Toulouse
Street é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana
chamada The Doobie Brothers. Seu lançamento oficial aconteceu no dia
1º de julho de 1972, através do selo Warner Bros. As gravações
ocorreram durante aquele mesmo ano no Warner Brothers Studios, North
Hollywood e Wally Heider Studios. A produção ficou a cargo de Ted
Templeman.
A banda
The Doobie Brothers fez enorme sucesso, principalmente nos Estados
Unidos, e em especial durante os anos 70. O Blog vai contar um
pouquinho da formação do grupo para depois se fixar no álbum
propriamente dito.
O
baterista John Hartman chegou à Califórnia em 1969 determinado a
encontrar Skip Spence, do Moby Grape, e participar de uma reunião
abortada do grupo. Assim, Spence apresentou Hartman ao cantor,
guitarrista e compositor Tom Johnston e os dois passaram a formar o
núcleo daquilo que se tornaria o The Doobie Brothers.
Johnston
e Hartman nomearam seu inexperiente grupo de "Pud" e
experimentaram com diferentes formações (ocasionalmente incluindo
Spence) e estilos musicais, fixando suas apresentações na cidade e
cercanias de San Jose, na Califórnia.
Nestas
versões embrionárias, o grupo se apresentava, na maioria das vezes,
como um “power trio” (junto com o baixista Greg Murphy), mas logo
começaram a trabalhar com uma seção de metais.
Em 1970,
eles uniram-se ao cantor, guitarrista e compositor Patrick Simmons e
ao baixista Dave Shogren. Simmons havia pertencido a vários grupos
da região (entre eles o "Scratch", um trio acústico com o
futuro baixista do Doobie Brothers, Tiran Porter) e também se
apresentava como um artista solo.
Além
disso, Simmons era um músico talentoso cuja abordagem na guitarra
complementava perfeitamente a parte rítmica, com doses generosas do
estilo R&B, de Tom Johnston.
Patrick Simmons |
O The
Doobie Brothers foi aprimorando seus talentos se apresentando em todo
o norte da Califórnia, em 1970. O grupo atraiu, particularmente, um
forte apoio entre os Hells Angels locais.
A banda
fazia shows recorrentes em um dos locais favoritos dos motociclistas,
o Chateau Liberté, nas montanhas Santa Cruz, continuando a se
apresentar no local até 1975 (embora alguns destes concertos não
incluíssem todos os membros da banda e fossem sem aviso prévio, de
natureza improvisada).
Foi
através de uma série de fitas-demo repletas de energia que
consagraram a banda, fazendo-a conquistar um contrato com a gravadora
Warner Bros. Records, em 1971.
Neste
ponto de sua história, a imagem da banda refletia a de seus maiores
fãs: jaquetas de couro e motocicletas.
No
entanto, o auto-intitulado álbum de estreia do grupo, afastou-a significativamente daquela imagem e de seu som ao vivo daquele
período. O álbum, que não obteve maior repercussão, enfatizava
guitarras acústicas e influências do estilo Country.
No disco
encontra-se a excelente faixa "Nobody", primeiro single da
banda, a qual permanecia regularmente em seu set ao vivo ao longo das
décadas seguintes.
Outras
boas canções estão na estreia do The Doobie Brothers, como
“Travelin' Man” e “The Master”.
Também
em 1971, enquanto ainda estava em turnê por seu primeiro álbum, o
grupo brincou com a ideia de acrescentar um segundo baterista, que
completaria a bateria de Hartman em alguns de seus shows, através da
adição do veterano da Marinha norte-americana, Michael Hossack.
Em
outubro de 1971, a banda gravou várias músicas para seu segundo
álbum com Dave Shogren nos backing vocals, baixo e guitarra. Mas um
pouco mais tarde, durante a gravação do disco, Shogren deixou o
grupo após desentendimentos com novo produtor do Doobie Brothers,
Ted Templeman.
Shogren
foi substituído, em dezembro de 1971 pelo cantor, compositor e
baixista Tiran Porter, enquanto Hossack foi adicionado à banda, ao
mesmo tempo, como membro regular.
Tom Johnston |
Porter e
Hossack eram ambos retratos fiéis da cena musical do norte da
Califórnia, tendo Porter anteriormente tocado no Scratch com
Simmons. Ele trouxe para o grupo um estilo “funkeado” ao baixo,
acrescentando sua voz de barítono rouco às vozes de Johnston e
Simmons, resultando em uma rica e harmônica mistura vocal.
A capa é
bastante simples, contendo uma fotografia da banda em um famoso
bordel da Toulouse Street, uma rua da cidade norte-americana de New
Orleans.. Vamos às faixas:
LISTEN
TO THE MUSIC
Uma melodia repleta de Swing e ritmo abre o álbum, de maneira comovente e envolvente. O aspecto é alegre e contagiante, mesmo que de maneira simples. O baixo de Tiran Porter está bastante proeminente e os vocais são excelentes, especialmente no refrão. Um grande clássico da música setentista!
A letra
possui uma mensagem positiva de otimismo:
Don't
you feel it growin', day by day
People
gettin' ready for the news
Some
are happy, some are sad
Oh, we
got to let the music play
What
the people need
Is a
way to make 'em smile
It
ain't so hard to do if you know how
Gotta
get a message
Get it
on through
Oh,
now mama's go'n' to after 'while
“Listen
To The Music” é uma das canções mais famosas do The Doobie
Brothers e tornou-se um símbolo do grupo. Geralmente é a música de
encerramento dos shows do conjunto.
Lançada
como single, atingiu a ótima 11ª posição da principal parada
norte-americana desta natureza, sendo responsável direta pelo
sucesso de Toulouse Street. Continua tendo intensa veiculação nas
rádios de Classic Rock dos Estados Unidos.
Jonathan
Rayson fez um cover para a canção em seu álbum de 2006, Shiny and
New.
ROCKIN'
DOWN THE HIGHWAY
As guitarras aparecem com maior destaque na segunda música de Toulouse Street. O ritmo continua bastante malicioso, mas a faixa está mais direcionada para um flerte com o Hard Rock da época. Os vocais são novamente muito bem construídos e o solo é bem legal. Excelente canção!
A letra
fala de dirigir um carro em uma estrada:
The
highway patrol got his eyes on me
I know
what he's thinkin' and it ain't good
I'm
movin' so fast he can barely see me
Gonna
lose that man, I know I should
I
gotta kick in my pedal
Make
my Ford move a little bit faster
Can't
stop, and I can't stop
Got to
keep on movin' or I'll lose my mind
MAMALOI
Com uma pegada quase acústica, "Mamaloi" aposta em uma musicalidade leve e simples, mas, como é praxe no grupo, de extremo bom gosto. O ouvinte é envolvido pelo ritmo calmo e suave, com os vocais em perfeita harmonia com a instrumentalidade. A seção rítmica faz um ótimo trabalho.
A letra
traz fortes referências à Jamaica:
Gypsy,
she say I got the fever
I
don't know whether to believe her
But
when the wind blow from the sea
My
soul start to fly away
She
give me charm that will protect me
Necklace
with stone from far across the sea
But
island magic much too strong
It
won't let me go this time
Composta
por Patrick Simmons, possui Tom Johnston como vocalista principal.
TOULOUSE
STREET
Mais uma vez o início da canção opta por uma leve e harmoniosa melodia, mas desta feita o clima é um tanto quanto mais sóbrio. Os vocais combinam com o toque de seriedade, embora a sonoridade permaneça suave por toda sua duração. Mais uma boa composição.
A letra
se refere a um feitiço em New Orleans:
The
night she is hot, creole girls they sing
My
heart, it is pounding, my ears they ring
The
spell has been cast down in new orleans again
COTTON
MOUTH
A malícia típica das canções do The Doobie Brothers está de volta com tudo em "Cotton Mouth", com direito a um naipe de metais bastante efetivo na faixa, conferindo ainda mais swing e temperatura à música. Os vocais estão em perfeita forma e o solo é excelente, repleto de feeling. Outro momento incrível do álbum!
A letra é
em tom de nostalgia e bucolismo:
Red
eyed momma keep cryin'
Blue
eyed cat keeps a lyin'
Catfish
keep his eye on the string
And
that cotton mouth keep on windin'
Sing,
sing, sing
Trata-se
de uma versão para a música originalmente gravada pela dupla Seals
and Crofts em seu álbum Down Home, de 1970.
DON'T
START ME TO TALKIN'
Neste Blues, a guitarra e os metais estão bastante marcantes e dão o tom intenso da canção. A interpretação vocal é precisa e o solo é dos melhores do disco, sendo o mesmo de alta competência. Uma versão de peso!
A letra é
bastante maliciosa:
She
borrowed some money
To go
to the beauty shop
I'm
goin' to a place where I can get my hair sot
Now
don't you start me talkin'
I'll
tell ev'rything I know
I'm
gonna break up this signifyin'
'cause
somebody gotta go
Trata-se
de um cover da música “Don't Start Me Talkin'”, composta e
gravada por Sonny Boy Williamson II, lançada como single em 1955.
JESUS
IS JUST ALRIGHT
O peso está novamente presente, com a seção rítmica sendo intensamente responsável pela qualidade do trabalho que se ouve. Outro grande destaque da faixa são os vocais, construídos de maneira perfeita a causar um efeito que conquista o ouvinte. A partir dos 2 minutos de execução, a canção se transforma em um Blues estonteante, contando com um solo excepcional. Mais para o final, há o retorno à melodia inicial.
A letra é
em tom de louvor:
I
don't care what they may say
I
don't care what they may do
I
don't care what they may say
Jesus
is just alright, oh yeah
Jesus
is just alright
Trata-se
de mais um cover, desta feita da canção “Jesus Is Just Alright”,
composta por Arthur Reid Reynolds e lançada por seu grupo, o The Art
Reynolds Singers, em seu álbum de 1966 chamado Tellin' It Like It
Is.
Lançada
como single, fez muito sucesso e atingiu a ótima 35ª posição na
parada norte-americana deste tipo de lançamento.
É uma
canção de origem gospel e, portanto, de louvor. Embora nenhum dos
membros do The Doobie Brothers fosse de real inclinação religiosa,
a faixa acabou caindo no gosto dos cristãos dos Estados Unidos.
A banda
conheceu primeiramente a música através da versão de “Jesus Is
Just Alright” gravada pelo The Byrds sendo que foi esta a base para
à criada pelo The Doobie Brothers, o qual rapidamente a acrescentou
ao seu repertório ao vivo.
WHITE
SUN
Já em "White Sun", há um retorno ao ritmo leve e suave, com a construção dos vocais sendo parte fundamental da melodia. O aspecto de positividade da parte instrumental se casa de maneira muito inteligente com a letra. Boa canção.
A letra é
uma mensagem sobre acreditar:
The
old man is weak, but strength comes from him
A
smile full of youth, and a gleam in his eye
His
garden is green and seems overflowin'
And
his dreams await in his rockin' chair sky
DISCIPLE
Um riff de primeira qualidade, pesado e intenso, mesmo que em um ritmo cadenciado, é a base de "Disciple". A melodia flerta deliberadamente com o Hard Rock, embora o estilo inconfundível da banda (com muito swing e extremamente melódico) seja parte estrutural da canção. Os vocais são muito bons e os solos de guitarra, por sua vez, empolgantes. Música excepcional!
A letra
possui sentido aterrorizador:
Night
time, I jumped back in the alley
Saw a
shadow closin' in
And
blue smoke all around the figure
A
knife blade is flashing grim
I made
my move to get away
Seems
like nowhere to run
All of
a sudden I was blinded by a flash
Devil
of a man with a gun
SNAKE
MAN
A décima - e última - música de Toulouse Street é "Snake Man". Trata-se da menor canção do álbum, com pouco mais de 1 minuto e meio. Com clara influência country e um violão bastante acentuado, encerra o disco de maneira correta e talentosa.
A letra
tem sentido de medo:
Well,
I'm worried
Snake
man's on my trail
Oh,
Lord, I'm worried
Snake
man's on my trail
And I
only come outside
To
pick up all the U.S. mail
A
black eagle
Flies
through my back yard
A
black eagle
Flies
through my back yard
Perches
on my window
Lord,
what a fearsome sight
Considerações
Finais
Embalado
pelo sucesso de seus 2 singles, “Listen To The Music” e “Jesus
Is Just Alright”, Toulouse Street fez muito barulho após seu
lançamento.
O álbum
atingiu a 21ª posição da principal parada norte-americana desta
natureza, alavancando o The Doobie Brothers a conquistar voos mais
altos. Também ficou com a 24ª colocação na correspondente
canadense.
O disco
Toulouse Street foi o início do sucesso comercial formidável que a
banda teria durante a década de 70.
Em
colaboração com o manager Bruce Cohn, o produtor Ted Templeman e
o engenheiro Donn Landee, a banda apresentou um conjunto mais polido
e eclético de canções que caiu no gosto do público em geral.
O
pianista Bill Payne, do Little Feat, contribuiu com os teclados, pela
primeira vez, iniciando uma colaboração de décadas com o The
Doobie Brothers, incluindo muitas sessões de gravação e até mesmo
uma turnê de duas semanas com a banda, no início de 1974.
Toulouse
Street ultrapassa a marca de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos
Estados Unidos.
Formação:
Patrick
Simmons - Guitarras, Flauta, Vocais
Tom
Johnston - Guitarras, Vocais
Tiran
Porter - Baixo, Vocais
John
Hartman - Bateria, Percussão
Michael
Hossack – Bateria
Músicos
Adicionais:
Jerry
Jumonville - Saxofone
Joe Lane
Davis - Saxofone
Sherman
Marshall Cyr - Trompete
Jon
Robert Smith - Saxofone
Bill
Payne - Piano, Órgão, Teclados
Dave
Shogren - Baixo e Guitarra em "Toulouse Street"; Vocais em
"White Sun"
Ted
Templeman - Percussão
Faixas:
01.
Listen to the Music (Johnston) – 4:44
02.
Rockin' Down the Highway" (Johnston) – 3:18
03.
Mamaloi (Simmons) – 2:28
04.
Toulouse Street (Simmons) – 3:20
05.
Cotton Mouth (Seals/Crofts) – 3:44
06. Don't
Start Me to Talkin' (Williamson) – 2:41
07. Jesus
Is Just Alright (Reynolds) – 4:33
08. White
Sun (Johnston) – 2:28
09.
Disciple (Johnston) – 6:42
10. Snake
Man (Johnston) – 1:35
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/doobie-brothers/
Embora não tanto conhecido no Brasil, a banda The Doobie Brothers fez muito sucesso comercial e junto ao público nos Estados Unidos, especialmente durante os anos 70. Seus trabalhos daquela década são muito relevantes dentro da música popular norte-americana.
O ponto diferencial do The Doobie Brothers é como a banda soube explorar, com absoluto brilhantismo, a fusão de ritmos e musicalidades tipicamente ianques com o seu Rock básico, simples e melódico; flertando competentemente com o Hard setentista, mesmo que esporadicamente. E é isto que o ouvinte encontra em Toulouse Street.
Trata-se de um álbum que demonstra uma banda entrosada, talentosa e extremamente competente. O disco marca a performance de alto nível de todos os envolvidos na parte sonora e vocal do trabalho. Toulouse Street é uma marca do talento dos músicos que formavam o The Doobie Brothers.
As letras são boas e ajudam a valorizar o álbum em questão, abordando temáticas diversas e variadas de modo competente.
Mesmo com 3 covers, é difícil apontar pontos baixos em um disco tão incrível como Toulouse Street. Mas faz parte da tradição do Blog apontar as favoritas do autor.
Claro que "Listen To The Music" acabou se tornando um clássico e uma canção que define o estilo da banda. Seu valor para o grupo, em particular, e para o público, em geral, é inestimável. Uma pérola incontestável.
Mas não é apenas da supracitada música que vive Toulouse Street. Pelo contrário, momentos tão bons - ou melhores, para este que vos escreve - são encontrados aos montes no álbum.
"Rockin' Down The Highway" flerta levemente com o Hard Rock e possui um resultado interessante. Assim como a pesada "Disciple", para o Blog, a melhor do disco e uma das mais incríveis composições do grupo. Mas merecem citação a bela e suave faixa-título, "Toulouse Street", e a versão matadora para "Jesus Is Just Alright".
Concluindo, o leitor fã de sonoridades mais pesadas que são comumente apresentadas aqui no Blog pode não gostar de Toulouse Street. Mas os fãs do Rock que flerta com estilos variados e aposta em uma musicalidade suave e diversificada certamente irá saborear o álbum com intenso prazer. Trata-se de um trabalho criativo, influente e rico em sua sonoridade. Altamente indicado pelo Blog. Obrigatório!
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