1 de junho de 2015

THE DOOBIE BROTHERS - TOULOUSE STREET (1972)


Toulouse Street é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana chamada The Doobie Brothers. Seu lançamento oficial aconteceu no dia 1º de julho de 1972, através do selo Warner Bros. As gravações ocorreram durante aquele mesmo ano no Warner Brothers Studios, North Hollywood e Wally Heider Studios. A produção ficou a cargo de Ted Templeman.


A banda The Doobie Brothers fez enorme sucesso, principalmente nos Estados Unidos, e em especial durante os anos 70. O Blog vai contar um pouquinho da formação do grupo para depois se fixar no álbum propriamente dito.

O baterista John Hartman chegou à Califórnia em 1969 determinado a encontrar Skip Spence, do Moby Grape, e participar de uma reunião abortada do grupo. Assim, Spence apresentou Hartman ao cantor, guitarrista e compositor Tom Johnston e os dois passaram a formar o núcleo daquilo que se tornaria o The Doobie Brothers.

Johnston e Hartman nomearam seu inexperiente grupo de "Pud" e experimentaram com diferentes formações (ocasionalmente incluindo Spence) e estilos musicais, fixando suas apresentações na cidade e cercanias de San Jose, na Califórnia.

Nestas versões embrionárias, o grupo se apresentava, na maioria das vezes, como um “power trio” (junto com o baixista Greg Murphy), mas logo começaram a trabalhar com uma seção de metais.

Em 1970, eles uniram-se ao cantor, guitarrista e compositor Patrick Simmons e ao baixista Dave Shogren. Simmons havia pertencido a vários grupos da região (entre eles o "Scratch", um trio acústico com o futuro baixista do Doobie Brothers, Tiran Porter) e também se apresentava como um artista solo.

Além disso, Simmons era um músico talentoso cuja abordagem na guitarra complementava perfeitamente a parte rítmica, com doses generosas do estilo R&B, de Tom Johnston.

Patrick Simmons
O The Doobie Brothers foi aprimorando seus talentos se apresentando em todo o norte da Califórnia, em 1970. O grupo atraiu, particularmente, um forte apoio entre os Hells Angels locais.

A banda fazia shows recorrentes em um dos locais favoritos dos motociclistas, o Chateau Liberté, nas montanhas Santa Cruz, continuando a se apresentar no local até 1975 (embora alguns destes concertos não incluíssem todos os membros da banda e fossem sem aviso prévio, de natureza improvisada).

Foi através de uma série de fitas-demo repletas de energia que consagraram a banda, fazendo-a conquistar um contrato com a gravadora Warner Bros. Records, em 1971.

Neste ponto de sua história, a imagem da banda refletia a de seus maiores fãs: jaquetas de couro e motocicletas.

No entanto, o auto-intitulado álbum de estreia do grupo, afastou-a significativamente daquela imagem e de seu som ao vivo daquele período. O álbum, que não obteve maior repercussão, enfatizava guitarras acústicas e influências do estilo Country.

No disco encontra-se a excelente faixa "Nobody", primeiro single da banda, a qual permanecia regularmente em seu set ao vivo ao longo das décadas seguintes.

Outras boas canções estão na estreia do The Doobie Brothers, como “Travelin' Man” e “The Master”.

Também em 1971, enquanto ainda estava em turnê por seu primeiro álbum, o grupo brincou com a ideia de acrescentar um segundo baterista, que completaria a bateria de Hartman em alguns de seus shows, através da adição do veterano da Marinha norte-americana, Michael Hossack.

Em outubro de 1971, a banda gravou várias músicas para seu segundo álbum com Dave Shogren nos backing vocals, baixo e guitarra. Mas um pouco mais tarde, durante a gravação do disco, Shogren deixou o grupo após desentendimentos com novo produtor do Doobie Brothers, Ted Templeman.

Shogren foi substituído, em dezembro de 1971 pelo cantor, compositor e baixista Tiran Porter, enquanto Hossack foi adicionado à banda, ao mesmo tempo, como membro regular.

Tom Johnston
Porter e Hossack eram ambos retratos fiéis da cena musical do norte da Califórnia, tendo Porter anteriormente tocado no Scratch com Simmons. Ele trouxe para o grupo um estilo “funkeado” ao baixo, acrescentando sua voz de barítono rouco às vozes de Johnston e Simmons, resultando em uma rica e harmônica mistura vocal.

A capa é bastante simples, contendo uma fotografia da banda em um famoso bordel da Toulouse Street, uma rua da cidade norte-americana de New Orleans.. Vamos às faixas:

LISTEN TO THE MUSIC

Uma melodia repleta de Swing e ritmo abre o álbum, de maneira comovente e envolvente. O aspecto é alegre e contagiante, mesmo que de maneira simples. O baixo de Tiran Porter está bastante proeminente e os vocais são excelentes, especialmente no refrão. Um grande clássico da música setentista!

A letra possui uma mensagem positiva de otimismo:

Don't you feel it growin', day by day
People gettin' ready for the news
Some are happy, some are sad
Oh, we got to let the music play
What the people need
Is a way to make 'em smile
It ain't so hard to do if you know how
Gotta get a message
Get it on through
Oh, now mama's go'n' to after 'while

“Listen To The Music” é uma das canções mais famosas do The Doobie Brothers e tornou-se um símbolo do grupo. Geralmente é a música de encerramento dos shows do conjunto.


Lançada como single, atingiu a ótima 11ª posição da principal parada norte-americana desta natureza, sendo responsável direta pelo sucesso de Toulouse Street. Continua tendo intensa veiculação nas rádios de Classic Rock dos Estados Unidos.

Jonathan Rayson fez um cover para a canção em seu álbum de 2006, Shiny and New.



ROCKIN' DOWN THE HIGHWAY

As guitarras aparecem com maior destaque na segunda música de Toulouse Street. O ritmo continua bastante malicioso, mas a faixa está mais direcionada para um flerte com o Hard Rock da época. Os vocais são novamente muito bem construídos e o solo é bem legal. Excelente canção!

A letra fala de dirigir um carro em uma estrada:

The highway patrol got his eyes on me
I know what he's thinkin' and it ain't good
I'm movin' so fast he can barely see me
Gonna lose that man, I know I should
I gotta kick in my pedal
Make my Ford move a little bit faster
Can't stop, and I can't stop
Got to keep on movin' or I'll lose my mind



MAMALOI

Com uma pegada quase acústica, "Mamaloi" aposta em uma musicalidade leve e simples, mas, como é praxe no grupo, de extremo bom gosto. O ouvinte é envolvido pelo ritmo calmo e suave, com os vocais em perfeita harmonia com a instrumentalidade. A seção rítmica faz um ótimo trabalho. 

A letra traz fortes referências à Jamaica:

Gypsy, she say I got the fever
I don't know whether to believe her
But when the wind blow from the sea
My soul start to fly away
She give me charm that will protect me
Necklace with stone from far across the sea
But island magic much too strong
It won't let me go this time

Composta por Patrick Simmons, possui Tom Johnston como vocalista principal.



TOULOUSE STREET

Mais uma vez o início da canção opta por uma leve e harmoniosa melodia, mas desta feita o clima é um tanto quanto mais sóbrio. Os vocais combinam com o toque de seriedade, embora a sonoridade permaneça suave por toda sua duração. Mais uma boa composição.

A letra se refere a um feitiço em New Orleans:

The night she is hot, creole girls they sing
My heart, it is pounding, my ears they ring
The spell has been cast down in new orleans again



COTTON MOUTH

A malícia típica das canções do The Doobie Brothers está de volta com tudo em "Cotton Mouth", com direito a um naipe de metais bastante efetivo na faixa, conferindo ainda mais swing e temperatura à música. Os vocais estão em perfeita forma e o solo é excelente, repleto de feeling. Outro momento incrível do álbum!

A letra é em tom de nostalgia e bucolismo:

Red eyed momma keep cryin'
Blue eyed cat keeps a lyin'
Catfish keep his eye on the string
And that cotton mouth keep on windin'
Sing, sing, sing

Trata-se de uma versão para a música originalmente gravada pela dupla Seals and Crofts em seu álbum Down Home, de 1970.



DON'T START ME TO TALKIN'

Neste Blues, a guitarra e os metais estão bastante marcantes e dão o tom intenso da canção. A interpretação vocal é precisa e o solo é dos melhores do disco, sendo o mesmo de alta competência. Uma versão de peso!

A letra é bastante maliciosa:

She borrowed some money
To go to the beauty shop
I'm goin' to a place where I can get my hair sot
Now don't you start me talkin'
I'll tell ev'rything I know
I'm gonna break up this signifyin'
'cause somebody gotta go

Trata-se de um cover da música “Don't Start Me Talkin'”, composta e gravada por Sonny Boy Williamson II, lançada como single em 1955.



JESUS IS JUST ALRIGHT

O peso está novamente presente, com a seção rítmica sendo intensamente responsável pela qualidade do trabalho que se ouve. Outro grande destaque da faixa são os vocais, construídos de maneira perfeita a causar um efeito que conquista o ouvinte. A partir dos 2 minutos de execução, a canção se transforma em um Blues estonteante, contando com um solo excepcional. Mais para o final, há o retorno à melodia inicial.

A letra é em tom de louvor:

I don't care what they may say
I don't care what they may do
I don't care what they may say
Jesus is just alright, oh yeah
Jesus is just alright

Trata-se de mais um cover, desta feita da canção “Jesus Is Just Alright”, composta por Arthur Reid Reynolds e lançada por seu grupo, o The Art Reynolds Singers, em seu álbum de 1966 chamado Tellin' It Like It Is.

Lançada como single, fez muito sucesso e atingiu a ótima 35ª posição na parada norte-americana deste tipo de lançamento.


É uma canção de origem gospel e, portanto, de louvor. Embora nenhum dos membros do The Doobie Brothers fosse de real inclinação religiosa, a faixa acabou caindo no gosto dos cristãos dos Estados Unidos.

A banda conheceu primeiramente a música através da versão de “Jesus Is Just Alright” gravada pelo The Byrds sendo que foi esta a base para à criada pelo The Doobie Brothers, o qual rapidamente a acrescentou ao seu repertório ao vivo.



WHITE SUN

Já em "White Sun", há um retorno ao ritmo leve e suave, com a construção dos vocais sendo parte fundamental da melodia. O aspecto de positividade da parte instrumental se casa de maneira muito inteligente com a letra. Boa canção.

A letra é uma mensagem sobre acreditar:

The old man is weak, but strength comes from him
A smile full of youth, and a gleam in his eye
His garden is green and seems overflowin'
And his dreams await in his rockin' chair sky



DISCIPLE

Um riff de primeira qualidade, pesado e intenso, mesmo que em um ritmo cadenciado, é a base de "Disciple". A melodia flerta deliberadamente com o Hard Rock, embora o estilo inconfundível da banda (com muito swing e extremamente melódico) seja parte estrutural da canção. Os vocais são muito bons e os solos de guitarra, por sua vez, empolgantes. Música excepcional!

A letra possui sentido aterrorizador:

Night time, I jumped back in the alley
Saw a shadow closin' in
And blue smoke all around the figure
A knife blade is flashing grim
I made my move to get away
Seems like nowhere to run
All of a sudden I was blinded by a flash
Devil of a man with a gun



SNAKE MAN

A décima - e última - música de Toulouse Street é "Snake Man". Trata-se da menor canção do álbum, com pouco mais de 1 minuto e meio. Com clara influência country e um violão bastante acentuado, encerra o disco de maneira correta e talentosa.

A letra tem sentido de medo:

Well, I'm worried
Snake man's on my trail
Oh, Lord, I'm worried
Snake man's on my trail
And I only come outside
To pick up all the U.S. mail
A black eagle
Flies through my back yard
A black eagle
Flies through my back yard
Perches on my window
Lord, what a fearsome sight



Considerações Finais

Embalado pelo sucesso de seus 2 singles, “Listen To The Music” e “Jesus Is Just Alright”, Toulouse Street fez muito barulho após seu lançamento.

O álbum atingiu a 21ª posição da principal parada norte-americana desta natureza, alavancando o The Doobie Brothers a conquistar voos mais altos. Também ficou com a 24ª colocação na correspondente canadense.

O disco Toulouse Street foi o início do sucesso comercial formidável que a banda teria durante a década de 70.

Em colaboração com o manager Bruce Cohn, o produtor Ted Templeman e o engenheiro Donn Landee, a banda apresentou um conjunto mais polido e eclético de canções que caiu no gosto do público em geral.

O pianista Bill Payne, do Little Feat, contribuiu com os teclados, pela primeira vez, iniciando uma colaboração de décadas com o The Doobie Brothers, incluindo muitas sessões de gravação e até mesmo uma turnê de duas semanas com a banda, no início de 1974.

Toulouse Street ultrapassa a marca de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.


Formação:
Patrick Simmons - Guitarras, Flauta, Vocais
Tom Johnston - Guitarras, Vocais
Tiran Porter - Baixo, Vocais
John Hartman - Bateria, Percussão
Michael Hossack – Bateria
Músicos Adicionais:
Jerry Jumonville - Saxofone
Joe Lane Davis - Saxofone
Sherman Marshall Cyr - Trompete
Jon Robert Smith - Saxofone
Bill Payne - Piano, Órgão, Teclados
Dave Shogren - Baixo e Guitarra em "Toulouse Street"; Vocais em "White Sun"
Ted Templeman - Percussão

Faixas:
01. Listen to the Music (Johnston) – 4:44
02. Rockin' Down the Highway" (Johnston) – 3:18
03. Mamaloi (Simmons) – 2:28
04. Toulouse Street (Simmons) – 3:20
05. Cotton Mouth (Seals/Crofts) – 3:44
06. Don't Start Me to Talkin' (Williamson) – 2:41
07. Jesus Is Just Alright (Reynolds) – 4:33
08. White Sun (Johnston) – 2:28
09. Disciple (Johnston) – 6:42
10. Snake Man (Johnston) – 1:35

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/doobie-brothers/

Opinião do Blog:
Embora não tanto conhecido no Brasil, a banda The Doobie Brothers fez muito sucesso comercial e junto ao público nos Estados Unidos, especialmente durante os anos 70. Seus trabalhos daquela década são muito relevantes dentro da música popular norte-americana.

O ponto diferencial do The Doobie Brothers é como a banda soube explorar, com absoluto brilhantismo, a fusão de ritmos e musicalidades tipicamente ianques com o seu Rock básico, simples e melódico; flertando competentemente com o Hard setentista, mesmo que esporadicamente. E é isto que o ouvinte encontra em Toulouse Street.

Trata-se de um álbum que demonstra uma banda entrosada, talentosa e extremamente competente. O disco marca a performance de alto nível de todos os envolvidos na parte sonora e vocal do trabalho. Toulouse Street é uma marca do talento dos músicos que formavam o The Doobie Brothers.

As letras são boas e ajudam a valorizar o álbum em questão, abordando temáticas diversas e variadas de modo competente.

Mesmo com 3 covers, é difícil apontar pontos baixos em um disco tão incrível como Toulouse Street. Mas faz parte da tradição do Blog apontar as favoritas do autor.

Claro que "Listen To The Music" acabou se tornando um clássico e uma canção que define o estilo da banda. Seu valor para o grupo, em particular, e para o público, em geral, é inestimável. Uma pérola incontestável.

Mas não é apenas da supracitada música que vive Toulouse Street. Pelo contrário, momentos tão bons - ou melhores, para este que vos escreve - são encontrados aos montes no álbum.

"Rockin' Down The Highway" flerta levemente com o Hard Rock e possui um resultado interessante. Assim como a pesada "Disciple", para o Blog, a melhor do disco e uma das mais incríveis composições do grupo. Mas merecem citação a bela e suave faixa-título, "Toulouse Street", e a versão matadora para "Jesus Is Just Alright".

Concluindo, o leitor fã de sonoridades mais pesadas que são comumente apresentadas aqui no Blog pode não gostar de Toulouse Street. Mas os fãs do Rock que flerta com estilos variados e aposta em uma musicalidade suave e diversificada certamente irá saborear o álbum com intenso prazer. Trata-se de um trabalho criativo, influente e rico em sua sonoridade. Altamente indicado pelo Blog. Obrigatório!

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