15 de julho de 2011

BLACK SABBATH - BLACK SABBATH (1970)



Black Sabbath é o primeiro álbum de estúdio da banda homônima de Heavy Metal originária de Birmingham, na Inglaterra. O álbum teve seu lançamento numa sexta-feira, 13 de fevereiro de 1970. A produção ficou a cargo de Rodger Bain (que trabalhou com bandas como Budgie e Judas Priest). O álbum foi gravado em sua maior parte em novembro de 1969.

É necessário que se volte ao tempo para entender a lógica do lançamento deste álbum tão importante. A banda começou em 1968 sob o nome de Polka Tulk Blues Band (mais tarde, apenas Polka Tulk) e tocavam um repertório constituído basicamente por Blues. Nesta época a formação contava com Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward e mais dois componentes: o guitarrista Jimmy Phillips e o saxofonista Alan Clarke.

Pouco tempo se passou e Phillips e Clarke deixam a banda. Com a mudança, o quarteto altera seu nome para Earth – que supostamente Ozzy odiava – e começam a tocar em seu repertório covers de Jimi Hendrix, Cream e Beatles. Nesta época, eles conseguem um certo sucesso no circuito de pubs dentro da Inglaterra.

Foi nesta época que o grupo descobre que estavam sendo confundidos com uma outra banda inglesa que também se chamava Earth.  Decidem que precisavam de um novo nome. No lugar em que ensaiavam, mais precisamente em frente, havia um cinema.

Justamente quando a banda procurava um nome, o filme exibido nesta sala de cinema era Black Sabbath (As Três Faces do Medo), do italiano Mario Brava, estrelado por Boris Karloff. Vendo as filas que se formavam diariamente para assistirem ao filme, o baixista Butler teve uma sacada: “engraçado como as pessoas gastam dinheiro para sentirem medo”. E na mesma linha de raciocínio deduziu que se pagavam para assistirem filmes de terror, pagariam para ouvir músicas com essa temática.

Obcecado pela ideia, Butler – um grande fã de ocultismo – inspira-se na obra de Dennis Wheatley e em pesadelos com uma figura negra para escrever a letra de uma música chamada “Black Sabbath”. A parte musical fica a cargo de Iommi, que a compõe usando o trítono, em um intervalo mais lento, conhecido como “Diabolous In Musica” – ou o acorde proibido. O resultado da canção foi impressionante. E este passaria a ser o nome adotado pela banda.

Assim, o Black Sabbath resolve investir neste caminho. O som absolutamente aterrorizador da música “Black Sabbath” e sua temática lírica ocultista fazem a banda tentar escrever material semelhante e conceber musicalmente o que equivaleria ao cinema de terror.

Em novembro de 1969 a banda grava um single, “Evil Woman”, que passa despercebido. No entanto, como assinaram com a Phillipas Records, sob o novo selo Vertigo, é concedido ao Black Sabbath dois dias no Trident Studios para a gravação do álbum. Tony Iommi disse anos depois que sabia que um dia era para a mixagem e resolveu gravar tudo em um dia só mesmo.

O produtor Rodger Bain aceitou a ideia de gravarem tudo “ao vivo”. Colocou-se Ozzy cantando em um canto do estúdio, em uma cabine separada, o restante da banda ficou no outro e assim se fez a gravação. Iommi alerta que a maior parte do álbum não teve gravação posterior.

Liricamente, o fã de ocultismo, o baixista Geezer Butler, foi quem mais contribuiu para o álbum ao mesmo tempo em que Tony Iommi foi primordial na construção musical das canções.

A arte da capa tem uma representação do moinho Mapledurham Watermill, no rio Tâmisa, em Oxfordshire, Inglaterra. À frente do moinho, uma figura sinistra vestida de preto. Um clássico.

“Black Sabbath” abre o álbum. O início marcado pelos sinos e o barulho da chuva com trovões contribuem para o clima altamente terrificante da canção. O riff, um dos mais famosos da história da música, é ao mesmo tempo sombrio e genial. Contribuem para isso a levada do baixo e a interpretação absolutamente perfeita de Ozzy, dando um clima de desespero à música. A concepção de “música de terror” foi atingida com perfeição.

“The Wizard” contém uma flauta brilhante na faixa – tocada por Ozzy -, caracterizando a forte influência de blues que o Sabbath nunca contestou. O riff é inspiradíssimo, pesado e contagiante. Destaque para a precisa bateria de Bill Ward. A letra foi inspirada no mágico Gandalf, de “O Senhor dos Anéis”.

“Behind The Wall Of Sleep” teve sua inspiração no romance do ocultista H. P. Lovercraft, denominado Beyond The Wall Of Sleep. Mais uma vez o destaque vai para a interpretação de Ozzy e o riff contagiante.

“NIB” é um dos maiores clássicos do Heavy Metal. Clássico absoluto, a introdução feita pelo baixo de Geezer Butler é facilmente reconhecida por qualquer que já tenha ouvido a faixa. Conta com outro riff clássico, inconfundível e sombrio e Ozzy deixa sua marca registrada frente à banda, que é passar para o ouvinte o clima exato da mensagem das letras, de clara inclinação ocultista.

O álbum ainda continha duas canções covers: “Evil Woman”, da banda Crow e “Warning”, que foi escrita e gravada pela Aynsley Dunbar's Retaliation. Duas canções de blues rock. Também havia a ótima música “Sleeping Village”, composta pela banda, que traz um violão tocado com muito feeling e uma ótima participação vocal de Ozzy no início da canção.

A turnê que se seguiu foi curta, pois apenas quatro meses depois a banda voltaria para os estúdios a fim de gravar seu segundo álbum, Paranoid, que seria lançado ainda naquele mesmo ano.

O álbum Black Sabbath teve muita repercussão após seu lançamento, alcançando a oitava posição na parada inglesa, muito por sua proposta musical, bem diferente do que havia sido feito nos anos 60, em que as músicas eram otimistas e influenciadas pelo espírito hippie.

Formação:
Tony Iommi - Guitarra
Geezer Butler - Baixo
Ozzy Osbourne - Vocal
Bill Ward – Bateria

Faixas:
01. Black Sabbath (Iommi / Osbourne / Ward / Butler) - 6:21
02. The Wizard (Iommi / Osbourne / Ward / Butler) - 4:24
03. Behind the Wall of Sleep (Iommi / Osbourne / Ward / Butler) - 3:37
04. N.I.B. (Iommi / Osbourne / Ward / Butler) - 6:07
05. Evil Woman (L.Wiegard / R. Wiegard / D. Wagner) - 3:35
6. Sleeping Village (Iommi / Osbourne / Ward / Butler) - 3:46
07. Warning (Dunbar) - 10:33

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/black-sabbath/

Opinião do Blog:
O álbum Black Sabbath é antes de tudo um marco histórico. Pode ser considerado o primeiro álbum genuinamente de Heavy Metal da história.

Este blog não seria louco de refutar as contribuições ao gênero dadas por bandas que efetivamente contribuíram para o surgimento do gênero, tais como Led Zeppelin e Deep Purple, só para ficar com as mais famosas. Mas, também continuando com as supracitadas, o trabalho sonoro era bem calcado no folk e no blues, além de uma temática mais sessentista em suas músicas.

Sem dúvidas o Black Sabbath tem suas raízes juntas ao blues e ao folk, mas o resultado sonoro é diverso. A banda imprimiu um peso à sua sonoridade que ainda não havia sido concebido. Além disso, a temática totalmente voltada para o ocultismo, como uma das principais inspirações era algo novo para época. Evidentemente, outras bandas anteriores já haviam tomado a temática do ocultismo em músicas, mas não como carro-chefe da base lírica de seus trabalhos. Aliado a isso, o Black Sabbath passa, com o tempo, a ter uma visão pessimista da realidade de seu tempo e da condição humana, diferentemente da abordagem musical dos anos 60 em sua maioria.

Assim, parece bastante razoável considerar o álbum Black Sabbath como o primeiro álbum genuinamente de um estilo novo, o Heavy Metal, e a banda que o criou, a primeira banda de Heavy Metal.

E importante frisar que tudo que ouvimos depois, dentro deste estilo tão amado (e também odiado) chamado Heavy Metal só existe por causa dessa banda. As bases para o que foi criado no futuro estão nos anos 70 nos trabalhos iniciais do Sabbath. Claro que muita coisa foi criada depois e desenvolvida muito depois, mas o alicerce está registrado com o logotipo Black Sabbath.

Vídeos Recomendados:

Black Sabbath


NIB


Behind The Wall Of Sleep


The Wizard, no Ozzfest


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