Fear Of The Dark é o nono álbum de estúdio da banda inglesa de Heavy Metal Iron Maiden. Ele foi lançado em 11 de maio de 1992 e a produção ficou sob a responsabilidade do lendário produtor Martin Birch. As gravações foram realizadas no Barnyard Studios, em Essex, na Inglaterra.
Fear Of The Dark foi o último trabalho de Martin Birch com o Iron Maiden.
O fim dos anos oitenta e começo dos anos noventa não foram tempos muito fáceis para o Iron Maiden. Embora a banda já tivesse alcançado o status de grande banda de Rock e ícone do Heavy Metal, havia grande agitação em seus bastidores.
Em 1989, após a tour que divulgava o álbum Seventh Son Of A Seventh Son, de 1988, o guitarrista Adrian Smith lançou um álbum solo com sua banda ASAP, com o nome de Silver And Gold. Ao mesmo tempo, o vocalista Bruce Dickinson começava a trabalhar em seu disco solo, junto ao guitarrista Janick Gers, que tocou na banda da carreira solo de Ian Gillan, do Deep Purple.
Em 1990 o Iron Maiden se reúne para compor e gravar um novo álbum, o qual seria o seu oitavo de estúdio. Por divergências no direcionamento musical da banda, especialmente com o líder e baixista Steve Harris, Adrian Smith deixa a banda.
Bruce Dickinson, então, traz o guitarrista Janick Gers para o Iron Maiden, a fim de que realizassem as gravações do álbum. Ainda em 1990 é lançado No Prayer For The Dying, o oitavo álbum de estúdio da banda. Gers, entretanto, não contribuiu com nenhuma composição para o álbum.
‘No Prayer’ não foi um sucesso como os álbuns anteriores da banda, apesar de conter o único single do Maiden a atingir o topo das paradas britânicas, a ótima “Bring Your Daughter... To The Slaughter”. O disco possuía uma sonoridade levemente mais simples e a crítica não o recebeu de maneira tão entusiasmada como aos grandes sucessos da década de oitenta.
Paralelamente a isso, o vocalista Bruce Dickinson lançou, também em 1990, o álbum solo Tattooed Millionaire, excursionando durante o ano de 1991 para divulgá-lo. O trabalho é bem diferente daquilo que Dickinson fazia no Maiden e a ideia para compô-lo surgiu quando pediram a ele que fizesse uma música para ser trilha sonora do filme A Nightmare on Elm Street 5: The Dream Child, da série de terror do personagem Freddy Krueger. A música foi “Bring Your Daughter... To The Slaughter”, que acabou no álbum No Prayer For The Dying, do Maiden, mas deixou a semente plantada em Dickinson para escrever um disco solo.
Ainda em 1991, a banda se reúne para gravar seu novo álbum, que se tornaria Fear Of The Dark. Algumas mudanças pelas quais o Iron Maiden passava ficariam mais claras após o lançamento do álbum, em maio de 1992.
A primeira delas é a contribuição de Janick Gers como compositor, ressaltando o início de sua influência na sonoridade da banda. Gers não esconde sua veia Hard Rock, sendo mais direto e simples ao compor.
Outra mudança é o fato de não haver em nenhuma das doze faixas do álbum qualquer composição em parceria entre Bruce Dickinson e Steve Harris depois de muito tempo e vários clássicos que contam com contribuições de ambos.
Mas a mais facilmente notada é a capa do álbum. Pela primeira vez o artista que a desenhou não foi o famoso Derek Riggs. O trabalho foi responsabilidade do artista Melvyn Grant e apresenta um Eddie um pouco diferente, fundido a uma árvore sem folhas.
Uma verdadeira “porrada” abre o álbum, que é “Be Quick Or Be Dead”, uma faixa bem pesada, mas bem mais direta que o estilo tradicional do Iron Maiden. Possui um ótimo riff, como dito, bem pesado, que se estende por toda faixa. Mesmo um pouco diferente, possui o genuíno dna Iron Maiden. Os solos são executados com perfeição e são ótimos.
“Be Quick Or Be Dead” é a primeira contribuição de Gers no Maiden, em parceria com o vocalista Bruce Dickinson. A letra contém críticas a escândalos políticos da época na Europa.
Lançado como single, foi um grande sucesso no Reino Unido, alcançando a segunda posição. No lado B do single havia duas canções oficiais uma do próprio Maiden, “Nodding Donkey Blues” e um cover da banda Montrose, “Space Station No. 5”. Há também uma faixa ‘oculta’ em que Dickinson faz uma brincadeira com o Manager do grupo, Rod Smallwood.
“From Here To Eternity” é a segunda faixa do álbum e é outra canção bem conhecida da banda. É uma ótima música, com um grande riff e ótimo ritmo. O refrão é marcante, bem característico do Iron Maiden.
A canção faz parte da conhecida saga sobre Charlotte, a prostituta. Esta faixa traz a história de Charlotte fazendo uma corrida de motocicleta com o demônio.
Lançada como single, alcançou a 21ª posição na parada britânica. No lado B do single havia uma versão que a banda fez para “Roll Over Beethoven”, de Chuck Berry, chamada “Roll Ove Vic Vella”. Vic é um amigo e roadie da banda.
“Afraid To Shoot Strangers” é outro ponto alto do álbum. A canção é das primeiras a conter um estilo que seria dominante no Iron Maiden daquele ponto em diante: faixas com uma longa introdução em estilo calmo e tranquilo, no baixo ou em alguns casos no violão/guitarra. Do meio para o final da faixa, a intensidade e o peso aumentam. Os solos são destaques e a interpretação de Dickinson dispensa quaisquer comentários.
A faixa é uma composição do baixista Steve Harris e é uma clara crítica à guerra do Golfo, que ocorreu no início da década de 1990.
“Fear Is The Key” é uma boa faixa do álbum, é mais cadenciada e tem uma dose de hard rock. O destaque é a atuação de Bruce Dickinson, especialmente no refrão. É mais uma parceria de Dickinson e Gers. “Childhood’s End” traz uma boa introdução e bons solos.
“Wasting Love” é a primeira balada típica feita pelo Iron Maiden em sua discografia. A música foge bastante da sonoridade clássica da banda, entretanto, isto não impede de que a mesma seja uma boa canção.
“Wasting Love” foi lançada como single apenas na Holanda e era acompanhada por faixas gravadas ao vivo durante a turnê anterior. É também o terceiro single lançado sem sua arte de capa ter o mascote Eddie. As anteriores foram “Running Free” e “From Here To Eternity”.
Os destaques da música ficam para a atuação do vocalista Bruce Dickinson, com muita emoção e técnica e para o solo de Janick Gers, muito inspirado. Em álbuns posteriores o Iron Maiden voltou a fazer baladas, como, por exemplo, “Out Of The Shadows”, do álbum A Matter Of Life And Death, de 2006.
“The Fugitive” começa com um riff forte seguido de um trabalho interessante de Nicko McBrain na bateria. O refrão é muito bom e a faixa traz um bom trabalho de Harris no baixo. “Chains Of Misery” também possui um bom riff, mas o refrão quebra um pouco o ritmo da música. O solo de Dave Murray é ótimo. Já “The Apparition” tem um ritmo mais cadenciado, mas é uma canção sem muito brilho.
“Judas Be My Guide” tem um solo inicial curto, mas belo, por parte de Murray. O refrão é inspirado e bem cantado por Dickinson. “Weekend Warrior” também é uma canção com a intro mais leve e depois conta com um riff com pegada hard rock. Mas o melhor da faixa são os solos por parte de Gers e Murray.
Fecha o álbum um dos maiores clássicos do Heavy Metal. “Fear Of The Dark” é um hino do Iron Maiden e se tornou presença constante e obrigatória nos shows da banda. Na turnê em que a banda tocava somente clássicos dos anos oitenta, a Somewhere Back In Time World Tour, “Fear Of The Dark” era a única música presente que foi composta pós a fase mais clássica.
Notoriamente, a versão ‘ao vivo’ de “Fear Of The Dark” é mais conhecida que a faixa de estúdio e, também, consideravelmente mais emocionante. Pesa para isso o fato de o público dos shows do Maiden cantar fervorosamente durante as partes apenas instrumentais da música, como a introdução da faixa, criando uma atmosfera impossível de se sentir na faixa constante no álbum.
A versão de “Fear Of The Dark” que ficou consagrada é a que está presente no disco ao vivo A Real Live One e que foi gravada em Helsinque, na Finlândia, em 5 de junho de 1992. A mesma também esteve presente na coletânea Best Of The Beast. A versão constante no Rock In Rio também é excelente.
Lançada como single, a versão ao vivo de 1992 atingiu a 5ª posição da parada de singles britânica.
O álbum Fear Of The Dark ficou bem posicionado nas paradas de sucesso de álbuns, ficando na 12ª posição nos Estados Unidos e atingindo a primeira posição na parada britânica.
Já a crítica especializada divergiu, havendo críticas positivas no sentindo de que a banda havia recobrado a inspiração dos anos dourados, mas também existindo críticas no sentido de ser um álbum melhor que o anterior, No Prayer For The Dying, mas apresentando uma banda cansada e sem inspiração. Entretanto, entre os fãs, o álbum é um grande sucesso.
A banda saiu em turnê para promover o álbum, turnê esta que teve uma ‘perna’ na América Latina, apresentações no Monsters Of Rock Festival, em sete países Europeus (como banda principal) e uma nova apresentação em Donnington Park, que gerou o álbum ao vivo Live At Donnington.
Em 1993, Bruce Dickinson anunciou que deixaria o Iron Maiden para se dedicar mais profundamente a sua carreira solo. Bruce aceitou participar de uma pequena turnê de despedida e na gravação de mais dois álbuns ao vivo, A Real Live One (que continha músicas de 1986 a 1992) e A Real Dead One (com sucessos de 1980 a 1984). Em 28 de agosto de 1993 Bruce fez seu último show com a banda, que foi filmado pela BBC e posteriormente foi lançado com o título Raising Hell.
Após isso, o Iron Maiden passou por uma fase pouco inspirada até Bruce Dickinson e Adrian Smith voltarem à banda em 1999.
Formação:
Bruce Dickinson – Vocal
Dave Murray – Guitarra
Janick Gers – Guitarra
Steve Harris – Baixo, Backing Vocals
Nicko McBrain – Bateria
Faixas:
01. Be Quick or Be Dead (Dickinson/Gers) - 3:24
02. From Here to Eternity (Harris) - 3:38
03. Afraid to Shoot Strangers (Harris) - 6:56
04. Fear Is the Key (Dickinson/Gers) - 5:35
05. Childhood's End (Harris) - 4:40
06. Wasting Love (Dickinson/Gers) - 5:50
07. The Fugitive (Harris) - 4:54
08. Chains of Misery (Dickinson/Murray) - 3:37
09. The Apparition (Harris/Gers) - 3:54
10. Judas Be My Guide (Dickinson/Murray) - 3:08
11. Weekend Warrior (Harris/Gers) - 5:39
12. Fear of the Dark (Harris) - 7:18
Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.terra.com.br/iron-maiden/
Opinião do Blog:
Fear Of The Dark já seria um clássico se apenas contivesse a faixa homônima ao álbum, um grande clássico do estilo Heavy Metal e uma das faixas mais famosas e reconhecidas do Iron Maiden.
Não é apenas isto, o álbum tem outras grandes músicas, como “Be Quick Or Be Dead”, “From Here To Eternity”, a interessante “Afraid To Shoot Strangers” e mesmo a ótima balada “Wasting Love”.
As críticas que Fear Of The Dark sofre por alguns se deve a uma leve mudança na sonoridade da banda, com mais flertes com um som mais direto, próximo ao Hard Rock. Embora não seja nada contundente, é diferente do passado brilhante da banda. É muito pesada, ao mesmo tempo, a comparação com os clássicos dos anos oitenta que formaram quem o Iron Maiden é.
Talvez, Fear Of The Dark seja um álbum muito grande e deu espaço para algumas faixas de menor inspiração, como “The Apparition” ou “Weekend Warrior”. E, certamente, está um degrau abaixo dos fantásticos álbuns lançados durante a década anterior.
Mesmo assim, como o patamar do Iron Maiden é altíssimo, o álbum é um clássico e permanece bem recomendado por este blog, especialmente por ter dado ao mundo do Heavy Metal um de seus hinos!
Vídeos Recomendados:
Fear Of The Dark, ao vivo, no Rock In Rio, 2001
Be Quick Or Be Dead
From Here To Eternity
Afraid To Shoot Strangers, ao vivo em Donnington, 1992
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Nem preciso comentar nada...simplesmente amooo Iron Maiden !
ResponderExcluirSó por conter a faixa-título e a linda "Wasting Love", este álbum Fear of the Dark já vale alguma coisa. Aliás, a segunda música que eu citei - "Wasting Love" - devia ter entrado no Flight 666 (show de 2009 que mostra a banda tocando seus grandes sucessos em várias partes do mundo), assim como várias outras músicas boas dos álbuns anteriores.
ResponderExcluirCalma, meu caro. Cada um com suas preferências.
ExcluirFoi exatamente o que eu disse no post que você fez de The Number of the Beast (1982), quando você me respondeu que este é o seu disco preferido do IM, já que o meu preferido e da maioria dos fãs da banda se chama Powerslave (1984).
ExcluirÉ verdade. E continua valendo!
ExcluirSem dúvida!
Excluirmelhor música desse álbum: Judas be my guide.
ResponderExcluirEu comecei a seguir o Iron Maiden a partir do "Live After Death" - comecei com o pé direito, foi meu primeiro disco da banda. Dali em diante comprei os outros LPs até chegar o "Fear of the Dark", que foi o primeiro CD da banda que adquiri - e tenho até hoje a edição original brasileira, com o livreto impresso em papel um pouco inferior ao que era normal naquela época. Acho que estava um pouco aquém do padrão que o Iron tinha mantido até então (eu gosto bastante do "No Prayer for the Dying", diferentemente da maioria), mas não comprometia em nada. Hoje em dia, é um dos discos do Iron Maiden que eu menos pego para ouvir, para ser honesto - e normalmente ouço as três primeiras, pulo o "recheio" e ouço as três últimas.
ResponderExcluirEu escrevi esse texto há 11 anos e concordo bem pouco com ele hoje em dia. Não o ouço há bastante tempo, nem o ouvi novamente depois do coma e da minha quase morte. Está aí um disco veio caindo no meu conceito na última década, não há tido vontade de o ouvir novamente.
ExcluirSentimento bem semelhante ao meu, pareceu-me um bom disco à época, e agora nem tanto; "The X-Factor", "Brave New World", "A Matter of Life and Death" e "The Book of Souls", todos discos posteriores, são melhores. Acho que se não fosse pelo fato de a faixa-título do "Fear of the Dark" ser tocada a cada show esse disco estaria praticamente esquecido!
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