10 de setembro de 2014

TRAPEZE - MEDUSA (1970)


Medusa é o segundo álbum da banda inglesa chamada Trapeze. Seu lançamento oficial ocorreu em 13 de novembro de 1970, através do selo Threshold Records. A produção ficou sob a responsabilidade de John Lodge.

Bem longe – e bota longe nisso – de ser um sucesso comercial, o Trapeze é outra banda seminal do nascente Hard Rock setentista. Entretanto, Medusa, seu segundo álbum, é uma das melhores obras já realizadas dentro do estilo.

O Trapeze foi formado no ano de 1968, na cidade britânica chamada Wolverhampton.

O grupo se originou da parceria entre o vocalista John Jones e o guitarrista e tecladista Terry Rowley, ambos ex-membros de um grupo chamado Montanas, banda que ficou conhecida pelo seu hit “You've Got to Be Loved”.

Juntaram-se à dupla o cantor e guitarrista Mel Galley, o baterista Dave Holland e um jovem baixista de nome Glenn Hughes.

Glenn Hughes

Com esta formação, o grupo passou a ensaiar e se apresentar bastante para chamar o interesse de alguma gravadora.

E o interesse surgiu, com o Trapeze assinando contrato com a gravadora Threshold Records, que pertencia à banda The Moody Blues.

Logo em maio de 1970 o Trapeze lançou seu primeiro álbum, autointitulado, com produção de John Lodge, o baixista e vocalista do The Moddy Blues.

O que se ouve é um Hard Rock ainda em desenvolvimento, obviamente influenciado pela sonoridade Rock da década anterior.

Destaques para a ótima “Nancy Gray”, a brilhante canção denominada “Fairytale”, que mistura peso a belíssimas melodias, além de outra bela composição chamada “Send Me No More Letters”.

Logo após o seu lançamento e devido, talvez, sua baixa repercussão, o vocalista John Jones e o guitarrista e tecladista Terry Rowley resolvem deixar o Trapeze.

A dupla acabou retornando para a banda Montana.

Assim, o trio remanescente formado por Mel Galley, Dave Holland e Glenn Hughes decide continuar com o grupo.

Dave Holland

Pouco tempo depois, ainda em 1970, a banda resolve gravar e lançar seu segundo disco, agora apenas como um trio, denominado Medusa.

A banda daria um tiro certeiro ao colocar o baixista Glenn Hughes como vocalista, apostando na potência de sua excepcional voz!

A arte da capa é obra de Phil Travers. Vamos às faixas:

BLACK CLOUD

Já na primeira faixa de Medusa o ouvinte pode sentir que a banda procurava novos caminhos. O riff inicial já demonstra que o Trapeze estava buscando se envolver mais com o Hard Rock setentista, embora sem deixar sua veia melódica. Bela composição!

A letra trata de fugacidade do tempo:

No time to stop, keep on movin'
'Cause all the world is to see
No time to think
The thing that I am missing
Wherever I go
The black cloud's following me



JURY

O início de “Jury” mostra a bela veia melódica do grupo até que um riff pesado e visceral toma conta da faixa. O ritmo é cadenciado, de certa forma arrastado (no melhor sentido), mas o grande destaque são os vocais de Glenn Hughes, simplesmente fabulosos! Música extraordinária!

A letra é boa, apontando um julgamento com diversos sentidos:

Gave them their chances
They fell to the ground
I gave them all they had
But they were not around
They could not love
They could not love
Oh, they fell to the ground
And I'm coming home



YOUR LOVE IS ALRIGHT

Em “Your Love Is Alright” o Trapeze dá uma amostra de como o estilo Funk (o norte-americano, óbvio) influenciou a carreira de Glenn Hughes. O riff principal da canção possui toda a malícia e melodia do supracitado estilo, mantendo a força e personalidade do Hard Rock. Música bastante interessante.

A letra tem conotação romântica:

I've had bad bad times
People say that I'm rough
Why I can't tell you, baby
I can't tell you enough
For listen to me darlin', babe
What I have to say
You cannot be ashamed
To love today



TOUCH MY LIFE

Um riff cheio de melodia e ritmo é a marca inicial da quarta faixa de Medusa, “Touch My Life”. A música se desenvolve dentro do estilo Hard Rock setentista, sendo direta e forte. É a menor canção do álbum, mesmo assim de bastante qualidade.

A letra tem temática romântica:

Good morning, love, I hope you will stay
All of my life you've been running away
Around and around
Never turning inside
I've got a love, a love I can't hide



SEAFULL

Uma das mais belas melodias embala a quinta faixa do disco, “Seafull”. O ritmo é lento e cadenciado, mas repleto de intensidade, combinando totalmente com a atuação vocal de Glenn Hughes, a qual é espetacular. “Seafull” é uma das mais belas baladas de todos os tempos, tornando desnecessário muitas palavra para a descrever.

A letra combina perfeitamente com a melodia, transmitindo intensidade e tensão:

Sowing the seeds of love right here
Stretch out your light
To shade in the past
Now he who speaks
Can tell in our time
Gone is the day
And now here comes the night



MAKES YOU WANNA CRY

O ritmo muda completamente na sexta música de Medusa, “Makes You Wanna Cry”. O riff é repleto de melodia e ritmo, mas mantém certo peso, em um andamento mais arrastado. Entretanto, a canção cativa por sua simplicidade.

A letra inspira as pessoas para o recomeço:

With love all around now
Not sun in the sky
The wind kissed the trees
To the bird's lullaby
Makes you wanna cry
Makes you wanna cry



MEDUSA

A sétima – e última – faixa de Medusa é homônima ao álbum, ou seja, também se chama “Medusa”. Seu início é suave e envolvente, mas depois a música se transforma em um Hard Rock forte e vigoroso, esbanjando vitalidade, muito por conta de um riff pesado e dos vocais agressivos de Hughes. O solo é excelente. Canção maravilhosa!

A letra tem referência ao mito grego de Medusa:

I've got myself to blame
Through talking to your brother
Too late to say I'll stay
Too late to say I'll bother



Considerações Finais

Apesar da qualidade indiscutível de Medusa, o álbum passou praticamente sem causar qualquer barulho após seu lançamento, nem mesmo repercutindo em termos de paradas de sucessos.

Desta maneira, o sucesso comercial do grupo foi mínimo. Mesmo assim, a banda continuou excursionando intensamente, tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos.

Foi em terras norte-americanas que o Trapeze chegou a fazer barulho, especialmente no Texas, onde foi influência para um novo grupo que surgia: o ZZ Top!

Foi com o passar do tempo que Medusa, e consequentemente o Trapeze, passou a ser reconhecido como merecia, em especial quando Glenn Hughes foi ficando mais conhecido por seus trabalhos no Deep Purple e na sequencia de sua carreira.



Formação:
Dave Holland - Bateria
Glenn Hughes - Baixo, Piano, Vocais
Mel Galley – Guitarra

Faixas:
01. Black Cloud (M. Galley/T. Galley) – 6:13
02. Jury (Galley/Galley) – 8:10
03. Your Love Is Alright (Galley/Hughes/Holland) – 4:54
04. Touch My Life (Galley/Galley) – 4:06
05. Seafull (Hughes) – 6:34
06. Makes You Wanna Cry (Galley/Galley) – 4:41
07. Medusa (Hughes) – 5:40

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a: https://letras.mus.br/trapeze/

Opinião do Blog:
Medusa é uma destas joias da década de 70 que foram redescobertas com o passar do tempo e que passaram praticamente despercebidas na época de seu lançamento.

O Trapeze também só ficou mais conhecido quando, principalmente, o baixista Glenn Hughes acabou se destacando em sua carreira como músico de vários grupos e em sua carreira-solo.

A atuação dos três músicos no trabalho é excelente. Mas, em especial, é o baixista Glenn Hughes quem mais brilha no álbum. Sua voz, bela e poderosa, contagia em praticamente todo o disco, tanto quando o ritmo é mais alegre ou nos momentos mais intimistas.

Não há música de enchimento neste álbum. Todas as faixas são no mínimo ótimas. Mas não há como não destacar a excepcional “Medusa”, a excelente “Jury” e a indescritível “Seafull”, esta uma das melhores canções da história da música.

Enfim, não há muito o que se dizer. Medusa é uma das pérolas mais preciosas dos anos 70. Álbum obrigatório para qualquer fã de Rock e uma aula de bom gosto. Disco espetacular!

2 comentários:

  1. Estava ouvindo recentemente esse disco pela primeira vez em mais de um ano, obra-prima do Trapeze e um dos melhores discos que o Glenn Hughes gravou em sua extensa e variada carreira. Lembro de ter comprado o CD num sebo quase no escuro - só conhecia o Trapeze de nome por causa do Deep Purple - e quando coloquei para tocar, "Black Cloud" me pegou logo de cara, e o que veio depois me fez gostar da banda por seus próprios méritos (embora o primeiro LP seja meio chatinho, admito). A reedição recente em CD triplo é muito boa, com material ao vivo adicional. Recentemente li que Hughes se arrepende de ter trocado o Trapeze pelo Deep Purple; confesso que fiquei meio desapontado, porque se artisticamente ele não lucrou, por outro lado, ele não teria atingido o status que alcançou sem o Purple. Enfim, o bom é poder curtir novamente "Black Cloud", "Seafull" e a faixa-título, que são excelentes (sem desmerecer o resto do álbum!), sem esquecer de "Your Love is Alright" e "Touch my Life", ambas funky até a medula, como convém ao mestre Hughes.

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    1. Esse álbum é uma jóia recuperada dos anos 70 e é muito menos comentado do que deveria. Eu tenho ele em altíssima conta.

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