5 de maio de 2014

JAMES GANG - RIDES AGAIN (1970)


Rides Again é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana chamada James Gang. Seu lançamento oficial aconteceu em julho de 1970, com as gravações ocorrendo em novembro de 1969, no Record Plant Studios. O selo responsável foi o ABC Records e a produção ficou sob a responsabilidade de Bill Szymczyk.

Embora não tão conhecida do grande público em geral, o James Gang é uma importante banda do início dos anos 70, responsável por auxiliar no desenvolvimento e popularização do Hard Rock. Vai-se contar um pouco da história do grupo para depois se abordar o álbum especificamente.


O início do James Gang se atrela ao baterista Jim Fox. Por volta de 1965, Fox (entre entradas e saídas diversas) tocou com a banda The Outsiders, obtendo algum sucesso.

Após deixar definitivamente o The Outsiders para retomar os estudos, Jim Fox resolveu montar sua própria banda, pois estava bastante influenciado pelos grupos britânicos Beatles e Yardbirds. Seu colega de classe, Ronnie Silverman, também foi convidado a tomar parte do novo grupo.

Aliás, algumas fontes consultadas afirmam que foi Ronnie Silverman quem sugeriu o nome James Gang para o grupo.

O primeiro line-up do James Gang tinha Jim Fox na bateria, Ronnie Silverman como guitarrista-base, Tom Kriss no baixo, Phil Giallombardo nos vocais e teclados e Greg Grandillo na guitarra-solo.

Rapidamente, Grandillo foi substituído por Dennis Chandler (que tocaria com Chuck Berry, BB King, entre outros) e este, por sua vez, deu lugar a um guitarrista apenas conhecido como Mouse.

Ao ouvir o ótimo guitarrista Glen Schwartz (que tinha acabado de sair do exército) e saber que duas de suas influências eram o Spencer Davis Group e Jeff Beck, Fox ficou atônito e convidou Schwartz para participar do James Gang.

Mouse, no entanto, não ficou tão entusiasmado com a maneira de Glen tocar e deixou o grupo logo em seguida. Ronnie Silverman foi o próximo, deixando o conjunto para adentrar ao exército.

Bill Jeric foi então trazido para tocar ao lado de Schwartz. Infelizmente, não há gravações lançadas por qualquer uma destas primeiras formações da banda.

Por volta do Natal de 1967, Schwartz, que acabou sendo declarado desertor do exército e acabara de romper o relacionamento com sua esposa, decidiu deixar a banda e se mudar para a Califórnia, onde acabou formando o Pacific Gas & Electric.

Poucos dias depois , logo após o novo ano de 1968, um amigo de Schwartz, Joe Walsh (de uma banda chamada The Measles), bateu na porta de Fox e pediu por um teste como substituto de Glen.

Joe Walsh

Walsh foi aceito e a banda continuou como um quinteto por um curto período de tempo até que Giallombardo, que ainda estava na escola no momento, deixou o grupo.

Jeric e Walsh trabalharam juntos em partes de guitarra, mas Jeric acabou deixando a banda na primavera de 1968. Ele foi então substituído pelo antigo membro Ronnie Silverman, que havia sido dispensado do serviço militar.

Em maio de 1968, o grupo fez um show em Detroit no Motown's Grande Ballroom, fazendo a abertura para o Cream. Em cima da hora, Silverman informou aos outros que ele não iria se juntar à banda na apresentação. O James Gang, desesperado por dinheiro, subiu ao palco como um trio. Gostando de seu som como um trio, os caras decidiram permanecer dessa forma.

Em 1968, a banda assinou com o manager Mark Barger. Barger coloca o James Gang em contato com o produtor Bill Szymczyk, da ABC Records, que os contratou com a nova filial da ABC (Bluesway Records) em janeiro de 1969.

Em março de 1969, o grupo, agora composto por Fox, Kriss e Walsh e produzido por Szymczyk, lançou seu primeiro LP, Yer' Album. Um bom trabalho, no qual o blog destaca “Funk #48” e “Take A Look Around”.

Já em novembro de 1969 é a vez do baixista Tom Kriss deixar o James Gang, sendo substituído por Dale Peters.

Fox, Peters e Walsh

Naquele mesmo mês, o grupo se reúne no estúdio The Record Plant para gravarem seu segundo álbum de estúdio, com a produção a cargo de Bill Szymczyk.

James Gang Rides Again tem uma capa bastante simples. Vamos às faixas.

FUNK #49

Talvez a mais conhecida canção do James Gang abre o seu segundo álbum. “Funk #49” mostra um grupo baseado em um riff bem voltado para o Hard Rock dos anos setenta, pois possui certo peso, mas simultaneamente se tem doses elevadas de melodia. A percussão está bem presente no meio da música e o trabalho é todo bastante empolgante.

A letra é totalmente simples, mostrando um vazio na vida de alguém:

Out all night, sleep all day,
I know what you're doing.
If you're gonna a-act that way,
Think there's trouble brewing

“Funk #49” foi lançada como single para promover o álbum, atingindo a 59ª posição na parada norte-americana desta natureza.


A faixa acabou se tornando um clássico do Rock Setentista, especialmente nos Estados Unidos. Está presente em muitos filmes e séries de televisão, como parte da trilha sonora. Como exemplo, está no filme de horror The Devil’s Rejects (2005) e na série da HBO The Sopranos.

Também aparece em jogos de videogames, como GTA IV, Test Drive Unlimited e Rock Band, além de comerciais do canal Fox Sports 1 nos Estados Unidos.



ASSHTON PARK

Seguindo a linha apresentada na primeira faixa, “Asshton Park” também possui um riff inspirado e repleto de melodia, que é a base sólida desta bastante curta canção. Trata-se de uma música instrumental. Bem legal.



WOMAN

A terceira música do álbum mostra a banda apostando mais pesadamente na sonoridade Hard, mas com fortes influências do Blues Rock. O riff principal da faixa é excelente, dando um clima muito intenso à canção. Grandioso momento do disco.

A letra tem conotação de flerte e é bem sensual:

Oh, woman, yeah
I don't want you to act so bad
Woman, yeah, yeah, yeah
You're the best thing I ever had
Wanna take you home, spend my time with you
You see it, babe, it's clear that I miss you



THE BOMBER

A quarta música de Rides Again é na verdade uma fusão de 3 diferentes canções: “Closet Queen” é uma composição própria do grupo; uma versão para “Boléro”, composição de Maurice Ravel; e “Cast Your Fate To The Wind”, de Vince Guaraldi. É uma faixa com bastante variação e muito interessante.

A letra de “Closet Queen” se refere à rebeldia juvenil:

When I became of age my mama sat me down
Said "Son, you've grown up, it's time you look around"
So I began to notice some things I hadn't seen before
That's what brought me here knockin' on your back door
Oh, yeah



TEND MY GARDEN

Repleta de melodia e sensibilidade é “Tend My Garden”, a quinta faixa do trabalho. Os vocais de Joe Walsh se casam perfeitamente com a musicalidade da canção, tornando-a ainda mais interessante. Não é exatamente uma balada, mas flerta com este tipo de música. Outro bom momento do disco.

A letra tem sentido romântico:

Flowers, she's sittin' for poses
She wants me to sing my song
Hours, she's a like a stoned Moses
Guess, I'll sing along, yeah yeah



GARDEN GATE

Outra canção bastante curta é “Garden Gate”. Sendo basicamente acústica, destacam-se o violão e a voz de Walsh, fazendo um momento mais melancólico do álbum, embora seja interessante como quebra do ritmo do disco.

A letra é bonita e é uma metáfora sobre a imprevisibilidade da vida:

The captain's in the chartroom
Navigating on a star
Can't know where we're going
'Cause he don't know where we are
Don't you think I don't know
How to tell the time
Can't you see you can't sell me 



THERE I GO AGAIN

“There I Go Again” segue o momento mais bucólico do trabalho, que tem uma levada mais calma e tranquila, com um clima quase acústico. A interpretação de Walsh se mostra perfeita para a sonoridade desenvolvida na faixa. Se falta peso e distorções, a banda compensa com feeling e bom gosto.

A letra se refere a uma decepção amorosa:

It may be I find my way
Not seeing her again
Tomorrow is a brighter day
Why should I pretend?
I know I won't see her again
We've gone our separate ways
Thinkin' of her now and then
Don't have much say



THANKS

“Thanks” também conta com uma levada mais suave, no violão, constituindo-se em uma balada que também demonstra o talento do grupo em compor este tipo de canção. O destaque fica para Walsh, o qual canta com muita emoção.

A letra é inteligente, misturando os sentidos de gratidão e crítica:

Thanks to them that feed you
Give the dog a bone
Thanks to them that give you
You haven't got your own
That's the way the world is
Get just what you can
Wake up again tomorrow
A little less a man
Yeah, oh, yeah



ASHES, THE RAIN AND I

A nona – e última – música de Rides Again é “Ashes, The Rain and I”. O lento e envolvente início da canção cria um clima bastante intenso para a mesma, que bebe fartamente na fonte do Blues mais melancólico aliada à presença de algumas orquestrações. O ritmo é mais calmo e bucólico, mas funciona de maneira bem interessante, fechando bem o trabalho.

A letra é bem pequena, mas repleta de significação. Reflete como a vida passa diante de nós sem que nos demos conta:

Sometimes I sit and I stare at the rain
Isn't rain filled with sorrow?
Wonder if I'll see my home again
Will it be dry tomorrow?
Time passes softly and I'm a day older
But still I'm living days gone by
Ashes to Ashes, the rain's turning colder
Finding tomorrow, the ashes, the rain and I



Considerações Finais

O álbum acabou por fazer algum barulho após seu lançamento, conquistando a 20ª posição da Billboard, a principal parada de sucesso norte-americana. Muito devido à boa repercussão de seu maior sucesso, “Funk #49”.

Também a crítica especializada recebeu o álbum de maneira positiva, destacando a melhora especialmente de Joe Walsh como compositor.

O resultado do sucesso do lançamento se refletiu no convite para o grupo ser a banda de abertura para a turnê norte-americana dos ingleses do The Who. O guitarrista Pete Townshend ficaria tão impressionado com o desempenho do James Gang que acabou os convidando para também fazer a abertura da turnê britânica do grupo!

No ano seguinte, o James Gang voltaria à Europa. Durante a turnê que promovia Rides Again, a banda acabou por dividir o palco com nomes consagrados como Grand Funk Railroad, Kinks e mesmo o fabuloso Led Zeppelin.



Formação:
Joe Walsh - Guitarras, Teclados, Piano, Percussão, Vocal
Dale Peters - Baixo, Teclados, Percussão, Backing Vocals
Jim Fox - Bateria, Percussão, Teclados, Órgão, Piano, Backing Vocals

Faixas:
01. Funk #49 (Fox/Peters/Walsh) – 3:54
02. Asshton Park (Fox/Peters/Walsh) – 2:01
03. Woman (Fox/Peters/Walsh)  – 4:37
04. The Bomber – 7:04
I - Closet Queen (Fox/Peters/Walsh)
II - Boléro  (Maurice Ravel)
III - Cast Your Fate to the Wind (Vince Guaraldi)
05. Tend My Garden (Walsh) – 5:45
06. Garden Gate (Walsh) – 1:36
07. There I Go Again (Walsh) – 2:51
08. Thanks (Walsh) – 2:21
09. Ashes, the Rain and I" (Peters/Walsh) – 5:00

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/james-gang/

Opinião do Blog:
O James Gang é mais uma banda do Rock Setentista a aparecer aqui no Blog, mostrando a admiração que este blogueiro tem pelo Hard Rock produzido naquela década. Embora não seja dos nomes mais conhecidos do público em geral, o grupo merece reconhecimento.

As inúmeras mudanças de formação podem ter atrapalhado a evolução natural do conjunto. Mas por suas linhas passaram pelo menos dois grandes nomes do Rock: Tommy Bolin (que foi o substituto de Ritchie Blackmore no Deep Purple na sua primeira saída, em 1975) e Joe Walsh, este que ficaria mundialmente conhecido por seu trabalho com a banda Eagles.

A fase que este blogueiro prefere da banda é justamente a que contava com Joe Walsh como líder e principal compositor. Os 3 primeiros álbuns do James Gang (os 3 que contam com Walsh) são extremamente recomendados aos leitores do Blog.

Mas o seu ponto mais alto é mesmo Rides Again. E aqui se pode observar 2 bandas “diferentes”.

A primeira é o James Gang mais pesado, flertando deliberadamente com o Hard Rock seminal da época de seu lançamento, presente nas 5 músicas iniciais do trabalho. Há riffs mais fortes e pesados, preenchendo o ambiente e sendo a base das canções.

Nas 4 faixas finais do disco, o James Gang mostra seu lado mais sensível, abusando mais do feeling, em levadas mais suaves e melódicas, muitas vezes quase acústicas. Entretanto, em ambas facetas percebe-se que a banda bebeu na fonte do Blues.

O destaque do álbum é o grande Joe Walsh, o qual canta de maneira perfeita para casar sua voz à sonoridade apresentada pelo grupo. Tudo é feito com absolutos talento e bom gosto.

“Woman” é uma excelente canção, assim como as belas “Tend My Garden” e “Ashes, The Rain and I”. Além disto há a incrível “Funk #49”, música que é um símbolo do grupo.

Com um álbum extremamente acima da média, o James Gang deixou um grande disco para a história do Rock. Ouça-o mais de uma vez e procure pelo menos os 3 primeiros discos do grupo, pois são extremamente recomendados pelo Blog. Até o próximo post!

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