Spreading
The Disease é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana
Anthrax. Seu lançamento oficial aconteceu em 30 de outubro de 1985,
com as gravações ocorrendo no Pyramid Sound Studios, em New York,
Estados Unidos. O selo responsável foi o Megaforce Records, com a
produção sob responsabilidade de Carl Canedy, Jon Zazula e da
própria banda.
O Anthrax
volta ao Blog agora com seu segundo álbum. Um breve histórico será
apresentado antes de se ter o foco no disco propriamente dito.
Fistful
Of Metal, lançado em janeiro de 1984, foi o álbum de estreia do
Anthrax, resultado de alguns anos de batalha e insistência pelo
sucesso por parte da banda. Nele, canções como “Metal Thrashing
Metal” e o cover de Alice Cooper, “I'm Eighteen”, destacam-se.
Logo
após, o baixista Danny Lilker deixa o grupo, devido às tensões
criadas pelo seu comportamento pouco profissional. Lilker formaria
outra banda de sucesso, o Nuclear Assault.
O
substituto para a posição de baixista surgiu no sobrinho do
baterista Charlie Benante – e também roadie da banda – Frank
Bello.
Em Agosto
de 1984, Turbin foi demitido da banda, formando um novo grupo chamado
Deathriders.
Scott Ian |
Em seu
livro Eddie Trunk’s Essential Hard Rock and Heavy Metal, o
jornalista musical Eddie Trunk admitiu que chegou a pressionar o
produtor Jon Zazula e a própria banda pela demissão de Turbin.
O Anthrax chegou a se apresentar como um quarteto, com o guitarrista
Scott Ian nos vocais, com um repertório de covers dos estilos punk e
hardcore.
Também Matt Fallon chegou a ser contratado como vocalista substituto
temporariamente.
A escolha para o posto de vocalista foi por Joey Belladona.
Joey Belladonna |
Com ele, a banda grava e lança já no ínício de 1985 o EP Armed
and Dangerous, o qual continha 2 faixas ao vivo e 2 canções de um
single chamado “Soldiers Of Metal”.
Mais tarde, também em 1985, Ian, Benante e Lilker colaboraram com o
vocalista Billy Milano para produzir o álbum satírico Speak English
or Die, como a banda chamada Stormtroopers of Death.
Depois se reuniram em Ithaca, no Pyramid Sound Studios, para gravarem seu segundo álbum de estúdio, que se tornaria Spreading The Disease.
A capa é bem bacana. Vamos às faixas:
A.I.R.
A pequena introdução mais cadenciada e clássica pode enganar o ouvinte de primeira viagem, mas logo depois dos 30 segundos de execução a típica fúria Thrash Metal toma conta da sonoridade. Belladonna diz a que veio com uma interpretação muito boa. Velocidade, ritmo e peso nas medidas exatas. Muito bom começo.
A letra é excelente e versa sobre os problemas da adolescência:
Who
are you gonna live your life for?
Conformity
will trap you like a locked door
Independence
means owning your decision's
Authority
will put your soul in prison
LONE
JUSTICE
Um baixo bastante presente dá às cartas no início da faixa, que logo desemboca em um riff típico do Thrash Metal, rápido, intenso e com certo peso, mas sem abrir mão de uma melodia envolvente. Belladonna tem uma de suas atuações mais brilhantes em toda sua carreira, dando a única interpretação com a intensidade que a música solicita. Momento brilhante, em uma das melhores composições de toda a discografia do Anthrax.
A letra também é ótima, baseada na personagem Judge Dredd:
Then
he with his squint-eyed grin and stubbled chin
He
rides through history
The
jury, in his mind the choices weigh
The
trials, if you're gulity you're his prey
No
judgement otherwise can change the lust
That's
in his eyes
The
sentence, will be carried out in stride
MADHOUSE
"Madhouse" possui um riff pesadíssimo e inconfundível e, embora o ritmo seja um pouquinho mais cadenciado que o das faixas anteriores, o peso é ainda mais impactante. Tanto a ponte quanto o refrão são espetaculares, cativando ainda mais o ouvinte. Trata-se de outra composição clássica, certamente entre as melhores da carreira da banda.
A letra outra vez é muito boa, em tom crítico à vida em um
hospício:
White
coats to bind me, out of control
I live
alone inside my mind
World
of confusion, air filled with noise
Who
says that my life's such a crime?
Foi lançada como o principal single proveniente de Spreading the
Disease, embora não tenha causado nenhuma repercussão em qualquer
parada de sucesso.
Um videoclipe foi feito para promover a música, mas teve pouca
circulação, acabando por ser banido da MTV norte-americana, por,
supostamente, zombar dos doentes mentais.
Tornou-se um clássico da banda e presença constante nos shows do
grupo.
A música está presente em games como GTA, Guitar Hero II e Rock
Band. O Pantera lançou uma versão cover, gravada ao vivo, em 1987.
S.S.C/STAND
OR FALL
A quarta faixa traz um riff muito veloz e rápido e intenso, característico do estilo proposto pela banda no trabalho. Em alguns momentos, a sonoridade traz influências que podem ser atribuídas ao Iron Maiden de álbuns como The Number Of The Beast (1982). Boa composição.
A letra possui o sentido de luta por justiça:
Right
now my new life has begun
I have
to stand tall I can't run
They're
trying to take it away
I'm
fighting the battle I...
THE
ENEMY
Em "The Enemy", o grupo traz uma pegada muito mais clássica, bem tradicional, que remete diretamente a bandas como o Black Sabbath da fase Dio. Pois, com uma fonte tão rica, o Anthrax imprime sua personalidade musical ao estilo e compôs uma faixa muito boa, contando com um ritmo intenso, pesado, entretanto, repleto de melodia. Mais para o final da faixa, a trilha Thrash está de volta com um ótimo solo.
A letra faz referência ao holocausto:
He is
but a solitary man
Whose
prejudice will spread like a flame
Throughout
the land
He's
enslaving those who will be free
Etching
his own name in black
For
all of us to hear and see
AFTERSHOCK
O Thrash Metal, com a tradicional influência hardcore, está de volta em "Aftershock". O Anthrax usa de um típico riff do estilo, bem direto, pesado e veloz, com Belladonna em uma boa atuação e Benante bastante presente na bateria.
A letra tem sentido crítico em relação à política:
Never
again we cannot depend
On
leaders who see things so blind
Time
will not lend, and never amend
A
lesson for all mankind
ARMED
AND DANGEROUS
Um início bastante suave e melódico, com uma belíssima melodia e com uma atuação bastante impressiva de Belladonna, marca a introdução de "Armed and Dangerous". Depois, a banda desenvolve uma pegada que faz a fusão precisa entre o Heavy Metal tradicional e o Thrash Metal, compondo outra das mais brilhantes músicas da discografia da banda. Excelente canção.
A letra propõe a luta por liberdade:
Am I
evil, or am I insane
The
lion inside of me, is no longer tame
A
blade in my left, a gun in my right
To
beat you within, an inch of your life
MEDUSA
Peso e intensidade, em um ritmo mais cadenciado, perfazem-se em um riff extremamente cativante e típico do grupo. A pegada Hevy/Thrash é a sonoridade proposta e o resultado final é impressionante, pois o ouvinte está diante de mais um clássico da banda. Excelente momento do disco.
A letra foca no mito grego da Medusa:
Serpents
bride, the end awaits
Human
prey, no swords or armor
Shield
you from your fate
Hey
you, you can't escape
Wicked
smile, full of lies
Head
of snakes, approch her cave
But
don't look in her eyes
Oh,
her eyes
GUNG-HO
A nona - e última - faixa de Spreading The Disease é "Gung-Ho". Trata-se de um Thrash Metal típico, direto, intenso e brutal. O peso é absurdo, assim como a velocidade do riff, com a banda construindo uma pérola do Thrash Metal. Uma forma mais ríspida de se encerrar o álbum.
A letra tem caráter militar:
Raging
on the warpath, storming through the town
Blowing
it to pieces, killing all around
Stand
in our way, if you've got the balls
In a
hail of bullets, your nailed to the wall
Considerações Finais
Apesar da qualidade inquestionável do trabalho, Spreading The
Disease passou praticamente em branco no que tange ao sucesso
comercial.
Atingiu a mais que modestíssima 113ª posição da principal parada
norte-americana de álbuns e passou em branco em todas as demais.
Mas as revisões feitas pelos críticos especializados são em geral
bastante positivas, como as realizadas pelo Allmusic, Kerrang! e
Sputinik.
Turnês nos EUA e na Europa se seguiram durante o ano posterior. A
tour norte-americana, com o Black Sabbath, foi cancelada após quatro
datas devido a problemas com a voz do vocalista Glenn Hughes, então
no Sabbath.
Em abril de 1986 o Anthrax tentou sua primeira turnê pela Europa, a
qual incluiria um show perto de Chernobyl imediatamente após o
famoso desastre nuclear ocorrido na ainda então União Soviética.
Em maio daquele ano a banda tocou em seu primeiro show europeu, em
Bochum, Alemanha, apoiada pelos grupos Overkill e Agent Steel.
Mais tarde, no mesmo ano, o Anthrax excursionou pela Europa com o
Metallica. A turnê começou em 10 de setembro, no St David's Hall,
em Cardiff, no País de Gales, e terminou em 26 de setembro, em
Solnahallen, Suécia.
O show sueco foi a última apresentação do Anthrax antes do
acidente com o ônibus do Metallica no dia seguinte, que matou o seu
baixista, o lendário Cliff Burton.
Formação
Joey Belladonna - Vocal
Dan Spitz - Guitarra
Scott Ian - Guitarra, Backing Vocals
Frank Bello - Baixo, Backing Vocals
Charlie Benante - Bateria
Faixas:
01. A.I.R. (Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 5:45
02. Lone Justice (Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 4:36
03. Madhouse (Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 4:19
04. S.S.C./Stand or Fall (Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 4:08
05. The Enemy (Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 5:25
06. Aftershock (Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 4:28
07. Armed and Dangerous (Turbin/Ian/Lilker) - 5:43
08. Medusa (Zazula/Belladona/Spitz/Ian/Bello/Benante) - 4:44
09. Gung-Ho (Turbin/Ian/Lilker) – 4:34
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/anthrax/
Opinião do Blog:
É claro que quando se trata de álbum clássico do Anthrax, a maioria dos fãs traz a mente o brilhante Among The Living (1987), que já foi tratado pelo Blog em seu início. Mas a verdade é que já em Spreading The Disease a banda mostrava boa parte de seu impressionante repertório.
O Anthrax é uma das melhores e mais criativas bandas oriundas da cena Thrash Metal dos Estados Unidos. Foi um dos grupos que mais se arriscou por diferentes estilos e sonoridades em sua carreira, sem quaisquer medos, acertando em cheio em algumas vezes e pecando em outras, mas nunca se omitindo em experimentar.
Spreading The Disease é apenas o segundo disco da carreira do grupo, mas já mostra uma banda pronta para alçar seus maiores e mais brilhantes vôos. Há muita qualidade no trabalho.
A força da banda, neste álbum, está em seu coeso e harmonioso conjunto. Todos cumprem seu papel com exatidão. Belladonna se mostra a escolha ideal para dar voz à intensa massa sonora produzida pelos instrumentistas, dos quais podemos apontar Charlie Benante e sua bateria insana como o mais proeminente.
Outro ponto de destaque no grupo são as letras, criativas, críticas e inteligentes, bem acima da média normal de bandas do estilo.
Alguns dos clássicos do Anthrax com Belladonna nos vocais saíram deste Spreading The Disease e isto, por si só, já aponta que se está diante de um disco de qualidade indiscutível. "Madhouse" dispensa qualquer apresentação, uma pérola do Thrash Metal. Tem-se as brilhantes "Armed And Dangerous" e "Medusa", composições que flertam com o melhor que o Heavy Metal pode conceber.
E ainda há "Lone Justice", possivelmente minha canção preferida do Anthrax, sendo simplesmente espetacular.
Spreading The Disease está entre os meus álbuns preferidos de todos os tempos, mostrando uma banda talentosa e jovem, querendo conquistar seu espaço. O disco possui uma coleção de músicas muito acima da média, contando com a intensidade e a capacidade de cativar que o Heavy/Thrash pode oferecer ao ouvinte. Álbum mais que obrigatório.
É claro que quando se trata de álbum clássico do Anthrax, a maioria dos fãs traz a mente o brilhante Among The Living (1987), que já foi tratado pelo Blog em seu início. Mas a verdade é que já em Spreading The Disease a banda mostrava boa parte de seu impressionante repertório.
O Anthrax é uma das melhores e mais criativas bandas oriundas da cena Thrash Metal dos Estados Unidos. Foi um dos grupos que mais se arriscou por diferentes estilos e sonoridades em sua carreira, sem quaisquer medos, acertando em cheio em algumas vezes e pecando em outras, mas nunca se omitindo em experimentar.
Spreading The Disease é apenas o segundo disco da carreira do grupo, mas já mostra uma banda pronta para alçar seus maiores e mais brilhantes vôos. Há muita qualidade no trabalho.
A força da banda, neste álbum, está em seu coeso e harmonioso conjunto. Todos cumprem seu papel com exatidão. Belladonna se mostra a escolha ideal para dar voz à intensa massa sonora produzida pelos instrumentistas, dos quais podemos apontar Charlie Benante e sua bateria insana como o mais proeminente.
Outro ponto de destaque no grupo são as letras, criativas, críticas e inteligentes, bem acima da média normal de bandas do estilo.
Alguns dos clássicos do Anthrax com Belladonna nos vocais saíram deste Spreading The Disease e isto, por si só, já aponta que se está diante de um disco de qualidade indiscutível. "Madhouse" dispensa qualquer apresentação, uma pérola do Thrash Metal. Tem-se as brilhantes "Armed And Dangerous" e "Medusa", composições que flertam com o melhor que o Heavy Metal pode conceber.
E ainda há "Lone Justice", possivelmente minha canção preferida do Anthrax, sendo simplesmente espetacular.
Spreading The Disease está entre os meus álbuns preferidos de todos os tempos, mostrando uma banda talentosa e jovem, querendo conquistar seu espaço. O disco possui uma coleção de músicas muito acima da média, contando com a intensidade e a capacidade de cativar que o Heavy/Thrash pode oferecer ao ouvinte. Álbum mais que obrigatório.
0 Comentários:
Postar um comentário