Keeper Of
The Seven Keys Part 1 é o segundo álbum de estúdio da banda alemã
chamada Helloween. Seu lançamento oficial aconteceu em 23 de maio de
1987, pelo selo Noise Records, e as gravações se deram entre
novembro de 1986 e janeiro de 1987 no Horus Sound Studio, em
Hannover, na Alemanha. A produção ficou a cargo de Tommy Newton e
Tommy Hansen.
O
Helloween é das bandas mais importantes da história do Heavy Metal,
sendo responsável direta pelo surgimento de uma de suas vertentes
mais difundidas, o chamado Power Metal. O Blog vai contar um pouco da
história do grupo para depois se ater ao álbum propriamente dito.
O
Helloween foi formado em 1984, em Hamburgo, na Alemanha. O line-up
original incluía Kai Hansen nos vocais e guitarra, Michael Weikath
na guitarra, Markus Grosskopf no baixo, e Ingo Schwichtenberg na
bateria.
Naquele
ano, a banda assinou contrato com a Noise Records e gravou duas
músicas para uma coleção da supracitada gravadora, chamada Death
Metal. A compilação apresentava bandas que ficariam conhecidas,
nomes de calibre como Hellhammer, Running Wild, e Dark Avenger.
Kai Hansen |
As duas
faixas foram "Oernst Of Life", composta por Weikath, e
"Metal Invaders", de Hansen, esta última em uma versão
mais rápida que aquela a qual apareceria no primeiro álbum completo
do grupo.
O
Helloween gravou e lançou seu primeiro registro em 1985, um EP
auto-intitulado, o qual continha cinco faixas.
Também
nesse ano, a banda lançou seu primeiro álbum de estúdio, o
aclamado Walls of Jericho, o qual contém petardos como “Metal
Invaders”, “Ride The Sky” e a própria faixa-título.
Apesar da
boa qualidade, Walls Of Jericho não repercutiu em termos de paradas
de sucesso, nem mesmo em sua terra natal, apenas conquistando a
modesta 75ª colocação no Japão.
Durante a
seguinte turnê, Kai Hansen apresentou algumas dificuldades em cantar
e tocar guitarra ao mesmo tempo. A derradeira gravação de Kai como
vocalista da banda foi em 1986, em um EP intitulado Judas, a qual
continha a canção "Judas" e versões ao vivo de "Ride
the Sky" e de "Guardians", ambas gravadas em
Gelsenkirchen.
Na
sequência destes lançamentos, o Helloween começou a busca por um
novo vocalista.
A banda
encontrou um vocalista de então 18 anos de idade, chamado Michael
Kiske, a partir de um grupo local, da cidade de Hamburgo, chamado Ill
Prophecy.
Michael Kiske |
Com seu
novo vocalista em ponto de bala, o Helloween aproximou as gravadoras
Noise International e RCA, propondo o lançamento de um LP duplo, a
fim de introduzir o seu novo line-up.
Por fim,
a proposta foi recusada. Em vez disso, eles gravaram e lançaram um
álbum único, Keeper of the Seven Keys Part I, que foi lançado em
1987.
A capa,
belíssima, foi obra de Edda & Uwe Karczewski.
As
gravações foram realizadas na cidade alemã de Hannover, nos
estúdios Horus Sound Studio, durante novembro de 1986 e janeiro de
1987.
Vamos às
faixas:
INITIATION
"Initiation" é uma pequena introdução instrumental para o álbum.
I'M
ALIVE
Já a segunda faixa do disco mostra ao que a banda veio: peso, intensidade e muita, muita velocidade! As guitarras abusam dos solos, sempre com muito bom gosto. Os vocais de Michael Kiske dispensam maiores comentários. Enfim, um início de qualidade soberba!
A letra
tem um forte sentido de amizade:
There's
no use in hangin' all around
You're
a king, can't you see your crown
Look
into my eyes
So
many things are waiting to be done
You
just need a friend
Together
we will sing along
A
LITTLE TIME
O riff inicial de "A Little Time" já prenuncia uma grande canção. O ritmo inicial não é tão veloz quanto ao da faixa precedente, mas o peso e a intensidade continuam muito presentes. Kiske dá um show de interpretação, tornando a música ainda melhor. Rica em melodia, "A Little Time" é uma das grandes canções de 'Keeper I'.
A letra
reflete a fugacidade do tempo:
A
little time to build up your lives
A
little time to make up our minds
A
little time to fill up our dreams
A
little time, time
TWILIGHT
OF THE GODS
A quarta faixa do álbum se inicia com muito ritmo e intensidade, em uma sonoridade típica do Power Metal, com ênfase na velocidade. Destaque intenso para os ótimos vocais de Michael Kiske que se casam perfeitamente com a parte instrumental. Outro momento ótimo do disco.
A letra
tem conteúdo fantástico:
Silicone
brain powered voices
Are
crying "atack" tonight
Our
gods are now fightling
In
anger, burning our world
A
TALE THAT WASN'T RIGHT
Na quinta faixa, o ritmo cai com uma tocante e suave melodia para introduzir "A Tale That Wasn't Right". Logo o ouvinte percebe que está diante de uma balada, mas que foge completamente ao lugar comum. A supracitada melodia é belíssima e o solo que se inicia por volta dos 3 minutos é excepcional. Destaque total, também, para a atuação de Kiske.
A letra
contrapõe realidade e desejo:
In my
heart, in my soul
I
really hate to pay this toll
Should
be strong, young and bold
But
the only thing I feel is pain
FUTURE
WORLD
Peso e intensidade marcam um dos mais brilhantes riffs compostos pelo Helloween. O ritmo é um tanto quanto mais cadenciado, mas a faixa é bastante pesada, sem abrir mão, sequer um milímetro, de uma cativante melodia. As guitarras estão bem presentes, mas a seção rítmica faz um trabalho brilhante e responsável direto pelo sucesso da canção. Kiske, só para variar, dá outro show. Um clássico!
A letra é
uma mensagem otimista para o futuro:
One
day you'll live in happiness
With a
heart that's full of joy
You'll
say the word "tomorrow" without fear
The
feeling of togetherness will be at your side
You'll
say you love your life and you'll know why
“Future
World” é um clássico incontestável do Helloween. Mesmo assim,
entretanto, foi lançada como single, mas não obteve qualquer
repercussão nas principais paradas de sucesso desta natureza.
A capa do
single apresenta a mascote da banda em uma homenagem ao herói dos
quadrinhos Judge Dredd.
A faixa é
executada com frequência tanto pelo Helloween quanto pelo Gamma Ray
(a também lendária banda formada por Kai Hansen quando este deixou o
Helloween) em seus shows.
Normalmente
é utilizada para a participação do público, geralmente com a
multidão cantando o primeiro verso depois do vocalista gritar a
primeira frase da canção.
HALLOWEEN
A sétima música do álbum é "Halloween", quase homônima ao grupo, e supera a casa dos 13 minutos. Com maestria, a banda desenvolve uma canção em que a tônica é a oscilação entre momentos mais Heavy Metal tradicional (com uma pegada bem oitentista da New Wave Of British Heavy Metal) e outros em que sua original sonoridade Power Metal está 'em chamas'. Passagens instrumentais com ótimos solos, excelentes vocais e bastante criatividade constituem uma das melhores faixas que a banda compôs em toda sua discografia.
A letra
se refere à tradicional festa homônima à faixa:
In the
streets on Halloween
There's
something going on
No way
to escape the power unknown
In the
streets on Halloween
The
spirits will arise
Make
your choice, it's hell or paradise
Ah--it's
Halloween
Ah--it's
Halloween. . .tonight
FOLLOW
THE SIGN
A oitava - e última - faixa de Keeper Of The Seven Keys Part 1 é "Follow The Sign". Com pouco menos de 2 minutos, a canção funciona como um convite para a segunda parte vindoura do trabalho. Destaque para as guitarras.
A letra
possui tom de alerta:
Now
that you've made your choice
Follow
the sign
Did
you make your choice?
You're
the keeper of the seven keys
Our
only hope's your victory
So
follow the sign
Considerações
Finais
Embora
seja um álbum clássico, Keeper Of The Seven Keys Part 1 não
obteve maiores repercussões em seu momento de lançamento, mas foi
conquistando seu espaço aos poucos.
Em termos
de paradas de sucesso, ficou com a modestíssima 104ª posição da
principal parada norte-americana de álbuns, com a respectiva 15ª
colocação na correspondente alemã. Ainda ficou com os 57º, 42º e
18º lugares nas paradas japonesa, sueca e suíça, respectivamente.
Além
disto, foi um álbum dominado pelo guitarrista Kai Hansen já que uma
lesão do outro guitarrista, Michael Weikath, o impediu de ter uma maior
performance em grande parte do álbum.
Para a
promoção do disco, "Future World" foi lançada como
single e um videoclipe foi feito para "Halloween", mas com
cerca de 8 minutos da canção omitidos na edição.
Mais
importante que tudo isto é o fato de Keeper Of The Seven Keys Part
1 ser considerado um álbum emblemático, com muitos críticos o
considerando como o criador da vertente Power Metal do estilo Heavy
Metal.
Já em
1988, o Helloween lançaria Keeper Of The Seven Keys Part 2 e
entraria, ainda mais, para a história do Heavy Metal.
Formação:
Michael
Kiske - Vocal
Kai
Hansen - Guitarra
Michael
Weikath - Guitarra
Markus
Grosskopf - Baixo
Ingo
Schwichtenberg - Bateria
Faixas:
01.
Initiation (Hansen) - 1:20
02. I'm
Alive (Hansen) - 3:22
03. A
Little Time (Kiske) - 3:59
04.
Twilight of the Gods (Hansen) - 4:29
05. A
Tale That Wasn't Right (Weikath) - 4:42
06.
Future World (Hansen) - 4:02
07.
Halloween (Hansen) - 13:18
08.
Follow the Sign (Hansen/Weikath) - 1:46
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://letras.mus.br/helloween/
O Helloween é o principal protagonista da vertente do Heavy Metal que se acostumou chamar de Power Metal. Não apenas pelo seu pioneirismo, mas, e principalmente, pela qualidade e consistência do material que lançou a partir da segunda metade da década de oitenta.
Assim, o grupo alemão se tornou um modelo, o paradigma a ser seguido por todos os outros conjuntos e músicos que surgiram posteriormente e apostaram em seguir o estilo Power Metal. Desta maneira, o Helloween é a principal (ou ma das principais) influências do supracitado Power Metal e de seu descendente chamado no Brasil de "Metal Melódico".
Keeper Of The Seven Keys Part 1 (e seu sucessor) são as cartilhas definitivas do estilo. Sua qualidade e originalidade assombram, determinam uma linha de composição e constituem parâmetros para uma nova vertente da música pesada.
A banda aposta não apenas no peso das músicas, mas também em um ritmo bastante mais acelerado e em melodias cativantes e bem construídas. Todo este arcabouço sonoro não apenas surpreende assim como conquistou milhões de ouvintes.
Tudo isto somente é possível por conta da banda ser formada por ótimos músicos. Todos contribuem de forma decisiva para a qualidade do que se escuta. Especial destaque para as guitarras de Kai Hansen e de Michael Weikath e para a atuação impressionante de Michael Kiske nos vocais.
As letras abordam temáticas fantasiosas, mas sempre com um contraponto realístico e sentimental de bom gosto.
Difícil destacar músicas sem se tornar injusto com outras, pois se trata de um álbum de qualidade muito alta e bastante homogêneo. Mas cabe ressaltar o clássico indiscutível "Future World", a belíssima balada "A Tale That Wasn't Right" e a porrada "I'm Alive". Mas realmente há que se enaltecer uma canção como "Halloween", uma das mais impressivas composições da banda.
Enfim, o Helloween dispensa maiores comentários como banda. Sua importância e seu legado permanecem vivos e pulsantes, basta ao ouvinte reconhecer a quantidade incontável de grupos que seguiram seus passos e foram diretamente influenciados pela sua musicalidade. Keeper Of The Seven Keys Part 1 é um álbum incrível e a primeira parte de uma cartilha do Power Metal, juntamente com seu sucessor (o qual é assunto para um futuro post). Álbum mais que obrigatório!