Wish You Were Here é o nono álbum de estúdio da banda inglesa de Rock Progressivo chamada Pink Floyd. O lançamento do álbum ocorreu em 12 de setembro de 1975 e a produção ficou sob a responsabilidade da própria banda. A gravação ocorreu de janeiro a julho de 1975 no Abbey Road Studios, em Londres, na Inglaterra.
Wish You Were Here foi um grande desafio para a banda. O sucesso gigantesco do álbum anterior, o mais que consagrado The Dark Side Of Moon (1973), pressionou a banda a lançar um álbum que fosse, se não o sucesso comercial do anterior, forte e consistente musicalmente.
No entanto, para se compreender a inspiração e o conceito por trás de Wish You Were Here, necessário se faz voltar aos primórdios do Pink Floyd e de alguns acontecimentos que marcaram a história da banda.
Em 1968, a banda foi praticamente obrigada a dispensar um de seus membros fundadores, o vocalista, guitarrista e principal compositor, Syd Barrett.
Barrett gravou três singles e os dois primeiros álbuns da banda, The Piper At The Gates Down (1967) e A Saucerful Of Secrets (1968). Barrett era um guitarrista talentoso e foi influência forte no desenvolvimento do chamado “Rock Psicodélico”. Entretanto, os hábitos pessoais de Syd Barrett começaram a atrapalhar o desenvolvimento do Pink Floyd.
Barrett começou a se envolver de maneira profunda com drogas, em especial, o LSD. De maneira progressiva, Barrett começou a se ausentar em shows, apresentações em programas de televisão e até às sessões de gravação dos álbuns.
Infelizmente, Barrett começou a sofrer um quadro de degradação mental e há relatos de que, por algumas vezes, ele chegava aos shows da banda, agindo como se não soubesse o que estava acontecendo, impassível.
A situação acabou se tornando insustentável e a solução foi substituir Barrett. O escolhido foi David Gilmour, que já vinha auxiliando a banda nas ausências de Barrett e era conhecido de todos há um bom tempo. Inclusive, há alguns relatos que afirmam que Gilmour é quem teria ensinado Barrett a tocar guitarra.
Fato é que a trágica degradação mental sofrida por Syd Barrett decorrente do uso de drogas marcou substancialmente a vida dos demais integrantes do Pink Floyd e foi forte influência em sua música. O tema foi abordado em The Dark Side Of The Moon (1973), The Wall (1979) e, principalmente em Wish You Were Here.
Com a saída de Barrett, a liderança do grupo foi concentrada no baixista Roger Waters. Assim, a formação da banda passou a ser o vocalista e guitarrista David Gilmour, o baixista Roger Waters, o tecladista Richard Wright e o baterista Nick Mason, considerada a formação clássica do Pink Floyd.
Para Wish You Were Here, mais um álbum conceitual, as ideias centrais passam pelo declínio mental (inspirados em Syd Barrett), ausência (de maneira filosófica) e sobre a indústria musical, com pesadas críticas. Waters desenvolveu esses conceitos que se expressam por todo álbum, nas músicas, nos efeitos sonoros nas faixas, na arte da capa.
A turnê e o sucesso do álbum anterior, The Dark Side Of The Moon, deixaram os membros da banda física e mentalmente acabados. As primeiras sessões para composição e criação do novo álbum foram infrutíferas. Esse momento foi descrito de diferentes formas, Wright disse que foi um período difícil, Waters já o chama de torturante. Gilmour queria experimentar o material que já existia da banda, enquanto Mason passava por problemas em seu casamento, deixando-o apático e desinteressado.
Entretanto, durante alguns shows em 1974, Waters apareceu com três novas canções que a banda as executou nestas apresentações. “Raving and Drooling” e “Gotta Be Crazy” acabaram ficando de fora do álbum, mas a outra, que se tornaria “Shine On You Crazy Diamond”, ajudou a Waters a criar o conceito para o novo álbum.
As notas iniciais da música, criadas acidentalmente por Gilmour, trouxeram à mente de Waters a figura de Syd Barrett e toda sua história, o que criou a inspiração não só para a canção, mas para todo um conceito em torno do novo álbum.
Baseado em um dos conceitos do álbum de criticar a indústria musical, a arte da capa contém dois homens se cumprimentando sendo que um deles está em chamas. A ideia por trás disto é que muitas vezes as pessoas passam por cima de seus desejos e ética para conseguirem sucesso financeiro e comercial.
“Shine On You Crazy Diamond” é a peça principal do álbum. A faixa abre o disco e contém mais de 25 minutos, mas Roger Waters achou por bem em dividi-la em duas partes, sendo assim, além de abrir, também fecha o álbum.
A música é uma grande homenagem da banda a Syd Barrett. Há versos na música que fazem clara menção ao antigo vocalista, como "Remember when you were young, you shone like the sun" assim como "You reached for the secret too soon, you cried for the moon".
Uma das grandes coincidências que acontecem na vida ocorreu em 5 de junho de 1975. A banda estava no estúdio, fazendo uma das gravações de “Shine On You Crazy Diamond”, quando entrou no estúdio uma figura obesa, de cabelos e sobrancelha raspados. A figura se assentou e ficou assistindo a tudo impassível.
David Gilmour pensou ser alguém do staff da EMI, Wright pensou ser algum amigo de Waters. Mason e Waters não o reconheceram de início, mas depois perceberam de quem se tratava. Sim, era Syd Barrett. Mason ficou horrorizado quando Gilmour lhe disse quem era a figura.
Um dos amigos do Pink Floyd, o designer gráfico Storm Thorgerson, disse que a presença de Barrett deixou os membros da banda muito comovidos e que alguns deles choraram. Mason tentou conversar com ele, mas disse que Barrett soava desconexo e perdido.
Waters ficou muito emocionado com a presença de Barrett. Embora tenham tentado interagir com ele, parecia que sua presença era apenas física, mesmo quando mostraram a ele “Shine On You Crazy Diamond”, ficou impassível, sem perceber do que se tratava. Mesmo assim, a presença de Barrett influenciou no final da música, composto por Richard Wright. Depois deste incidente, a banda nunca mais se encontrou com Barrett até sua morte, em 2006.
“Shine On You Crazy Diamond” é uma obra que possui nove partes, sendo de I à parte V na primeira ‘faixa’ e as partes VI à IX na ‘faixa’ que encerra o álbum. A faixa inteira é belíssima, há ótimos solos de Gilmour e os vocais são muito emocionantes.
A segunda faixa do álbum é a ótima “Welcome To The Machine”. É a primeira canção do álbum a demonstrar críticas à indústria fonográfica.
Liricamente, apresenta a história de um jovem músico que assina contrato com um suspeito homem de negócios da indústria musical, o ‘machine’. Ao mesmo tempo, as letras demonstram a clara insatisfação do Pink Floyd com a indústria fonográfica, que, em sua concepção, era mais uma máquina de fazer dinheiro que uma forma de divulgação e expressão artística de músicos.
A faixa também é muito bonita e o destaque maior é para a atuação vocal de David Gilmour, como sempre, repleta de emoção. Bandas como Shadows Fall e Queensrÿche fizeram covers desta música.
A concepção, diga-se de passagem, genial, de “Have A Cigar” é a de um executivo da indústria fonográfica estar cantando a faixa. A letra está repleta de clichês que a banda ouviu de executivos da indústria fonográfica, como a clássica: “by the way, which one's Pink?” (algo como “qual de vocês é o Pink?”).
A faixa é claramente a do álbum com mais características de rock tradicional, com um riff muito bom e um grande solo ao fim da música. Roger Waters tentou gravar os vocais da faixa, mas sua voz estava desgastada com as gravações de “Shine On You Crazy Diamond”. David Gilmour, entretanto, declinou da possibilidade de cantá-la.
No estúdio 2 do Abbey Road, o cantor Roy Harper estava gravando o seu álbum HQ e ficou sabendo da disputa para a gravação da faixa “Have A Cigar”, oferecendo-se para gravar a faixa. Harper era amigo de David Gilmour, que já havia gravado participações tocando guitarra em músicas de Harper. O resultado ficou bom, mas Waters sempre lamentou não ter gravado ele mesmo a parte vocal de “Have A Cigar”.
A obra-prima da banda é mesmo a faixa homônima ao álbum. “Wish You Were Here” é uma balada lindíssima, que começa com um efeito sonoro de uma pessoa procurando uma rádio no dial. O som da rádio teria sido feito com o aparelho do carro de David Gilmour.
A belíssima introdução cria todo ambiente para um riff simples, mas repleto de melodia que se estende por toda a música. No meio da canção há um belíssimo solo, cheio de sentimento, puro feeling de Gilmour.
A atuação vocal de David Gilmour dá intensidade especial à música, pois sua interpretação é totalmente brilhante. O vocalista consegue transmitir com exatidão o sentimento de ausência, de solidão da canção, mesmo para quem não sabe a letra e não entende o que está sendo cantado.
A letra da canção foi sim inspirada em toda a problemática descrita sobre o ex-vocalista Syd Barrett, mas não apenas sobre isso. Roger Waters disse que muita da inspiração da canção surgiu da ideia abstrata sobre ausência e, ao mesmo tempo, sobre a dicotomia existente em sua personalidade que varia entre o idealista e o líder autoritário da banda.
Todas as letras das músicas do álbum foram escritas por Roger Waters.
O sucesso do lançamento do álbum foi imediato, tanto que a gravadora responsável pelo fornecimento não conseguiu atender à demanda. Estima-se que o álbum já tenha ultrapassado a casa de 13 milhões de cópias vendidas.
O álbum conseguiu atingir a primeira posição das paradas americana e britânica no ano de seu lançamento. Richard Wright e David Gilmour consideram Wish You Were Here o álbum preferido de ambos do Pink Floyd.
Formação:
David Gilmour – Vocal, Guitarra, Teclado, Efeitos
Roger Waters – Vocal, Baixo, Guitarra, Efeitos
Richard Wright – Teclado, Backing Vocals
Nick Mason – Bateria, Percussão, Efeitos
Faixas:
01. Shine On You Crazy Diamond (Parts I–V) (Waters/Gilmour/Wright) - 13:38
02. Welcome to the Machine (Waters) - 7:30
03. Have a Cigar (Waters) - 5:24
04. Wish You Were Here (Waters/Gilmour) - 5:17
05. Shine On You Crazy Diamond (Parts VI–IX) (Waters/Gilmour/Wright) - 12:29
Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/pink-floyd/
Opinião do Blog:
Se você nunca ouviu o álbum Wish You Were Here, vá correndo resolver isso, pois se trata de um dos melhores álbuns de Rock de todos os tempos. É um disco que é repleto de sensibilidade em todas as suas composições.
A sonoridade encaixa-se perfeitamente pelos conceitos desenvolvidos por Roger Waters em suas letras. O sentimento de comoção por toda a história de Syd Barrett é transmitido com perfeição pelas canções, seja pela sonoridade melancólica, seja pela interpretação vocal de Gilmour e Waters.
O mesmo ocorre quando as canções tratam da indústria musical. São músicas fortes, incisivas, mas ao mesmo tempo, cheias da sensibilidade dita anteriormente.
Não há muito o que dizer sobre a canção “Wish You Were Here”, pois se trata de uma das mais belas canções já feitas, simplesmente sensacional, muito sentimental. Sabemos qual a intenção de Waters na letra, mas podemos, cada um de nós, darmos um sentido totalmente pessoal para a música. E isso também a faz uma faixa extraordinária.
Mais um álbum espetacular, clássico obrigatório.
Vídeos Recomendados:
Wish You Were Here
Welcome To The Machine, ao vivo em 1989
Shine On You Crazy Diamond, ao vivo em 1990
O album levou esse nome, não foi atoa! Pois Wish You Were Here, é a melhor música deles!!!!
ResponderExcluirConcordo com a Júlia... essa é realmente uma das melhores músicas !
ResponderExcluirÉ, sim, só acrescento que não é apenas a melhor música deles, é uma das melhores músicas de todos os tempos! Obrigado pelos comentários!
ResponderExcluirEste é sem dúvida o disco que eu mais venero do PF ao lado de The Wall (1979), e no meu top 5 dos melhores discos do grupo, Wish You Were Here é o primeiro colocado, deixando The Wall em segundo.
ResponderExcluirApós conceberem em 1973 a maior obra-prima da história do rock mundial, The Dark Side of the Moon (cujo sucesso trouxe muitos problemas ao PF), em 1975 eles fizeram um daqueles discos do progressivo em que a total ausência do mellotron não atrapalha em nada a sua audição.
Aqui Wright usou piano, órgão, Rhodes, clavineta e diversos sintetizadores. A ideia que Waters teve em dividir “Shine on You Crazy Diamond” em duas partes – a primeira para começar e a segunda para terminar o disco – foi uma sacada de mestre. Isso dá a este disco uma sensação coesamente cíclica.
De nada, amigo! Quero ver mais Pink Floyd no blog!
ExcluirCom o tempo certamente, meu caro. Mas antes, preciso estudar e ouvir bem mais o Rock Progressivo o qual é um estilo fascinante mesmo. Abraço!
ExcluirPra você também, cara!
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