Bad Reputation é o oitavo álbum de estúdio da banda
irlandesa de Rock chamada Thin Lizzy. O lançamento oficial ocorreu no dia 2 de
setembro de 1977, sob o selo Vertigo (no Reino Unido) e pelo Mercury (nos
Estados Unidos). As gravações foram realizadas entre maio e junho do mesmo ano,
em Toronto, no Canadá. A produção ficou por conta de Tony Visconti.
O Blog já comentou outro álbum do Thin Lizzy,
Jailbreak (1976), e, naquela oportunidade, falou-se do início da história do
grupo irlandês. A quem se interessar:
Com o grande sucesso de Jailbreak, a banda começou
a fazer sucesso tanto nos Estados Unidos quanto no Reino Unido. O Thin Lizzy
excursionou com grupos como Rush e Aerosmith, assim como estava planejada uma
turnê com o Rainbow, mas o líder do grupo Phil Lynott contraiu hepatite e ficou
meses sem poder tocar, cancelando a tour.
Enquanto o líder do grupo estava doente, Lynott
escreveu o álbum sucessor de Jailbreak, o ótimo Johnny The Fox. As gravações
ocorreram em agosto de 1976, e, durante as mesmas, é que começaram a surgir
tensões entre o líder do grupo e o ótimo guitarrista Brian Robertson. Um
exemplo disto foi o embate em torno da composição da ótima “Don’t Believe a
Word”.
Lynott ainda estava profundamente inspirado em
Mitologia Celta e nas suas experiências pessoais para compor suas músicas. A
turnê para o suporte de Johnny The Fox foi um tremendo sucesso e alavancou
ainda mais a popularidade do grupo, permitindo-o que fizesse muitas aparições
em programas populares de TV, como o de Rod Stewart na BBC londrina.
Phil Lynott
Outra turnê estava prevista para Dezembro de 1976
em terras norte-americanas, mas um acontecimento iria mudar os planos e o
destino do Thin Lizzy.
Brian Robertson sofreu uma lesão na mão ao tentar
proteger o cantor e amigo Frankie Miller, em uma briga no clube Speakeasy em
Londres. Miller foi convidado a improvisar com a banda de reggae Gonzalez, mas
estava bêbado, ofendendo o guitarrista Gordon Hunte, do grupo Gonzalez. Hunte
atacou Miller com uma garrafa nos camarins e Robertson interveio, sofrendo
danos nas artérias e nervos de sua mão.
Robertson posteriormente quebrou a perna de Hunte,
quebrou a clavícula de outro homem, e deu uma cabeçada em um terceiro, antes de
ser atingido na cabeça com uma garrafa, deixando-o inconsciente.
Brian Robertson, inclusive, afirma que, ao
contrário de relatos da época, ele não estava bêbado e só tinha ido ao local
para uma refeição.
Mas Lynott ficou furioso e acabou substituindo
Robertson por seu grande amigo, o lendário e talentoso guitarrista Gary Moore,
para mais uma turnê nos Estados Unidos, desta vez como banda suporte para o
Queen. A excursão foi um tremendo sucesso e Phil perguntou a Gary se ele queria
permanecer com o Thin Lizzy, mas Moore acabou rejeitando o convite e voltou
para seu conjunto à época, o Colosseum II.
Embora não tivesse sido demitido do grupo,
Robertson ficou em uma posição incômoda no grupo, chegando a iniciar planos de
formar uma nova banda com Jimmy Bain, do Rainbow.
Thin Lizzy foi para o Canadá para gravar seu próximo
álbum de estúdio, o oitavo, como um trio: Phil Lynott como baixista e
vocalista, Scott Gorham nas guitarras e Brian Downey na bateria.
Scott Gorham começou gravando todas as partes de
guitarras do álbum. Entretanto, após um mês já de gravações, Brian Robertson se
juntou ao grupo e gravou a guitarra-solo em três músicas, bem como teclados. Ao
final do ano, Robertson seria reintegrado ao Thin Lizzy.
Scott Gorham
A arte da capa é muito simples e representa a
formação do Thin Lizzy para a gravação do álbum: uma fotografia contando apenas
com Lynott, Downey e Gorham.
SOLDIER OF FORTUNE
Abre o álbum a ótima “Soldier Of Fortune”.
A canção começa simples, com destaque para a forma
como Phil Lynott a canta, de maneira cativante, como se tornou uma das marcas
registradas do Thin Lizzy. O riff é bem simples, mas empolga. O ritmo da música
segue bem animado, em um ótimo trabalho das guitarras e o acompanhamento da
bateria é muito legal.
As letras retratam uma das grandes misérias
humanas: a guerra. Na faixa, parte-se do ponto de vista de um soldado que
retornou de uma guerra e que, mesmo com esta finalizada, ele nunca se sentiu
fora de uma batalha.
The battle's over the war is won
But this soldier of fortune he will
carry on
He will carry on when all hope is
gone
He will carry on
BAD REPUTATION
Homônima ao álbum, a segunda faixa do disco é “Bad
Reputation”.
Um riff cheio de ritmo e com ótima pegada
setentista é a marca desta excelente canção. Há mesmo uma sensação mais pesada
na música, podendo se inferir um leve flerte com o Heavy Metal da época. Lynott
faz linhas vocais ao seu estilo, mas de uma maneira mais suavemente rasgada,
construindo uma das melhores faixas do grupo!
As letras são bem simples, falando de alguém que
possui má reputação:
You got a bad reputation
That's the word out on the town
It gives a certain fascination
But it can only bring you down
Mesmo não sendo lançada como single, “Bad Reputation”
acabou se tornando um dos clássicos do Thin Lizzy, sendo muito executada nas
rádios britânicas no momento em que o álbum foi lançado.
A famosa banda norte-americana Foo Fighters fez uma
versão para “Bad Reputation”, a qual foi lançada no álbum de covers Medium
Rare, de 2011. Também o conjunto 24-7 Spyz fez uma versão para o clássico.
“Bad Reputation” também é encontrada no game Guitar
Hero II, além de ser trilha sonora para o documentário Dogtown and Z-Boys, de
2001.
OPIUM TRAIL
A terceira música do disco é “Opium Trail”.
A faixa é bem direta e lembra o ritmo empregado na
anterior, “Bad Reputation”. O riff tem certo peso e é rápido, com mais um
grande trabalho das guitarras. O solo é espetacular, sendo tocado pelo ótimo
Brian Robertson. Lynott canta de sua forma característica – o que é ótimo – em
mais uma ótima canção do álbum.
As letras retratam a chamada trilha do ópio:
I took a line that comes from the
golden states of Shan
The smugglers trail that leads to
the opium den
The Chinese connection refines to
heroin
Depart the heart you crave again
SOUTHBOUND
A quarta canção de Bad Reputation é “Southbound”.
A música traz a sonoridade mais clássica do Thin
Lizzy, sendo construída com um riff cheio de ritmo, apostando bastante em uma
melodia mais suave e, ao mesmo tempo, cativante. Lynott emprega um tom bastante
leve em sua voz, mas carregada de sentimento. “Southbound” é outro grande
momento do disco.
As letras podem sugerir uma grande metáfora sobre o
envelhecer:
Hey, you're not getting any younger
The wild west has already been won
Northern lights are growing colder
And the old eastern ways are gone
DANCING IN THE MOONLIGHT (IT’S CAUGHT ME IN ITS SPOTLIGHT)
A
quinta faixa do disco é “Dacing In The Moonlight (It’s Caught Me In Its
Spotlight)”.
A canção aposta em um ritmo bem suave e
interessante, com um leve toque de blues e, até mesmo, de Jazz. Isto faz com
que a música se torne bastante intrigante. O solo é muito bom – composto por
Gorham – e a presença do saxofone dá um toque diferente à faixa, tornando-a um
ponto diferente dentro do álbum.
As letras revelam alguém que aproveita a vida, em
um certo tom romântico.
But I'm dancing in the moonlight
It's caught me in its spotlight
It's alright, alright
Dancing in the moonlight
On this long hot summer night
“Dancing In The Moonlight” foi lançada como single
para promover o álbum Bad Reputation e acabou se saindo de maneira realmente
boa. Atingiu a 14ª posição na parada de singles britânica, conquistando a 4ª
posição na sua correspondente irlandesa.
A banda norte-americana The Smashing Pumpkins fez,
por diversas vezes, apresentações ao vivo em que tocavam este clássico do Thin
Lizzy, embora com um toque acústico.
KILLER WITHOUT A CAUSE
A
sexta música do álbum é “Killer Without A Cause”.
“Killer Without A Cause” tem um riff bem forte e
pesado, novamente podendo ser vista como um flerte com o Metal da década de
setenta. O peso se mantém por toda a faixa e outra vez Brian Robertson faz
solos muito bons. Mais para o final, a canção dá uma suavizada, mas não
deixando, jamais, de ser empolgante. Ótima música.
As letras são bem simples e contam a vida de um
assassino:
The same old confrontation
At the bar in the saloon
But it's just another tricky situation
The underworld operation lies in
ruins
DOWNTOWN SUNDOWN
A
sétima música de Bad Reputation é “Downtown Sundown”.
A canção começa com uma sonoridade bem suave e com
certo swing, desenvolvendo-se em um ritmo leve e cativante, quase como uma
balada. A voz de Lynott acompanha toda esta construção musical, soando bastante
melosa. Uma boa faixa.
A letra da música tem certa conotação de fé:
Please believe in love
I believe there is a God above
For love
And He's coming, yes He's coming
THAT WOMAN’S GONNA BREAK YOUR HEART
A oitava faixa do trabalho é “That Woman's Gonna
Break Your Heart”.
Outra vez, o Thin Lizzy aposta em guitarras com
linhas bastante melódicas e cheias de ritmo, ora em momentos mais suaves, ora
com mais pegada – em especial no solo. Lynott canta de forma bem expressiva, e
a seção rítmica faz um acompanhamento primordial para o sucesso de mais uma boa
música.
As letras tem clara referência a uma decepção
amorosa:
You don't know now
But it's the wrong card you're
choosing
That deck you're using
Is stacked against romance
DEAR LORD
A nona, e última, canção do álbum é “Dear Lord”.
A última canção de Bad Reputation volta a ter uma
pegada bem hard, típica do Thin Lizzy, com Lynott contrapondo o ritmo mais
forte com sua voz repleta de suavidade e melodia. No solo que é feito por Scott
Gorham, ele expõe seu ótimo feeling. “Dear Lord” fecha o trabalho em alto nível.
Há uma conotação mítica/religiosa nesta faixa:
I'm down deep and I need your help
There's no one to turn to and I
can't help myself
Dear Lord hear this call
Oh Lord save my fall
Considerações
Finais
Bad Reputation foi um grande sucesso comercial.
Além de sua qualidade, as posições nas paradas de sucesso indicam a boa
repercussão do trabalho. Alcançou a excelente 4ª posição na parada britânica de
álbuns, assim como a boa 39ª posição na sua correspondente norte-americana.
Ainda obteve a 9ª posição na parada sueca.
Para alguns críticos musicais, Bad Reputation é um
álbum ainda melhor que seu predecessor, Johnny The Fox. O disco soa mais direto
e pesado, sem muitas “firulas”.
O crítico Stephen Thomas Erlewine chega a colocar
Bad Reputation no mesmo nível de Jailbreak, disputando a posição de melhor
álbum da história do Thin Lizzy. Ele afirmou que parte do sucesso do trabalho é
devido à produção de Tony Visconti. Disse, também, que a ausência de Brian
Robertson não foi tão sentida devido ao trabalho duplo do guitarrista Scott
Gorham. O trabalho “mais pesado que o Thin Lizzy fez até o momento”.
Como foi dito, Robertson acabou sendo reintegrado
ao conjunto no final de 1977. Entretanto, ele ficaria na banda até o dia 6 de
julho de 1978, quando participou do último show com a banda, pois as tensões
entre ele e Phil Lynott atingiram proporções insuperáveis.
Bad Reputation acabou sendo o último álbum de
estúdio do Thin Lizzy que contou com contribuições de Brian Robertson.
Formação:
Phil Lynott – Baixo, Vocal, Gaita
Scott Gorham – Guitarras (solo e base)
Brian Robertson – Guitarra-solo nas faixas 3, 6 e
8, Teclados
Brian Downey – Bateria, Percussão
Músicos
Adicionais:
Mary
Hopkin-Visconti – Backing Vocals em "Dear Lord"
John
Helliwell – Saxofone, Clarineta
Faixas:
01.
Soldier of Fortune (Lynott) – 5:18
02.
Bad Reputation (Downey/Gorham/Lynott) – 3:09
03.
Opium Trail (Downey/Gorham/Lynott) – 3:58
04.
Southbound (Lynott) – 4:27
05.
Dancing in the Moonlight (It's Caught Me in Its Spotlight) (Lynott) – 3:26
06.
Killer Without a Cause (Gorham/Lynott) – 3:33
07.
Downtown Sundown (Lynott) – 4:08
08.
That Woman's Gonna Break Your Heart (Lynott) – 3:25
09.
Dear Lord (Gorham/Lynott) – 4:26
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indicamos o
acesso a: http://letras.mus.br/thin-lizzy/
Opinião do
Blog:
Quando o Blog comentou sobre o álbum Jailbreak,
toda a categoria do Thin Lizzy já havia sido ressaltada.
Em Bad Reputation, a qualidade do grupo irlandês é
mantida em um de seus melhores momentos, pois o álbum é realmente incrível. As
diversas influências musicais do grande mentor Phil Lynott é demonstrada em
faixas que conseguem ser diversificadas entre si, que vão de quase baladas a
canções que flertam com o Heavy Metal setentista.
Músicas como “Dance in The Moonlight”, “Bad
Reputation”, “Soldier Of Fortune” são verdadeiros clássicos do grupo. Além
disto, há outras excelentes composições como “Opium Trail” e “Killer Without A
Cause”. Scott Gorham fez um trabalho muito bom na ausência quase completa do
ótimo Brian Robertson.
Embora conhecido, o Thin Lizzy não é tão consagrado
como o blogueiro pensa que deveria o ser. Uma das bandas pioneiras das guitarras
gêmeas, o Blog recomenda que o leitor busque mais material do grupo irlandês.
Altamente recomendado pelo Blog.
"Bad Reputation", para mim, é o melhor desempenho de Lynott como cantor em toda a história do Lizzy. Para mim a voz dele está simplesmente perfeita do começo ao fim, e as cinco primeiras músicas são clássicos indiscutíveis do Thin Lizzy. Scott Gorham se mostra um excelente guitarrista, mesmo sem o apoio de Brian Robertson. O Lizzy ainda teria uma obra-prima ("Black Rose"), dois discos bons ("Chinatown" e "Renegade") e um mediano ("Thunde & Lightning") pela frente - acho que eu devo ser uma das poucas pessoas que gostam do "Chinatown" - mas a fase áurea da banda estava chegando ao fim. A única coisa que lamento é que Gary Moore não quis ficar mais tempo com a banda...
ResponderExcluirEu não consigo entender porque o Thin Lizzy é tão subestimado, ao menos no Brasil. Os posts dele são dos menos acessados aqui no site e no meu canal, os vídeos da banda são dos menos assistidos.Eu não sei explicar.
ExcluirEu confesso que quando conheci o Lizzy eu era mais da turma do metal e achei a banda muito "leve" para o meu gosto - fui mudar de opinião depois, quando os gostos musicais se tornaram mais ecléticos. Mas ainda não consigo gostar do "Shades of a Blue Orphanage", para mim o disco mais fraco que a banda gravou em sua carreira. Mas enfrentei o mesmo problema: quando mostrava o som do Thin Lizzy para os amigos mais afeitos ao heavy, o máximo que ouvia era um "legalzinho"...
ResponderExcluirÉ uma explicação muito boa.
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