11 de abril de 2015

AEROSMITH - TOYS IN THE ATTIC (1975)


Toys In The Attic é o terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana Aerosmith. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 8 de abril de 1975, através do selo Columbia Records. As gravações ocorreram entre Janeiro e Março do mesmo ano, no Record Plant Studio, em New York, Estados Unidos. A produção ficou sob responsabilidade de Jack Douglas.

Esta é a segunda vez que os gigantes do Aerosmith aparecem no Blog. Como de costume, tratar-se-á dos eventos que antecederam o lançamento do disco para depois percorrer faixa-a-faixa do trabalho.


Em 1º de março de 1974, o Aerosmith lançou seu segundo álbum de estúdio, Get Your Wings. Foi a primeira vez que a banda trabalhou com o produtor Jack Douglas, o qual seria responsável pelos próximos 4 discos do grupo. Ray Colcord também co-produziu o trabalho.

Naquele ano de 1974, Get Your Wings atingiria a modesta 74ª posição na principal parada de sucesso dos Estados Unidos, a Billboard.

Mesmo assim, o disco continha algumas das canções que viriam a se tornarem favoritas dos fãs e presenças quase obrigatórias em shows, como “Lord Of The Thighs”, “Seasons Of Whiter” e “S.O.S. (Too Bad)”. Estas músicas apresentavam uma sonoridade um pouco mais 'sombria' (para o padrão da banda) e cairiam no gosto do público.

Joe Perry
Além disto, o disco continha sucessos radiofônicos como "Same Old Song and Dance" e "Train Kept a-Rollin'", esta última, um cover baseado na versão gravada pelo The Yardbrids.

Fato é que Get Your Wings e suas ótimas faixas apenas se tornaram sucesso quando a banda explodiu comercialmente e ficou conhecida, fazendo os fãs buscarem o material antigo do Aerosmith. E isto aconteceria a partir do lançamento de seu terceiro disco, Toys In The Attic.

No início de 1975, a banda começou a trabalhar no Record Plant, em Nova York, para o álbum que se tornou Toys in the Attic.

As sessões para o disco foram produzidas por Douglas sem Colcord - o álbum foi projetado por Jay Messina com os engenheiros assistentes Rod O'Brien, Corky Stasiak e Dave Thoener.

As músicas de Toys In The Attic foram gravadas com uma mesa de mixagem Spectrasonics e um gravador de 16 pistas.

Já nesta época, o Aerosmith se encontrava totalmente amadurecido como uma banda e Steven Tyler fez do sexo o principal foco de suas composições no álbum.

Steven Tyler disse que a sua ideia original para a capa do álbum era um ursinho de pelúcia sentado no sótão, com seu pulso cortado e entranhas espalhadas por todo o chão. Mas a banda decidiu, no final, por colocar todos os animais em seu lugar.

Steven Tyler
A imagem da capa do álbum é obra de Ingrid Haenke.

Vamos às faixas:

TOYS IN THE ATTIC

Um riff repleto de malícia e ritmo abre o álbum, com a faixa que lhe é homônima. Steven Tyler opta por vocais bem limpos. Trata-se de um Hard Rock de primeiríssima classe, que vai direto ao ponto sem maiores rodeios. Os solos de Joe Perry são ótimos. Enfim, um clássico.

A letra é um misto de delírio e nostalgia:

In the attic, lights
Voices scream, nothing seems
Real's a dream
Leaving the things that are real behind
Leaving the things that you love from mind
All of the things that you learned from fears
Nothing is left for the years, voices scream
Nothing seems real's a dream

“Toys In The Attic” é um clássico do Aerosmith. É tão emblemática que faz parte da lista de 500 canções que moldaram o Rock: The Rock and Roll Hall of Fame's 500 Songs that Shaped Rock and Roll.

Está presente em vários álbuns ao vivo e coletâneas do grupo.

Entre covers famosos para a faixa podem-se citar bandas como R.E.M., Warrant, Ratt e Metal Church.



UNCLE SALTY

Já a segunda canção do álbum traz o Aerosmith com uma pegada mais Bluesy, com um estilo bastante semelhante a aquele do Rolling Stones. O riff é excelente, malicioso e contagiante, casando-se em perfeição com a interpretação de Tyler. Mais um ótimo solo cheio de feeling.

A letra é a história de uma garota abandonada que se torna prostituta:

Now she's doin' any
For money and the penny
A sailor with a penny or two or three



ADAM'S APPLE

A terceira faixa de Toys in The Attic traz novamente o Hard Rock setentista vigoroso da banda, contando com mais um riff bastante inspirado. O ritmo é mais cadenciado, mas continua muito cativante. As guitarras de Perry e Whitford são novamente os destaques.

A letra é uma metáfora para o pecado:

Evil came like reignin
Who knows who's to blamin
Something tried to lay her to waste
And all she want and need was just a little taste



WALK THIS WAY

Um riff sensacional, dos mais reconhecíveis da história do Rock, abre o clássico imortal "Walk This Way". O ritmo é empolgante, em perfeita mistura do Rock mais Bluesy com o vigor do Hard Setentista. Com um andamento mais cadenciado e uma sonoridade bastante maliciosa, em perfeita sintonia com a letra, montam um arcabouço do melhor que o Hard Rock já produziu. Solos inspirados de Perry e uma atuação impecável de Tyler completam um dos hinos do Rock mundial.

A letra tem forte conotação sexual:

School girl sweetie with a classy kinda sassy
Little skirt's climbin' way up her knee
There was three young ladies in the school gym locker
When I noticed they was lookin' at me
I was a high school loser
Never made it with the ladies
Till the boys told me somethin' I missed
Then my next door neighbor with a daughter had a favor
So I gave her just a little kiss
Alike this

Clássico indiscutível, “Walk This Way” foi lançada como single e atingiu a 10ª posição da principal parada de sucessos desta natureza nos Estados Unidos.


Quando a banda se encontrou em certo ostracismo durante a década de 80, foi uma versão “Rap” de “Walk This Way”, feita pelo Run-D.M.C. e contando com a participação de Steven Tyler e Joe Perry, que colocou o Aerosmith de volta ao cenário musical.

A música é tão emblemática que faz parte da lista de 500 canções que moldaram o Rock and Roll, realizada pelo Hall da Fama do Rock, nos Estados Unidos.

A revista Rolling Stone coloca “Walk This Way” na 346ª posição da lista 500 Greatest Songs of All Time e na 34ª de outra lista, desta feita a de 100 Greatest Guitar Tracks. Já o canal VH1 a colocou na 35ª colocação da lista 100 Greatest Rock Songs e na 8ª da lista 100 Greatest Hard Rock Songs. Também a revista Q colocou a música no 23º lugar da lista 100 Greatest Guitar Tracks.

Um grande clássico, sem sombra de dúvidas.



BIG TEN INCH RECORD

"Big Ten Inch Record" é um Blues Rock bastante cativante, carregando o inconfundível espírito dos anos 50. Destaque absoluto para a atuação de Steven Tyler, seja cantando ou tocando gaita. Mais um bom momento do álbum.

A letra possui conotação sexual:

Last night I tried to tease her
I gave my love a little pinch
She said now stop that jivin'
Now whip out your big ten inch

Trata-se de um cover originalmente gravado por Bull Moose Jackson.



SWEET EMOTION

Com o baixo de Tom Hamilton bastante proeminente e o Talkbox realizado por Joe Perry muito distinguível, a abertura de "Sweet Emotion" é inconfundível. Temos um Hard Rock extraordinário, com forte DNA 'Zeppeliano'. O riff é sensacional, com a banda conseguindo uma cativante melodia sem abrir mão do peso habitual que o Aerosmith empregava nas suas canções da década de 70. Outro momento marcante da história da banda.

Parte da letra se referiria a tensões entre membros da banda (e suas respectivas esposas) e a esposa de Joe Perry:

You talk about things and nobody cares
You're wearing other things that nobody wears
You're calling my name but you gotta make clear
I can't say baby where I'll be in a year

Lançada como single, atingiu a 36ª posição da principal parada norte-americana do gênero.


Está na 408ª posição da lista 500 Greatest Songs of All Time, da revista Rolling Stone. Além disto está presente em filmes como Dazed And Confused (1993) e games como Revolution X.

Presença constante em shows e coletâneas, a canção é sempre citada como uma das principais composições do Aerosmith em sua história.



NO MORE NO MORE

Uma bela e competente melodia envolve o ouvinte desde o início de "No More No More". A banda opta por um ritmo um pouco mais acelerado, mas sem colocar muito peso na faixa, construindo uma sonoridade bastante picante. O solo é cheio de feeling, dos melhores de Perry no álbum. Grande momento do disco!

A letra se refere à transitoriedade da vida:

Times they're a changin' nothing ever stands still
If I don't stop a changin' I'll be writtin' my will
It's the same old story never get a second chance
For a dance to the top of the hill



ROUND AND ROUND

O peso volta com tudo em "Round And Round". A banda opta por um andamento bem mais lento e arrastado, mas, conforme foi dito, extremamente pesado. Trata-se de um Hard Rock vigoroso e visceral, revelando outra faceta do grupo de Boston. Os vocais de Tyler estão consideravelmente mais agressivos em uma canção que flerta com a sonoridade de grupos como Led Zeppelin e Deep Purple. Faixa sensacional!

A letra possui certo sentido de saudosismo:

'Cause the life I been livin'
and the love someone give me
Would be sure to set you spinnin'
with you feet never touchin' the ground
And I'm round and round and round and round and round and round and round



YOU SEE ME CRYING

A nona - e última - canção de Toys In The Attic é "You See Me Crying". Uma bela e suave melodia, ao piano, abre a música. Mesmo quando a banda passa a acompanhar o piano de Tyler, o ritmo permanece bastante leve. Os vocais de Tyler estão precisos e combinam com a sonoridade desenvolvida pelo grupo. Whitford faz um bom solo a partir dos 3 minutos de execução. Trata-se de uma balada que fecha o álbum de maneira competente.

A letra tem sentido de rompimento amoroso:

Honey what'cha done to your head
Honey was the words that I said
Honey what'cha done to your head
Honey was the words that I said

Foi lançada como single, mas sem maiores repercussões em termos de paradas de sucesso.

A estrutura da música é mais complexa, possuindo até mesmo orquestração que foi conduzida por Mike Mainieri. Tanto as guitarras quanto a bateria possuíam passagens mais elaboradas que exigiram mais esforços dos membros do grupo durante as gravações.

Mas a gravadora, Columbia Records, ficou bastante satisfeita com o resultado final de “You See Me Crying”.

O solo da versão original é tocado por Brad Whitford.

A canção foi tocada ao vivo pela banda apenas uma vez, em 2009, durante uma turnê conjunta com o ZZ Top.



Considerações Finais

Embalado por 'Hits' como “Walk This Way” e “Sweet Emotion”, Toys In The Attic foi um enorme sucesso e responsável direto por tornar o Aerosmith uma banda famosa.

O álbum alcançou a ótima 11ª posição na principal parada norte-americana de discos. Também atingiu a 7ª colocação na correspondente canadense.

Em geral, a crítica tem opiniões muito positivas sobre o álbum. Por sua opinião sobre Toys in the Attic, para o AllMusic, Stephen Thomas Erlewine define o estilo do trabalho como uma mistura de Led Zeppelin e The Rolling Stones, o qual foi preenchido com canções sobre sexo com um estilo diferente daquele que havia antes. Greg Kot chamou o álbum de um marco do Hard Rock.

Como resultado de tanto sucesso, os álbuns anteriores da banda voltaram às paradas de sucesso. A banda fez uma turnê em suporte a Toys in the Attic, onde eles começaram a ficar mais reconhecidos.

Também por esta altura, a banda estabeleceu sua base conhecida como "The Wherehouse", em Waltham, Massachusetts, onde eles gravariam e ensaiariam música, bem como gerenciariam os negócios do grupo.

Como prêmios, o álbum está na 229ª colocação da lista The 500 Greatest Albums of All Time, da revista Rolling Stone. Também faz parte do livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die.

Toys In The Attic supera a casa das 8 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.


Formação:
Steven Tyler - Vocais, Percussão em "Sweet Emotion", Gaita, Piano em "You See Me Crying"
Joe Perry - Guitarra, Backing Vocal, Talkbox em "Sweet Emotion"
Brad Whitford - Guitarra
Tom Hamilton - Baixo, Guitarra em “Uncle Salty”
Joey Kramer - Bateria

Faixas:
01. Toys in the Attic (Tyler/Perry) - 3:07
02. Uncle Salty (Tyler/Hamilton) - 4:09
03. Adam's Apple (Tyler) - 4:33
04. Walk This Way (Tyler/Perry) - 3:41
05. Big Ten Inch Record (F.Weismantel) - 2:16
06. Sweet Emotion (Tyler/Hamilton) - 4:34
07. No More No More (Tyler/Perry) - 4:34
08. Round and Round (Tyler/Whitford) - 5:03
09. You See Me Crying (Tyler/Darren Solomon) - 5:12

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a: http://letras.mus.br/aerosmith/

Opinião do Blog:
Embora haja muita gente que torça o nariz, o Blog considera o Aerosmith entre as maiores bandas da história do Rock, principalmente por aquilo que a banda gravou durante os anos 70, com os seus pés fincados no Hard Rock setentista. Nada de excesso de baladas com apelo radiofônico, muito peso, ritmo e malícia formavam a massa sonora do grupo.

Stephen Thomas Erlewine foi bastante feliz ao descrever a banda como uma mistura de Rolling Stones com Led Zeppelin, embora seja uma visão um pouco reducionista. É claro que os dois gigantes ingleses foram fontes fartamente bebidas pelo Aerosmith, mas o grupo impregnou seu sou com suas influências da música norte-americana, desenvolvendo uma identidade própria e marcante.

Toys In The Attic é um dos melhores álbuns da história do Rock. Não há muito o que se comentar sobre o mesmo sem soar piegas: a qualidade elevadíssima das canções que o compõe fala por si só.

A banda soa entrosadíssima e todos contribuem decisivamente para o sucesso das faixas. A seção rítmica é precisa e competente e as guitarras imprimem peso e personalidade ao Rock desenvolvido pelo Aerosmith. Joe Perry se destaca com solos simples, muitas vezes curtos, mas repletos de feeling. Steven Tyler está excelente nos vocais e ainda esbanja talento ao piano e à gaita.

A opção por letras com conotação mais voltada à temática sexual revela-se perfeita por se casar com a parte instrumental produzida pelo conjunto, fartamente maliciosa e picante.

Toys In The Attic não apresenta músicas nem mesmo medianas, sua qualidade é inquestionável. Aqui não há faixas de enchimento ou descartáveis. O disco deve ser ouvido, ininterruptamente do início ao fim.

Canções como "Toys In The Attic" e "Sweet Emotion" são clássicos da história do Rock e ajudaram a formar a sonoridade que surgiria na década seguinte. Ainda temos, no mesmo nível de qualidade, músicas incríveis como a ótima "No More No More" e a pesada "Round And Round", esta, demonstrando uma faceta diferente do grupo.

E ainda se tem "Walk This Way", um dos grandes sucessos da história da música. Uma canção que define o que o próprio Aerosmith é como banda de Rock.

Por fim, cabe ao Blog ressaltar e exultar Toys In The Attic como um dos principais álbuns do Rock em todos os tempos, sendo uma cartilha do Hard Rock norte-americano. Apresenta uma banda das mais importantes e bem-sucedidas da história em seu auge criativo com uma coleção de canções com qualidade inquestionável. Disco mais que obrigatório! 

5 comentários:

  1. Excelente comentário, anônimo. Muito obrigado, acrescentou bastante ao post.

    Também acho que muita gente desconhece os grandes álbuns que a banda fez. O auge do Aerosmith foi nos anos 70, época em que estão localizados seus melhores trabalhos e um período no qual o grupo apostava em questões mais intensas e pesadas, mas sem perder a melodia.

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  2. Na minha concepção, o Aerosmith dessa fase até o disco Pump (1989) foi maravilhoso, e digo isso mesmo não sendo fã da banda e ao mesmo tempo reconhecendo a sua importância na história do rock. Como eu disse, até Pump o Aerosmith foi simplesmente excepcional, mas acho que eles começaram o declínio artístico a partir da década de 1990 com o álbum de 1993 Get a Grip (cuja capa me lembra muito a de Atom Heart Mother, do Pink Floyd - 23 anos antes), que apesar de ser bem-sucedido comercialmente, não me agrada muito e não me mostra a mesma banda que gravou anteriormente obras-primas como Pump, Permanent Vacation (1987), Rocks (1976) e este Toys in the Attic (1975) resenhado aqui no blog de forma brilhante pelo chefe Daniel. Paro por aqui, patrão...

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    1. Muito obrigado pelo comentário e pelos elogios, Igor. Eu gosto demais do Aerosmith dos anos 70 e curto alguns álbuns mais "novos" como Pump, Nine Lives e o Get a Grip, mas minha fase preferida é a setentista mesmo! Abraço!

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    2. Ah bom, então tá certo... Valeu, chefe!

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