20 de outubro de 2012

ANGRA - HOLY LAND (1996)



Holy Land é o segundo álbum de estúdio da banda brasileira Angra. Seu lançamento oficial ocorreu em Março de 1996, pelo selo JVC e com a produção sob as responsabilidades de Charlie Bauerfeind e Sascha Paeth. As gravações ocorreram no ano de 1995, nos estúdios Hansen (Hamburgo), Big House (Hanover) e HG (Wolfsburgo), todos na Alemanha.



O Angra se tornou um dos grandes expoentes do Heavy Metal brasileiro, conquistando uma boa base de fãs fora do país, em locais como a Europa e o Japão.

A banda Angra foi formada por volta do ano de 1991, quando o guitarrista Rafael Bittencourt voltou dos Estados Unidos com a ideia de constituir um grupo que conseguisse fazer a fusão da agressividade do estilo Heavy Metal com a profundidade da música erudita, ainda com generosos toques da música brasileira.

Rafael, que à época cursava a faculdade de Música na FASM – Faculdade Santa Marcelina - em São Paulo (pela qual se graduaria em Composição e Regência no ano de 1996), encontrou-se com o já renomado vocalista André Matos e decidem formar um grupo.

Matos já era um músico de sucesso quando ele se encontrou com Rafael Bittencourt – eram ambos colegas da Faculdade de Música, na FASM – pois havia sido vocalista da banda Viper entre os anos 1985 a 1990.

O guitarrista André Linhares, o baixista Luís Mariutti e o baterista Marco Antunes foram chamados para constituírem a primeira formação do Angra, juntamente com o vocalista André Matos e o guitarrista Rafael Bittencourt.

Rafael Bittencourt


Matos trouxe consigo o primeiro empresário do grupo, Antônio Pirani, conhecido desde os tempos do Viper. Pirani, com quem a banda teria muitos problemas depois, era proprietário da revista Rock Brigade e, também, da Rock Brigade Records.

A ideia do grupo era aproveitar a boa fase da vertente do Heavy Metal conhecida como “Power Metal”, já que no início dos anos 90 bandas como Helloween e Gamma Ray estavam em alta em lugares como Europa, Japão e o Brasil, claro.

Pouco tempo depois o guitarrista André Linhares deixa a banda, sendo substituído por André Hernandes. Este também não permanece por um longo período e o seu substituto seria o jovem, mas talentoso guitarrista Kiko Loureiro.

Kiko Loureiro:


Com André Matos nos vocais, Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro nas guitarras, Luís Mariutti no baixo e Marco Antunes na bateria, o Angra realiza ensaios por durante um ano antes de gravarem sua primeira “fita demo”, chamada Reaching Horizons, em 1992.

Pouco conhecidos de público e crítica, o Angra assina com a JVC Records, rumando para o Japão para realizarem a gravação de seu primeiro álbum. Lançado em novembro de 1993, Angels Cry é a estreia do grupo.

O álbum apresenta a proposta do grupo em fundir o Heavy Metal com a música clássica, obtendo ótima repercussão no Brasil e, principalmente, no Japão. Pouco tempo antes das gravações, o baterista Marco Antunes deixou o grupo, com o instrumento sendo gravado pelo baterista Alex Holzwarth.

Angels Cry possui alguns clássicos do grupo. A excelente faixa título é um marco da banda. Além desta, o disco continha o clássico “Carry On”, a excelente “Time” e o cover inusitado de Kate Bush chamado “Wuthering Heights”.

Quem acaba assumindo a bateria do Angra foi Ricardo Confessori.

Em 1994, a banda é convidada para fazer a abertura do AC/DC no Brasil e também para participar do Monsters of Rock, tocando com nomes como Black Sabbath, KISS e Slayer. Depois, o grupo embarca em uma turnê nacional que depois se estenderia pela Europa já no ano de 1995.

Foi no ano de 1995 que a banda iniciou o trabalho de composição e gravação do que se tornaria o seu segundo álbum de estúdio, Holy Land.

As gravações acabariam se estendendo por cerca de 8 meses, já que o vocalista André Matos teve sérios problemas em suas cordas vocais durante a turnê na Europa naquele ano.

Holy Land acabaria por se tornar um álbum conceitual, uma vez que o foco de suas músicas seria representar o Brasil por volta do ano de seu “descobrimento”, 1500.

Assim, musicalmente, o trabalho apresenta muitas influências de música brasileira, além de apresentar referências aos indígenas e seu folclore. A Europa é representada, musicalmente, por muitos arranjos clássicos.

A primeira canção do disco é uma missa de Giovanni Pierluigi da Palestrina – representando a primeira missa realizada no Brasil, celebrada por Henrique de Coimbra? – e as canções subsequentes apresentam o Brasil antes do descobrimento e as mudanças realizadas após a chegada dos portugueses.

A arte da capa foi desenhada por Alberto Torquato.

André Matos:


CROSSING

A primeira faixa de Holy Land é “Crossing” que, como foi dito, é uma missa composta por Giovanni Pierluigi da Palestrina. É uma canção curta, totalmente instrumental, a qual funciona como introdução para a segunda música do álbum.



NOTHING TO SAY

A segunda faixa de Holy Land é “Nothing To Say”.

Já no início da canção é percebida a influência de musicalidade brasileira na faixa, pois a mesma apresenta sonoridades nacionais, em especial na bateria. Entretanto, rapidamente a música se transforma em um típico “power metal”, com um riff pesado e bem veloz, característico do estilo. Matos opta por fazer um vocal bem cadenciado e mais suave, sem muitas firulas.

As letras representam o início da conquista da terra brasileira:

Guilt and shame, it's all so insane
Pagan gods die with no defence
And we could go no further at all
Digging the graves of our conscience

“Nothing To Say” é uma das canções mais clássicas do Angra. Ironicamente, em um álbum cheio de referências à música brasileira, a faixa é, talvez, a mais tradicional dentro da vertente “power metal”. Presença obrigatória nos shows do grupo.



SILENCE AND DISTANCE

A terceira faixa do álbum é “Silence And Distance”.

A canção se inicia quase como uma balada, com André Matos cantando suavemente, acompanhado apenas de um piano clássico. A música, embora se desenvolva posteriormente em uma sonoridade mais pesada, continua com um ritmo bem suave, com algumas pitadas de um Heavy Metal bem acelerado. Boa canção.

As letras da faixa podem inferir um misto de sentimentos de conquista e remorso:

And now I know
In my heart, I won't forget
The sails against the blue sky
That taught me how to live
... with no sorrow
And tomorrow we'll share
Silence and distance
'till our faults are repaired
You'll be the mistress
Who I'll never forget



CAROLINA IV

“Carolina IV” é a quarta música de Holy Land.

“Carolina IV” é a maior faixa de Holy Land, com mais de 10 minutos. Ela é toda permeada por diversas influências do grupo, com passagens típicas de “power metal”, Heavy Metal tradicional, arranjos clássicos e mesmo alguns trechos com profunda inspiração de música brasileira. Inclusive, em “Carolina IV”, há um trecho da canção “Bebê”, de Hermeto Pascoal. Considerada por muitos uma das obras-primas compostas pelo Angra.

As letras representam o desejo de sair pelo mar, por terras e águas desconhecidas, rumo ao não sabido:

Carolina IV took a river to the sky
Seven men on board taking part
To take their hearts around
All around, around the world!



HOLY LAND

Homônima ao álbum, “Holy Land” é a quinta canção do trabalho.

Os primeiros minutos de “Holy Land” apresentam uma fusão de sonoridades extremamente interessantes, arranjos de música clássica com sons brasileiros (uma espécie de baião). Mesmo quando a faixa é tomada pelas guitarras, o riff permanece com fortes influências desta construção sonora, além da percussão e teclados reforçarem esta intensa mistura de mundos musicais diversos. Tudo plenamente recheado por um excelente trabalho vocal de André Matos. Canção extraordinária!

“Holy Land” é uma metáfora para o Brasil:

Holy Land - Holy Land around
Holy Land - Holy Land is all...
Someone has sent
Somebody here
To bring an age
Long disappeared



THE SHAMAN

A sexta faixa de Holy Land é “The Shaman”.

“The Shaman” mantém um ritmo mais cadenciado ao álbum, com a bateria bastante presente durante toda a canção a qual, também, conta com os teclados muito presentes. Há referências a música indígena. Nos vocais, Matos escolheu uma atuação forte, mas sem muitos falsetes ou agudos. Isto constrói uma canção bem intrigante.

Claramente, a música se refere a um ‘Shaman’, um feiticeiro indígena:

Oh boys, I've seen the old man;
Straw mask around the forehead
The blaze, a blast and the awakening dead
(The magic seeds will spread...)



MAKE BELIEVE

A sétima faixa do álbum é “Make Believe”.

A canção é uma clássica balada, com uma sonoridade muito bonita e bastante suave, com linhas de guitarra e os teclados formando uma belíssima melodia. André Matos a canta de maneira muito intensa, marcante, assim fazendo um dos grandes pontos altos do trabalho.



Como está expresso no refrão abaixo, “Make Believe” faz referências às ambiguidades da vida, pesando o presente e o futuro da ‘Holy Land’:

Make believe
There's no sorrow in your eyes
Can't you see
We could never get back from the start
Minutes waiting, life's been wasted
... maybe I wanna die some other day,...another day

“Make Believe” é outro grande clássico do grupo muito presente em seus shows, mesmo quando a banda esteve com o vocalista Edu Falaschi. Foi lançada como single, sem obter maiores repercussões em termos de paradas de sucesso. Entretanto, o videoclipe teve extensa exibição na MTV Brasileira.



Z.I.T.O.

A oitava faixa de Holy Land é “Z.I.T.O.”

“Z.I.T.O.” segue a linha mais tradicional do Angra, contando com um riff bem veloz e a bateria em altíssima velocidade. Os vocais de André Matos soam muito bem, assim como a dupla de guitarras. Embora não inove, é uma boa música.

As letras continuam em um clima misto entre a alegria e perspectivas do acontecimento e certo pesar pelas consequências das descobertas:

New world was born out of man's dreams
Now we walk on our own
The angels cried, you've heard them weep
But now it's time to make them sing!



DEEP BLUE

A nona canção do trabalho é “Deep Blue”.

“Deep Blue” se inicia como uma balada que apresenta um ritmo clássico em um órgão. Há orquestrações em seu início, contando com uma atuação soberba de Matos. O ritmo cresce em peso com a presença das guitarras, mas segue em linhas cheias de suavidade e melodia, de maneira muito tocante. Linda canção.

As letras são mais complexas, em um tom de espera por um futuro diferente:

Waiting for someday when the ocean and sky
Will cover up the land in deep blue
Renaissance is over and I wonder:
- Should I close my eyes and pray?
- Always be the same?



LULLABY FOR LUCIFER

A décima – e última – música de Holy Land é “Lullaby For Lucifer”.

A faixa se inicia com sons de pássaros e da natureza. Em um tom suave, acompanhado por um violão, Matos canta de maneira mais branda. Assim a canção permanece até o final, sempre com os efeitos de natureza ao fundo em um profundo sentido de pesar.

As letras refletem este tom pesaroso supracitado, demonstrando um sentimento de melancolia:

On the sand, by the sea
I left my heart
To shed my grief
A vulture came begging me:
- Feed me with this piece of meat!



Considerações Finais:

Holy Land permanece como um dos álbuns prediletos dos fãs do Angra até hoje – para muitos o favorito. O trabalho foi responsável por aumentar, e muito, o sucesso internacional do grupo.

Embora não tenha obtido maior repercussão nas tradicionais paradas de sucesso dos Estados Unidos e Reino Unido, o álbum foi “disco de ouro” no Japão, atingindo a 17ª posição da parada de sucessos nipônica.

Mais que isso, o sucesso de Holy Land permitiu que as portas da Europa se abrissem de forma mais intensa, proporcionando que a banda excursionasse por países como Itália e França. Neste último, o Angra aproveitou para gravar uma apresentação em Paris e lançarem o EP Holy Live, em 1997, que continha quatro faixas ao vivo.

O clipe de “Make Believe” chegou a ser indicado ao prêmio de clipe internacional no MTV Video Music Awards de 1997.

Foi na turnê de Holy Land que a banda se apresentou pela primeira vez no Japão. Na turnê, o tecladista do grupo foi Leck Filho.



Ainda com André Matos, Luís Mariutti e Ricardo Confessori em sua formação, o Angra lançaria o álbum Fireworks, em 1998. Após isto, uma série de problemas cercou o grupo que culminou com a saída dos três integrantes e uma nova formação da banda.

Formação:
Andre Matos - Vocal, Piano, Teclados
Kiko Loureiro - Guitarra
Rafael Bittencourt - Guitarra
Luis Mariutti - Baixo
Ricardo Confessori – Bateria

Faixas:
01. Crossing (G.P. da Palestrina) - 1:56
02. Nothing to Say (Matos/Loureiro/Confessori) - 6:22
03. Silence and Distance (Matos) - 5:33
04. Carolina IV (Bittencourt/Matos/Loureiro/Mariutti/Confessori) - 10:36
05. Holy Land (Matos) - 6:26
06. The Shaman (Matos) - 5:24
07. Make Believe (Bittencourt/Loureiro/Matos) - 5:53
08. Z.I.T.O. (Bittencourt/Loureiro/Matos) - 6:04
09. Deep Blue (Matos) - 5:48
10. Lullaby for Lucifer (Bittencourt/Loureiro) - 2:40

Letras:
Para o conteúdo das letras, recomendamos o acesso a: http://letras.mus.br/angra/

Opinião do Blog:
Embora o Blog evite usar rótulos musicais, desta vez foi muito difícil falar do Angra sem mencionar o que se convencionou chamar Power Metal (bandas que tocam com riffs de guitarra em grande velocidade).

Com o passar do tempo, surgiu uma ‘subvertente’ do Power Metal, a qual se denominou “Metal Melódico”. O termo é horrível, é como se as outras vertentes do Heavy Metal não tivessem melodia. Mas dentro deste rótulo péssimo, colocaram bandas como Kamelot, Sonata Arctica, Nightwish, e, também, o Angra.

O Blogueiro deve dizer que nenhuma destas bandas supracitadas, assim como o tal “Metal Melódico” despertam seu maior interesse. Com exceção do Angra. Por motivos de puro preconceito musical, quem faz este blog não valorizava o trabalho do Angra totalmente e, menos ainda, de André Matos. Talvez, para muitas pessoas, somente o tempo e o envelhecer fazem com que elas percam pré-conceitos idiotas (baseados em sabe-se lá o que), aprendendo a valorizar, compreender e curtir o trabalho de artistas que antes não eram admirados. E isto, penso, não vale somente para a música.

Falando mais especificamente do Angra, é uma banda que, em muito, se difere do chamado Metal Melódico. Primeiro, por se tratar de um grupo que prima pelo talento de seus músicos e, também, pela incrível criatividade e inventividade de seus compositores.

Em Holy Land, o “Power Metal” está presente. De maneira mais dominante em “Nothing To Say” e “Z.I.T.O.”. No restante do álbum, o estilo está presente em passagens mais isoladas dentro das composições. E o que ocorre?

Acontece que as passagens mais pesadas do álbum estão recheadas de riffs de Heavy Metal Tradicional e, em algumas, flertes com o Hard Rock. É esta versatilidade do grupo brasileiro que o coloca anos-luz à frente das demais bandas do chamado “Melódico”.

Mais que isto, em muitas passagens do álbum há construções musicais incrivelmente belas. Fusões de arranjos clássicos e música “mais brasileira” feitas de maneira extremamente competente. Um ótimo exemplo disso é a extraordinária “Carolina IV”.

Matos está cantando de maneira formidável em Holy Land. Não há exageros, o que se houve é um vocalista competente e envolvido de maneira que suas capacidades contribuam para o sucesso das canções.

Enfim, o Angra conseguiu boa repercussão no cenário internacional. Com toda justiça, pois se trata de uma banda muito talentosa. Holy Land é o álbum com a primeira formação do grupo que reflete todo este talento. Um álbum incrível.

3 de outubro de 2012

TESTAMENT - PRACTICE WHAT YOU PREACHE (1989)



Practice What You Preach é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Testament. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 8 de agosto de 1989, lançado pelo selo Atlantic (Megaforce). A produção ficou a cargo do produtor Alex Perialas e as gravações foram feitas naquele mesmo ano, no Fantasy Studios, em Bekerley, na Califórnia, nos Estados Unidos.



A história do Testament está intimamente ligada à famosa região da Bay Area, em São Francisco, na Califórnia e à linha do Heavy Metal originária desta área, conhecida como Thrash Metal.

A primeira formação do grupo surgiu no ano de 1983, sendo fundada pelo guitarrista Eric Peterson e seu primo, Derrick Ramirez, que acumulava as funções de guitarrista e vocalista e usava o nome “Legacy”.

Logo o Legacy acabou recrutando o baterista Mike Ronchette e o baixista Greg Christian. Ramirez logo deixa a guitarra, concentrando-se nos vocais, sendo substituído por um guitarrista que foi aluno da lenda das guitarras, Joe Satriani. Este guitarrista era Alex Skolnick.

Depois disso, Ramirez acaba deixando o grupo, sendo substituído pelo conhecido vocalista Steve “Zetro” Souza. Com esta formação, o grupo acaba lançando uma ‘demo’ intitulada Legacy, que gera certa repercussão ao grupo.

Após isso, o baterista Mike Ronchette deixa a banda e é substituído por Louie Clemente.

Subsequentemente, foi a vez de Steve “Zetro” Souza deixar o grupo para ingressar em outra lenda do Thrash Metal, o Exodus. Zetro acaba sugerindo ao Legacy que o vocalista Chuck Billy, de uma banda local chamada Guilt, deveria ser o seu substituto.

Com Chuck Billy nos vocais, Eric Peterson e Alex Skolnick nas guitarras, Greg Christian no baixo e Louie Clemente na bateria, o grupo se prepara para gravar seu primeiro álbum de estúdio. No entanto, durante estas gravações, a banda se veria de frente a uma nova e fundamental mudança.

Chuck Billy:


Ocorre que o grupo teria que acabar mudando de nome, pois Legacy já havia sido registrado por uma banda de Jazz. Assim, Billy Milano, da banda S.O.D., sugere para os membros do conjunto o nome Testament.

Então, em abril de 1987, pela Megaforce Records, é lançado o álbum de estreia do Testament, com o óbvio nome de The Legacy. O álbum teve sucesso praticamente instantâneo entre o público fã de Thrash Metal.

The Legacy é um ótimo trabalho e conta com grandes músicas, como “Over The Wall”, “Burnt Offerings”, “Apocalyptic City” e a incrível “Alone In The Dark”. O Blog sugere fortemente que o leitor procure e ouça este trabalho do Testament. Para se ter uma ideia da qualidade do material, o Testament foi comparado ao Metallica por conta de The Legacy.

Com um álbum de estreia consistente, o Testament sai em uma bem sucedida turnê pela América do Norte e Europa com a grande banda Anthrax, que promovia seu álbum clássico Among The Living. Durante esta turnê, o Testament grava o EP ao vivo chamado Live at Eindhoven.

Em maio de 1988 foi lançado, também pela Megaforce Records, o segundo álbum de estúdio do Testament, The New Order.

Outro ótimo trabalho, The New Order contém as ótimas “Eerie Inhabitants”, “Into The Pit”, “Disciples of the Watch”, além dos clássicos “Trial By Fire” e “The Preacher”; ambas lançadas como single, mas que falharam ao entrar nas paradas de sucesso desta natureza.

Entretanto, The New Order – o qual, também, sugerimos a audição atenta para o leitor – só fez aumentar a popularidade do grupo, incluindo a primeira vez que um disco da banda adentrou a parada de sucesso norte-americana, com a 136ª posição.



Já estamos em 1989 quando o Testament se reúne e começa a compor e gravar o que seria o seu terceiro álbum de estúdio, Practice What You Preach, sendo que as sessões de gravação ocorreram no Fantasy Studios, em Berkeley, na Califórnia.

Neste álbum, a linha de sonoridade do grupo foi mantida, mas com as temáticas das letras voltadas a um lado mais crítico da sociedade da época, abordando temas como política e corrupção. Nos dois álbuns anteriores, o foco estava mais voltado a temas obscuros.

A arte da capa foi feita pelo artista William Benson.

PRACTICE WHAT YOU PREACH

Um grande clássico do grupo abre os trabalhos, “Practice What You Preach”.

Em um ótimo trabalho de baixo e bateria, a canção homônima ao álbum é que o abre. O riff principal da faixa é excelente, típico Thrash Metal americano clássico, pois é veloz, pesado, mas repleto de ritmo. Os vocais de Chuck Billy se casam perfeitamente com a melodia da música, formando um clássico. Canção muito acima da média! O solo é incrível.

Nas letras, a música forma um conceito filosofal sobre aqueles que não praticam o que dizem – e que pode ser aplicada a diversos setores diferentes da atividade humana.

I never was the one, the one to say the things you say
Never seem to wonder what you say
You think you've got your life completely in control
You've got a lot to learn, the bridge you burned
It's gonna take its toll!!! Pay the burnt bridge toll!!!

A faixa foi lançada como single, mas falhou ao entrar nas paradas de sucesso deste tipo de lançamento. Foi produzido um videoclipe para promovê-la e o mesmo teve intensa divulgação na MTV norte-americana, especialmente nos programas especializados em Heavy Metal.



PERILOUS NATION

A segunda faixa do álbum é “Perilous Nation”.

Uma rápida introdução no baixo abre a canção “Perilous Nation”. Logo após isto, um típico riff Thrash embala a música de forma veloz e intensa. Mais uma vez Chuck Billy desenvolve vocais perfeitos para se casarem com a melodia. Uma grande faixa.

As letras são em tons de críticas à sociedade atual e o que ela se torna. Muito interessante:

Men are poor and lost in war of ideology
No solution will prevail unless we can be
Free on anger, free of pain
Free of hatred that we obtain
Tell me what this place was meant to be
Free on anger, free of pain
Free of hatred that we obtain
Tell me what this place was meant to be



ENVY LIFE

A terceira música do disco é “Envy Life”.

“Envy Life” tem um riff pesado e intenso, mas de certa forma mais cadenciado. O ritmo se mantém desta forma por toda a música e os vocais também são tão intensos quanto a melodia, formando uma faixa muito forte. Das melhores do trabalho.

Quanto às letras, a temática de “Envy Life” é mais obscura:

In regards to the nature used with pacts of magic
Spirits from the vastly deep
Respond the calls from their broken silence
Make sure you reach does not exceed your grasp
All that is to be done before you act
In a pact of invoking spirits from the past



TIME IS COMING

A quarta faixa de Practice What You Preach é “Time Is Coming”.

O ritmo do álbum é mantido em sua quarta canção, “Time Is Coming”. O riff veloz acompanhado de baixo e bateria acelerados mantém a intensidade do trabalho. Os vocais continuam cantados de forma intensa e contribuem decisivamente para o prazer de quem a ouve. Mais uma ótima música.

As letras são em tom de denúncia contra a corrupção governamental e institucional:

Yeah! The way I feel, seems to me to be so real
So sick and tired you know just how I feel
Cops they dress in black, they bid their lives
The bribes they stack, so sick and tired
Of the same old this and that
The time is coming, it's too soon I can't quite tell
I don't know, I think my world has gone to hell
The time is coming, life it spins just like a wheel
I dont know, that's the way that it makes me feel!



BLESSED IN CONTEMPT

A quinta canção do álbum é “Blessed In Contempt”.

“Blessed In Contempt” é bem veloz e relativamente mais pesada que as faixas precedentes, com os vocais sendo cantados muito intensamente. A bateria também mostra um trabalho intenso de Louie Clemente.

As letras têm um aspecto mais sombrio:

Thougts have now come back to me
It's time to perpetrate
Take me to my sanity, before it gets too late
Hear me as I call to you, right here down below
Resurrect my will to live, come before I... go!



GREENHOUSE EFFECT

A sexta canção do disco é “Greenhouse Effect”.

No início de “Greenhouse Effect”, a bateria está intensa mais uma vez. O riff é novamente contagiante, repleto de ritmo, peso e profundidade. A música oscila em momentos em que ela tem uma leve aceleração e, em outros, pouquinho mais cadenciada. Outra das grandes faixas de Practice What You Preach.

As letras são de denúncia de devastação ambiental:

Our only hope to breathe again
To stop the madness closing in
What will we do when all is lost
Environmental holocaust.......repeat

Também foi um dos singles lançados para promover o trabalho, mas falhou em entrar nas paradas desta natureza.



SINS OF OMISSION

A sétima faixa do álbum é “Sins Of Omission”.

A canção apresenta um típico ritmo de Thrash Metal clássico, com boa velocidade e intensidade aceleradas, alternando com um riff por vezes mais cadenciado. Chuck Billy dá um verdadeiro show nos vocais e a faixa conta com um solo belíssimo. Sem dúvidas, uma das excelentes músicas do trabalho!

As letras têm um teor mais filosófico, com uma pitada mais obscura:

False sense of pride, satisfies
There's no reason for suicide
Use your mind, and hope to find
Find the meaning of existence...



THE BALLAD

A oitava música do disco é “The Ballad”.

A canção tem um início bastante suave, acústico, com belíssimas linhas melódicas ao violão. Como o nome sugere, a faixa é uma belíssima balada, com Chuck Billy mostrando o incrível vocalista que é, dando-se muito bem cantando de maneira mais suave. Os solos são verdadeiras aulas de feeling, construindo uma belíssima música. Os momentos mais intensos não perdem a riqueza de melodia, mesmo naqueles em que a canção se torna um Thrash mais tradicional.

As letras são muito interessantes, mais uma vez em tom mais filosófico sobre a vida:

Too many times
What's to fear, fear no more
Show my conscience what fears's for
Now I know this is so real
What's done is done so do as you will!
I'm keeping alive! Go on, no don't look back
Just realize where you've gone
Where are you going to, no lifes not done with you
You're only just begun, to live your life!
For you..."

“The Ballad” também foi lançada como videoclipe e teve razoável ventilação à época de seu lançamento nos Estados Unidos.



NIGHTMARE (COMING BACK TO YOU)

“Nightmare (Coming Back To You)” é a nona faixa do trabalho.

A faixa é bastante curta, com pouco mais de 2 minutos. Um típico riff Thrash Metal, com a bateria extremamente veloz, constrói uma canção com um ritmo agressivo e muito rápido. O solo é ótimo e toma boa parte da curta música.

As letras são boas, embora em temática subjetiva:

Don't wanna die, just wanna live!
I've got stop taking what they give
So many roads moving all around
I only see the one going down it's a nightmare
Going down the road on account of you
No escape from the things you put me through
I don't know, I don't care, I can't go anywhere it's a nightmare
Coming back to you!



CONFUSION FUSION

A décima – e última – canção do álbum é “Confusion Fusion”.

A canção é toda instrumental e é uma ótima amostra do DNA musical do Testament, especialmente desta sua fase clássica. O grupo mostra como construía músicas que possuíam peso, alternando passagens rápidas e outras cadenciadas, mas sempre explorando as melodias mais intrincadas. Ótimo trabalho.



Considerações Finais

Practice What You Preach foi o álbum mais bem sucedido comercialmente do Testament até o momento de seu lançamento. Atingiu a 77ª posição na parada de sucessos dos Estados Unidos, assim como conseguiu a ótima 40ª posição de sua correspondente britânica. Na parada norueguesa, alcançou a 20ª colocação.

Embora seus singles não tenham sido bem sucedidos, a extensa visibilidade dada aos videoclipes de “Practice What You Preach” e de “The Ballad” explica este sucesso do álbum, mostrando a força que a televisão já tinha em 1989. O álbum acabou sendo o mais vendido e popular do grupo naqueles tempos.

Também a crítica especializada acabou se rendendo à qualidade de Practice What You Preach. Alex Henderson, do Allmusic, elogia o fato da mudança de temática nas letras da banda, que, segundo ele, aposta em temas como “liberdade de escolha, a corrupção política, a hipocrisia, e os efeitos da ganância e avareza”.

Eric Peterson:


Em mais de 20 anos de carreira, o Testament lançou grandes álbuns e gravou excelentes canções. Estima-se que o grupo supere a casa de 12 milhões de cópias vendidas de sua discografia até hoje pelo mundo.

Formação:
Chuck Billy – Vocal
Eric Peterson  - Guitarra
Alex Skolnick – Guitarra
Greg Christian  - Baixo
Louie Clemente – Bateria

Faixas:
01. Practice What You Preach (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:54
02. Perilous Nation (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 5:50
03. Envy Life (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:16
04. Time Is Coming (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 5:26
05. Blessed in Contempt (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:12
06. Greenhouse Effect (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:52
07. Sins of Omission (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 5:00
08. The Ballad (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 6:09
09. Nightmare (Coming Back to You) (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 2:20
10. Confusion Fusion (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 3:07

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/testament/

Opinião do Blog:
O Thrash Metal norte-americano trouxe para o mundo grandes nomes do Heavy Metal mundial. Basta lembrar do grupo batizado de Big 4: Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer. O Testament é mais uma banda oriunda desta vertente.

A banda californiana tem mais de 20 anos de carreira e já gravou 10 álbuns de estúdio. Flertou com o Death Metal no aclamado álbum The Gathering (1999) – um álbum bem agressivo e violento – mas a fase que mais agrada a este blogueiro é mesmo a inicial.

Nesta fase inicial, o conjunto demonstra seu talento em compor ótimos riffs em que peso, velocidade e melodia se casam perfeitamente, permitindo que os caras lançassem excelentes composições. É nítida a influência que o Metallica teve sobre o grupo, especialmente nesta fase inicial, e o Testament aproveitou desta influência criando uma identidade musical própria. The Legacy, The New Order, Souls Of Black são excelentes discos.

Assim como o é Practice What You Preach. Músicas realmente incríveis fazem parte deste álbum. “Perilous Nation”, “Envy Life”, “Sins Of Omission” e “Practice What You Preache” são obras incríveis de Thrash/Heavy Metal. “The Ballad” mostra a grande versatilidade da banda em compor e “Confusion Fusion” tem a identidade musical do grupo nos seus álbuns iniciais.

Enfim, uma banda muito especial e que merece que os fãs de sons mais pesados conheçam seu trabalho. Practice What You Preache e o Testament, em geral, são mais que indicados pelo Blog.