17 de fevereiro de 2015

CAPTAIN BEYOND - CAPTAIN BEYOND (1972)


Captain Beyond é o álbum de estreia da banda britânica/norte-americana de mesmo nome, ou seja, Captain Beyond. Seu lançamento oficial aconteceu em Julho de 1972, através do selo Capricorn Records. As gravações ocorreram entre 1971 e 1972, no Sunset Sounds Recorders, em Hollywood, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo da própria banda.


O Captain Beyond foi uma banda que gravou apenas três álbuns de estúdio, mas que se tornou um verdadeiro mito entre os aficionados em Hard Rock setentista, especialmente por conta de seu álbum de estreia. O Blog vai apresentar um resumo do aparecimento do grupo para depois adentrar em seu primeiro disco mais especificamente.

Para se entender melhor a história do Captain Beyond, o Blog optou por voltar alguns anos antes ao lançamento de seu primeiro trabalho, abordando a figura de seu futuro vocalista.

Em 21 de Junho de 1969, nos Estados Unidos, era lançado o terceiro álbum de estúdio do Deep Purple, homônimo ao grupo (e algumas vezes mencionado como Deep Purple III). Nesta época, o Deep Purple era formado pelo tecladista Jon Lord, o baterista Ian Paice, o guitarrista Ritchie Blackmore, o baixista Nick Simper e o vocalista Rod Evans.

Rod Evans
Foi com esta formação que o Deep Purple gravou seus três primeiros discos, Shades Of Deep Purple (1968), The Book Of Taliesyn (1968) e o supracitado Deep Purple (1969).

O álbum continha instrumentos de cordas e sopros em uma das faixas, “April”, apresentando referências clássicas de Jon Lord, como Bach e Rimsky-Korsakov. Além disto, várias outras influências estavam em evidência, mais claramente o Vanilla Fudge. (Lord e Blackmore alegaram que o grupo, na época, gostaria de ser um "clone do Vanilla Fudge".)

E, entretanto, esta seria a última gravação da formação original.

Na realidade, a sonoridade do Deep Purple em seus trê primeiros álbuns é consideravelmente distante daquilo que a banda faria a partir de então. Em seu início, o Purple apresentava uma sonoridade Rock, com bastantes influências Psicodélicas e distante do Hard Rock que o consagraria.

Retornando à história, o selo norte-americano responsável pelo álbum Deep Purple, Tetragrammaton, atrasou a produção do disco até depois que a turnê americana da banda, em 1969, estivesse terminada. Isto, bem como a promoção sem brilho por um selo quase em falência, fez com que o álbum tivesse péssimo desempenho comercial, passando longe do Billboard Top 100.

Logo após o lançamento do terceiro álbum, o selo Tetragrammaton saiu dos negócios, deixando a banda sem dinheiro e com um futuro incerto.

Durante a já supracitada turnê americana de 1969, Lord e Blackmore se reuniram com Paice para discutirem o desejo de levarem a banda em uma direção mais pesada. Sentindo que Evans e Simper não se encaixariam bem com um novo estilo de rock bem mais pesado, ambos acabariam substituídos naquele verão (no hemisfério norte).

Ian Paice, declarou: "A mudança tinha que vir. Se eles não tivessem deixado, a banda teria se desintegrado totalmente." Ambos, Simper e Blackmore, observaram que Rod Evans já tinha um pé para fora do grupo. Simper declarou que Evans havia conhecido uma menina em Hollywood e tinha pretensões em ser um ator, enquanto Blackmore foi mais incisivo: "Rod só queria ir para a América e viver na América."

Quase ao mesmo tempo, outra ótima banda do final dos anos 60 e início dos anos 70, o Iron Butterfly, lançava seu quarto álbum de estúdio, Metamorphosis, em 13 de agosto de 1970. Naquele ponto o grupo era formado pelo tecladista Doug Ingle, o baterista Ron Bushy e pelo baixista Lee Dorman, além de contar com o guitarrista Larry “Rhino” Reinhardt e o vocalista Mike Pinera.

O álbum Metamorphosis tem um som pesado, com bases fincadas no Hard Rock, contando com faixas como “Easy Rider” e “Stone Believer”. O disco atingiu a 16ª posição da parada norte-americana, a Billboard.

Doug Ingle deixou o grupo logo após o lançamento de Metamorphosis. Sem um tecladista, pela primeira vez em sua história, os quatro membros remanescentes lançaram um single, “Silly Sally”, que não obteve maiores repercussões e acabou por ser a sua última gravação em algum tempo.

A banda se separou depois de fazer seu último show em 23 de maio de 1971. Dorman e Reinhardt seriam, posteriormente, encontrados no Captain Beyond.

Foi exatamente em 1971 que surgiria o Captain Beyond, fundado pelo ex-vocalista do Deep Purple, Rod Evans.

Evans havia se estabelecido na Califórnia e se juntou a dois ex-membros do Iron Butterfly: o baixista Lee Dorman e o guitarrista Larry 'Rhino' Reinhardt. Bobby Caldwell, ex-membro da banda de Johnny Winter, foi o baterista.

Bobby Caldwell
Também o tecladista Lewie Gold tomou parte da banda, mas acabou saindo antes mesmo da gravação de seu álbum de estreia.

Rapidamente, a banda conseguiu um contrato de gravação com a Warner Bros. O álbum de estreia seria auto-intitulado.

Na capa do álbum o próprio “Capitão do Além”, sendo que nas primeiras 2000 cópias prensadas, o próprio vinha em formato de holograma.

Neste primeiro trabalho, Evans parecia querer provar aos seus ex-colegas de Deep Purple que seria capaz de tomar parte em um álbum pesado. E, como se verá a seguir, conseguiu. Vamos às faixas:

DANCING MADLY BACKWARDS (ON A SEA OF AIR)

Bobby Caldwell apresenta uma interessante levada em sua bateria antes que a guitarra de 'Rhino' apresente um riff pesado, mas cadenciado, que se casa perfeitamente com a atuação vocal de Rod Evans. A partir de pouco mais de 1  minuto e meio, a canção ganha intensidade e rapidez, perfazendo um Hard Rock de primeira! Ótimo início.

A letra pode ser entendida como uma mensagem de esperança:

Wishing all your wishes
Landing on a star
Knowing you are planted here
Knowing that('s) so far
Dance, dance faster
Madly dance away
But remember underneath you
Is just a sea of air
Just remember underneath you
Is just a sea of air



ARMWORTH

"Armworth" aposta em um criativo riff o qual traz consigo toda a influência e musicalidade da década imediatamente anterior ao que o álbum foi lançado. É uma música muito curta, mas que vai direto ao ponto, sem rodeios.

A letra tem tom de resignação:

What has my arm gained
In a the balance of things
Are there still birds a-flying
And a brushing of wings
Or could it still be disguised
Could it still be disguised
As a terrible thing
And spoiling all their singing, babe
And smashing up their wings
Wish I could go with them brother
But of all things
It's only a stub of the original thing
That was there when I signed and then saluted my king



MYOPIC VOID

Já em "Myopic Void", o grupo apresenta um pouco da influência psicodélica do mesmo. Uma melodia mais suave e leve envolve a atmosfera do álbum. A atuação de Rod Evans merece destaque por intensificar a musicalidade desenvolvida pelo Captain Beyond nesta faixa. Da metade para o final o Hard Rock volta à tona, com a melodia da primeira música do trabalho!

A letra é fantasiosa:

You know i can't feel nothing
Ah you push me all the time
You know, you know
You know i can't feel nothing
Oh, you're looking really fine



MESMERIZATION ECLIPSE

Peso, intensidade e fúria já podem ser sentidos nos primeiros momentos da quarta faixa do trabalho. A atuação de Evans é bem mais agressiva que aquela apresentada nas canções anteriores. Certamente a guitarra de 'Rhino' também merece destaque, em um dos melhores momentos do disco.

A letra pode ser interpretada como uma alusão à uma viagem espacial:

Sun and moon in the valley at the same time
Bringing out the golden braid
Guess we're gonna reach the peak in no time
Optic nerve just rot away (I think earth is a runaway)
Mesmerization eclipse in the movement, hey
Desperation is setting in, baby
Erratic movement to and fro
Need your love to make it right, baby
Cause I have no place to go



RAGING RIVER OF FEAR

Mais um precioso e furioso riff de guitarra traz o Hard Rock setentista à tona em "Raging River Of Fear". Novamente a atuação de Rod Evans é impecável, permitindo à sonoridade instrumental da faixa ganhar ainda mais peso. Atuação impecável de todos os instrumentistas em uma música totalmente brilhante!

A letra é uma metáfora sobre o medo:

The raging river of fear my friend
Is running through us all
The mind is just a mental battlefield
Memories full of thought
Raging river of fear
Questions to us all



THOUSAND DAYS OF YESTERDAYS (INTRO)

Com pouco mais de um minuto, esta curta faixa apresenta uma sonoridade leve, mas simultaneamente sombria.

A letra é em tom de esperança:

I said soon
Gonna wake, no sleepy eyes
And soon, sun will light your (the) entire (tired?) sky
Today is just as soon again
Reflections see myself are (on) them
Where the start and where's the end
Ooo pala dan dan da da pala pa la
Days gone by never to return...



FROZEN OVER

"Frozen Over" apresenta um novo riff forte e intenso pela guitarra de 'Rhino', transbordando peso, mas sem perder nenhuma miligrama de melodia. A seção rítmica formada por Caldwell e Dorman faz um trabalho primoroso, propiciando que a guitarra tenha destaque absoluto. Mais uma obra-prima da banda!

A letra é em tom de rompimento amoroso:

Honey, your face is frozen
Frozen as could be
Baby, your face is like a block of ice
Cold as the deep dark sea



THOUSAND DAYS OF YESTERDAYS (TIME SINCE COME AND GONE)

Já nesta canção, a banda abusa de uma bela e envolvente melodia, mas com um sensível e palpável toque mais leve em comparação às canções imediatamente precedentes. Evans opta por vocais bem mais comedidos, casando-os com a sonoridade de maneira perfeita. Ótimo solo de 'Rhino'.

Assim como sua primeira parte, o tom é de esperança:

A thousand days of yesterdays
Time since come and gone
A thousand days of yesterdays
Are all goodbye so long



I CAN'T FEEL NOTHIN' (PART 1)

Nesta música muito interessante, é difícil destacar algum músico em especial, pois o conjunto funciona de maneira impecável. Caldwell e Dorman estão ótimos e a guitarra de 'Rhino' está especialmente saborosa, com o peso e feeling irretocáveis. Outro momento brilhante do álbum de estreia do Captain Beyond.

Desta vez, a letra é em sentido desolador:

Thinking of oceans
Birds in the sky
A feeling's coming
But it just ain't right
Skys fly to next stars
Winking at the night
The orange worlds are sinking
My love's (?) burning bright



AS THE MOON SPEAKS (TO THE WAVES OF THE SEA)

A música apresenta uma grande variação, mesmo sendo bastante curta em seus poucos mais de 2 minutos. Em sua primeira metade, uma melodia leve e suave com inspiração no Led Zeppelin e, já na parte final, um Hard Rock pesado e veloz.

A letra possui significado amoroso:

As the moon speaks
To the waves of the sea
An open ocean relic
Of the times that used to be
Many years have passed
Since your vision came to me
And I think of you only
As the moon speaks to the sea



ASTRAL LADY

"Astral Lady" é uma pequena vinheta com 15 segundos.




AS THE MOON SPEAKS (RETURN)

Nesta pequena faixa, há uma bela fusão de melodia e peso com a banda abusando da mistura de sonoridades. Mais para o final, a parte percussiva ganha força, demonstrando um lado instigante do grupo.

A letra é uma pequena mensagem de esperança:

Memories have only open space to give
And as i think to the past
There's nothing left to see
So future man open your arms to me
Let me have the words as the moon speaks to the sea





I CAN'T FEEL NOTHIN' (PART 2)

Em pouco mais de 1 minuto, temos um Hard Rock intenso e feroz para fechar o disco com chave-de-ouro!

A letra é uma celebração:

You know I can't a'feel a'nothin'
Oh, you pushed me all the time
Na-na-na-na-nothin'
Ah, you're lookin' really fine
Ow, ow, ow, ooh!
Mm-mm-hm
Body's kinda groovin'
Ah, you're groovin' all the time
Ooh, you're lookin' good, ow!
Ah, you're lookin' so fine
Mm-mm-mm, mm-mm
Mm-mm-mm-mm-mm



Considerações Finais

Sem muita repercussão e divulgação, o álbum acabou não tendo números expressivos, comercialmente falando e também passou ao largo das principais paradas de sucesso.

Mas o álbum, com o passar dos anos, foi se tornando referência para as bandas e fãs do Hard Rock setentista.

Larry 'Rhino' Reinhardt
O disco Captain Beyond é um dos pioneiros, entre obras predominantemente Hard Rock, no fato de conter uma grande variedade de Rock, Heavy Metal, e influências de jazz, muitas vezes com várias assinaturas de tempo e ampla gama de alternâncias dentro da mesma música.

As primeiras cinco músicas são compostas de uma forma bastante simples, mas o resto do álbum é composto de duas "suites" de músicas interligadas; sendo a primeira "Thousand Days Of Yesterdays (Intro)" que continua em "Thousand Days Of Yesterdays (Time Since Come And Gone)". A segunda começa com "I Can't Feel Nothin' (Part 1)" e acaba em sua “Parte 2”, a qual termina o álbum.

Outro destaque é o fato das músicas fluírem diretamente uma para a outra sem o benefício de qualquer intervalo de tempo entre as mesmas, uma característica que é compartilhada com outras bandas mais progressistas da época, como o Moody Blues e o Jethro Tull. Isto traz a característica de tornar todo o disco uma massa única e coesa musicalmente falando.

As músicas foram todas oficialmente creditadas para Evans e Caldwell, embora, já em 2010, o baterista tenha afirmado que Reinhardt também tenha auxiliado na composição das canções, assim como Dorman em algumas. Mas ambos ainda estavam sob contrato com o Iron Butterfly, fato que os impedia de serem devidamente creditados como compositores.

Ao vivo, as apresentações do Captain Beyond eram bombásticas, invariavelmente terminando com ovações pelo público, o qual aplaudia a banda de pé.

Logo após o lançamento do álbum, Bobby Caldwell deixou o grupo para se juntar ao Derringer e foi substituído por Brian Glascock. O grupo também acabaria adicionando o tecladista Reese Wynans e Guille Garcia no atabaque.

Depois, Marty Rodriguez acabaria assumindo a bateria antes do lançamento de seu segundo álbum, Sufficiently Breathless, de 1973, um disco com considerável direcionamento diferente que seu antecessor. Mas isto é outra história.


Formação:
Rod Evans - Vocal
Larry "Rhino" Reinhardt - Guitarras
Lee Dorman - Baixo, Piano, Órgão Hammond, Backing Vocals
Bobby Caldwell - Bateria, Percussão, Órgão Hammond, Sinos, Vibrafone, Backing Vocals

Faixas:
01 - Dancing Madly Backwards (On a Sea of Air) (Evans/Caldwell) – 4:08
02 - Armworth (Evans/Caldwell) – 2:50
03 - Myopic Void (Evans/Caldwell) – 3:37
04 - Mesmerization Eclipse (Evans/Caldwell) – 3:45
05 - Raging River of Fear (Evans/Caldwell) – 3:48
06 - Thousand Days of Yesterdays (Intro) Evans/Caldwell – 1:30
07 - Frozen Over (Evans/Caldwell) – 3:55
08 - Thousand Days of Yesterdays (Time Since Come and Gone) (Evans/Caldwell) – 4:05
09 - I Can't Feel Nothin' (Part 1) (Evans/Caldwell) – 3:07
10 - As the Moon Speaks (To the Waves of the Sea) (Evans/Caldwell) – 2:30
11 - Astral Lady (Evans/Caldwell) – 0:15
12 - As the Moon Speaks (Return) (Evans/Caldwell) – 2:16
13 - I Can't Feel Nothin' (Part 2) (Evans/Caldwell) – 1:11

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/captain-beyond/

Opinião do Blog:
Os anos setenta são riquíssimos em bandas e discos que passaram muito longe de obter qualquer sucesso comercial, mas guardam em seu conteúdo verdadeiras jóias musicais. Há muita gente que se especializou em garimpar estas relíquias para os amantes da música. E o Hard Rock setentista é um dos maiores fornecedores deste tipo de preciosidade.

O álbum de estreia do Captain Beyond se tornou, muito tempo depois de seu lançamento, um marco representativo da melhor sonoridade que o Hard Rock é capaz de produzir. Aqui se tem um trabalho que mistura sonoridades e melodias com competência e um bom gosto raríssimo de se ver.

Claro, o Hard Rock é o estilo proposto e predominante, mas a banda flerta com o Folk Rock, com o Rock dos anos 60 e com o Psicodélico. Sempre com a mesma eficiência e qualidade absurdos!

Rod Evans, querendo ou não provar alguma coisa, teve sua melhor performance vocal da carreira. Alternando entre momentos agressivos e contidos, sua voz é fator determinante para a qualidade da música desenvolvida.

Poucas bandas possuíram uma seção rítmica tão presente e marcante quanto Bobby Caldwell e Lee Dorman formaram neste álbum. E Larry 'Rhino' Reinhardt dá um verdadeiro show com seus solos e riffs.

As letras retomam a temática de uma viagem espacial e estão na média em geral.

Um álbum que apresenta variedade de sonoridades dentro de um mesmo estilo sempre com a mesma qualidade não possui pontos baixos e está em um patamar altíssimo. Mesmo assim podemos citar pelo menos 4 faixas que são magníficas: "Mesmerization Eclipse", "Raging River Of Fear", "I Can't Feel Nothin' (Part 1)" e a espetacular "Frozen Over".

O álbum de estreia do Captain Beyond está entre os melhores de todos os tempos quando o assunto é Hard Rock. Apresenta criatividade, inspiração e execução em um nível dos mais elevados dentro da música em geral. Obrigatório para todo fã de Rock e uma verdadeira aula para todo mundo que quiser adentrar o estilo Hard Rock.

1 de fevereiro de 2015

WHITE LION - PRIDE (1987)


Pride é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana chamada White Lion. Seu lançamento oficial aconteceu em 21 de junho de 1987, através do selo Atlantic Records. As gravações ocorreram naquele mesmo ano. A produção ficou a cargo de Michael Wagener.

O White Lion é mais uma banda norte-americana de Hard Rock a aparecer no Blog, também representando o estilo Glam Metal. O Blog, como de costume, vai passear um pouco pela história da banda antes de se concentrar no álbum propriamente dito.


As origens do White Lion estão no ano de 1983, na cidade de Nova York, Estados Unidos, quando o vocalista dinamarquês Mike Tramp e o guitarrista norte-americano Vito Bratta decidiram formar uma banda.

Depois de se mudar da Dinamarca para a Espanha e, em seguida, para New York City, o vocalista Mike Tramp (anteriormente das bandas Mabel, Studs e Danish Lions) se encontrou com o guitarrista Vito Bratta (ex-Dreamer) em 1983.

Logo depois, eles decidiram montar uma nova banda e para tal recrutaram o baterista Nicki Capozzi e o baixista Felix Robinson (ex-Angel), batizando o grupo de White Lion.

White Lion rapidamente assinou um contrato com a Elektra Records em 1984, gravando seu primeiro álbum, Fight To Survive.

No entanto, a Elektra ficou insatisfeita com o resultado final da gravação, e após se recusar a lançar o álbum, rescindiu o contrato com a banda.

Ambos, Capozzi e Robinson, logo deixaram o grupo. Nicki Capozzi foi substituído pelo ex-baterista do Anthrax, Greg D'Angelo, e Felix Robinson foi substituído pelo baixista Dave Spitz (irmão do guitarrista do Anthrax, Dan Spitz).

Mike Tramp
Em torno de um mês após se juntar ao White Lion, Dave Spitz deixa o conjunto (aceitando um convite para tocar baixo com o Black Sabbath), sendo substituído por James Lomenzo.

O álbum Fight To Survive acabou sendo regravado com a nova line-up e foi lançado no Japão pela RCA Records, em 1984. O pequeno selo independente norte-americano, Grand Slam Records, finalmente lançou o disco nos Estados Unidos, em 9 de novembro de 1985.

Poucos meses depois, a Grand Slam Records decretou falência.

Fight To Survive alcançou o número 151 na principal parada norte-americana, a Billboard, e contou com a estreia do primeiro single e videoclipe da banda, para a música “Broken Heart”.

No início de 1986, o White Lion, com um membro feminino fictício (interpretado por Louise Robey), teve um breve papel no filme The Money Pit (no Brasil, “Um Dia a Casa Cai”), estrelado por Tom Hanks e Shelley Long.

No início de 1987, a banda assinou contrato com a Atlantic Records.

Vito Bratta
Logo depois, o grupo se reuniu para compor e gravar o seu segundo álbum de estúdio, que viria a se tornar Pride. O processo de gravação do disco acabou durando cerca de 6 semanas.

O álbum tem uma capa simples, com a face de um leão branco. Vamos às músicas:

HUNGRY

Um riff muito pesado e intenso marca o início de "Hungry". A bateria de Greg D'Angelo está bastante presente, mas o maior destaque é realmente a guitarra de Vito Bratta, brilhante. A sonoridade é o típico Hard oitentista dos Estados Unidos. Um início de altíssimo nível para o álbum Pride!

A letra tem teor sexual:

keep your engine running high
when you take my love inside
but hold the trigger on my loaded gun
baby take off of your leather
and show me all your lace
gimme loving one thousand ways



LONELY NIGHTS

Uma suave melodia introduz um riff pesado, mas desta feita em um andamento mais cadenciado, embora, simultaneamente, repleto de melodia. A atuação de Mike Tramp nos vocais cativa e é decisiva para o sucesso final da composição. Outra música bem acima da média.

A letra mostra alguém que sofre por amor:

and somewhere in the night
there's a little cry
a girl who says
hey I wanna die
there's no one here who really cares
but if there's someone here who understands
just someone here who'll try to lend a hand
and bring her home tonight, tonight



DON'T GIVE UP

"Don't Give Up" é uma faixa bem direta, com ritmo e andamento acelerado, em especial devido a um riff inspirado guiado pela guitarra de Vito Bratta. Os vocais de Tramp se casam perfeitamente com a sonoridade proposta. Boa canção.

A letra pode ser interpretada como uma motivação para se adentrar à vida adulta:

making money you never have enough
neverending bills are building up
and the tax man stalking at your door
never giving always wanting more
you feel like changing the times
to get some peace in your mind



SWEET LITTLE LOVING

Já em "Sweet Little Loving", o ritmo é mais leve e cheio de melodia, com uma pegada Hard Rock mais evidente, comum ao estilo Glam Metal, fato este que torna a faixa diferente das anteriores presentes no disco. Porém, isto apenas engrandece o valor de Pride, pois se está diante de outro ponto alto do trabalho. Excelente solo de Bratta.

A letra tem conteúdo sexual:

late night work in sleezy bars
driving down the boulevard in fancy cars
she don't care what her daddy says
cause all that matters is how much it pays
for two hundred down you get a hell of a time
she takes you to the top , you never want to stop



LADY OF THE VALLEY

"Lady Of The Valley" possui mudanças de ritmo durante toda sua extensão, com momentos mais leves e suaves, os quais a aproximam bastante de uma balada. Em outros, no entanto, o peso e velocidade voltam com tudo, demonstrando que o grupo possuía influências vindas diretamente da New Wave Of British Heavy Metal. Grande música!

A letra é em tom de súplica:

in the valley lies the treasure
and the lady guards it well
he who bears all the pressure
is the one to break the spell
there's a sign that I've followed
and it has led me to your seat
I have brought my fallen brother
and I've laid him, yes I've laid him
at your feet



WAIT

O início leve e suave pode até enganar, mas logo o típico Hard Rock oitentista aparece em "Wait". O riff dá à canção melodia e ritmo, embora tanta a velocidade quanto o peso sejam bastante moderados. A música é cativante e empolga, com ótima atuação de Tramp. Um clássico!

A letra tem sentido de rompimento amoroso:

Wait just a moment before our love will die
cause I must know the reason why we say goodbye
wait just a moment and tell me why
cause I can show you lovin that you won't deny

“Wait” acabou se tornando uma das mais conhecidas canções do White Lion, frequentemente presente nos 'sets' de seus shows.


Foi o primeiro single lançado para promover o álbum Pride. Conseguiu atingir a ótima 8ª posição da principal parada de sucessos desta natureza nos Estados Unidos, a Billboard. Também conquistou a 48ª e a 88ª colocações, respectivamente, em suas correspondentes canadense e britânica.

Boa parte do sucesso do sucesso é devido à intensa circulação que o videoclipe feito para a música obteve na MTV norte-americana.



ALL YOU NEED IS ROCK 'N' ROLL

Nesta faixa, o White Lion volta a apostar mais no peso, mesmo que o andamento continue mais lento. Sempre melódico, a canção também empolga, especialmente devido ao interessante ritmo que a banda manifesta no refrão. Os vocais de Tramp estão um pouco mais contidos, mas funcionam de maneira exemplar.

A letra é uma ode ao Rock:

you can raise your hands
you can stomp your feet
get down and turn around
you can do it all cause there ain't no rules
when you feel the music
just move your feet, to that heavy beat

Também foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão.



TELL ME

"Tell Me" possui a típica e clássica sonoridade do Glam Metal, ou seja, é um Hard Rock com algum peso e repleto de uma melodia empolgante. Os vocais de Tramp são bons e a guitarra de Bratta está bastante inspirada, construindo outro ponto alto do disco. O solo é repleto de feeling.

A letra possui conotação romântica:

tell me baby all through the night
that you'll never let me go
tell me baby cause I want the world to know
tell me baby I'm the only one
and who you ever need
tell me baby that you'll never let me go


Foi o segundo single lançado para promover o álbum Pride. Acabou alcançando a boa 58ª posição da parada norte-americana desta natureza.



ALL JOIN OUR HANDS

Nesta canção, o White Lion volta a apostar em sua veia mais pesada, flertando mais diretamente com a linha Heavy Metal, mesmo que o refrão possua uma tonalidade mais suave. É uma composição simples, embora com uma pegada bem interessante.

A letra possui uma mensagem de união, como sugere o título:

is this the way
we treat one another
days filled with hope
lives filled with fear
why must we live
at war with our brothers
when we could live
our future at last



WHEN THE CHILDREN CRY

A décima - e última - faixa de Pride é "When The Children Cry". Uma suave e bela melodia embala o início da canção, acompanhada por inspiradas linhas vocais de Mike Tramp. Assim a balada permanece durante toda sua extensão, sendo cortada apenas pelo excelente solo de Vito Bratta. Fecha o álbum de maneira marcante.

A letra possui uma terna mensagem de esperança:

When the children cry
Let them know we tried
´cause when the children fight
Then we know it ain´t right
When the children break
Let them know we´re awake
´cause when the children sings
The new world begins

“When The Children Cry” é uma balada que também se tornou um dos maiores sucessos da história do White Lion.


Seu videoclipe teve uma significativa veiculação na MTV norte-americana, contribuindo decisivamente para a popularização da canção

Lançada como single, atingiu a excepcional 3ª posição da principal parada de singles dos Estados Unidos. Ficou com a 88ª colocação na correspondente britânica.


Considerações Finais

Impulsionado pelo sucesso de, principalmente, “When The Children Cry”, o álbum fez bastante sucesso comercial. Atingiu a ótima 11ª posição da principal parada de sucessos dos Estados Unidos, a Billboard. Ainda conquistou as 44ª, 30ª e 51ª colocações nas paradas de sucesso de Canadá, Suécia e Reino Unido, respectivamente.

A turnê do álbum Pride começou em Julho de 1987, com o White Lion abrindo para a banda de Ace Frehley, Frehley's Comet. O próximo ano e meio foi preenchido com constantes turnês, com o grupo abrindo para conjuntos como Aerosmith, Ozzy Osbourne, Stryper e Kiss.

Em janeiro de 1988, o White Lion foi escolhido como banda de abertura para o AC/DC em sua Blow Up Your Video turnê norte-americana.

Quando o segundo single do álbum, "Tell Me", foi lançado, o White Lion tocou no Ritz Club, em New York City. O show foi filmado e depois foi ao ar pela MTV dos Estados Unidos.

O sucesso de "When the Children Cry" acabaria por impulsionar as vendas de Pride com bastante importância no processo. Além disso, Vito Bratta foi reconhecido por seus talentos instrumentais, acumulando prêmios como Best New Guitarrist tanto da revista Guitar World, quanto de outra publicação chamada Guitar for the Practicing Musician.

Na primavera (do hemisfério norte) de 1989, a turnê de Pride finalmente acabou, e a banda lançou seu primeiro vídeo intitulado "Live at the Ritz" e "One Night in Tokyo" ambos com shows completos em VHS.

Em seguida, a banda começou a trabalhar imediatamente em seu próximo álbum.

Mike Tramp considera Pride o melhor álbum do White Lion.

Pride ultrapassa a marca de 2 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.


Formação:
Mike Tramp - Vocal
Vito Bratta - Guitarras
James Lomenzo - Baixo e Backing Vocals
Greg D'Angelo - Bateria

Faixas:
01 - Hungry (Bratta/Tramp) - 3:55
02 - Lonely Nights (Bratta/Tramp) – 4:11
03 - Don't Give Up (Bratta/Tramp) – 3:15
04 - Sweet Little Loving (Bratta/Tramp) – 4:02
05 - Lady of the Valley (Bratta/Tramp) – 6:35
06 - Wait (Bratta/Tramp) – 4:00
07 - All You Need Is Rock 'n' Roll (Bratta/Tramp) – 5:14
08 - Tell Me (Bratta/Tramp) – 4:28
09 - All Join Our Hands (Bratta/Tramp) – 4:11
10 - When the Children Cry (Bratta/Tramp) – 4:18

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/white-lion/

Opinião do Blog:
O Blog já manifestou diversas vezes que gosta do chamado Glam Metal, tanto que vários álbuns que podem ser associados ao estilo já apareceram por aqui e muitos outros também ainda vão ser apresentados.

Pride é mais uma brilhante obra que o Hard Rock norte-americano produziu, sendo originado por uma ótima banda, a qual vivia seu melhor e mais inspirado momento. A verdade é que o White Lion caprichou neste álbum.

O ouvinte mais atento vai claramente identificar duas linhas diferentes presente no disco: as primeiras canções possuem uma pegada mais pesada, que flertam e tangenciam o Heavy Metal e, também, claramente beberam na fonte do Van Halen setentista.

Da metade para o final do trabalho, o White Lion mostra que estava inserido na música de sua época, produzindo canções típicas do Hard Rock oitentista norte-americano e que em muitos momentos podem lembrar bandas como o Mötley Crüe.

Mas o White Lion possuía personalidade própria e muita identidade, especialmente por conta de seu guitarrista, Vito Bratta, o grande destaque do álbum. Seus riffs e solos mostram que o guitarrista possuía boa técnica e excelentes referências, sendo o motivo primordial da música da banda possuir tanta qualidade.

Mike Tramp também faz bons vocais, inspirados, contribuindo de maneira correta para o sucesso do que se ouve. O mesmo pode ser dito da seção rítmica composta por Lomenzo e D'Angelo. As letras são na média geral.

Pride é um disco bastante homogêneo, sem momentos ruins. Há as ótimas "Hungry" e "Lonely Nights"; "When The Children Cry" é bonita e comovente; "Wait" e "Tell Me" são excelentes amostras de Glam Metal. Mas a melhor do álbum, para o Blog, é "Lady Of The Valley", música brilhante!

Enfim, Pride é um prato cheio para fãs de Hard Rock norte-americano, mas também para quem curte uma banda que flerte com o Heavy Metal. Cheio de personalidade e com um guitarrista brilhante, Vito Bratta, o álbum é extremamente recomendado pelo Blog. Obrigatório para quem gosta de um som Hard Rock!