16 de julho de 2013

WISHBONE ASH - WISHBONE ASH (1970)


Wishbone Ash é o álbum de estreia da banda britânica de mesmo nome, ou seja, o Wishbone Ash. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 4 de dezembro de 1970 com as respectivas gravações ocorrendo no mês de setembro daquele mesmo ano, no De Lane Lea Studios, em Londres, na Inglaterra. O produtor foi Derek Lawrence e o disco saiu pelo selo Decca/MCA.



Falar de Wishbone Ash é debater sobre uma banda que marcou a história do Rock. É tratar de pioneirismo no uso das chamadas “guitarras gêmeas”.

O Wishbone Ash foi formado em torno do mês de outubro de 1969, sendo fundado pelo baixista Martin Turner e o baterista Steve Upton, na cidade de Torquay, na Inglaterra.

O primeiro guitarrista do grupo foi o irmão do baixista Martin Turner, Glenn Turner, que tocava em um grupo chamado Tanglewood. Mas, brevemente, Glenn deixa-os para retornar à sua cidade natal.

Assim, o Manager da banda, Miles Copeland III, publicou um anúncio em jornais procurando por um guitarrista e, também, por um tecladista para completarem o futuro conjunto que surgia.

Para o posto de guitarrista, a disputa se encerraria com dois postulantes ao cargo: Andy Powell, um londrino que viu o anúncio no jornal musical Melody Maker. O outro candidato era Ted Turner – que não era parente de Martin – natural da cidade de Birmingham.

Andy Powell


Incapazes de se decidirem por Powell ou Turner, a decisão marcou não só a formação do conjunto mas também o futuro do Rock: a solução foi deixar os dois guitarristas tomarem parte do grupo e ver como isto influenciaria a sonoridade da banda.

A musicalidade da banda foi tomada pelo surgimento da chamada “twin lead guitars” (ou guitarras gêmeas). Diferentemente do som das guitarras da banda The Allman Brothers Band, o Wishbone Ash incluiu fortes elementos de rock progressivo, folk e música clássica.

Faltava, “apenas”, um nome para o grupo. Após os membros da banda escreverem vários nomes sugeridos em duas folhas de papel, Martin Turner pegou uma palavra de cada lista e formou o nome do conjunto  - eram as mesmas 'Wishbone' e 'Ash'.

Ted Turner


No início de 1970, a banda marcou um show de abertura para o já famoso grupo Deep Purple. Isto mudaria a história do Wishbone Ash.

Durante a passagem de som, o guitarrista do Purple, Ritchie Blackmore, estava aquecendo sozinho no palco, quando Andy Powell subiu, ‘plugou’ sua guitarra e começou a tocar e a improvisar junto com Blackmore.

Blackmore, impressionado, posteriormente recomendou o Wishbone Ash ao produtor do Deep Purple, Derek Lawrence, ajudando a banda a garantir um contrato com a gravadora Decca / MCA Records.

O álbum de estréia da banda, Wishbone Ash, foi lançado em dezembro de 1970. As gravações ocorreram no De Lane Lea Studios, em Londres, durante o mês de setembro do mesmo ano. A arte da capa é bem simples e o produtor do disco acabou sendo o próprio Derek Lawrence.

BLIND EYE

Abre o disco a faixa “Blind Eye”.

A canção já se inicia com uma sonoridade bem bluesy, com um riff carregado de Blues Rock. A interpretação dos vocais também segue a linha, assim como a cozinha de Martin Turner e Steve Upton. É uma música simples e bem direta, mas muito empolgante.



A letra é pequena e simples, como se pode notar:

You turned a blind eye to everything I ever said,
 You turned a blind eye to everything I ever did
You didn't worry, why call your telephone?
You didn't worry, baby,
You're just content to roam around
Yes, you are

Lançada como single, não obteve maior repercussão nas paradas de sucesso do gênero.



LADY WHISKY

A segunda faixa do álbum é “Lady Whisky”.

Nesta canção, oque se houve é um típico rock setentista com um pé no Hard e bastante melodia. As guitarras gêmeas dão as cartas em um riff bem inspirado e cheio de ritmo. Os vocais se casam muito bem com a parte instrumental da música. Solo inspirado!

A letra apresenta uma metáfora sobre o abuso de álcool de maneira criativa:

Lady Whiskey, such a sad sight, stumblin' as she walks
She even hates herself sometimes
Keep her clear, for it's Saturday night
Drowns her sorrow, eases her pain,
Waits for tomorrow, when she'll do the same again



ERRORS OF MY WAY

A terceira música de Wishbone Ash é “Errors Of My Way”.

Desta vez, o Wishbone Ash aposta em uma melodia surpreendentemente dotada de suavidade e, ao mesmo tempo, intensa. As guitarras gêmeas, obviamente, dão as caras em um momento contagiante e espetacular. Os vocais se casam perfeitamente à parte instrumental, construindo uma canção especial no disco.

A letra, pequena e simples, é dotada de sentido de culpa e fé, em forma de agente de mudança:

Guess I got no one around to pull me through
I just need someone to turn to, yes, I do
Doin' my best just to change my yesterday,
Then I won't have no more errors of my way



QUEEN OF TORTURE

“Queen Of Torture” é a quarta música do trabalho.

“Queen Of Torture” é a menor faixa do disco e aposta em um som mais direto e simples. O riff é empolgante, trazendo o puro Hard Rock setentista. As guitarras brilham, em especial no solo inicial. A canção é curta, mas funciona muito bem.

As letras são simples e com uma alusão à solidão e abandono:

She walked right out on me. Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah
Has anybody seen my woman out around the city?
She ain't been home for two weeks now,



HANDY

A quinta faixa do álbum é “Handy”

“Handy” é a maior música do disco, superando os 11 minutos. Os primeiros 1:40 minutos são dedicados ao baixo de Martin Turner e a partir daí uma belíssima e suave melodia servirá de base para a canção. Em uma faixa quase que toda instrumental, percebe-se todo o talento do grupo que flerta com o Blues, apresenta algumas pitadas folk e tem toques de rock progressivo e psicodélico. “Handy” está recheada de solos matadores e guitarras gêmeas, tornando-a genial.

A letra é quase imperceptível, simples e fala de um amor que não deu certo:

Was sat down by my fire, hear a voice of desire,
Want to be friends again
I keep tellin' you,man, she's only a pain
She don't fit in my scene,
She don't fit in my world no more



PHOENIX

A sexta – e última – canção de Wishbone Ash é “Phoenix”.

A faixa “Phoenix” também é longa, superando a casa dos 10 minutos. Um riff muito belo e dotado de suavidade é a principal construção da música. Assim como sua predecessora, há influência do rock psicodélico e progressivo em sua constituição, com as guitarras de Andy Powell e Ted Turner brilhando de maneira impressionante. Outra canção muito acima da média.

Como o nome sugere, a letra se refere ao mitológico pássaro que renasce de suas próprias cinzas, sugerindo o renascer da vida:

Bird, rise high from the cinders, leave it all behind,
All the ruins and the fire
Bird, raise your head from the ashes - many men lay dead.
You can see them like I
Phoenix rise, raise your head to the sky



Considerações Finais

O álbum de estreia do Wishbone Ash nunca foi um tremendo sucesso comercial. Mesmo assim, está longe de ser um fracasso.

Acabou conquistando posições nas duas principais paradas de sucesso de álbuns: a mais que modesta 208ª colocação na parada norte-americana do gênero e a muito boa (em especial para uma banda desconhecida) 29ª em sua correspondente britânica.

O disco acabou ficando mais conhecido e demonstrando sua importância com o passar do tempo e à medida que o Wishbone Ash conseguiu ser uma banda mais conhecida e bem-sucedida comercialmente.

O uso das guitarras gêmeas e a fusão de estilos e influências acabaram sendo reconhecidos pela imprensa especializada e se tornaram um marco no pioneirismo de seu uso.

Após sair em turnê para promover o seu álbum de estreia, o grupo começou a compor e gravar seu segundo disco, o afamado Pilgrimage, de 1971.



Formação:
Andy Powell – Guitarra Solo,Vocal
Ted Turner – Guitarra Solo, Vocal
Martin Turner - Baixo, Vocal
Steve Upton – Bateria

Faixas:
01. Blind Eye (Powell/Turner/Turner/Upton) – 3:15
02. Lady Whisky (Powell/Turner/Turner/Upton) – 6:13
03. Errors of My Way (Powell/Turner/Turner/Upton) – 6:56
04. Queen of Torture (Powell/Turner/Turner/Upton) – 3:23
05. Handy (Powell/Turner/Turner/Upton) – 11:37
06. Phoenix (Powell/Turner/Turner/Upton) – 10:26

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a: http://letras.mus.br/wishbone-ash/

Opinião do Blog:
O Wishbone Ash é mundialmente conhecido por ser uma das bandas pioneiras no uso das “guitarras gêmeas”, com os guitarristas Andy Powell e Ted Turner sendo considerados dos mais importantes do Rock em todos os tempos, muito por ajudarem a desenvolver uma técnica que seria extensivamente usada por bandas como Iron Maiden e Judas Priest, por exemplo.

Ao construir canções que se apoiam muito mais nas partes instrumentais que propriamente em letras ou vocais, o Wishbone Ash deixa transparecer uma gama diversificada de influências.

Suas canções mesclam o Blues, o Rock Psicodélico e o Rock Progressivo em doses generosas, todos em consonância com seu estilo Hard Rock setentista da melhor qualidade. Com o passar dos anos, não tanto neste álbum de estreia, o Folk também foi aparecendo.

Propriamente em seu debut, a banda apostou em composições próprias e que mesclam de maneira satisfatória quase todos os elementos supracitados. Há canções curtas e que funcionam muito bem como “Blind Eye”e a bela “Errors Of My Way”.

Também, apresentam duas faixas longas, quase que instrumentais e de extremos bom gosto e inspiração: as ótimas “Handy” e “Phoenix”.


Enfim, uma das bandas obrigatórias para quem gosta do Rock dos anos setenta. Álbum muito interessante.

2 comentários:

  1. Disco maravilhoso de uma banda relativamente pouco conhecida, mas obrigatória para quem gosta do rock dos anos 70 e, sobretudo, para quem ama guitarras, e que tem mantido uma carreira honesta e decente até hoje - "Blue Horizon" e "Coat of Arms" são discos de ótima qualidade que, se não estão à altura dos grandes clássicos da primeira metade dos anos 70, são superiores a quase tudo o que a banda fez depois de 1976. Andy Powell e Ted Turner formaram uma das melhores duplas de guitarras da história do rock, e mesmo no final da parceria conseguiram um momento mágico com o solo ao final de "Standing in the Rain".
    É verdade que a obra-prima do Ash é, indubitavelmente, o sensacional "Argus", mas este primeiro LP é top 5 dos lançamentos da banda! às vezes penso que a falta de um vocalista mais marcante prejudicou muito o sucesso da banda - o que você acha?

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    1. Hipoteticamente, um bom vocalista sempre dá melhores possibilidades a uma banda. Entretanto, eu penso que o Ash focava bem mais na parte instrumental e os primeiros álbuns do grupo são das melhores coisas que surgiram no Rock. O Ash é outra banda criminosamente subestimada. Abraços.

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