Lightning To The Nations é o álbum de estreia da
banda britânica chamada Diamond Head. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 3
de outubro de 1980 através do selo Happy Face. As gravações aconteceram no Old
Smithy Recording Studio, em Worcester, Inglaterra, no ano anterior. A produção
ficou a cargo de Reg Fellows.
O Blog já tratou de outras bandas da chamada New
Wave Of British Heavy Metal, ou NWOBHM, como Iron Maiden, Saxon e Def Leppard.
Chegou o momento de abordarmos outro ótimo grupo oriundo deste movimento e que
teria um legado valiosíssimo para o mundo do Heavy Metal.
As origens do Diamond Head começam com amigos de
escola, Brian Tatler e Duncan Scott, brincando de tocarem instrumentos. O nome
da banda surgiu de um pôster, que Tatler tinha em seu quarto, do álbum de mesmo
nome de Phil Manzanera (famoso guitarrista britânico).
De uma viagem com a escola também veio o vocalista
do conjunto: Sean Harris, que durante a viagem cantava “Be-Bop-A-Lula”, música
de Gene Vincent. No quarto de Brian Tatler, Sean Harris foi testado e aprovado
para o posto.
O grupo se concentrou em fazer shows locais na
região de Black Country, com sua primeira maior apresentação em 10 de fevereiro
de 1977, em uma escola na cidade de Stourbridge, mas que não deixou boas
recordações.
Brian Tatler
Em seus primeiros dias, a banda tocou somente alguns
covers e se concentrou em compor seu próprio material. As exceções foram
"Paranoid" do Black Sabbath, "It’s All For The Love of Rock and
Roll" do Tuff Darts e "Motorhead" da legendária banda de mesmo
nome.
Brian Tatler disse em uma entrevista que havia
composto mais de 100 canções antes do primeiro lançamento oficial do grupo, mas
que apenas 1 uma música do set list que o conjunto apresentava em 1978 apareceu
no álbum de estreia – “It’s Eletric”.
A banda gravou algumas fitas-demo do próprio bolso
em 1979. O seu som único e a qualidade da composição ganharam a atenção
suficiente para a banda fazer uma turnê de apoio aos gigantes do AC/DC e do
Iron Maiden.
Apesar de várias gravadoras manifestarem interesse
em contratar a banda, os fracassos eram constantes. O Diamond Head, na época,
era gerido por Reg Fellows e a mãe de Sean Harris, Linda Harris, que
supostamente recusaram uma oferta de gestão dos influentes Leiber / Krebs Management.
Assim, enquanto outras bandas da NWOBHM assinaram
com grandes gravadoras e lideravam suas próprias turnês, o Diamond Head
permaneceu independente. A administração do grupo decidiu que iria lançar seu
material através de um selo que pertencia a Muff Murfin, chamado "Happy
Face Records". Muff também possuía um estúdio onde a banda fez muitas de
suas primeiras gravações.
O primeiro lançamento do grupo foi o single “Shoot
Out The Lights”, de 1979. Já em 1980, sairia o segundo single, através da Media
Records, “Sweet and Innocent”.
No mesmo ano, a banda também gravou seu álbum de
estreia pela Happy Face Records. Mais comumente conhecido como Lightning To The
Nations, o disco, oficialmente, não tem título. Ele foi gravado em sete dias no
The Old Smythy Studio, em Worcester, um local que a banda descreveu mais tarde
como "morto".
O álbum foi embalado em uma capa lisa e sem título
ou listas de músicas, apenas com a assinatura de um dos membros da banda. Os
gestores do grupo pensaram que ele deveria ser percebido como um “álbum-demo”,
e, assim, nenhuma capa mais trabalhada seria necessária, o que a tornou muito
menos onerosa para que fosse produzida.
As primeiras 1000 cópias foram prensadas e
disponibilizadas nos concertos ou através de ordens de pedidos (pelo correio),
com preço por cerca de 3,50 libras.
A única publicidade se deu através da Sounds
(publicação britânica) e correu por seis semanas, mas a banda não pagou pela
publicidade e acabou sendo processada.
A ideia de gravar o álbum de estreia do grupo veio
dos gestores Reg Fellows e Linda Harris como uma tentativa para exporem as
faixas como meio de atrair a atenção de uma gravadora, a qual bancaria os
custos da gravação.
Sean Harris
Lightning To The Nations tornou-se um dos itens
mais procurados entre os colecionadores de discos. Mais 1000 cópias foram
prensadas (desta vez com a lista das músicas) uma vez que as primeiras mil já
haviam se esgotado.
Infelizmente, as fitas originais em estéreo foram
perdidas depois que foram enviadas para a gravadora alemã, Woolfe Records, e
nunca mais voltaram de lá. No entanto, a Woolfe Records lançou uma versão em
vinil do álbum com uma nova capa. As fitas foram finalmente recuperadas por
volta de 1989.
Lightning To The Nations, muitas vezes, devido a
capa paupérrima da primeira prensagem, é conhecido como White Album (Álbum
Branco).
LIGHTNING TO THE NATIONS
Homônima ao álbum, “Lightning To The Nations” abre
o álbum.
O que se houve é um Heavy Metal tradicional, bem
forte e presente, marcado pela intensa presença das guitarras através do
inspirado riff que dá corpo à canção. A sonoridade e o clima é bem típico pra
quem conhece a NWOBHM, mas com o toque do Diamond Head: a agressividade das
guitarras.
As letras têm um tom jovem e o refrão funciona
muito bem:
I'm going to set you down
I'm going to make it right
I'm going to bring it home
I'll bring you lightning to the
nations
THE PRINCE
A segunda faixa do disco é “The Prince”.
A velocidade e o peso estão presentes logo de cara
no início da segunda canção do álbum: um forte riff logo dá passagem a um
eficiente solo. Após isto, outro riff – o principal da música – se apresenta.
Ele mantém certa cadencia, mas é composto de peso e melodia simultaneamente. A
interpretação de Sean Harris é muito boa.
As letras possuem certa obscuridade e tons de
terror sendo o personagem uma figura diabólica:
Angel from below, change my dreams
I want for glory's hour, for
wealth's esteem
I wish to sell my soul, to be reborn
I wish for earthly riches, don't
want no crown of thorns
SUCKING MY LOVE
A
terceira música de Lightning To The Nations é “Sucking My Love”.
A maior canção do disco não deixa o ritmo do mesmo
cair. O riff inicial tem uma pegada típica da NWOBHM, desta vez mais
cadenciado, mas sem perder um naco sequer de peso. Harris mostra sua
versatilidade como vocalista ao longo dos quase 10 minutos da faixa. Certamente
um dos pontos bem altos do trabalho.
As letras têm clara conotação sexual:
Tasty, tasty, tasty, tasty
Into her valley, all her charms
taste of love
Oh yeah, yeah, yeah, yeah, yeah
Fragrance of my dreams, yeah go
down, take my love
AM I EVIL?
A quarta faixa do trabalho é “Am I Evil?”.
Com guitarras e bateria marcantes, o início de “Am
I Evil?” é inconfundível, com o solo bem curto, mas cativante, logo após a
intro. O riff principal da canção é cativante, pesado e repleto de uma malícia
agressiva contagiante. A interpretação de Sean Harris é cheia de emoção e
sentimento, formando, em seu conjunto final, um dos maiores hinos da história
do Heavy Metal.
A letra mistura um espírito de vingança associada a
temas como bruxaria e obscurantismo:
As I watched my Mother die, I lost
my head
Revenge now I sought, to break with
my bread
Takin' no chances, you come with me
I'll split you to the bone
Help set you
free
“Am I Evil?” acabou se tornando uma das mais
conhecidas canções do grupo, presença garantida e obrigatória no set list da
banda.
A banda Faith No More fez uma versão para este
clássico, mas não chega nem perto da repercussão da versão que o Metallica
executou, lançando-a como lado B do seu single “Creeping Death”.
Muito graças a esta gravação, a música se
popularizou e está presente em diversos games de diferentes plataformas. Um
clássico.
SWEET AND INNOCENT
A quinta canção do disco é “Sweet And Innocent”.
“Sweet And Innocent” é a menor música do álbum,
sendo mais simples e direta. O riff forte e com o peso certo a transformam em
uma faixa que contagia qualquer fã de Heavy Metal tradicional. Os vocais de
Sean Harris, talvez, sejam o ponto de maior destaque dentro desta interessante
composição.
A letra tem uma conotação bem maliciosa em tons de
conquistas:
You live it good girl
And baby you live it high
You reach it easily, makes me wanna
cry
You look so fine girl
I suppose you always do
So fine and so sweet
It's good to look at you
Sweet and innocent
And settled down
Sweet and
innocent
IT’S ELECTRIC
“It’s Electric” é a sexta música de Lightning To
The Nations.
Simples, curta e direta, “It’s Electric” contagia
devido ao riff extraordinário criado por Tatler e pela interpretação
completamente vigorosa de Harris. O refrão que repete apenas o nome da canção
funciona de maneira maravilhosa, assim como o solo que transborda feeling por
todos os cantos. Faixa sensacional.
A letra é quase autobiográfica, mostrando um jovem
com as ambições e sonhos de construir uma carreira:
I'm gonna be a rock 'n' roll star
Gotta groove from night to day
Gotta blow my honey jar, yeah
Gotta blow my blues away
I'm gonna make a stand
I'm gonna
make a million
HELPLESS
A sétima – e última – faixa do álbum é “Helpless”.
Uma pequena introdução da bateria de Duncan Scott
abre a canção, mas logo é dominada pelo riff, cadenciado, mas repleto de peso e
agressividade. Próximo do refrão, há uma intensificação do andamento e da
velocidade do riff inicial, fato o qual permite à música se tornar ainda mais
interessante e cativante. Ótimo solo!
A música tem letras simples, em tom de perdição que
se transfere como destino da personagem central:
I can see the stars, I can see
what's going on
Every night alone, I sing my songs
just for fun
Only time will tell if I make it
myself someday
The stage is mine, music is my
destiny
Cannot squeeze the life from me
I can see the stars, I can see
what's going on
Considerações Finais
Como foi um álbum praticamente independente e com mínima
divulgação, não houve eficiência suficiente para que o trabalho entrasse nas
paradas de sucessos de Reino Unido ou Estados Unidos.
Entretanto, o boca-a-boca e a divulgação através
dos fãs – em conjunto com a incessante capacidade do grupo se apresentar em
espetáculos – fez com que Lightning To The Nations lançasse o Diamond Head
como um dos principais nomes da NWOBHM.
O sucesso foi tanto que a principal repercussão do
trabalho foi o seu legado: influenciar bandas que surgiriam depois, auxiliando
de maneira indireta na criação do Thrash Metal norte-americano. O Diamond Head,
através de Lightning To The Nations, influenciou o Megadeth e mais fortemente o
Metallica.
Metallica que costumeiramente tocava covers de
canções do álbum: “The Prince”, “Helpless”, “Am I Evil?”, “It’s Electric” e “Sucking
My Love” eram presentes nos shows dos californianos e todas, exceto a última, foram
gravadas e são encontradas em lançamentos oficiais do Metallica. (obs: procure
o álbum Garage Inc., de 1998).
A revista japonesa Burn elegeu Lightning To The
Nations como o álbum terceiro colocado em uma lista de melhores discos com
riffs em todos os tempos. O livro Guitarists' Book of Heavy Metal colocou “Am I
Evil?” como quinto melhor riff de todos os tempos.
Depois, outras gravadoras maiores lançaram
novamente Lightning To The Nations em novas tiragens através do mundo,
incluindo uma que consta os singles previamente lançados ao álbum.
Formação:
Sean
Harris – Vocal
Brian
Tatler – Guitarra
Colin
Kimberley – Baixo
Duncan
Scott – Bateria
Faixas:
01.
Lightning to the Nations (Harris/Tatler) - 4:15
02.
The Prince (Harris/Tatler) - 6:27
03.
Sucking My Love (Harris/Tatler) - 9:35
04.
Am I Evil? (Harris/Tatler) - 7:39
05.
Sweet and Innocent (Harris/Tatler) - 3:13
06.
It's Electric (Harris/Tatler) - 3:37
07.
Helpless (Harris/Tatler) - 6:52
Letras:
Para o conteúdo complete das letras, indicamos o
acesso a: http://letras.mus.br/diamond-head/
Opinião do
Blog:
Falar de Lightning To The Nations é mencionar um
dos mais influentes álbuns da história do Heavy Metal. Ao encantar um jovem
dinamarquês de nome Lars Ulrich, o disco foi contribuição notável para o estilo
que seria desenvolvido pelo Metallica.
O blogeiro confessa que somente conheceu o Diamond
Head por conta dos inúmeros covers que a banda californiana fez das canções de
Lightning To The Nations. Claro que o Metallica impôs seu estilo nas músicas,
mas sem fazer com que elas perdessem sua personalidade original.
Lightning To The Nations é, na opinião do Blog, um
dos mais fantásticos discos da história do Heavy Metal. Não há músicas de
enchimento, nem embromação, nem perda de tempo. Toda duração do trabalho é uma
aula de Metal e de riffs.
O que falar da faixa título, de “It’s Electric”, de
“The Prince” e de “Helpless”? Nada. São canções que transbordam do melhor da
NWOBHM. E “Am I Evil?” é das melhores canções de todos os tempos, uma rifferama
infernal.
Não há muito mais o que se dizer. Se você gosta de
Heavy Metal, certamente vai se deliciar – como o baterista Lars Ulrich – com este
álbum espetacular.
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