14 de dezembro de 2012

BON JOVI - SLIPPERY WHEN WET (1986)



Slippery When Wet é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Bon Jovi. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 18 de agosto de 1986, sob o selo Mercury Records. A produção do disco foi um trabalho do produtor Bruce Fairbairn, com as gravações se dando no Little Mountain Sound Studios, em Vancouver, no Canadá.



A história da banda Bon Jovi se confunde com a do seu líder e vocalista, Jon Bon Jovi. O Blog vai dar uma pequena pincelada sobre o surgimento do grupo, antes de se ater ao álbum em questão.

Entre 1975 e 1980, o jovem Jon Bon Jovi tocou em algumas bandas na região de New Jersey. A primeira foi o Raze. Depois, com o tecladista David Bryan, formou o Atlantic City Expressway. Mais tarde foi a vez do John Bongiovi and the Wild Ones e, por volta de 1980, um grupo chamado The Rest.

No meio de 1982, Jon conseguiu um emprego nos estúdios Power Station, em Manhattan, onde seu primo Tony era coproprietário. Bon Jovi fez várias fitas-demo neste estúdio e as mandou para diversas gravadoras, mas não conseguiu causar nenhum impacto.

Depois, Bon Jovi visitou a estação de rádio local chamada WAPP 103.5FM "The Apple", em Lake Success, New York. Ele conversou diretamente com o diretor de promoção, John Lassman, que aceitou a música "Runaway" para inclusão em uma coletânea de talentos locais.

Jon Bon Jovi foi inicialmente relutante, mas finalmente cedeu-lhes a canção, na qual ele tinha usado músicos de estúdio para tocar na faixa. Os músicos de estúdio que ajudaram a gravar "Runaway", que ficaram conhecidos como The All Star Review foram o guitarrista Tim Pierce, o tecladista Roy Bittan, o baterista Frankie LaRocka e o baixista Hugh McDonald.

Jon Bon Jovi


A música começou a ter boa repercussão na área de Nova York, e, em seguida, em outras estações irmãs nos principais mercados americanos. Em março de 1983, Bon Jovi convidou David Bryan, o qual, por sua vez chamou o baixista Alec John Such  ex-Phantom’s Opera e um baterista experiente chamado Tico Torres.

O convidado para tocar guitarra foi o vizinho de Jon Bon Jovi, Dave Sabo (ou The Snake), que mais tarde formou o grupo Skid Row.  Sabo foi substituído por Richie Sambora. Antes de entrar para o grupo, Sambora tinha excursionado com Joe Cocker, tocou com um grupo chamado Mercy e tinha sido chamado para fazer um teste no Kiss. Ele também tocou no álbum Lessons com a banda Message. Message foi originalmente contratada pela Swan Song Records (que pertencia ao Led Zeppelin), embora o álbum nunca tenha sido lançado.

Tico Torres também era um músico experiente, tendo gravado e tocado ao vivo com o Phantom’s Opera, The Marvelettes e Chuck Berry. Ele apareceu em 26 registros e que recentemente gravou com Franke and the Knockouts, uma banda de Jersey com singles de sucesso durante os anos oitenta.

David Bryan saiu da banda que ele e Bon Jovi tinham fundado para estudar medicina. Enquanto estava na faculdade, ele percebeu que queria seguir a música em tempo integral, sendo aceito na Juilliard School, uma escola de música de Nova York. Quando Bon Jovi chamou seu amigo e disse que ele estava montando uma banda, com um contrato de gravação provável, Bryan seguiu o exemplo de Jon Bon Jovi e desistiu de seus estudos.

A banda começou a fazer apresentações e shows de abertura para talentos locais, acabando por chamar a atenção do executivo Derek Shulman, o qual os levou um contrato com a Mercury Records. Pamela Maher, uma empregada do manager Doc McGhee, foi quem sugeriu que a banda seguisse o exemplo do Van Halen (uma grande banda com 2 nomes) e se nomeassem Bon Jovi. Embora a sugestão fosse recebida com pouco entusiasmo, acabou sendo aceita.

Doc McGhee, o novo manager da banda, os auxiliaram a lançarem seu primeiro álbum de estúdio, homônimo ao grupo, Bon Jovi, lançado em janeiro de 1984.

O álbum obteve boa repercussão, com a 43ª posição na parada de álbuns nos Estados Unidos e a 71ª posição no Reino Unido. O single “Runaway” também teve alguma divulgação, alcançando a 39ª posição da parada americana de singles. O sucesso pôs o grupo fazendo abertura para bandas como Scorpions (nos Estados Unidos) e o KISS (na Europa).

O segundo álbum do grupo, 7800° Fahrenheit, saiu em março de 1985. Em termos de posições nas principais paradas de sucesso, ele não se saiu mal: 37ª posição na parada norte-americana e a 28ª na parada britânica.

Longe de ser chamado de fracasso, 7800° Fahrenheit não foi o sucesso comercial que o grupo esperava. Mesmo assim, permitiu que a banda fosse atração principal no Japão e Europa. Nos Estados Unidos, uma turnê de seis meses em suporte ao Ratt e aparição no Monsters Of Rock, em Donnington, na Inglaterra.

Apesar do sucesso moderado de 7800 ° Fahrenheit, Bon Jovi não se tornou as estrelas mundiais que esperavam, e, então, eles resolveram mudar sua abordagem musical para seu próximo álbum.

O primeiro passo foi a contratação de um compositor profissional, Desmond Child, como colaborador, compondo perto de 30 canções e fazendo um teste de audição para adolescentes locais de Nova Jersey e de Nova York, baseando a ordem das faixas no álbum nas opiniões dos jovens.

O segundo passo foi trazer Bruce Fairbairn como o principal produtor do álbum, com Bob Rock como responsável pela mixagem.

Grande parte do conteúdo do álbum foi escrito por Jon Bon Jovi e Richie Sambora, exceto "You Give Love A Bad Name", "Livin 'on a Prayer", e "Without Love", que tiveram a contribuição de Desmond Child.

Na realidade, Desmond Child foi trazido pela gravadora para ajudar a escrever algumas das canções para o álbum, em conjunto com Jon Bon Jovi e Richie Sambora. Esta foi a primeira vez Child trabalhou com Jon e Richie. Ele veio para Nova Jersey, onde trabalhou no porão da casa da mãe de Sambora, lugar no qual as músicas eram compostas.

Jon Bon Jovi foi inicialmente relutante em incluir "Livin 'on a Prayer", no álbum, acreditando que não era uma música suficientemente boa. Richie Sambora estava convencido de que era um hit em potencial, e então a banda regravou a faixa, sendo esta segunda versão que está presente no lançamento final. Ironicamente, tornou-se uma das músicas mais populares e conhecidas do Bon Jovi.

Richie Sambora


O álbum passou por várias mudanças de nome durante a sua criação, incluindo "Wanted Dead Or Alive" (uma capa foi produzida com a banda vestida como cowboys, sendo aproveitada mais tarde para o lançamento do single da faixa de mesmo nome), com Slippery When Wet sendo o título final concebido.

De acordo com Jon Bon Jovi, a banda decidiu o nome do álbum por Slippery When Wet depois de visitar The Number 5 Orange Stripclub, um bar de strip-tease, obviamente, em Vancouver.

A capa consiste em um saco de lixo preto e molhado com as palavras "Slippery When Wet" traçadas na água.

A arte foi originalmente criada para caracterizar uma mulher de grandes seios, com uma camiseta amarela e molhada, com o nome do álbum na parte da frente da camisa.

A arte original


Esta versão original da capa foi trocada pela versão com o saco plástico molhado apenas antes do lançamento, devido principalmente ao fato de que Jon Bon Jovi odiava a borda rosa que circundava a imagem na capa. A exceção está no Japão, onde a maioria das versões do álbum incluiu a arte da capa original.

LET IT ROCK

Abre o álbum a faixa “Let It Rock”.

Após uma introdução de pouco mais de um minuto, a faixa apresenta um ritmo forte com a guitarra de Richie Sambora bem presente. No refrão, a voz de Jon Bon Jovi é reforçada com poderosos backing vocals. O efeito causa um bom impacto, construindo uma canção bastante interessante.

As letras são muito simples, em um tom de celebração:

Let it rock, let it go
You can stop a fire burning out of control
Let it rock, let it go
With the night you're on on the loose
You got to let it rock



YOU GIVE LOVE A BAD NAME

A segunda música do trabalho é um dos maiores clássicos do Bon Jovi, “You Give Love A Bad Name”.

O criativo riff de guitarra é ouvido já no início da canção e a embala por toda sua duração, dando à faixa uma sensação bastante empolgante, conduzindo o refrão a uma característica de ponto alto da música, em uma construção simplesmente genial. Os vocais são muito bem feitos por Jon Bon Jovi, mas o maior destaque é a guitarra de Sambora, esbanjando feeling.

As letras são simples, refletindo um sofrimento amoroso com a culpa sendo colocada na outra pessoa:

Paint your smile on your lips
Blood red nails on your fingertips
A school boy's dream, you act so shy
You're very first kiss was your first kiss goodbye

Lançada como single, “You Give Love A Bad Name” foi um sucesso absoluto. Nos Estados Unidos, atingiu a primeira posição na parada de singles. No Reino Unido, ficou com a 14ª posição.



Possui várias versões covers feitas por diferentes músicos e grupos, entre eles, Demi Lovato, Anastacia e a banda Atreyu. Também é jogável em diferentes games como Guitar Hero e Rock Band.

O clássico também está na lista do canal de televisão VH1 de 100 Greatest Hard Rock Songs, na 20ª posição. Também aparece em várias séries de TV, por exemplo, How I Met Your Mother.



LIVIN’ ON A PRAYER

A terceira música de Slippery When Wet é outro clássico da banda, “Livin’ On A Prayer”.

Teclados e bateria bem fortes são as marcas iniciais da canção que depois são acompanhadas de perto por uma boa atuação vocal de Jon Bon Jovi. A faixa tem um ritmo bem cadenciado, lento mesmo, mas que cresce quando chega o refrão.  Outra característica marcante da música é o uso de Talk Box pelo guitarrista Richie Sambora, criando um efeito interessante em sua guitarra.

As letras contam a história de um casal de trabalhadores que superam suas dificuldades e tentam permanecer juntos. Segundo Bon Jovi, a música foi escrita durante a era Reagan e as dificuldades financeiras daquele momento o inspiraram na mesma:

Tommy used to work on the docks
Union's been on strike
Hes down on his luck...it's tough, so tough
Gina works the diner all day
Working for her man, she brings home her pay
For love - for love
She says: We've got to hold on to what we've got
'Cause it doesn't make a difference
If we make it or not
We've got each other and that's a lot
For love - we'll give it a shot

A canção foi lançada como single e também se tornou um sucesso absoluto. Ficou em 1º lugar na parada norte-americana de singles, assim como na parada canadense e, ainda, com a 4ª posição na tradicional parada britânica.



Foi votada em uma eleição do canal VH1 como a 1ª colocada em uma lista de The 100 Greatest Songs of the '80s. No aniversário da parada de singles da Billboard (parada norte-americana) de 2010, “Livin’ On A Prayer” foi eleita a 46ª colocada em uma lista de canções de Rock de todos os tempos.

Os games Rock Band e Guitar Hero têm suas versões jogáveis deste clássico da banda. Várias versões covers (incluindo a própria banda reescrevendo-a) foram feitas para a primeira que foi lançada em Slippery When Wet. The Audition, Alvin And The Chipmunks e Philmore já gravaram covers da canção.

Como foi dito, foi Richie Sambora quem convenceu Jon Bon Jovi a colocar a música no álbum, pois o vocalista não havia gostado da versão inicial de “Livin’ On A Prayer”. Hoje é, talvez, a música de maior sucesso do grupo. Mais de 2,7 milhões de cópias digitais da música já foram comercializadas.



SOCIAL DISEASE

“Social Disease” é a quarta faixa do trabalho.

A música apresenta um riff de guitarra bem típico dos anos oitenta. Ele é bem cadenciado, mas apresenta certo peso e força. Um Hard Rock, bem puxado para a sonoridade “Glam”, é a marca da canção. Os vocais são mais “gritados” que nas faixas anteriores. Menos conhecida, mas um ponto forte do álbum.

As letras são uma metáfora sobre o amor, apresentando-o – de uma maneira discutível – como uma doença social:

You can't start a fire without a spark
But there's something that I guarantee
You can't hide when infection starts
Because love is a social disease



WANTED DEAD OR ALIVE

A quinta faixa do álbum é “Wanted Dead Or Alive”.

A música se inicia com um som de violão acústico, com linhas realmente muito belas. Jon canta sobre estas linhas a sua maneira bem característica, criando um clima suave, mas ao mesmo tempo, tocante. A partir de 2 minutos e meio, as guitarras de Sambora surgem com peso e força, incluindo um solo com muito feeling. Grande canção do álbum.

As letras de “Wanted Dead Or Alive” são uma grande metáfora à solidão de um músico, escritas de maneira muito inteligente:

Sometimes I sleep, sometimes it's not for days
And people I meet
Always go their separate ways
Sometimes you tell the day by the bottle that you drink
And times when you're all alone all you do is think

Lançada como single, a faixa ficou bem posicionada e foi responsável por Slippery When Wet ser o primeiro álbum, do estilo Hard Rock, a ter 3 singles consecutivos no top 10 da parada norte-americana de singles. Ficou com a 7ª posição nos Estados Unidos e com a 13ª posição na parada britânica.



O título da faixa representa toda a admiração que o vocalista Jon Bon Jovi possui pela temática cowboy do oeste norte-americano. A inspiração para a faixa surgiu da canção “Turn The Page”, de Bob Seger, segundo o próprio Jon declarou. Segundo ele, em 1985, em uma viagem durante a turnê, em que ele e Sambora ouviram a clássica canção de Seger e Jon teria dito: “precisamos compor uma música assim”.

Um clássico indiscutível, a canção é encontrada em diferentes tipos de mídias. Está presente nos programas de TV Deadliest Catch e Supernatural. Também está nos games GTA e Rock Band e no filme Harley Davidson and the Marlboro Man, de 1991.

A cantora Michelle Creber, o grupo country Montgomery Gentry e a banda The Slackers gravaram versões para a canção.



RAISE YOUR HANDS

A sexta faixa do trabalho é “Raise Your Hands”.

Um Hard Rock de riff muito forte e marcante é o que se apresenta em “Raise Your Hands”. Um som típico dos anos oitenta, com pegada e empolgação. O refrão é muito bom, com os backing vocals cumprindo um ótimo papel em reforçar a voz do vocalista Bon Jovi. Certamente um dos melhores momentos do disco.

As letras têm uma conotação de flerte:

Raise your hands
When you want to let it go
Raise your hands
When you want to let a feeling show
Raise your hands
From New York to Chicago
Raise your hands
From New Jersey to Tokyo
Raise your hands



WITHOUT LOVE

A sétima música de Slippery When Wet é “Without Love”.

A canção se inicia de maneira bem cadenciada, com um teclado bem destacado durante toda a sua extensão. Bon Jovi acompanha este ritmo, empregando linhas vocais mais melodiosas e o resultado é que se tem uma faixa com bom potencial cativante. O solo é bastante simples, mas funciona de maneira eficiente.

As letras demonstram um sentimento de angústia após um relacionamento que terminou:

Without love, there's nothing without love
Nothing else can get you through the night
Nothing else feels right without love
There's nothing without love
Nothing else but love can burn as bright
And nothing would mean nothing without love



I’D DIE FOR YOU

A oitava canção do disco é “I’d Die For You”.

Novamente os teclados dão as cartas no início da faixa, mas rapidamente são acompanhados por uma guitarra com certa pegada. Mas o principal destaque são os proeminentes teclados de David Bryan. Os vocais são muito bons e a levada da música é rápida e empolgante. Um outro ótimo momento do álbum.

As letras mostram alguém apaixonado e caem em um lugar comum:

I'd die for you
I'd cry for you
I'd do anything
I'd lie for you
You know it's true
Baby I'd die for you
I'd die for you
I'd cry for you
If it came right down to me and you
You know it's true, baby I'd die for you



NEVER SAY GOODBYE

A nona faixa do álbum é outro clássico, “Never Say Goodbye”.

A canção é uma balada clássica, com linhas suaves que se intercalam com a voz do vocalista soando um tanto quanto rasgada, mas que se casa de maneira extremamente harmoniosa com o riff suave criado pela dupla Bon Jovi e Sambora. Trata-se de uma música bastante tocante. Outro ponto memorável do trabalho.

As letras, obviamente, têm conotação romântica e contam uma história de amor:

We danced so close
We danced so slow
And I swore I'd never let you go
Together – forever

Inclusive, a música descreve o relacionamento entre Jon Bon Jovi e sua atual esposa. O vocalista diz que se inspirou na canção “Hearts Of Stone”, de Southside Johnny, para escrever “Never Say Goodbye”.

Lançada como single, ficou com a 11ª posição na parada norte-americana e com a 21ª colocação na sua correspondente britânica.



Uma versão curiosa da faixa foi gravada em mandarim, pelo grupo de Taiwan chamado Power Station.



WILD IN THE STREETS

A décima – e última – faixa de Slippery When Wet é “Wild In The Streets”.

O álbum se encerra mais uma vez com o ritmo mais acelerado, com teclados e guitarras em um ritmo mais veloz e forte. Tanto o vocal quanto os backing vocals (no refrão) estão em harmonia com a sonoridade da canção, construindo um trabalho muito bem feito. O solo é, talvez, o melhor de todo o disco, esbanjando feeling.

As letras estão em um tom de rebeldia juvenil:

A member of the boy's brigade
Had a date with the girl next door
You know it made her daddy crazy
But it only made her want him more
They weren't looking for trouble
You know that boy didn't want a fight-not tonight
So she headed out through her bathroom window
What her daddy didn't know was gonna be alright



Considerações Finais

Catapultado por dois singles atingindo a primeira posição da parada norte-americana (“You Give Love A Bad Name” e “Livin’ On A Prayer”), Slippery When Wet foi um sucesso estrondoso. O álbum atingiu a 1ª posição da parada norte-americana de álbum, colocação na qual permaneceu por oito semanas. Na parada britânica, ficou com a 6ª posição. Entretanto, atingiu a primeira posição também nas paradas do Canadá, Austrália, Finlândia e Suíça.

Somente entre 1986 e 1987, o álbum ficou por 38 semanas entre o Top 5 da parada norte-americana. Vendeu perto de 12 milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Também está incluído no livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die.

Slippery When Wet foi considerado o álbum mais vendido de 1987 pela Billboard. O videoclipe de "Livin 'On A Prayer" ganhou a categoria de Melhor Performance de Palco na premiação da MTV Norte-americana chamada MTV Video Music Award.

A banda ganhou o prêmio de Banda Pop/Rock Favorita na premiação American Music Awards e outro prêmio de grupo de rock favorito na premiação People Choice.

Quando Slippery When Wet foi lançado em agosto de 1986, Bon Jovi era a banda suporte na turnê do grupo 38 Special. Até o final de 1986, Bon Jovi era a banda principal em shows durante seis meses em todo os Estados Unidos.

Em agosto de 1987, o Bon Jovi se apresentou no clássico festival inglês "Monsters of Rock" como banda principal. Durante sua apresentação, Dee Snider (Twisted Sister), Bruce Dickinson (Iron Maiden) e Paul Stanley (KISS) se juntaram à banda para executar "We’re an American Band", clássico do Grandfunk Railroad. O conjunto encerrou o ano com 130 shows como banda principal na sua turnê “Tour Without End”, arrecadando 28,4 milhões de dólares.

Jon Bon Jovi foi perguntado o que todo este astronômico sucesso significava, e sua resposta foi: "Tudo é maior, e move-se duas vezes mais rápido. Você está reconhecido duas vezes mais. Tudo é maior, o mundo inteiro fica maior. Você tem que vender mais discos, ser enorme. Você fica mais esperto e você entende o negócio um pouco mais, e por isso tem mais responsabilidade. Você entende tudo isto agora e você quer ter certeza de que tudo dará certo".



Slippery When Wet é o álbum mais bem sucedido, comercialmente falando, do Bon Jovi. Estima-se que mais de 28 milhões de cópias do disco já foram comercializadas.

Formação:
Jon Bon Jovi – Vocal, Guitarra Base
Richie Sambora – Guitarra Solo, Backing Vocals, Talkbox em "Livin' on a Prayer"
Alec John Such – Baixo, Backing Vocals
Tico Torres – Bateria
David Bryan – Teclado, Backing Vocals

Faixas:
01. Let It Rock (Bon Jovi/Sambora) - 5:25
02. You Give Love a Bad Name (Bon Jovi/Sambora/Child) - 3:44
03. Livin' on a Prayer (Bon Jovi/Sambora/Child) - 4:09
04. Social Disease (Bon Jovi/Sambora) - 4:18
05. Wanted Dead or Alive (Bon Jovi/Sambora) - 5:08
06. Raise Your Hands (Bon Jovi/Sambora) - 4:16
07. Without Love (Bon Jovi/Sambora/Child) - 3:30
08. I'd Die for You (Bon Jovi/Sambora/Child) - 4:30
09. Never Say Goodbye (Bon Jovi/Sambora) - 4:48
10. Wild in the Streets (Bon Jovi) - 3:54

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/bon-jovi/

Opinião do Blog:
Slippery When Wet é um dos álbuns mais bem sucedidos comercialmente da história do Rock e foi o responsável por catapultar a banda Bon Jovi ao estrelato mundial.

Embora o grupo norte-americano não seja parte do menu de quem faz este blog, a análise buscou ser feita sem nenhuma espécie de preconceito. E este fato foi primordial para se reconhecer que Slippery When Wet é um ótimo trabalho.

Musicalmente, o disco nos traz uma sonoridade baseada no Hard Rock, por vezes optando por um ritmo mais lento e cadenciado, mas sem perder a pegada. As canções são construídas com muito bom gosto, oscilando linhas mais suaves com outras mais fortes e impressivas.

Ainda nesta parte, os teclados de David Bryan são um show à parte, sempre tocados no momento exato, com boa técnica e excelente feeling. Assim também são feitas as linhas de guitarra do Richie Sambora, ora com uma pegada Hard (quase Heavy), ora com melodias suaves e emotivas. A balada “Never Say Goodbye” é um excelente exemplo disto.

Outra construção magnífica do álbum são os vocais. O trabalho é feito muito baseado na voz de Jon Bon Jovi, que longe de ser um excepcional vocalista, está longe de ser apenas mais um. Nos refrãos, optou-se, quase sempre, por fazer um reforço com um trabalho de backing vocals usados de maneira precisa e sensível. Isto traz para o momento do refrão um aspecto que realmente impressiona o ouvinte.

Músicas como “Livin’ On A Prayer”, Never Say Goodbye”, You Give Love A Bad Name” e “Wanted Dead Or Alive”, goste-se ou não, são clássicos e falam por si mesmas. Mas mesmo as músicas “menos” conhecidas do trabalho são ótimas, como, por exemplo, as excelentes “Social Disease” e “Raise Your Hands”.

Nas letras, talvez estejam o ponto de menor interesse no álbum. As letras são bastante simples, muitas vezes simplórias, mas nada que denigra a qualidade do trabalho, pois não fogem ao espírito simples do Rock & Roll.

Enfim, Slippery When Wet é um disco muito acima da média, um ótimo exemplo de como o Hard Rock pode ser tocado de forma mais lenta, mas sem perder a pegada. O trabalho que lançou a banda Bon Jovi como um nome reconhecido mundialmente é muito bem recomendado pelo Blog.

11 de dezembro de 2012

YES - 90125 (1983)



Post sugerido e dedicado ao amigo Silvio Tavares

90125 é o décimo-primeiro álbum de estúdio da banda inglesa chamada Yes. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 14 de novembro de 1983, com sua gravação acontecendo basicamente em parte do primeiro semestre daquele ano. A produção ficou a cargo do conceituado produtor Trevor Horn e o disco saiu sob o selo da Atco Records.



O espaço aqui é muito pequeno para se contar a história de um grupo como o Yes até o ano de 1983, então, o blog preferiu fazer apenas uma rápida pincelada no passado (glorioso) do conjunto e se ater à época mais especificamente do lançamento de 90125.

O início do Yes data do ano de 1968, quando o baixista Chris Squire foi apresentado ao cantor Jon Anderson, sendo que ambos possuíam interesse em músicas como as de Simon & Garfunkel e, também, em harmonias vocais.

Com uma formação que contava com Jon Anderson nos vocais, Chris Squire no baixo, Peter Banks na guitarra, Tony Kaye no órgão/piano e Bill Bruford na bateria, a banda lançaria seu primeiro álbum, homônimo ao grupo e que é considerado por alguns como o primeiro disco de rock progressivo da história.

Com a mesma formação do grupo, sairia o segundo álbum da banda, Time And a Word, de 1970.

Foi por volta de 1971, já com Steve Howe nas guitarras – substituindo Peter Banks – que o Yes trouxe para o grupo o excelente tecladista Rick Wakeman, para o lugar de Tony Kaye. Wakeman traria para o Yes maiores contribuições para o estilo Progressivo/Sinfônico que a banda tanto gostava.

O primeiro trabalho com Wakeman no Yes foi seu quarto álbum de estúdio, o aclamado Fragile, de 1971.

Durante os anos setenta, o Yes lançou vários álbuns de sucesso, com praticamente todos entre as 10 primeiras posições da parada britânica de discos, sendo que dois deles atingiram o topo: Tales From Topographic Oceans (1974) e Going For The One (1977).

O grupo também sofreu com algumas mudanças de formação durante o período – como a saída de Wakeman em 1974, insatisfeito com o resultado das gravações de Tales From Topographic Oceans – voltando poucos anos depois.

Após a gravação do nono álbum de estúdio do grupo, Tormato (1978), tensões surgiriam dentro do Yes e que causariam algumas mudanças na direção musical do conjunto.

Para o próximo trabalho, o Yes se reuniu em Paris com o produtor Roy Thomas Baker, que durante as sessões musicais favorecia as partes desenvolvidas pelo vocalista Jon Anderson e o tecladista Rick Wakeman. Estas passagens eram mais leves e delicadas, fato este que inervou o grupo formado por Chris Squire, Steve Howe e Alan White, que desejavam uma veia mais rock and roll para as músicas.

Chris Squire


Em 1980, Squire, Howe e White não gostaram de nenhuma das composições apresentadas por Jon Anderson como material para o próximo trabalho, mais uma vez consideradas “leves demais”. Para complicarem mais as coisas, as sessões de gravação tiveram que serem interrompidas, pois Alan White quebrou seu pé enquanto patinava.

Quando o grupo voltou para novas gravações, a situação se tornou irremediável. Diferenças musicais – e, talvez financeiras – fizeram com que Jon Anderson deixasse o Yes. Logo em seguida, pensando em que a banda não conseguiria prosseguir sem sua voz, Wakeman também sai do conjunto.

Em 1980, a dupla pop The Buggles era formada pelo tecladista Geoffrey Downes eo vocalista Trevor Horn, com Brian Lane como um gerente musical. Eles tiveram um sucesso mundial com o single "Video Killed the Radio Star" e estavam trabalhando no mesmo escritório com o Yes.

Inclusive, a dupla já tinha uma música chamada "We Can Fly From Here", que tinha sido escrita com o Yes em mente. Para a surpresa dos The Buggles, eles foram convidados a participar do Yes como membros em tempo integral. Aceitando o convite, apareceram no álbum Drama, de 1980.

O álbum exibiu um som mais pesado, certamente mais rock que o material gravado com Anderson em 1979, abrindo com a faixa "Machine Messiah", certamente bem mais forte que o habitual. O disco alcançou a segunda posição na parada do Reino Unido e 18ª na correspondente norte-americana.

A turnê de 1980, na América do Norte e no Reino Unido, recebeu uma reação mista das audiências. Eles foram bem recebidos nos Estados Unidos e premiados com um certificado comemorativo depois de terem conquistado um recorde de 16 apresentações consecutivas com ingressos esgotados no Madison Square Garden (Nova Iorque), desde 1974.

Após a turnê, o Yes se reuniu na Inglaterra para decidir o próximo passo da banda. Eles demitiram Lane como gerente e Horn escolheu seguir uma carreira na produção musical.

White e Squire foram os próximos a partirem, deixando Downes e Howe, como os únicos membros do grupo. Eles optaram por não continuarem com a banda e seguiram caminhos separados em dezembro de 1980. Uma coletânea de performances ao vivo 1976-1978 foi lançada com o nome de Yesshows, que chegou à 22ª colocação no Reino Unido e à 43ª nos EUA.

O anúncio oficial veio março 1981, confirmando que o Yes já não existia mais. Downes e Howe se reuniram para formar a Ásia com o ex-baixista e vocalista do King Crimson, John Wetton,  e o baterista Carl Palmer; do Emerson, Lake e Palmer.

Squire e White continuaram a trabalharem juntos, inicialmente sessões de gravação com Jimmy Page para uma proposta de banda chamada XYZ (abreviação de "ex-Yes-e-Zeppelin").  Robert Plant também chegou a estar envolvido como vocalista, mas ele perdeu o entusiasmo, citando seu luto pelo recentemente falecido baterista do Led Zeppelin, John Bonham.

O grupo produziu poucas faixas demo, elementos que apareceriam na banda de Page e Paul Rodgers, The Firm, e em canções futuras do Yes, como "Drive Mind" e "Can You Imagine?".

Em 1981, Squire e White lançaram "Run With The Fox", um single de Natal com Squire nos vocais e com letra de Peter Sinfield, que recebeu boa divulgação de rádios nas décadas de 1980 e início de 1990, durante os períodos de Natal. Uma coletânea do Yes, Classic Yes, foi lançada em Novembro de 1981.

Em 1982, Squire e White juntaram-se ao cantor e guitarrista sul-africano Trevor Rabin, em uma nova banda, a qual teria o nome de Cinema. Rabin havia feito o seu nome com um conjunto chamado Rabbitt, posteriormente, lançou três álbuns em carreira solo, trabalhou como produtor musical e até mesmo tocou em uma versão inicial da banda Ásia. Squire também recrutou outro músico que tocou no Yes, Tony Kaye, que cuidaria das partes referentes a teclados no novo grupo. Apesar da presença de três músicos oriundos do Yes, o Cinema não foi, inicialmente, concebido para ser uma continuação do Yes.

A banda Cinema, posteriormente, entrou em estúdio para gravar um álbum. Apesar de Rabin e Squire inicialmente compartilharem os vocais, Trevor Horn foi convidado para o projeto para atuar como vocalista, mas posteriormente mudou de função, tornando-se o produtor da banda. Horn trouxe para as canções da banda efeitos modernos de estúdio e toques digitais usando o CMI Fairlight, além de, também, desempenhar um papel de destaque nos arranjos vocais (contribuindo para os backing vocals).

Trevor Rabin


No entanto, seus confrontos com Tony Kaye (complicados pelo fato de que Rabin estava tocando a maioria dos teclados durante as sessões de gravação), levou à saída de Kaye, após cerca de seis meses de ensaio. Trevor Horn e Trevor Rabin estavam se revezando nos teclados, com Eddie Jobson sendo convidado a entrar para ser tecladista. Por motivos legais, algum tempo depois, Tony Kaye voltou para o grupo e Jobson, caiu fora.

Enquanto isso, Jon Anderson lançou dois álbuns solo desde que deixou o Yes. Também alcançou sucesso com o projeto Jon and Vangelis. Anderson e Squire encontraram-se em uma festa em Los Angeles, e Squire mostrou-lhe faixas demo da banda Cinema e, posteriormente, convidou-o para se tornar o vocalista principal do grupo.

Anderson se juntou ao projeto durante as últimas semanas de sessões de gravações, tendo relativamente pouco contribuído com o processo criativo, apenas adicionando seus vocais e reescrevendo algumas letras.

Por sugestão dos executivos da gravadora, Cinema, então, mudou seu nome para Yes. Rabin inicialmente se opôs a isso, pois, agora, tinha, inadvertidamente, unido-se a uma banda reunida, com uma história, bagagem e expectativas, em vez de ajudar a lançar um novo projeto.

No entanto, a presença de quatro ex-membros da banda Yes (sendo três membros fundadores, incluindo o vocalista principal) sugeriu que a mudança de nome seria uma estratégia benéfica no sentido comercial.

O novo álbum marcou uma mudança radical no estilo musical do Yes. O “novo” grupo adotou um som pop rock, que mostrou pouco de suas raízes progressivas e sinfônicas. Esta encarnação da banda, popularmente, por vezes foi informalmente conhecida como "Yes-West", refletindo a nova base do conjunto, que se moveu para Los Angeles, em vez de Londres.

O nome do álbum, 90125, é originalmente o número de catálogo que a Atco Records deu ao novo disco do Yes. Garry Mouat foi o responsável por desenvolver e criar a capa do trabalho.

OWNER OF A LONELY HEART

Abre o álbum “Owner Of A Lonely Heart”.

O riff inicial até engana, pois é pesado e com ótima pegada, mas ele é apenas a base melódica para o que se ouve depois. A canção é dominada pelos teclados de Rabin, mesmo que em certos momentos sua guitarra seja também ouvida. Jon Anderson canta de maneira bastante suave e melosa, construindo uma música com uma veia pop bastante acentuada.

Embora as letras sejam simples, elas contêm uma mensagem bastante interessante, podendo ser inferida uma mensagem de sentido libertário:

Say you don't want to chance it
You've been hurt so before
Watch it now the eagle in the sky
How he dancin' one and only
You, lose yourself
No, not for pity's sake
There's no real reason to be lonely
Be yourself, give your free will a chance
You've got to want to succeed

“Owner Of A Lonely Heart” é um dos maiores sucessos da carreira do Yes. A canção foi lançada como single e atingiu a 1ª posição da parada de singles desta natureza nos Estados Unidos, conquistando a 9ª colocação em sua correspondente britânica.



A música foi composta originalmente por Trevor Rabin, em 1980, que a “guardou” em uma fita-demo. Rabin chegou a mostra-la para o produtor Trevor Horn, que a descartou completamente de início.

Após a conclusão da gravação de todas as outras faixas de 90125, Horn sentia que o álbum carecia de uma canção com forte apelo para se tornar um single de sucesso. Ao se lembrar da fita-demo de Rabin, Horn sentiu que algumas passagens tinham potencial, e, assim, ele se debruçou sobre a mesma realizando várias modificações na versão original, resultando no que se ouve no álbum.

Além de um videoclipe, “Owner Of A Lonely Heart” está presente em muitas coletâneas do Yes. Também possui incontáveis versões remixadas, além de diversas gravações “covers” por parte de muitos grupos musicais.

É considerada uma canção que influenciou decisivamente a música pop dos anos oitenta. Um dos maiores legados da faixa é, sem dúvida, o início da ZTT Records e do grupo eletrônico The Art of Noise. Sendo um ex-membro do Yes, Trevor Horn teve o papel de produtor global durante a gravação de 90125.

Sua equipe regular incluía Gary Langan, J.J. Jeczalik e Anne Dudley, que trabalharam como músicos de sessão, programadores, engenheiros de teclado e arranjadores em vários projetos de Horn. De posse de uma coleta de amostras e loops diretamente retirados dessas sessões de gravação do Yes (assim como de amostras do trabalho feito no grupo de Malcolm McLaren, Duck Rock, produzido por Horn), a supracitada mesma equipe regular de gravação, posteriormente, formou o Art of Noise sob os auspícios de Trevor Horn, tornando-se o primeiro contratado do selo ZTT Records.

Os ‘samples’ orquestrais e os tambores ensurdecedores de "Owner Of A Lonely Heart" foram reutilizados nas gravações iniciais do The Art Of Noise. O Mix do The Red & Blue para a versão de “Owner Of A Lonely Heart”, incluído no cassete de remix chamado Twelve Inches on Tape, lançado pelo Yes, mostra o emergente som do The Art Of Noise muito claramente.

De acordo com Questlove, baterista do The Roots, "Owner Of A Lonely Heart" continha o primeiro uso de um ‘sample’ como um ‘breakbeat’ (em oposição a um efeito de som). O Yes incorporou cinco segundos de Funk, Inc. 's "Kool Is Back" (1972), um cover de Kool & the Gang "Kool Is Back".



HOLD ON

A segunda faixa de 90125 é “Hold On”.

Em “Hold On”, o Yes continua a apostar em um som pop, baseado em melodias vocais bem características, com o uso de várias vozes simultaneamente. Em alguns momentos a guitarra de Trevor Rabin se faz presente, incluindo um pequeno, mas sensível, solo.

Mais uma vez, as letras são belíssimas. Elas podem ser traduzidas com uma mensagem de esperança, ao mesmo tempo em que flertam com o aspecto de finitude (ou transitoriedade) da vida, de maneira brilhante:

Talk the simple smile
Such platonic eye
How they drown in incomplete capacity
Strangest of them all
When the feeling calls
How we drown in stylistic audacity
Charge the common ground
Round and round and round
We living in gravity
Shake - We shake so hard
How we laugh so loud
When we reach
We believe in eternity
I believe in eternity

“Hold On” foi composta originalmente pelo guitarrista Trevor Rabin, antes de entrar para o Yes, mas como duas canções diferentes: “Hold On” e “Moving In”. À época de gravação de 90125, Chris Squire e Jon Anderson acabaram combinando as duas músicas e fazendo novos arranjos. Tanto que nesta faixa, não somente Trevor Horn é creditado como produtor, tanto que o próprio Yes se dá os méritos da produção.



Lançada como single em 1985, não teve maior repercussão nas paradas de sucesso desta natureza.



IT CAN HAPPEN

A terceira canção do álbum é “It Can Happen”.

Um som típico de cítara indiana acompanhado de uma bateria marcante é o que se apresenta no minuto inicial da música. Depois, a faixa se desenvolve em um misto de um Pop/Rock bem criativo com momentos de um teclado extremamente presente, dando um toque “New Wave” ao que se ouve. Sonoramente, é uma canção menos ‘alegre’ que as anteriores.

As letras, outra vez, são brilhantes. Em “It Can Happen”, pode-se inferir uma tentativa de contrapor o orgulho humano ao fator destino:

It can happen today
As it happens
It happens in every way
This world I like
We architects of life
A song a sigh
Developing words that linger
Through fields of green through open eyes
This for us to see
Look up - Look down

Lançada como single, atingiu a 51ª posição da parada desta natureza nos Estados Unidos. “It Can Happen” foi composta na época em que Chris Squire e Alan White se juntaram a Trevor Rabin, formando o que teria sido a banda Cinema. Quando Jon Anderson se juntou ao novo Yes, ele reescreveu as letras e também fez os vocais da música.



CHANGES

A quarta música do trabalho é “Changes”.

“Changes” deixa o ouvinte intrigado, pois em grande parte da canção, que quase se apresenta como uma balada, misturam-se alguns momentos de um rock quase psicodélico, com doses pequenas – quase homeopáticas – de um pop-rock (mas com a guitarra de Rabin muito presente) e um rock tradicional bem construído. A faixa é absolutamente genial.

Embora “Changes” retrate o ‘batido’ tema do fim de um romance, o Yes o aborda de maneira especial, demonstrando a fase depressiva como agente de transformação da vida:

I look into the mirror
I see no happiness
All the warmth I gave you
Has turned to emptiness
The love we had has fallen
The love we used to share
You've left me here believing
In love that wasn't there

“Changes” também foi um single que falhou ao entrar nas principais paradas de sucesso do gênero. Amostra clara do brilhante compositor que Trevor Rabin era, a faixa foi composta inicialmente por ele antes de formar a banda Cinema. Alan White e Jon Anderson acabaram a modificando para a versão encontrada em 90125.

A banda Din Whitin fez uma versão cover da canção.



CINEMA

A quinta faixa de 90125 é “Cinema”.

“Cinema” é um pequeno momento de volta ao passado do Yes, pois apresenta um pequeno trecho apenas instrumental. A passagem é bem psicodélica, lembrando, em partes, o que o grupo fazia na década de setenta.

A canção é uma das menores na discografia do Yes, embora tivesse sido projetada para ter mais de 20 minutos e sob o nome de “Time”. Foi inicialmente composta no momento em que o grupo que se chamaria Cinema estava se compondo.



LEAVE IT

A sexta música do trabalho é “Leave It”.

“Leave It” se inicia com um coral de vozes cantando de maneira demasiadamente forte. Após este início inusitado, a canção se desenvolve em um pop com fortes influências da chamada música “New Wave”, com boas doses de efeitos eletrônicos e um teclado marcante. Uma faixa bem excêntrica.

Outra vez o Yes esbanja talento na construção das letras, pois a música pode ser entendida em um contexto que simboliza a eterna solidão do músico:

No phone can take your place
You know what I mean
We have the same intrigue
As a court of kings



Lançada como single, alcançou a 24ª e a 56ª posições nas paradas de singles dos Estados Unidos e Reino Unido, respectivamente. Inúmeros remixes foram realizados na música através do tempo.



OUR SONG

A sétima faixa do álbum é “Our Song”.

Em “Our Song”, teclados e guitarras se intercalam de maneira bem criativa. A base da canção é ainda um pop com leves – e bote leve nisso – pitadas de Rock, que dá as caras nos momentos em que a guitarra é reforçada. Mas o melhor da música são os vocais de Jon Anderson. O pequeno solo de Rabin também é interessante.

Nas letras, a cidade de Toledo, em Ohio, na qual a banda fez um show memorável em 1977 e que foi o de maior temperatura (dentro do ginásio) na história do Yes até aquele momento – cerca de 52 graus celsius:

Toledo was just another good stop
Along the good king's highway
My fortification took me by surprise
And hit me sending me sideways

Lançada como single, não obteve maiores repercussões nas principais paradas de sucesso.



CITY OF LOVE

“City Of Love” é a oitava faixa de 90125.

A música segue o mesmo ritmo da faixa anterior, com o teclado e efeitos eletrônicos bem proeminentes, mas, ao mesmo tempo, a guitarra de Rabin aparece em alguns momentos com mais intensidade. Entretanto, a canção é destacadamente pop, com o destaque indo para como as harmonias vocais são unidas, às vezes com realce em Jon Anderson, em outros para os backing vocals.

As letras desta vez são mais simples, em um tom de conquista e luxúria:

Take him for a ride
Have a good time
Like a legend the man he sharp
His woman gladly watching
As he strides out of the dark
Better be quick get away



HEARTS

A nona – e última – música do álbum é “Hearts”.

“Hearts” é a maior faixa de 90125. Ela segue em um ritmo bem cadenciado, em uma fusão de pop com rock tradicional (mesmo que este esteja bem suave). A voz de Jon Anderson imprime uma harmonia melódica que é fundamental para o sucesso da canção. Trevor Rabin faz um belo solo de guitarra no meio da música. Faixa bem cativante.

Com letras brilhantes, “Hearts” faz uma ode à essência da vida, com metáforas representando os momentos mais intensos da existência:

As we flow down life's rivers
I see the stars glow - One by one
All angels of the magic constellation
Be singing us now



Considerações Finais

Comercialmente, não há o que se discutir o sucesso de 90125. O álbum soava contemporâneo, moderno e inspirador; com o advento da MTV norte-americana, os videoclipes retirados das canções de 90125 trouxe uma nova legião de fãs para o grupo que não estava habituada ao antigo Yes.

Em termos de parada de sucesso, o álbum alcançou a 5ª posição na parada norte-americana de álbuns, com a 16ª posição na sua correspondente do Reino Unido.

O sucesso de “Owner Of A Lonely Heart” foi fundamental para alavancar as vendas e repercussão de 90125, especialmente pelo fato de atingir o topo da parada norte-americana de singles.

Também a faixa “Cinema” proporcionou honra ao grupo: ela deu ao Yes seu único prêmio Grammy, como “Best Rock Instrumental Performance”.

Jon Anderson


A turnê da banda entre 1984 e 1985 foi a mais lucrativa de sua história e gerou 9012Live, um filme-concerto dirigido por Steven Soderbergh, com adição de efeitos especiais Charlex que custaram US $ 1 milhão. O mini-LP lançado, em 1985, 9012Live:The Solos, deu ao Yes uma nomeação para um segundo Grammy para o prêmio de Best Rock Instrumental Performance para o solo de guitarra de Squire, uma versão de "Amazing Grace".

Inegavelmente um maior sucesso comercial nos Estados Unidos que no Reino Unido (onde o álbum não foi tão bem, mas longe de ir mal), estima-se que 90125 vendeu mais de 6 milhões de cópias pelo mundo, sendo o mais bem sucedido álbum, comercialmente falando, da história do Yes.

Formação:
Jon Anderson – Vocal
Tony Kaye – Teclados
Trevor Rabin – Guitarras, Backing Vocals, Teclados
Chris Squire – Baixo, Backing Vocals
Alan White – Bateria, Percussão, Backing Vocals
Músicos Adicionais:
Deepak Khazanchi: Citara e Tambura em "It Can Happen"
Graham Preskett: Violino em "Leave It"

Faixas:
01. Owner of a Lonely Heart (Rabin/Anderson/Squire/Horn) - 4:29
02. Hold On (Anderson/Rabin/Squire) - 5:16
03. It Can Happen (Squire/Anderson/Rabin) - 5:29
04. Changes (Rabin/Anderson/White) - 6:20
05. Cinema (Squire/Rabin/White/Kaye) - 2:08
06. Leave It (Squire/Rabin/Horn) - 4:14
07. Our Song (Anderson/Squire/Rabin/White) - 4:18
08. City of Love (Rabin/Anderson) - 4:51
09. Hearts (Anderson/Squire/Rabin/White/Kaye) - 7:39

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/yes/

Opinião do Blog:
Mudanças na música costumam ser traumáticas, especialmente para a relação entre bandas e suas bases de fãs, em particular no que diz respeito ao Rock. Muitos fãs da vertente não veem com bom grado uma alteração de estilo em seus grupos favoritos.

Em 90125, o Yes abandonou quase que por completo a sua sonoridade característica dos anos 1970, em que o estilo era mais voltado ao Rock And Roll, com um viés progressivo/sinfônico muito marcante.

No álbum em questão, 90125, o Yes virou-se para uma sonoridade muito mais Pop, com boas influências de New Wave e toques com efeitos eletrônicos. O Rock aparece em doses quase homeopáticas, com uma guitarra mais forte aqui e um solinho acolá.

O Blog deve afirmar ao leitor que o estilo em questão do disco não é o prato principal de quem o escreve. Longe disso. Mas é necessário marcar a importância que 90125 teve tanto para o Yes quanto para o desenvolvimento da música pop dos anos 1980. O contraditório é que o espasmo do som setentista na banda dentro do disco, “Cinema”, deu ao grupo seu único prêmio Grammy.

Outra característica marcante de 90125 é o seu conteúdo lírico. As letras são absolutamente sensacionais. Esqueçam abordagens superficiais, romantismo clichê ou músicas sobre bebedeiras ou sexo. O Yes faz reflexões intensas sobre aspectos da vida com toques dotados de profundidade e sutileza. Genial.

Enfim, se o leitor também gosta de uma música mais suave, o álbum é altamente recomendado. O Yes é uma grande banda da história do Rock e marca presença, agora, no Blog.