11 de setembro de 2013

FOREIGNER - FOREIGNER (1977)


NÃO DEIXE DE CURTIR A PÁGINA OFICIAL DO BLOG NO FACEBOOK:
http://www.facebook.com/rockalbunsclassicos

Foreigner é o álbum de estreia da banda homônima ao álbum, ou seja, o Foreigner. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 8 de março de 1977 com as gravações ocorrendo durante o mês de novembro de 1976, nos estúdios Record Plant, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo da dupla John Sinclair e Gary Lyons, com auxílio dos membros do grupo Mick Jones e Ian McDonald. O selo responsável foi o Atlantic.

O Foreigner é um grande nome do Rock and Roll. Como será visto no post, desde o seu álbum de estreia o grupo foi um enorme sucesso. Seu surgimento se deu a partir do ano de 1976.



O guitarrista inglês Mick Jones já era um músico experiente quando fundou o Foreigner. Ele começou sua carreira musical no início dos anos 1960 como membro da banda Nero and The Gladiators, que fez um par de singles com alguma repercussão na parada britânica em 1961.

Após o fim da banda, Jones trabalhou como compositor e músico auxiliar para artistas como Sylvie Vartan e Johnny Hallyday, para quem ele escreveu muitas canções, incluindo "Je suis né dans la rue" e "À tout casser" (que apresentava Jimmy Page na guitarra).

Foi então que ele se juntou a Gary Wright, ex-Spooky Tooth, para formar o Wonderwheel. Em 1973, Jones e Wright reformaram o Spooky Tooth, e, mais tarde, Jones tornou-se membro do Leslie West Band. Ele também tocou guitarra nos álbuns Wind of Change (1972) do Peter Frampton, e Dark Horse (1974) de George Harrison.

O outro membro fundador do Foreigner foi outro inglês, o guitarrista Ian McDonald. Em 1969, ele estava na formação inicial do mítico grupo King Crimson, que gravou seu primeiro álbum In the Court of the Crimson King.

Mick Jones


McDonald e o baterista Michael Giles partiram e formaram uma banda que lançou apenas um álbum intitulado McDonald and Giles. Ele reapareceu no King Crimson em 1974 e destinado a se reunir à banda como membro efetivo, mas não teve a oportunidade de fazê-lo devido à decisão de Robert Fripp para destituir o grupo.

Já em 1976, Mick Jones e Ian McDonald se reúnem e decidem formar uma nova banda. Para isto, eles convidam um norte-americano para ser o vocalista: Lou Gramm.

Gramm era o vocalista da banda americana Black Sheep e com eles gravou 2 álbuns de estúdio, Black Sheep (1974) e Encouraging Words (1975).

Foi no início de 1976 que Gramm conheceu Mick Jones, quando este estava em Rochester (EUA) com o Spooky Tooth e Lou Gramm lhe entregou uma cópia do primeiro álbum do Black Sheep.

Com Mick Jones e Ian McDonald como guitarristas e Lou Gramm de vocalista, a banda começava a tomar forma. Os novos membros surgiriam logo em seguida. O baterista convidado foi Dennis Elliott, Al Greenwood como tecladista e Ed Gagliardi como baixista.

Lou Gramm


Faltava um nome ao conjunto. E foi Mick Jones que surgiu com a ideia do nome Foreigner (estrangeiro em inglês). Segundo Jones, não importava em que país estivessem, 3 membros do grupo sempre seriam estrangeiros: ele (Jones), Elliott e McDonald eram ingleses e Gramm, Greenwood e Gagliardi eram norte-americanos.

Com tantas estrelas em um mesmo ‘time’, não foi difícil para o Foreigner conseguir um acordo com a Atlantic Records.

Ainda em 1976, a banda já se reunia no estúdio The Record Plant para começar a gravação do seu primeiro álbum, que seria homônimo ao grupo.

A capa é simples, uma imagem dos membros da banda. Lançado em março de 1977, o álbum Foreigner seria um tremendo sucesso.

FEELS LIKE THE FIRST TIME

Abre o álbum um dos clássicos da banda “Feels Like The First Time”.

Já no início da faixa pode ser sentida uma das características principais da banda: o toque suave e cheio de melodia que compõe parte do riff. Lou Gramm acompanha o riff com sua bela voz, preenchendo a canção com muita emoção. As vozes dobradas no refrão contribuem para cativar o ouvinte. Excelente música!

As letras são uma homenagem apaixonada a uma mulher:

I have waited a lifetime, spent my time so foolishly
But now that i found you, together we'll make history
And I know that it must be the woman in you, that brings out the man in me
I know i can't help myself, you're all my eyes can see



Lançada como single, foi um tremendo sucesso. Atingiu a sensacional 4ª posição da parada norte-americana de singles. Está presente no game Guitar Hero: Warriors Of Rock. Presença garantida nos shows do grupo até hoje.



COLD AS ICE

Outro clássico do conjunto é a segunda faixa do álbum de estreia do Foreigner, “Cold As Ice”.

Um teclado repleto de melodia e suavidade dá o toque inicial em “Cold As Ice” e é praticamente acompanhado apenas pela bela voz de Lou Gramm. Depois o tocante riff da canção toma conta, repleto de intensidade, mesmo sendo leve. O ritmo continua suave durante toda a música e envolve o ouvinte, com direito a vozes dobradas, guitarras bem presentes e o teclado bastante envolvente.

A letra é simples, em tom de rompimento amoroso:

I've seen it before, it happens all the time
You're closing the door, you leave the world behind
You're digging for gold, you're throwing away
A fortune in feelings, but someday you'll pay

Lançada como single, também foi um tremendo sucesso do Foreigner. Chegou à brilhante 6ª posição da parada norte-americana e à 24ª da parada britânica. É presença obrigatória nos shows do grupo.



Várias bandas e artistas diversos fizeram versões para “Cold As Ice”, por exemplo Jay Z, Supertramp e M.O.P.  Está presente no game Rock Band 3.



STARRIDER

A terceira canção de Foreigner é “Starrider”.

O clima suave e tocante continua no álbum. O início de “Starrider” é acústico, sendo embalado de maneira cativante pelas linhas vocais. No refrão o peso aumenta apenas o tanto para torna-lo mais forte e marcante, reforçado por vozes dobradas. Mas o que torna a faixa especial são suas belíssimas linhas melódicas.

A letra conta as memórias de um viajante do espaço, em uma construção bastante nostálgica:

And ever on I sailed Celestial ways
And in the light of my years
Shown the rest of my days



HEADKNOCKER

“Headknocker” é a quarta faixa do trabalho.

A canção começa com o clima do Hard Setentista, tornando-a a mais “pesada” até então. O riff é simples, forte e empolgante, aumentando o ritmo da música. Lou Gramm a canta da melhor maneira possível, construindo uma faixa excelente.

A letra é simples e mostra a rebeldia rock:

He's got an old fender strat
Plays behind his back
While he sings out Louie, Louie
He's a backseat mauler
A barroom brawler
I think he's gonna blacken your eye
If that don't teach you a lesson



THE DAMAGE IS DONE

A quinta música do álbum é “The Damage Is Done”.

O clima mais melancólico domina “The Damage Is Done”. Há uma influência bluesy que a enche de sentimento, de forma suave e repleta de melodia. A partir de sua metade, o ritmo acelera e se intensifica, mas sempre de maneira leve e com lindas melodias.

A letra fala do fim de um relacionamento:

Will you miss me
When I leave you behind?
Will you tell your friends
I treated you unkind?
Well it's over now, and I'm on the run
I don't want you, the damage is done



LONG, LONG WAY FROM HOME

Mais um clássico do Foreigner está em seu álbum de estreia: “Long, Long Way From Home”.

A menor faixa do disco é um dos grandes clássicos do grupo. Ela é rápida, com uma pegada Hard bem presente, tendo certo peso e andamento mais veloz. O riff é bastante empolgante e a forma como Gramm a canta contribui decisivamente para o sucesso da música. Outro excelente momento do álbum.

A letra se refere a alguém que deixa uma cidade pequena para tentar o sucesso em Nova Iorque e a solidão que acaba sentindo.

It was a Monday, a day like any other day
I left the small town for the apple in decay
It was my destiny, it's what's we needed to do
They were telling me, I'm telling you



Foi o terceiro e último single lançado para promover o trabalho e conseguiu a 20ª posição da parada desta natureza nos Estados Unidos. Presença marcante nos shows do grupo.



WOMAN OH WOMAN

A sétima música do álbum é “Woman Oh Woman”.

O ritmo continua bastante tocante no álbum com a faixa “Woman Oh Woman”. Seu início embalado por linhas suaves e extremamente tocantes acompanhadas por uma interpretação sensível e precisa constroem uma linda balada.

A letra fala em tom romântico, confrontando amores real e ideal:

Woman oh woman
Don't bury me alive
Just make me feel I've the right to survive
Woman oh woman
I hope that you can see
This is nothing like our love was meant to be
Love was meant to be



AT WAR WITH THE WORLD

A oitava faixa de Foreigner é “At War With The World”.

O Hard Setentista está de volta na oitava canção do disco. O riff é forte, pesado e com uma pegada Hard Rock a qual é impossível não se contagiar sendo fã do estilo. Mais para o meio da música ela se torna mais cadenciada, mas sem perder seu peso original e sua pegada marcante. Lou canta maravilhosamente. Excepcional composição!

A letra é ótima e mostra uma alegoria usando a guerra, mas que pode ser interpretada como alguém buscando aceitação:

I'm at war with the world
That's the way it must be
I'll fight while I can
To put an end to this misery



FOOL FOR YOU ANYWAY

“Fool For You Anyway” é a nona canção do trabalho.

A suavidade volta ao disco com sua nona música. “Fool For You Anyway” é uma balada que possui as características linhas melódicas do Foreigner e lembra, um pouco, as faixas semelhantes que a banda Free fazia com maestria. O solo é bonito e o clima tocante, em outra linda composição.

A letra mostra o sofrimento por amor:

Well I cried for you so long
My river of tears ran dry
And I tried to be so strong
But grew weaker as time went by



I NEED YOU

A décima – e última – faixa do álbum é “I Need You”.

A derradeira canção do trabalho traz um ritmo forte, pesado e cadenciado ao disco, com um riff que chega fortemente aos ouvidos de quem aprecia a música. Tudo é feito com toque de muita melodia, mas a pegada Hard Setentista é nítida. “I Need You” fecha o trabalho com chave de ouro.

A letra é simples e demonstra alguém se apaixonando perdidamente:

Many is the time I've cursed the Lord's creations
Ah but you touched my hand
I loved this new sensation
It was very strange, what a change
Of you I did not tire
So call on me, my heart's on fire



Considerações Finais

Lançado em março de 1977, o álbum homônimo à banda Foreigner foi um estrondoso sucesso, especialmente se for levado em conta o fato de ser um disco de estreia.

Catapultado por três singles que atingiram o top 20 da parada norte-americana (“Feels Like The First Time”, “Cold As Ice” e “Long, Long Way From Home”), o álbum atingiu a excelente 4ª posição da principal parada norte-americana de álbuns.

Mais que isso, permaneceu no Top 20 da supracitada parada de álbuns durante um ano! Um tremendo feito.

Foi também 9º lugar na parada canadense de álbuns e 1º na correspondente norueguesa. A turnê que sucedeu o lançamento do disco também foi bem sucedida, tanto que o segundo disco de estúdio já foi lançado no ano seguinte (Double Vision, de 1978).

Estima-se que o álbum Foreigner já superou a casa de 5 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.



Formação:
Dennis Elliott – Bateria
Ed Gagliardi – Baixo
Lou Gramm – Vocal
Al Greenwood – Teclado
Mick Jones – Guitarra, Vocal em “Starrider”
Ian McDonald – Guitarra

Faixas:
01. Feels Like the First Time (Jones) – 3:49
02. Cold as Ice (Jones/Gramm) – 3:19
03. Starrider (Greenwood/Jones) – 4:01
04. Headknocker (Gramm/Jones) – 2:58
05. The Damage Is Done (Jones/Gramm) – 4:15
06. Long, Long Way from Home (Jones/Gramm/McDonald) – 2:53
07. Woman Oh Woman (Jones) – 3:49
08. At War with the World (Jones) – 4:18
09. Fool for You Anyway (Jones) – 4:15
10. I Need You (Gramm/Jones) – 5:09

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/foreigner/

Opinião do Blog:
Muitos fãs de Rock torcem o nariz para bandas que usam e abusam de sonoridades mais suaves e “melosas”. O fato é que o Foreigner é um dos grupos que fizeram sua identidade musical nesta linha.

Mas tudo na banda é construído com extremo bom gosto. Suas canções mais populares são, em sua maioria, baladas ou algo bem próximo a isto. Contudo, simultaneamente, tudo é construído de maneira belíssima, com a leveza e a sutileza necessária para não soar piegas ou fútil.

O Foreigner não é apenas isto. Há, também, músicas que têm ótima pegada Hard Rock, especialmente aquele feito nos anos setenta.

Formado por músicos experientes e de muita qualidade, as composições do Foreigner, conforme foi dito, esbanjam talento. Não há momentos desnecessários, firulas técnicas ou exageros, tudo é muito bem emendado e construído de maneira a contribuir exclusivamente com a sonoridade das canções.

Ian McDonald e Lou Gramm esbanjam talento e precisão. Os teclados de Al Greenwood também transbordam bom gosto. A cozinha formada por Gagliardi e Elliott é exata e não compromete. E ainda temos Mick Jones que trouxe todo o talento e a bagagem de anos na música, sendo o principal compositor do conjunto.

No seu álbum de estreia, o Foreigner dá uma aula de composição: temos 3 ‘hits’ de sucesso indiscutível: “Feels Like The First Time”, “Cold As Ice” e “Long, Long Way From Home”. A pegada Hard também aparece nas ótimas “Headknocker”, “At War With The World” e “I Need You”.

Em termos de letras, o grupo apostou quase sempre na temática romântica, mas nada que comprometa a qualidade do trabalho. O bom gosto também prevalece neste ponto.

Tem-se aqui um dos grandes álbuns de estreia do Rock (sua posição na parada norte-americana e o número de cópias vendidas falam por si sós). Além disto, as composições são ótimas, não há músicas de enchimento neste trabalho.


O Foreigner é uma grande banda e de qualidade inquestionável, a qual certamente aparecerá novamente no Blog. E o seu álbum de estreia é extremamente recomendado por este que vos escreve!

5 de setembro de 2013

SYSTEM OF A DOWN - TOXICITY (2001)


NÃO DEIXE DE CURTIR A PÁGINA OFICIAL DO BLOG NO FACEBOOK:
http://www.facebook.com/rockalbunsclassicos

Toxicity é o segundo álbum de estúdio da banda armênio-norte-americana chamada System Of A Down. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 4 de setembro de 2001 com suas gravações ocorrendo no Cello Studios, em Hollywood, Califórnia (EUA), entre os meses de março e julho daquele ano. A produção ficou a cargo do renomado Rick Rubin, auxiliado por Serj Tankian e Daron Malakian. O selo responsável foi o American.

Falar sobre o System Of A Down é mencionar um dos expoentes da música contemporânea. Apesar de muitas vezes ser classificada como “New Metal”, o blog pensa ser impossível rotular um grupo que possui uma identidade musical consistente e, ao mesmo tempo, única. Sua originalidade em associação com a força de suas composições tornam o System Of A Down um conjunto singular.



As origens do chamado New Metal são difíceis de serem localizadas. Musicalmente, as bandas assim classificadas se diferem muito umas das outras.

Genericamente, grande parte delas refletem a fusão de um Rock pesado, com passagens de guitarras extremamente pesadas, dotadas de muito groove, com outras mais leves e com fortes influências de outros gêneros musicais tais como Pop, Rap, Música Eletrônica, etc.

Em distanciamento ao Heavy Metal mais tradicional, pode-se notar o uso (pelas bandas de New Metal), por diversas vezes, de DJ’s e a ausência marcante de solos de guitarras em suas músicas – algo quase inimaginável nas linhas mais tradicionais do Heavy Metal.

Claro, isto são apenas pequenos pontos dentro de todo um estilo musical difuso e complexo, como o tal New Metal, na tentativa de facilitar a observação e identificação por parte do leitor mais leigo.

São citadas como influências das bandas de New Metal conjuntos diferentes como Red Hot Chili Peppers, Rage Against The Machine, Faith No More e Sepultura, por exemplo.

O ‘boom’ do New Metal aconteceu no final da década de 1990, com bandas do gênero dominando a mídia internacional, especialmente nos Estados Unidos. Entre os pioneiros estão Korn e Deftones, mas também são mundialmente conhecidos nomes como Linkin Park, Limp Bizkit e Slipknot. Como pode ser observado, bandas extremamente diferentes entre si.

Talvez por ter surgido na mesma época em meio a esta profunda miscelânea musical, o System Of A Down (que será chamado de SOAD, para facilitar o texto) foi colocado junto neste pacotão de bandas.

As origens do SOAD remontam ao ano de 1992, quando Serj Tankian e Daron Malakian, dois norte-americanos de origem armênia, conheceram-se e fundaram uma banda chamada Soil. Como manager, outro membro de origem semelhante foi convidado, Shavo Odadjian.

Serj Tankian


Em 1994 o Soil já não existia mais. Daron, Serj e Shavo resolvem criar um novo grupo. Seu nome seria System Of A Down, denominação retirada de um poema escrito por Daron, “Victims Of A Down”. Shavo achava ‘System’ mais forte que ‘Victims’ e, também, gostaria que os discos da banda ficassem expostos nas lojas próximos dos álbuns de seus heróis musicais, o Slayer.

Com Serj nos vocais, Daron nas guitarras e Shavo no baixo, o grupo recrutou o baterista Ontronik Kachaturian para as baquetas. Com esta formação o grupo chega a gravar três demos entre os anos de 1994 e 1996.

Kachaturian deixa o grupo devido a uma lesão em sua mão, sendo substituído por John Dolmayan.

Com apresentações em clubes noturnos famosos da área de Los Angeles e suas demos começando a fazer barulho, o grupo passa a chamar a atenção do produtor Rick Rubin. A banda grava sua quarta demo, desta vez mais profissional e com intenção quase exclusiva de ser enviada para as gravadoras.

Assim, Rick Rubin com sua American Records acaba assinando com o System Of A Down e a banda entra em estúdio para a gravação de seu primeiro álbum.

Lançado em 1998 e homônimo à banda, System Of A Down apresentava a sonoridade única e distinta do grupo em estado seminal. Sua musicalidade ímpar, com a fusão do Metal e música da Armênia foi um sopro de criatividade naquele ano.

Daron Malakian


O sucesso acabou sendo moderado, mas músicas como “Sugar” e “Spiders” acabam tendo bastante divulgação nas rádios e MTV e terminam caindo nas graças do grande público em geral.

A banda excursiona como abertura para gigantes como Slayer e Metallica, também fazendo turnês com o Faith No More e Incubus. Incluem participação no Ozzfest de Ozzy Osbourne e uma contribuição no álbum tributo ao Black Sabbath, Nativity In Black 2, com a faixa “Snowblind”, já no ano 2000.

O próximo passo seria a gravação do seu segundo álbum de estúdio, que se tornaria Toxicity. A arte da capa é simples, com o nome da banda simulando a palavra “Hollywood” como ocorre na famosa cidade homônima. Obra de Mark Wakefield.

A produção ficaria com Rick Rubin em associação com Serj e Daron.

PRISON SONG

“Prison Song” abre o disco. Ela começa com bastante peso e intensidade, com alguns vocais mais agressivos e Serj fazendo outros mais próximos ao Hip-Hop. Na maior parte da canção o clima é pesado e intenso, com Tankian preferindo falar a letra ao invés de cantá-la. Muitos backing vocals são apenas berros.

A letra é uma crítica clara à política de combate à violência nos Estados Unidos, sugerindo um uso conveniente do tráfico de drogas:

All research and sucessful drug policy shows
That treatment should be increased,
And law enforcement decreased,
While abolishing mandatory minimum sentences



NEEDLES

A segunda música do álbum mantém o clima da primeira faixa, apostando no peso e na distorção, reforçados por vocais extremamente agressivos. Na maior parte da canção, Serj Tankian faz vocais mais gritados. Os backing vocals novamente intensificam o peso da música, sendo alguns apenas gritos. Por volta dos 2 minutos há um pequeno interlúdio mais melódico.

A letra tem uma mensagem antidroga:

I'm sitting in my room,
With a needle in my hand,
Just waiting for the tomb,
Of some old dying man,
Sitting in my room,
With a needle in my hand,
Just waiting for the tomb,
Of some old dying man...



DEER DANCE

Mais peso e intensidade são encontrados em “Deer Dance”. Embora, inicialmente, o grupo opte por fazer seu som único intercalando sonoridades típicas de seu país com o Rock. No refrão, a distorção e brutalidade tanto dos instrumentos quanto da voz de Serj dão a tônica da faixa. Excelente construção!

A letra é uma forte crítica contra o estado policialesco, brutal contra oprimidos e que conta com a conivência dos mais afortunados socialmente:

Pushing little children
With their fully automatics
They like to push the weak around
Pushing little children
With their fully automatics
They like to push the weak around



JET PILOT

Com um riff extremamente pesado se dá o início de “Jet Pilot”. Depois, o grupo opta por fazer um som mais leve e típico de sua sonoridade. A faixa transcorre assim durante toda a sua extensão, intercalando momentos de fúria com outros mais melódicos. Os vocais de Serj se adéquam perfeitamente a cada momento.

A letra é bastante filosófica e permite inferir um tom de crítica à fé descabida:

My, source, is the source of all creation,
Her, discourse, is that we all don't survey
The skies, right before,
Right before they go gray,
My source, and my remorse,
Flying over a great bay



X

Desta vez o grupo opta por um início bastante pesado, mas mais arrastado. Depois, o peso é mantido, mas com aceleração e rapidez. Desta forma, “X” é das faixas mais pesadas do trabalho, apenas variando entre momentos mais rápidos e lentos.

Também em tom crítico e sarcástico, a letra ironiza o controle demográfico:

We don't need to multiply
We don't need to multiply
We don't need to multiply
We don't need to multiply
Die



CHOP SUEY

Um início quase acústico introduz o riff principal de “Chop Suey”, no que é seguido de uma parte bem pesada e com bastante distorção. Os vocais de Serj Tankian são muito precisos, oscilando em partes mais melódicas e outras mais agressivas e rápidas. A canção oscila em momentos intensos e outros arrastados, mas dotados de belíssima melodia. Enfim, uma construção brilhante!

As letras são bastante filosóficas e levam em conta o destino que se têm em função da vida que se levou:

I don't think you trust
In my self righteous suicide
I cry when angels deserve to die
In my self righteous suicide
I cry when angels deserve to die

“Chop Suey” acabou se tornando a música mais conhecida e emblemática do SOAD. Lançada como single, teve sucesso moderado, como a 17ª posição na parada britânica e a 76ª posição nos Estados Unidos.



Um videoclipe foi lançado para promover a música, que também foi colocada na lista da revista Bender na eleição 500 Greatest Songs Since You Were Born.

Versões cover foram feitas pela banda Tenacious D do ator Jack Black. Está presente em vários jogos da série Rock Band.



BOUNCE

O peso volta com tudo já no início de “Bounce”. A faixa tem vocais bem agressivos e se mantém em um ritmo pesado, oscilando entre momentos bem rápidos e outros um pouco mais cadenciados, mas sempre com presença forte da guitarra de Daron Malakian.

A letra permite várias interpretações, sugerindo flerte sutil:

Unannounced twister games,
All players with no names,
They lined up double quick,
But just one pogo stick,
Everyone gets to play,
Runaway, expose',
It was so exotic,
But just one pogo stick



FOREST

“Forest” tem uma pegada forte e com um riff bastante Heavy Metal. O refrão intensifica esta pegada Metal, mas opta por um ritmo mais cadenciado e arrastado, entretanto, transbordando sentimento. O mais interessante é notar que mesmo tendendo ao Metal Tradicional o toque armênio no som é presente em toda sua duração. Excelente música.

A letra é uma crítica à educação massificante e que leva as pessoas a acreditarem que fatos imorais podem ser justificados pela legalidade:

Take this promise for a ride
You saw the forest now come inside
You took the legend for its fall
You saw the product of it all
No televisions in the air
No circumcisions on the chair
You made the weapons for us all
Just look at us now



ATWA

O início quase melancólico de “Atwa” quebra um pouco o ritmo acelerado do álbum. Mas o peso logo volta à cena. A canção, no entanto, é dominada por passagens mais calmas, intercaladas esporadicamente pelo peso habitual do SOAD. Claro que tudo é sempre levado com o toque armênio que influencia o grupo. Sensacional.

A letra é dedicada à conscientização da destruição da natureza:

Hey you
See me?
Pictures crazy
All the world I've seen before me passing by
I've got nothing to gain to lose
All the world I've seen before me passing by



SCIENCE

“Science” também tem uma pegada bastante Heavy Metal, com um riff muito empolgante e pesado. Os vocais de Serj são bastante fortes e combinam exatamente com o ritmo pesado e intenso da música. O destaque maior da faixa vai para a guitarra de Daron, bastante presente e criativa. Outra canção incrível!

A letra é uma crítica à fé humana, cega, na ciência:

Science fails to recognize the single most
Potent element of human existence
Letting the reigns go to the unfolding
Is faith, faith, faith, Faith



SHIMMY

“Shimmy” é bem direta, com a guitarra pesada e muito presente. O peso está em toda a composição, com um toque de Rap na interpretação de Serj Tankian. Uma das menores faixas do trabalho, sendo bastante simples.

Na letra o grupo faz uma crítica à educação norte-americana, voltada à doutrinação sem questionar a ordem social vigente:

Indoctrination of a nation
Indoctrination of a nation
Subjugation of damnation
Subjugation of damna...



TOXICITY

A forte influência armênia e boas doses de Hard/Heavy, fundidas, formam uma das mais brilhantes composições da história da banda. Dotada de poder, belas melodias, excelente bom gosto e um vocalista em uma atuação soberba, fazem uma construção quase perfeita. Toxicity é uma das mais incríveis canções de seu tempo.

A letra é uma inflexão filosófica sobre o caos moderno e como todo homem, mesmo que por absoluta omissão, é responsável pelo que acontece:

You, what do you own the world?
How do you own disorder
Now, somewhere between the sacred silence
Sacred silence and sleep
Somewhere, between the sacred silence and sleep
Disorder, disorder, disorder

Lançada como single, atingiu a modesta 70ª posição da parada norte-americana desta natureza. Mesmo assim, tornou-se uma das mais importantes canções da banda, merecendo até mesmo a produção de um videoclipe para promovê-la.



Foi eleita a 14ª colocada em uma eleição do canal VH1, 40 Greatest Metal Songs. É jogável nos games série Rock Band e Guitar Hero.



PSYCHO

“Psycho” apresenta a tradicional oscilação da banda, dentro de uma mesma música, entre passagens mais rápidas e lentas, mas desta vez ambas com muito peso. No meio da faixa ainda está presente um interlúdio mais melódico e com toques característicos do grupo, leve e bastante suave, com espaço para um solo de guitarra por parte de Daron.

A letra refere-se ao mundo de um dependente químico em cocaína:

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie, coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really wanna think and stop,
Stop your eyes from flowing out



AERIALS

“Aerials” é a decimal quarta e última faixa de Toxicity. Seu início tem uma pequena introdução suave que descamba em um riff pesado, mas repleto de influências tradicionais da banda, assim com as partes mais suaves e melódicas da composição. É o intercâmbio entre as passagens, realizado com extrema maestria, que a torna tão cativante. Incrível!

A letra, belíssima, é uma mensagem filosófica de libertação:

Life is a waterfall,
We drink from the river,
Then we turn around, put up our walls.
Swimming through the void
We hear the word,
We loose ourselves,
But we find it all

“Aerials” foi o terceiro single retirado de Toxicity, com direito a videoclipe promocional e conquistou a 55ª posição da principal parada de singles dos Estados Unidos.



Deu, também, ao grupo uma indicação ao Grammy de melhor performance de uma banda em Hard Rock, no ano de 2003. A banda sueca Amon Amarth fez uma versão para o clássico do SOAD.

Ao final do álbum, há a faixa escondida “Arto”, nomeada pela participação do cantor de origem turca-armênia Arto Tunçboyacıyan.



Considerações Finais

Lançado em 4 de setembro de 2001, Toxicity voou diretamente para o topo da parada norte-americana de álbuns, alcançando a estratosférica 1ª colocação! (Assim como no Canadá). Já no Reino Unido, obteve a honrosa 13ª posição.

A banda pretendia lançar o álbum em um show ao vivo, gratuito, na cidade de Hollywood, com uma estrutura montada para um público de aproximadamente 3500 pessoas, com a finalidade de agradecimento aos fãs. No entanto, cerca de 10000 pessoas apareceram para o concerto que, por problemas de segurança, foi impedido de ser realizado pela polícia local.

Como o cancelamento não foi avisado ao público que permaneceu algumas horas esperando, o resultado não poderia ter sido outro: momentos de selvageria e destruição do local, com prejuízo de aproximadamente 30 mil dólares somente em equipamento da banda.

Outro ponto marcante em Toxicity foi o fato de seu lançamento ter ocorrido exatamente uma semana antes do fatídico 11 de setembro de 2001, data do maior atentado terrorista ocorrido nos Estados Unidos.

Naquela semana o álbum já estava no Topo da parada norte-americana. Toda a explicável explosão de nacionalismo e patriotismo - que decorreram dos resultados catastróficos do atentado - acabaram culminando em uma lista de canções “proibidas” de execução em rádios e televisões e atingiram em cheio o conteúdo questionador das letras de Toxicity.

Mesmo assim, o álbum e os vídeos tiveram intensa circulação nas rádios e na MTV, com a banda tendo seu trabalho intensamente exposto. O grupo saiu em turnê conjunta com o Slipknot e, depois, contando com a presença dos alemães do Rammstein, ambas muito bem sucedidas.

Estima-se que Toxicity supere, mundialmente, a marca de 12 milhões de cópias vendidas.



Formação:
Serj Tankian – Vocal, Teclado
Daron Malakian – Guitarras, Backing Vocals
Shavo Odadjian – Baixo
John Dolmayan – Bateria

Faixas:
01. Prison Song (Tankian/Malakian) - 3:21
02. Needles (Tankian/Malakian) - 3:13
03. Deer Dance (Tankian/Malakian) - 2:55
04. Jet Pilot (Tankian/Odadjian/Malakian) - 2:06
05. X (Tankian/Malakian) - 1:58
06. Chop Suey! (Tankian/Malakian) - 3:30
07. Bounce (Tankian/Odadjian/Malakian) - 1:54
08. Forest (Tankian/Malakian) - 4:00
09. ATWA (Tankian/Malakian) - 2:56
10. Science (Tankian/Malakian) - 2:43
11. Shimmy (Tankian) - 1:51
12. Toxicity (Tankian/Odadjian/Malakian) - 3:39
13. Psycho (Tankian/Malakian) - 3:45
14. Aerials (Tankian/Malakian) - 6:11

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indicamos o acesso a: http://letras.mus.br/system-of-a-down/

Opinião do Blog:
O System Of A Down é, para este Blog, uma das melhores bandas que surgiu na música nos últimos 20 anos. Seu estilo único, inconfundível, traduz um grupo que transborda e transpira originalidade, catalisando uma identidade musical marcante e distinta.

A capacidade que o SOAD teve em fundir sua raiz cultural da Armênia no Rock/Metal ocidental, que é a matriz musical sonora do grupo, foi fundamental nesta formação da musicalidade da banda.

No fim da década de 90 e início dos anos 2000, os Estados Unidos viviam uma pretensa invulnerabilidade, ou seja, julgavam-se incapazes de serem recriminados ou atingidos por qualquer tipo de indagação social ou filosófica (ou até mesmo bélica). Era uma espécie de autossuficiência inquestionável.

Mas a banda System Of A Down dá um tremendo soco na cara desta hipocrisia ianque. É possível filosofar que a parte instrumental do som do grupo é uma simbologia de seu tempo.

Pode-se inferir que as partes suaves, leves e melódicas de seu som representam a aparente paz e estabilidade conseguidas pelos Estados Unidos (e demais nações poderosas do globo) nas últimas décadas.

As partes pesadas, furiosas e brutais representam toda a violência a que a humanidade está submetida, em nome da manutenção desta aparente paz social dos poderosos. Violência física, econômica e social, opressiva e massacrante, a que grande parte das pessoas sofre diariamente, representadas por guerras, fome, leis injustas e o que mais o leitor conseguir imaginar.

Ao fundir, dentro de uma mesma canção, toda a parte melódica descrita anteriormente com a parte pesada, brutal e furiosa a que se refere o parágrafo anterior, o System Of A Down mostra como a sociedade atual é hipócrita e dual, sofrendo um processo dialético que se entrelaça e complementa em uma aparente paz social de poucos a custa do sofrimento violento de muitos.

Claro, esta viagem psicológica na musicalidade do grupo só pode ser imaginada levando-se em conta as letras viscerais e orgânicas produzidas pela banda.

Este processo de intercalar suavidade e peso está todo presente na sonoridade do System Of A Down. Toxicity explode durante toda sua duração neste furor musical. Suas faixas são curtas, intensas e transbordam todo este sentimento.

Há construções belíssimas como “Chop Suey”, “Aerials”, “Toxicity” e “ATWA”, nas quais as melodias são de extrema beleza e o peso é dado na medida correta, complementando-se e se contrapondo de maneira perfeita.

Serj canta de maneira cativante e Daron constrói melodias e riffs com a mesma competência, enquanto a cozinha trabalha de maneira corretíssima.

As letras são verdadeiros tapas na face da sociedade (em especial a norte-americana). Quase sempre são filosóficas, intensas e dotadas de espírito crítico.

Enfim, dentro do famigerado New Metal, que trouxe uma enxurrada de bandas medíocres e outras apenas medianas, o System Of A Down é, de longe, o grupo mais brilhante associado ao estilo. Embora sua música seja impossível de se rotular. É Rock, e dos muito bons. Álbum obrigatório!