3 de outubro de 2012

TESTAMENT - PRACTICE WHAT YOU PREACHE (1989)



Practice What You Preach é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana chamada Testament. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 8 de agosto de 1989, lançado pelo selo Atlantic (Megaforce). A produção ficou a cargo do produtor Alex Perialas e as gravações foram feitas naquele mesmo ano, no Fantasy Studios, em Bekerley, na Califórnia, nos Estados Unidos.



A história do Testament está intimamente ligada à famosa região da Bay Area, em São Francisco, na Califórnia e à linha do Heavy Metal originária desta área, conhecida como Thrash Metal.

A primeira formação do grupo surgiu no ano de 1983, sendo fundada pelo guitarrista Eric Peterson e seu primo, Derrick Ramirez, que acumulava as funções de guitarrista e vocalista e usava o nome “Legacy”.

Logo o Legacy acabou recrutando o baterista Mike Ronchette e o baixista Greg Christian. Ramirez logo deixa a guitarra, concentrando-se nos vocais, sendo substituído por um guitarrista que foi aluno da lenda das guitarras, Joe Satriani. Este guitarrista era Alex Skolnick.

Depois disso, Ramirez acaba deixando o grupo, sendo substituído pelo conhecido vocalista Steve “Zetro” Souza. Com esta formação, o grupo acaba lançando uma ‘demo’ intitulada Legacy, que gera certa repercussão ao grupo.

Após isso, o baterista Mike Ronchette deixa a banda e é substituído por Louie Clemente.

Subsequentemente, foi a vez de Steve “Zetro” Souza deixar o grupo para ingressar em outra lenda do Thrash Metal, o Exodus. Zetro acaba sugerindo ao Legacy que o vocalista Chuck Billy, de uma banda local chamada Guilt, deveria ser o seu substituto.

Com Chuck Billy nos vocais, Eric Peterson e Alex Skolnick nas guitarras, Greg Christian no baixo e Louie Clemente na bateria, o grupo se prepara para gravar seu primeiro álbum de estúdio. No entanto, durante estas gravações, a banda se veria de frente a uma nova e fundamental mudança.

Chuck Billy:


Ocorre que o grupo teria que acabar mudando de nome, pois Legacy já havia sido registrado por uma banda de Jazz. Assim, Billy Milano, da banda S.O.D., sugere para os membros do conjunto o nome Testament.

Então, em abril de 1987, pela Megaforce Records, é lançado o álbum de estreia do Testament, com o óbvio nome de The Legacy. O álbum teve sucesso praticamente instantâneo entre o público fã de Thrash Metal.

The Legacy é um ótimo trabalho e conta com grandes músicas, como “Over The Wall”, “Burnt Offerings”, “Apocalyptic City” e a incrível “Alone In The Dark”. O Blog sugere fortemente que o leitor procure e ouça este trabalho do Testament. Para se ter uma ideia da qualidade do material, o Testament foi comparado ao Metallica por conta de The Legacy.

Com um álbum de estreia consistente, o Testament sai em uma bem sucedida turnê pela América do Norte e Europa com a grande banda Anthrax, que promovia seu álbum clássico Among The Living. Durante esta turnê, o Testament grava o EP ao vivo chamado Live at Eindhoven.

Em maio de 1988 foi lançado, também pela Megaforce Records, o segundo álbum de estúdio do Testament, The New Order.

Outro ótimo trabalho, The New Order contém as ótimas “Eerie Inhabitants”, “Into The Pit”, “Disciples of the Watch”, além dos clássicos “Trial By Fire” e “The Preacher”; ambas lançadas como single, mas que falharam ao entrar nas paradas de sucesso desta natureza.

Entretanto, The New Order – o qual, também, sugerimos a audição atenta para o leitor – só fez aumentar a popularidade do grupo, incluindo a primeira vez que um disco da banda adentrou a parada de sucesso norte-americana, com a 136ª posição.



Já estamos em 1989 quando o Testament se reúne e começa a compor e gravar o que seria o seu terceiro álbum de estúdio, Practice What You Preach, sendo que as sessões de gravação ocorreram no Fantasy Studios, em Berkeley, na Califórnia.

Neste álbum, a linha de sonoridade do grupo foi mantida, mas com as temáticas das letras voltadas a um lado mais crítico da sociedade da época, abordando temas como política e corrupção. Nos dois álbuns anteriores, o foco estava mais voltado a temas obscuros.

A arte da capa foi feita pelo artista William Benson.

PRACTICE WHAT YOU PREACH

Um grande clássico do grupo abre os trabalhos, “Practice What You Preach”.

Em um ótimo trabalho de baixo e bateria, a canção homônima ao álbum é que o abre. O riff principal da faixa é excelente, típico Thrash Metal americano clássico, pois é veloz, pesado, mas repleto de ritmo. Os vocais de Chuck Billy se casam perfeitamente com a melodia da música, formando um clássico. Canção muito acima da média! O solo é incrível.

Nas letras, a música forma um conceito filosofal sobre aqueles que não praticam o que dizem – e que pode ser aplicada a diversos setores diferentes da atividade humana.

I never was the one, the one to say the things you say
Never seem to wonder what you say
You think you've got your life completely in control
You've got a lot to learn, the bridge you burned
It's gonna take its toll!!! Pay the burnt bridge toll!!!

A faixa foi lançada como single, mas falhou ao entrar nas paradas de sucesso deste tipo de lançamento. Foi produzido um videoclipe para promovê-la e o mesmo teve intensa divulgação na MTV norte-americana, especialmente nos programas especializados em Heavy Metal.



PERILOUS NATION

A segunda faixa do álbum é “Perilous Nation”.

Uma rápida introdução no baixo abre a canção “Perilous Nation”. Logo após isto, um típico riff Thrash embala a música de forma veloz e intensa. Mais uma vez Chuck Billy desenvolve vocais perfeitos para se casarem com a melodia. Uma grande faixa.

As letras são em tons de críticas à sociedade atual e o que ela se torna. Muito interessante:

Men are poor and lost in war of ideology
No solution will prevail unless we can be
Free on anger, free of pain
Free of hatred that we obtain
Tell me what this place was meant to be
Free on anger, free of pain
Free of hatred that we obtain
Tell me what this place was meant to be



ENVY LIFE

A terceira música do disco é “Envy Life”.

“Envy Life” tem um riff pesado e intenso, mas de certa forma mais cadenciado. O ritmo se mantém desta forma por toda a música e os vocais também são tão intensos quanto a melodia, formando uma faixa muito forte. Das melhores do trabalho.

Quanto às letras, a temática de “Envy Life” é mais obscura:

In regards to the nature used with pacts of magic
Spirits from the vastly deep
Respond the calls from their broken silence
Make sure you reach does not exceed your grasp
All that is to be done before you act
In a pact of invoking spirits from the past



TIME IS COMING

A quarta faixa de Practice What You Preach é “Time Is Coming”.

O ritmo do álbum é mantido em sua quarta canção, “Time Is Coming”. O riff veloz acompanhado de baixo e bateria acelerados mantém a intensidade do trabalho. Os vocais continuam cantados de forma intensa e contribuem decisivamente para o prazer de quem a ouve. Mais uma ótima música.

As letras são em tom de denúncia contra a corrupção governamental e institucional:

Yeah! The way I feel, seems to me to be so real
So sick and tired you know just how I feel
Cops they dress in black, they bid their lives
The bribes they stack, so sick and tired
Of the same old this and that
The time is coming, it's too soon I can't quite tell
I don't know, I think my world has gone to hell
The time is coming, life it spins just like a wheel
I dont know, that's the way that it makes me feel!



BLESSED IN CONTEMPT

A quinta canção do álbum é “Blessed In Contempt”.

“Blessed In Contempt” é bem veloz e relativamente mais pesada que as faixas precedentes, com os vocais sendo cantados muito intensamente. A bateria também mostra um trabalho intenso de Louie Clemente.

As letras têm um aspecto mais sombrio:

Thougts have now come back to me
It's time to perpetrate
Take me to my sanity, before it gets too late
Hear me as I call to you, right here down below
Resurrect my will to live, come before I... go!



GREENHOUSE EFFECT

A sexta canção do disco é “Greenhouse Effect”.

No início de “Greenhouse Effect”, a bateria está intensa mais uma vez. O riff é novamente contagiante, repleto de ritmo, peso e profundidade. A música oscila em momentos em que ela tem uma leve aceleração e, em outros, pouquinho mais cadenciada. Outra das grandes faixas de Practice What You Preach.

As letras são de denúncia de devastação ambiental:

Our only hope to breathe again
To stop the madness closing in
What will we do when all is lost
Environmental holocaust.......repeat

Também foi um dos singles lançados para promover o trabalho, mas falhou em entrar nas paradas desta natureza.



SINS OF OMISSION

A sétima faixa do álbum é “Sins Of Omission”.

A canção apresenta um típico ritmo de Thrash Metal clássico, com boa velocidade e intensidade aceleradas, alternando com um riff por vezes mais cadenciado. Chuck Billy dá um verdadeiro show nos vocais e a faixa conta com um solo belíssimo. Sem dúvidas, uma das excelentes músicas do trabalho!

As letras têm um teor mais filosófico, com uma pitada mais obscura:

False sense of pride, satisfies
There's no reason for suicide
Use your mind, and hope to find
Find the meaning of existence...



THE BALLAD

A oitava música do disco é “The Ballad”.

A canção tem um início bastante suave, acústico, com belíssimas linhas melódicas ao violão. Como o nome sugere, a faixa é uma belíssima balada, com Chuck Billy mostrando o incrível vocalista que é, dando-se muito bem cantando de maneira mais suave. Os solos são verdadeiras aulas de feeling, construindo uma belíssima música. Os momentos mais intensos não perdem a riqueza de melodia, mesmo naqueles em que a canção se torna um Thrash mais tradicional.

As letras são muito interessantes, mais uma vez em tom mais filosófico sobre a vida:

Too many times
What's to fear, fear no more
Show my conscience what fears's for
Now I know this is so real
What's done is done so do as you will!
I'm keeping alive! Go on, no don't look back
Just realize where you've gone
Where are you going to, no lifes not done with you
You're only just begun, to live your life!
For you..."

“The Ballad” também foi lançada como videoclipe e teve razoável ventilação à época de seu lançamento nos Estados Unidos.



NIGHTMARE (COMING BACK TO YOU)

“Nightmare (Coming Back To You)” é a nona faixa do trabalho.

A faixa é bastante curta, com pouco mais de 2 minutos. Um típico riff Thrash Metal, com a bateria extremamente veloz, constrói uma canção com um ritmo agressivo e muito rápido. O solo é ótimo e toma boa parte da curta música.

As letras são boas, embora em temática subjetiva:

Don't wanna die, just wanna live!
I've got stop taking what they give
So many roads moving all around
I only see the one going down it's a nightmare
Going down the road on account of you
No escape from the things you put me through
I don't know, I don't care, I can't go anywhere it's a nightmare
Coming back to you!



CONFUSION FUSION

A décima – e última – canção do álbum é “Confusion Fusion”.

A canção é toda instrumental e é uma ótima amostra do DNA musical do Testament, especialmente desta sua fase clássica. O grupo mostra como construía músicas que possuíam peso, alternando passagens rápidas e outras cadenciadas, mas sempre explorando as melodias mais intrincadas. Ótimo trabalho.



Considerações Finais

Practice What You Preach foi o álbum mais bem sucedido comercialmente do Testament até o momento de seu lançamento. Atingiu a 77ª posição na parada de sucessos dos Estados Unidos, assim como conseguiu a ótima 40ª posição de sua correspondente britânica. Na parada norueguesa, alcançou a 20ª colocação.

Embora seus singles não tenham sido bem sucedidos, a extensa visibilidade dada aos videoclipes de “Practice What You Preach” e de “The Ballad” explica este sucesso do álbum, mostrando a força que a televisão já tinha em 1989. O álbum acabou sendo o mais vendido e popular do grupo naqueles tempos.

Também a crítica especializada acabou se rendendo à qualidade de Practice What You Preach. Alex Henderson, do Allmusic, elogia o fato da mudança de temática nas letras da banda, que, segundo ele, aposta em temas como “liberdade de escolha, a corrupção política, a hipocrisia, e os efeitos da ganância e avareza”.

Eric Peterson:


Em mais de 20 anos de carreira, o Testament lançou grandes álbuns e gravou excelentes canções. Estima-se que o grupo supere a casa de 12 milhões de cópias vendidas de sua discografia até hoje pelo mundo.

Formação:
Chuck Billy – Vocal
Eric Peterson  - Guitarra
Alex Skolnick – Guitarra
Greg Christian  - Baixo
Louie Clemente – Bateria

Faixas:
01. Practice What You Preach (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:54
02. Perilous Nation (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 5:50
03. Envy Life (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:16
04. Time Is Coming (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 5:26
05. Blessed in Contempt (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:12
06. Greenhouse Effect (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 4:52
07. Sins of Omission (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 5:00
08. The Ballad (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 6:09
09. Nightmare (Coming Back to You) (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 2:20
10. Confusion Fusion (Billy/Christian/Clemente/Peterson/Skolnick) - 3:07

Letras:
Para o conteúdo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/testament/

Opinião do Blog:
O Thrash Metal norte-americano trouxe para o mundo grandes nomes do Heavy Metal mundial. Basta lembrar do grupo batizado de Big 4: Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer. O Testament é mais uma banda oriunda desta vertente.

A banda californiana tem mais de 20 anos de carreira e já gravou 10 álbuns de estúdio. Flertou com o Death Metal no aclamado álbum The Gathering (1999) – um álbum bem agressivo e violento – mas a fase que mais agrada a este blogueiro é mesmo a inicial.

Nesta fase inicial, o conjunto demonstra seu talento em compor ótimos riffs em que peso, velocidade e melodia se casam perfeitamente, permitindo que os caras lançassem excelentes composições. É nítida a influência que o Metallica teve sobre o grupo, especialmente nesta fase inicial, e o Testament aproveitou desta influência criando uma identidade musical própria. The Legacy, The New Order, Souls Of Black são excelentes discos.

Assim como o é Practice What You Preach. Músicas realmente incríveis fazem parte deste álbum. “Perilous Nation”, “Envy Life”, “Sins Of Omission” e “Practice What You Preache” são obras incríveis de Thrash/Heavy Metal. “The Ballad” mostra a grande versatilidade da banda em compor e “Confusion Fusion” tem a identidade musical do grupo nos seus álbuns iniciais.

Enfim, uma banda muito especial e que merece que os fãs de sons mais pesados conheçam seu trabalho. Practice What You Preache e o Testament, em geral, são mais que indicados pelo Blog.

2 comentários:

  1. Ótima resenha. Bem escrita e ilustrada. Concordo com 90% do que foi escrito. Sò acho que a terceira faixa (Envy Life) é enfadonha e não chega a lugar nenhum. E Greenhouse Effect também segue a mesma linha, mas é um mid-tempo mais variado. Melhores faixas: Bleseed in Contempt (por ser derivada do primeiro álbum), Sins of Omission e claro, a faixa título.

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    1. Muito obrigado. Quanto às discordâncias, fazem parte do jogo, é absolutamente algo particular. Saudações!

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