o grupo, mas McDonald e Giles
declararam que a banda era “mais (ele) do que eles” e que
deveriam, portanto, serem eles a saírem.
O
line-up fez seu último show no Fillmore West, em San Francisco,
Estados Unidos, em 16 de dezembro de 1969.
Depois
de sua primeira turnê pelos Estados Unidos, o King Crimson estava em
um estado de fluxo com várias mudanças de formação, planos
frustrados de turnê, e dificuldades em encontrar uma direção
musical satisfatória.
Este
período foi posteriormente referido como o interregnum - um
apelido que implica que o 'King' (King Crimson) não estava
adequadamente nos eixos durante esse tempo. Por fim, Robert Fripp
tornou-se o único músico que permaneceu na banda, com Sinfield
expandindo seu papel criativo a tocar sintetizadores.
In
the Court of the Crimson King supera
a casa de 500 mil cópias vendidas apenas na América do Norte.
Formação:
Robert
Fripp - Guitarras
Michael
Giles - Bateria,
Percussão, Backing Vocals
Greg
Lake - Vocal, Baixo
Ian
McDonald - Instrumentos
de sopro (Saxofone, Flauta, Clarinete, Clarinete baixo), Teclados
(Mellotron, Cravo, Piano, Órgão), Vibrafone, Backing Vocals
Peter
Sinfield - Letras,
Iluminação
Faixas:
01.
21st Century Schizoid Man (Fripp/Giles/Lake/McDonald/Sinfield) - 7:24
02.
I Talk to the Wind (McDonald/Sinfield) - 6:04
03.
Epitaph (Fripp/Giles/Lake/McDonald/Sinfield) - 8:49
04.
Moonchild (Fripp/Giles/Lake/McDonald/Sinfield) - 12:13
05.
The Court of the Crimson King (McDonald/Sinfield) - 9:26
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/king-crimson/
Após muito tempo, o Rock Progressivo aparece novamente no Blog, como forma magnífica de inaugurar as nossas atividade para o ano de 2017.
Dispensável gastar este espaço para ficar enaltecendo as indiscutíveis e amplamente reconhecidas qualidades do King Crimson como banda. Em sua estreia, músicos do quilate de Greg Lake, Ian McDonald e, claro, Robert Fripp, compunham uma formação que deve ser classificada como irretocável.
Cabe, então, discutir o peso da obra-prima chamada In the Court of the Crimson King,
Se em 1969, bandas como o The Nice, por exemplo, já haviam iniciado suas incursões pelo experimentalismo que conduziria ao surgimento do Rock Progressivo, In the Court of the Crimson King, entretanto, pode ser considerado como uma pedra fundamental para a incipiente vertente que estava aflorando.
Boa parte dos elementos os quais se tornariam presença constante nas principais obras do estilo progressivo durante os anos seguintes, apareceram consolidados no álbum.
A forma como Ian McDonald atua no teclado Mellotron se tornaria influência para grandes tecladistas do progressivo, como Rick Wright, do Pink Floyd. McDonald, outra vez, no uso belíssimo da flauta em canções como "I Talk to the Wind", tornou-se referência para diversas bandas progressivas, como Genesis e Jethro Tull.
O mesmo pode ser dito da atuação vocal de Greg Lake, contida, mas na exata medida que a sonoridade solicitava. A bateria de Michael Giles, fortemente identificada com o Jazz, é outra marca forte do álbum de estreia do King Crimson. Claro, Robert Fripp é um músico muito além de seu tempo, um verdadeiro artista de vanguarda.
Outra forte característica do álbum é a maneira como as músicas e, em especial, as passagens instrumentais foram construídas: com acordes em progressão e de forma a criar verdadeiros ciclos harmoniosos. Simplesmente genial.
As letras são normalmente sombrias e angustiantes, contrapondo o imaginário psicodélico tão em alta na segunda metade dos anos 60.
Difícil destacar faixas em um álbum tão espetacular como este. Claro, "21st Century Schizoid Man" é um clássico, pesada e inquietante. "I Talk to the Wind" é uma belíssima balada. E a faixa-título, "The Court of the Crimson King" é uma verdadeira aventura alucinante.
Mas o Blog aponta como favorita a magnífica "Epitaph", uma música com uma beleza inconfundível.
Concluindo, In the Court of the Crimson King, não é apenas um álbum clássico. Muito menos somente uma obra-prima. Este disco é uma das pedras fundamentais do Rock Progressivo e um dos trabalhos mais influentes da história do Rock. E, também, um dos melhores álbuns de todos os tempos. Obrigatório e essencial para fãs de boa música.
Álbum maravilhoso. Na minha opinião, é o melhor do King Crimson ao lado do Lark's Tongues in Aspic. Que descansem em paz o Greg Lake e o John Wetton.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, amigo. Eu acho, facilmente, este In the Court of the Crimson King um dos melhores álbuns de todos os tempos, conforme disse no texto. Os outros trabalhos da banda não me causaram o mesmo impacto, mas, dada sua sugestão, vou ouvir novamente o Lark's Tongues in Aspic. Abraço!
ExcluirBelíssimo texto. Enriqueceu ainda mais esta magnifica obra!!!!
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras. Saudações!
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