30 de janeiro de 2012

IRON MAIDEN - THE NUMBER OF THE BEAST (1982)



Homenagem aos 30 anos do lançamento deste álbum

The Number Of The Beast é o terceiro álbum de estúdio da banda inglesa de Heavy Metal, Iron Maiden. Ele foi gravado entre janeiro e fevereiro de 1982, sendo seu lançamento oficial creditado ao dia 22 de março daquele ano. As gravações ocorreram no Battery Studios, no Reino Unido, com a produção sob responsabilidade de Martin Birch.

Em 1981, o Iron Maiden havia começado a experimentar os primeiros sabores do sucesso. Ainda aproveitando o impacto do seu álbum de estreia, homônimo à banda – lançado em 1980 – o grupo lançou um novo trabalho, Killers (1981).

Para Killers, o grupo ainda aproveitou muita coisa que havia sido composta previamente ao seu disco de estreia, tendo apenas duas novas canções compostas para o trabalho, sendo as mesmas “Prodigal Son” e “Murders In The Rue Morgue”, esta inspirada em obra de Edgar Allan Poe.

A verdade é que o grupo ficou insatisfeito com o resultado da produção do álbum e a primeira mudança que elevaria o nível da banda a estrelas mundiais aconteceu naquele momento. A contratação de um novo produtor, o excelente Martin Birch.

Birch havia trabalhado durante muito tempo com o Deep Purple, além de produzir álbuns também de bandas do quilate de Rainbow, Whitesnake e os dois primeiros álbuns do Black Sabbath com Ronnie James Dio, entre muitos outros grupos. Martin Birch trabalharia com o Iron Maiden até 1992, com o lançamento de Fear Of The Dark.

Voltando a 1981, a banda teve sua primeira turnê mundial para divulgar Killers, estreando em solo norte-americano (fazendo a abertura para o Judas Priest) e também tocando pela primeira vez no Japão.

Parte do sucesso inicial do Iron Maiden pode ser sim creditado a seu vocalista que gravou os dois primeiros trabalhos do grupo. Paul Di’Anno é um cantor talentoso e carismático, que imprimiu seu estilo nos trabalhos iniciais da banda. Suas performances em canções como “Sanctuary” e “Killers” são incontestáveis, apenas como exemplo.

Paul Di'Anno



Mas fato é que Di’Anno estava severamente envolvido com uso abusivo de drogas durante a turnê mundial da banda em 1981. Esses abusos acabavam por prejudicar as atuações do mesmo durante os shows o que enfurecia aos demais membros do grupo.

Assim, terminada a turnê que promoveu o álbum Killers, o Iron Maiden decidiu demitir Paul Di’Anno e procurar um novo vocalista.

Para tanto, o manager da banda, Rod Smallwood convidou o vocalista de uma banda chamada Samson para fazer uma audição com o grupo. Após a mesma, o vocalista foi contratado rapidamente e já começou a ser integrado ao grupo em algumas apresentações ao vivo. Seu nome: Bruce Dickinson.

Smallwood, anos depois, disse que a escolha de Dickinson foi óbvia e inevitável, pois ele sabia da vontade de Steve Harris em compor canções em um estilo diferente do que a banda havia feito até então e que Di’Anno não seria capaz de cantar o material que acabou sendo gravado com Dickinson.

Bruce Dickinson



Com Dickinson já integrado ao grupo, a banda passa a compor e gravar o que se tornaria um dos maiores clássicos da história do Heavy Metal, The Number Of The Beast.

Bruce Dickinson afirma categoricamente que participou e contribuiu com a composição de algumas faixas do trabalho e que, devido a questões legais com sua banda anterior, não pode ser creditado como compositor em nenhuma faixa. Bruce cita “Run To The Hills”, “Children Of The Damned” e “The Prisoner” como faixas com as quais ele teria contribuído.

Várias lendas surgiram sobre a gravação do álbum, em especial em relação à temática do nome do álbum. Há relatos que durante a gravação de algumas faixas, como à homônima ao trabalho, a energia do estúdio acabava, impedindo sua gravação. Ou mesmo que uma fita que continha parte do trabalho já gravado que desapareceu. Mas a mais enfática é a história de que o produtor Martin Birch teria se envolvido em um acidente de carro durante a gravação do álbum e que o valor das despesas foi de 666 libras!

The Number Of The Beast foi o ultimo álbum do Iron Maiden com o baterista Clive Burr, que deixou a banda alegando problemas particulares. Também foi o primeiro a ter o guitarrista Adrian Smith creditado como compositor.

A capa do álbum, clássica, foi desenhada por Derek Riggs, que fez muitas capas de álbuns e singles da banda. O desenho teria sido criado para o lançamento do single “Purgatory”, mas Rod Smallwood achou-o bom demais para apenas um single, sugerindo que fosse guardado para o lançamento de um álbum.

INVADERS

O álbum é aberto com a faixa “Invaders”, uma música bem direta e rápida, o que acabou uma marca do Maiden a partir de então, sempre abrindo seus trabalhos com uma faixa neste estilo. Anos depois, em entrevista, Steve Harris disse que “Invaders” não era uma faixa tão boa assim para estar no álbum e que deveria ter sido retirada do trabalho. Mas que, na época, eles não tinham nenhuma outra para ser colocada em seu lugar.



CHILDREN OF THE DAMNED

A segunda faixa do trabalho é “Children Of The Damned”, que começa mais cadenciada e depois se desenvolve ao melhor estilo Maiden. A música é baseada nos filmes “Children Of The Damned” e “Village Of The Damned”, ambos inspirados no romance “The Midwich Cukoos”, de John Wyndham.

Em seu programa na Rádio BBC Radio 6, durante um tributo a Ronnie James Dio, Bruce Dickinson afirmou que a música teve inspiração no clássico do Black Sabbath com Dio, “Children Of The Sea”.



THE PRISONER

A terceira faixa do álbum é também a primeira que tem Adrian Smith como compositor, ao lado do baixista Steve Harris. É baseada num programa de televisão britânico de mesmo nome. Em seu início, a música apresenta diálogos retirados do show de tv.

Rod Smallwood disse que contatou o ator Patrick McGoohan, que também era responsável pela série para que autorizasse a inserção dos diálogos na música. Segundo Rod, o ator era uma “estrelinha”, que não conhecia a banda, mas que por fim permitiu a utilização dos diálogos.



22 ACACIA AVENUE

A quarta faixa do álbum é mais um clássico da banda. Trata-se de outra música inspirada na saga da prostituta Charlotte.

A canção teria sido escrita por Adrian Smith muitos anos antes de sua entrada no Iron Maiden, quando ele ainda tocava em sua antiga banda, Urchin. Steve Harris afirmou que havia ouvido a canção tocada pelo grupo e sugeriu a Adrian pequenas modificações para inclui-la no álbum The Number Of The Beast.



THE NUMBER OF THE BEAST

A faixa homônima ao álbum e quinta do trabalho é, talvez, a faixa mais conhecida do grupo e também do Heavy Metal como um todo. Trata-se de um dos grandes clássicos da história do rock and roll em geral.

Steve Harris disse que a canção foi inspirada em um terrível pesadelo que ele teve em uma noite após assistir ao filme “Damien: Omen II” – A Profecia II, no Brasil – e que as letras da canção também tiveram inspiração no poema Tam o’ Shanter, de Robert Burns.



Clássico absoluto da banda, a canção se tornou praticamente obrigatória em todas as apresentações ao vivo do grupo. É um dos singles lançados à época para a promoção do álbum, alcançando a 18ª posição da parada de singles britânica.

Inúmeras são, também, as aparições da canção em diferentes mídias, como filmes e games. Muitas bandas também já gravaram versões do clássico do Maiden.

Na versão original, há uma leitura que ficou imortalizada dos versículos 12:12 e 13:18 do livro do Apocalipse, pelo ator Barry Clayton.



RUN TO THE HILLS

“Run To The Hills” é um dos grandes clássicos do Iron Maiden em toda a sua discografia. Desde que fora lançada, tornou-se presença praticamente obrigatória nos shows da banda. Foi também o primeiro single lançado para promover o álbum, atingindo a 7ª posição na parada britânica de singles.



A introdução na bateria e a soberba atuação de Dickinson nos vocais são marcas registradas da canção. É mais uma canção com várias versões cover e presença em outras mídias como games e vídeos.



GANGLAND

“Gangland” é uma canção ótima, rápida e bem direta, com a marca registrada do Maiden. Entretanto, a banda permaneceu na dúvida até antes do lançamento em coloca-la no álbum ou colocar “Total Eclipse”, que acabou ficando como um lado B do single “Run To The Hills”. Steve Harris, anos depois, disse que se tivesse escolhido “Total Eclipse” para o álbum, este teria ficado ainda melhor. No que este blogeiro concorda com o mestre.



HALLOWED BE THY NAME

Uma canção épica, com pouco mais de sete minutos. Assim é “Hallowed Be Thy Name”, uma música que é um dos maiores clássicos da história do Heavy Metal. Bruce Dickinson relata que nos shows ele tenta passar um ‘filme’ para os fãs, interpretando a história durante a execução da canção. Ele diz que a faixa é fantástica.

Embora a melodia seja extraordinária, o trabalho de Steve Harris nas letras é incrível, abordando temas (que você encontra em toda obra do Iron Maiden) como a transitoriedade da vida e a inevitabilidade da morte. Sensacional.

Uma das canções com mais versões covers por parte de outros grupos, por exemplo, Iced Earth e Dream Theater. Obrigatória em praticamente todos os shows do grupo desde seu lançamento.



Outras Considerações

The Number Of The Beast foi o primeiro álbum do Iron Maiden a atingir o topo da parada britânica de álbuns. Nos Estados Unidos, acabou atingindo a ‘modesta’ 33a posição.

Presença obrigatória nas listas de grandes álbuns de Heavy Metal de todos os tempos, como exemplos, na eleição do IGN sendo o terceiro colocado e na do Metal-Rules, como segundo colocado. A Guitar World o colocou como décimo sétimo colocado na lista de grandes álbuns de guitarra de todos os tempos.

Na parte norte-americana da turnê, grupos cristãos promoveram quebra de álbuns em protesto contra o grupo, que foi acusado de Satanismo. Em resposta, o líder e baixista da banda, Steve Harris atestou que “é óbvio que eles não conhecem nossas músicas e nossas letras”. Já Dickinson agradeceu a publicidade extra.

Para se ter uma pequena ideia do valor da obra para outros músicos, o Dream Theater executou o álbum na íntegra em 2002, quando o disco completou 20 anos de seu lançamento. Até hoje, The Number Of The Beast vendeu 14 milhões de cópias.

Em 1995, o álbum foi relançado incluindo a faixa “Total Eclipse”.

Formação:
Bruce Dickinson – Vocal
Dave Murray – Guitarra
Adrian Smith – Guitarra, Backing Vocals
Steve Harris – Baixo, Backing Vocals
Clive Burr – Bateria, Percussão

Faixas:
01. Invaders (Harris) - 3:24
02. Children of the Damned (Harris) - 4:35
03. The Prisoner (Harris/Smith) - 6:03
04. 22 Acacia Avenue (Harris/Smith) - 6:37
05. The Number of the Beast (Harris) - 4:51
06. Run to the Hills (Harris) - 3:54
07. Gangland (Burr/Smith) - 3:49
08. Hallowed Be Thy Name (Harris) - 7:12

Letras:
Para o conteúdo das letras, acesse: http://letras.terra.com.br/iron-maiden/

Opinião do Blog:
Não há qualquer dúvida, pelo menos penso assim, sobre a qualidade dos dois primeiros álbuns do Iron Maiden, ainda com Paul Di’Anno nos vocais. São álbuns com um Heavy Metal de alta qualidade, que mostravam que se tratava de uma banda acima da média.

Entretanto, com a entrada de Bruce Dickinson na banda, o Iron Maiden subiu mais um patamar. De um grupo acima da média, passou a ser uma das lendas da história da música como um todo. A mudança de estilo tornou o conjunto com uma sonoridade ainda mais abrangente e elevou o nível das composições, em especial, dada a categoria extraordinária de seu novo vocalista à época.

Após The Number Of The Beast, os britânicos lançaram álbuns incríveis em sequencia, um após o outro, até o início da década de noventa, solidificando-os como uma das maiores bandas de todos os tempos.

The Number Of The Beast é um álbum para a história. Obrigatório para todos que amam o rock e ainda mais, o Heavy Metal.

Vídeos Relacionados:
Total Eclipse (Burr/Harris/Murray)


6 comentários:

  1. Embora o meu disco favorito do Iron Maiden é o clássico Powerslave (1984), impossível não reverenciar esta obra-prima do heavy metal mundial!

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  2. Olá chefe Daniel! Nesta resenha sobre TNOTB você esqueceu de constatar de que a letra de "Invaders" fala sobre uma batalha entre Vikings e Saxões, na qual os Vikings saíram vitoriosos. É uma música que mostra a clara mudança sonora e lírica que a banda daqui pra frente iria praticar. Discordo totalmente de Steve Harris sobre a música, pois acho "Invaders" uma boa escolha de iniciar este TNOTB, com a banda logo mostrando a que veio, e Bruce Dickinson sendo apresentado com maestria ao mundo, com aquela categoria que marcaria sua carreira para sempre.

    "Run to the Hills" (minha favorita do disco) conta a história do massacre dos nativos americanos pelos estadunidenses, algo forçado pela colonização. E "Gangland" parece falar sobre um ex-gangster apavorado pelo seu passado. Falando em gangs, nos EUA existem dados que tratam apenas dos perfis destes gangsters, constam no National Gang Center, subordinado a BJA (Bureau of Justice Assistence).

    Mas uma resenha sobre TNOTB não estaria completa sem falar sobre "Total Eclipse" (B-Side de "Run to the Hills"), que foi adicionado nas edições remasterizadas do disco em CD e que na minha opinião, devia ter entrado no tracklist original do vinil junto com as oito escolhidas para o formato.

    "Total Eclipse" liricamente descreve um eclipse total, onde todos ficam aterrados de medo diante da escuridão total. Musicalmente segue uma levada mais cadenciada, bem no estilo que o Judas Priest desenvolvia nesta época, mas que dá uma quebra de ritmo no meio, que representa o solo de Dave Murray. Depois a música retorna ao ritmo normal, e vai assim até o fim. Eu sinceramente não gostei da versão original de TNOTB em vinil, por conta da ausência de "Total Eclipse".

    Ressalto que a versão que eu tenho deste clássicão do Iron Maiden segue a seguinte sequência por mim ordenada: 1. Invaders / 2. Children of the Damned / 3. The Prisoner / 4. Run to the Hills / 5. Total Eclipse / 6. a faixa-título / 7. 22 Acacia Avenue / 8. Gangland / 9. Hallowed Be Thy Name.
    Acho que o álbum original em vinil faria muito mais sentido se fosse lançado dessa forma, não é mesmo?

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    1. Meu caro Igor,

      Este post tem mais de 5 anos. Ele é um protótipo do padrão que ficou estabelecido no Blog depois. Nos primórdios, eu nem separava as canções em tópicos próprios para cada uma delas e nem dava informações sobre as letras, menos ainda a minha interpretação particular sobre as mesmas.

      Mas eu tenho muita vontade de voltar a todos os posts de 2011 e 2012, atualizando-os para o formato atual. Mas me falta tempo e se eu fosse fazer isso não sairiam posts novos por muito tempo.

      Mas este do TNOTB eu nem preciso mais fazer isto. Este seu precioso comentário complementa qualquer falha que eu cometi no post original. Agradeço muito por esta valorosa contribuição, valeu mesmo.

      Eu conheci este TNOTB em uma fita K7, gravada por um amigo da escola, contendo apenas as 8 faixas do lançamento original. Anos mais tarde eu comprei o CD, o qual tenho até hoje, que continha a espetacular "Total Eclipse", em que concordo, não deveria ter sido limada da versão original e completaria perfeitamente esta obra-prima do Heavy Metal.

      Grande abraço!

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    2. De nada, caríssimo patrão Daniel.

      Gostei de seu relato e compreendo totalmente seu ponto de vista sobre o disco mais famoso do Iron Maiden, mas que, volto a afirmar, não é de jeito nenhum o melhor de sua discografia.

      Abração pra você também, e tamo junto sempre!

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