Medusa é o segundo álbum da banda inglesa chamada
Trapeze. Seu lançamento oficial ocorreu em 13 de novembro de 1970, através do
selo Threshold Records. A produção ficou sob a responsabilidade de John Lodge.
Bem longe – e bota longe nisso – de ser um sucesso
comercial, o Trapeze é outra banda seminal do nascente Hard Rock setentista.
Entretanto, Medusa, seu segundo álbum, é uma das melhores obras já realizadas
dentro do estilo.
O Trapeze foi formado no ano de 1968, na cidade
britânica chamada Wolverhampton.
O grupo se originou da parceria entre o vocalista
John Jones e o guitarrista e tecladista Terry Rowley, ambos ex-membros de um
grupo chamado Montanas, banda que ficou conhecida pelo seu hit “You've Got to Be
Loved”.
Juntaram-se à dupla o cantor e guitarrista Mel
Galley, o baterista Dave Holland e um jovem baixista de nome Glenn Hughes.
Glenn Hughes |
Com esta formação, o grupo passou a ensaiar e se
apresentar bastante para chamar o interesse de alguma gravadora.
E o interesse surgiu, com o Trapeze assinando
contrato com a gravadora Threshold Records, que pertencia à banda The Moody
Blues.
Logo em maio de 1970 o Trapeze lançou seu primeiro
álbum, autointitulado, com produção de John Lodge, o baixista e vocalista do
The Moddy Blues.
O que se ouve é um Hard Rock ainda em
desenvolvimento, obviamente influenciado pela sonoridade Rock da década
anterior.
Destaques para a ótima “Nancy Gray”, a brilhante
canção denominada “Fairytale”, que mistura peso a belíssimas melodias, além de
outra bela composição chamada “Send Me No More Letters”.
Logo após o seu lançamento e devido, talvez, sua
baixa repercussão, o vocalista John Jones e o guitarrista e tecladista Terry
Rowley resolvem deixar o Trapeze.
A dupla acabou retornando para a banda Montana.
Assim, o trio remanescente formado por Mel Galley,
Dave Holland e Glenn Hughes decide continuar com o grupo.
Dave Holland |
Pouco tempo depois, ainda em 1970, a banda resolve
gravar e lançar seu segundo disco, agora apenas como um trio, denominado Medusa.
A banda daria um tiro certeiro ao colocar o
baixista Glenn Hughes como vocalista, apostando na potência de sua excepcional
voz!
A arte da capa é obra de Phil Travers. Vamos às
faixas:
BLACK CLOUD
Já na primeira faixa de Medusa o ouvinte pode
sentir que a banda procurava novos caminhos. O riff inicial já demonstra que o
Trapeze estava buscando se envolver mais com o Hard Rock setentista, embora sem
deixar sua veia melódica. Bela composição!
A letra trata de fugacidade do tempo:
No time to stop, keep on movin'
'Cause all the world is to see
No time to think
The thing that I am missing
Wherever I go
The black
cloud's following me
JURY
O início de “Jury” mostra a bela veia melódica do
grupo até que um riff pesado e visceral toma conta da faixa. O ritmo é
cadenciado, de certa forma arrastado (no melhor sentido), mas o grande destaque
são os vocais de Glenn Hughes, simplesmente fabulosos! Música extraordinária!
A letra é boa, apontando um julgamento com diversos
sentidos:
Gave them their chances
They fell to the ground
I gave them all they had
But they were not around
They could not love
They could not love
Oh, they fell to the ground
And I'm
coming home
YOUR LOVE IS ALRIGHT
Em “Your Love Is Alright” o Trapeze dá uma amostra
de como o estilo Funk (o norte-americano, óbvio) influenciou a carreira de
Glenn Hughes. O riff principal da canção possui toda a malícia e melodia do
supracitado estilo, mantendo a força e personalidade do Hard Rock. Música
bastante interessante.
A letra tem conotação romântica:
I've had bad bad times
People say that I'm rough
Why I can't tell you, baby
I can't tell you enough
For listen to me darlin', babe
What I have to say
You cannot be ashamed
To love today
TOUCH MY LIFE
Um riff cheio de melodia e ritmo é a marca inicial
da quarta faixa de Medusa, “Touch My Life”. A música se desenvolve dentro do
estilo Hard Rock setentista, sendo direta e forte. É a menor canção do álbum,
mesmo assim de bastante qualidade.
A letra tem temática romântica:
Good morning, love, I hope you will
stay
All of my life you've been running
away
Around and around
Never turning inside
I've got a love, a love I can't hide
SEAFULL
Uma das mais belas melodias embala a quinta faixa
do disco, “Seafull”. O ritmo é lento e cadenciado, mas repleto de intensidade,
combinando totalmente com a atuação vocal de Glenn Hughes, a qual é
espetacular. “Seafull” é uma das mais belas baladas de todos os tempos,
tornando desnecessário muitas palavra para a descrever.
A letra combina perfeitamente com a melodia,
transmitindo intensidade e tensão:
Sowing the seeds of love right here
Stretch out your light
To shade in the past
Now he who speaks
Can tell in our time
Gone is the
day
And now here comes the night
MAKES YOU WANNA CRY
O ritmo muda completamente na sexta música de
Medusa, “Makes You Wanna Cry”. O riff é repleto de melodia e ritmo, mas mantém
certo peso, em um andamento mais arrastado. Entretanto, a canção cativa por sua
simplicidade.
A letra inspira as pessoas para o recomeço:
With love all around now
Not sun in the sky
The wind kissed the trees
To the bird's lullaby
Makes you
wanna cry
Makes you
wanna cry
MEDUSA
A sétima – e última – faixa de Medusa é homônima ao
álbum, ou seja, também se chama “Medusa”. Seu início é suave e envolvente, mas
depois a música se transforma em um Hard Rock forte e vigoroso, esbanjando
vitalidade, muito por conta de um riff pesado e dos vocais agressivos de
Hughes. O solo é excelente. Canção maravilhosa!
A letra tem referência ao mito grego de Medusa:
I've got myself to blame
Through talking to your brother
Too late to say I'll stay
Too late to say I'll bother
Considerações Finais
Apesar da qualidade indiscutível de Medusa, o álbum
passou praticamente sem causar qualquer barulho após seu lançamento, nem mesmo
repercutindo em termos de paradas de sucessos.
Desta maneira, o sucesso comercial do grupo foi
mínimo. Mesmo assim, a banda continuou excursionando intensamente, tanto no
Reino Unido quanto nos Estados Unidos.
Foi em terras norte-americanas que o Trapeze chegou
a fazer barulho, especialmente no Texas, onde foi influência para um novo grupo
que surgia: o ZZ Top!
Foi com o passar do tempo que Medusa, e
consequentemente o Trapeze, passou a ser reconhecido como merecia, em especial
quando Glenn Hughes foi ficando mais conhecido por seus trabalhos no Deep
Purple e na sequencia de sua carreira.
Formação:
Dave Holland - Bateria
Glenn Hughes - Baixo, Piano, Vocais
Mel Galley – Guitarra
Faixas:
01.
Black Cloud (M. Galley/T. Galley) – 6:13
02.
Jury (Galley/Galley) – 8:10
03.
Your Love Is Alright (Galley/Hughes/Holland) – 4:54
04.
Touch My Life (Galley/Galley) – 4:06
05.
Seafull (Hughes) – 6:34
06.
Makes You Wanna Cry (Galley/Galley) – 4:41
07.
Medusa (Hughes) – 5:40
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o
acesso a: https://letras.mus.br/trapeze/
Opinião do
Blog:
Medusa é uma destas joias da década de 70 que foram
redescobertas com o passar do tempo e que passaram praticamente despercebidas
na época de seu lançamento.
O Trapeze também só ficou mais conhecido quando,
principalmente, o baixista Glenn Hughes acabou se destacando em sua carreira
como músico de vários grupos e em sua carreira-solo.
A atuação dos três músicos no trabalho é excelente.
Mas, em especial, é o baixista Glenn Hughes quem mais brilha no álbum. Sua voz,
bela e poderosa, contagia em praticamente todo o disco, tanto quando o ritmo é
mais alegre ou nos momentos mais intimistas.
Não há música de enchimento neste álbum. Todas as
faixas são no mínimo ótimas. Mas não há como não destacar a excepcional “Medusa”,
a excelente “Jury” e a indescritível “Seafull”, esta uma das melhores canções
da história da música.
Estava ouvindo recentemente esse disco pela primeira vez em mais de um ano, obra-prima do Trapeze e um dos melhores discos que o Glenn Hughes gravou em sua extensa e variada carreira. Lembro de ter comprado o CD num sebo quase no escuro - só conhecia o Trapeze de nome por causa do Deep Purple - e quando coloquei para tocar, "Black Cloud" me pegou logo de cara, e o que veio depois me fez gostar da banda por seus próprios méritos (embora o primeiro LP seja meio chatinho, admito). A reedição recente em CD triplo é muito boa, com material ao vivo adicional. Recentemente li que Hughes se arrepende de ter trocado o Trapeze pelo Deep Purple; confesso que fiquei meio desapontado, porque se artisticamente ele não lucrou, por outro lado, ele não teria atingido o status que alcançou sem o Purple. Enfim, o bom é poder curtir novamente "Black Cloud", "Seafull" e a faixa-título, que são excelentes (sem desmerecer o resto do álbum!), sem esquecer de "Your Love is Alright" e "Touch my Life", ambas funky até a medula, como convém ao mestre Hughes.
ResponderExcluirEsse álbum é uma jóia recuperada dos anos 70 e é muito menos comentado do que deveria. Eu tenho ele em altíssima conta.
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