Fly By
Night é o segundo álbum de estúdio da banda canadense Rush. Seu
lançamento oficial aconteceu em 15 de fevereiro de 1975 pelo selo
Anthem Records. As gravações se deram entre dezembro de 1974 e
janeiro do ano subsequente, no Toronto Sound Studios, na cidade de
Toronto, no Canadá. A produção ficou por conta de Terry Brown e da
própria banda.
Uma das
mais criativas, técnicas e influentes bandas do Rock em todos os
tempos: este é o Rush. O blog vai relatar um breve histórico da
fundação do grupo para depois se ater ao álbum.
A
primeira formação do Rush data do ano de 1968 e foi formada no
bairro de Willowdale, em Toronto, Ontário, no Canadá. A banda era
formada pelo guitarrista Alex Lifeson, pelo baixista e vocalista Jeff
Jones e o baterista John Rutsey.
Poucas
semanas após sua formação, e antes mesmo de sua segunda
apresentação, o baixista e vocalista Jones deixou a banda e foi
substituído por Geddy Lee, um colega de escola de Lifeson.
Depois de
várias reformas no line-up, a considerada primeira encarnação
oficial do conjunto foi formatada em maio de 1971, consistindo em
Lee, Lifeson, e Rutsey. O primeiro manager do grupo foi Ray Danniels,
também da cidade de Toronto, e um frequentador habitual dos
primeiros shows do Rush.
Geddy Lee |
Após
conquistarem estabilidade no line-up e aprimorarem suas habilidades
no circuito de bares/escolas locais, os membros da banda lançaram
seu primeiro single, "Not Fade Away", um cover da música
de Buddy Holly, em 1973.
O Lado B
do supracitado single continha uma composição original, "You
Can't Fight It", creditada a Lee e a Rutsey.
O single
causou pouca repercussão e, por conta da indiferença da gravadora
que o lançou, a banda resolveu fundar seu próprio selo
independente, denominado Moon Records.
Com o
auxílio de Danniels e do engenheiro recém-contratado, Terry Brown,
a banda lançou seu álbum de estreia auto-intitulado, em março de
1974.
Embora um
bom trabalho, contando com ótimas canções como “Finding My Way”,
“In The Mood” e “Working Man”, a imprensa especializada
considerou o trabalho altamente derivado do gigante inglês Led
Zeppelin.
Até
então, o Rush possuía limitada popularidade local. Foi aí que o
álbum de estreia da banda chegou à WMMS, uma estação de rádio
em Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos. Donna Halper, um diretor
musical e DJ que trabalhava na estação, selecionou "Working
Man" para sua playlist regular.
A música
ressoou entre os fãs de hard rock e esta recém-descoberta
popularidade levou o álbum a ser lançado pela Mercury Records em
todos os Estados Unidos.
Imediatamente
após o lançamento do álbum de estreia, em 1974, Rutsey foi forçado
a deixar a banda devido a problemas de saúde (decorrentes da
diabetes) e seu desgosto em geral sobre passar a vida em turnê. Sua
última apresentação com o Rush foi em 25 de julho de 1974.
O Rush
realizou audições para conseguir um novo baterista e,
eventualmente, selecionou Neil Peart como substituto de Rutsey. Peart
entrou oficialmente para a banda em 29 de Julho de 1974, duas semanas
antes da primeira turnê norte-americana do grupo.
O grupo
fez seu primeiro show juntos, abrindo para o Uriah Heep e o Manfred
Mann, com a presença de mais de 11.000 pessoas na Arena Civic, em
Pittsburgh, Pensilvânia, em 14 de agosto daquele mesmo ano.
Além de
se tornar o baterista da banda, Peart assumiu o papel de principal
letrista, antes ocupado por Lee, o qual tinha muito pouco interesse
em escrever, apesar de ter composto as letras do primeiro álbum da
banda. Em vez disso, Lee, juntamente com Lifeson, focaram-se,
principalmente, nos aspectos instrumentais do Rush.
Em
dezembro de 1974, o grupo começaria a compor e gravar seu segundo
álbum, o primeiro após a adição do baterista Neil Peart.
Alex Lifeson |
O disco
veria a inclusão do primeiro mini-conto épico da banda , “By-Tor
& the Snow Dog”, repleto de arranjos complexos e um formato
multi-seção.
Os temas
líricos também passariam por mudanças dramáticas após a adição
de Peart, muito em conta do amor do baterista pela literatura de
fantasia e ficção científica.
Apesar
destas muitas diferenças, no entanto, algumas das músicas e canções
espelhavam o estilo de blues encontrado na estréia do Rush.
A
produção ficou a cargo de Terry Brown e do próprio Rush. A capa
traz a figura de uma coruja. Fly by Night foi gravado no Toronto
Sound Studios, em Overlea Boulevard, Toronto, no Canadá.
Vamos às
faixas:
ANTHEM
Um interessante riff, ancorado por uma introdução marcante de bateria, dá início à primeira faixa de Fly By Night. Logo o ritmo se torna bastante melódico, sendo envolvido pela peculiar voz de Geddy Lee. O solo de guitarra é bastante interessante, com muito feeling. Ótimo início, com forte influência do Hard Rock setentista.
"Anthem"
traz letras inspiradas em elementos da filosofia de Ayn Rand:
Live
for yourself
There's
no one else more worth living for
Begging
hands and bleeding hearts
Will
only cry out for more
BEST
I CAN
Ritmo, e até um certo swing, podem ser sentidos já no início da segunda canção do trabalho, "Best I Can". Há uma perceptível influência de Led Zeppelin, mas a faixa ainda se mantém repleta da personalidade única do Rush. Destaque absoluto para a bateria de Neil Peart, que deixa tudo ainda mais profundo.
A letra é
sobre ter fama e sucesso:
You
can tell me that I got no class
Look
around, you'll see who's laughin' last
Don't
give me speeches 'cause they're oh so droll
Leave
me alone, let me rock and roll
BENEATH,
BETWEEN & BEHIND
Nesta canção, o Rush aposta em um Hard Rock com uma certa pegada Bluesy, mas com muito peso e intensidade. Os vocais de Geddy Lee se casam perfeitamente com a parte instrumental, além do fato de seu baixo estar ainda mais presente. Boa canção!
A letra é
focada em fantasia:
Beneath
the noble bird
Between
the proudest words
Behind
the beauty, cracks appear
Once
with heads held high
They
sang out to the sky
Why do
their shadows bow in fear?
BY-TOR
& THE SNOW DOG
Com pouco mais de 8 minutos, "By-Tor & The Snow Dog" é a maior faixa de Fly By Night. A canção é dividida em 4 partes, com a terceira sendo subdividida em outras 4 (favor verificar a seção Faixas para maiores detalhes, mais abaixo). Como a música é mais longa, conta com trechos instrumentais mais extensos nos quais os membros do Rush esbanjam toda sua técnica. A sonoridade predominante é mesmo o Hard Rock, com flertes com o Heavy Metal, e outros momentos mais intrincados. Faixa exuberante!
A letra
tem inspiração em um caso do roadie da banda, Howard Ungerleider, e
também possui profunda influência literária:
At The
Tobes Of Hades
At the
Tobes of Hades
The
Tobes of Hades
Lit by
flickering torchlight
The
Netherworld is gathered in the glare
Prince
By-Tor takes the cavern
To the
north light
The
sign of Eth is rising in the air
By-Tor,
knight of darkness
Centurion
of evil
Devil's
prince
FLY
BY NIGHT
"Fly By Night" é um Hard Rock simples, direto e sem maiores rodeios. Nem por isso deixa de ser uma composição completamente envolvente, com um refrão forte e que gruda na cabeça do ouvinte. O solo de Lifeson é muito bom, funcionando de modo a engrandecer ainda mais a canção. Excelente momento do disco.
A letra é
baseada na experiência que Neil Peart teve ainda como jovem músico,
quando saiu de sua pequena cidade natal no Canadá e foi para a
Inglaterra:
Fly by
night, away from here
Change
my life again
Fly by
night, goodbye my dear
Lançada
como single, não repercutiu em termos de paradas de sucesso. Depois,
quando lançada novamente para promover o ao vivo All the World's
a Stage, atingiu a 88ª posição na parada norte-americana desta
natureza.
Além
disso, é o single mais bem sucedido da carreira do Rush, superando a
marca de 5 milhões de cópias vendidas até 2009.
Além de
aparecer em episódios de séries de TV como Supernatural e Degrassi
High, a música está disponível no game Rock Band 3. É uma das
muitas canções famosas do Rush.
MAKING
MEMORIES
Já em "Making Memories" o Rsuh apresenta uma introdução mais leve e suave, ao violão clássico, até o momento em que baixo e bateria entram em ação, aumentando a intensidade da faixa. Trata-se de um Rock muito competente, com ótimo ritmo e melodia. Outro bom solo de Alex Lifeson.
A letra
tem inspiração sentimental:
You
know we're having good days
And we
hope they're gonna last
Our
future still looks brighter than our past
We
feel no need to worry
No
reason to be sad
Our
memories remind us, maybe road life's not so bad
Lançada
como single, não causou maiores repercussões em termos de paradas
de sucesso.
RIVENDELL
Uma bela e suave melodia marca toda a extensão de Rivendell, a qual possui um clima tomado pela calma e harmonia. O ar bucólico da sonoridade casa-se perfeitamente com a descrição da região que dá nome à música, brilhantemente retratada na obra "O Senhor dos Anéis". Uma peça diferente no álbum.
Como o
próprio nome indica, “Rivendell” é baseada na obra de J. R. R.
Tolkien, O Senhor dos Anéis:
I've
traveled now for many miles
It
feels so good to see the smiles of
Friends
who never left your mind
When
you were far away
From
the golden light of coming dawn
Till
the twilight where the sun is gone
We
treasure every season
And
every passing day
IN
THE END
A oitava - e última - faixa de Fly By Night é "In The End". Os primeiros 1 minuto e 40 segundos da canção chegam a enganar o ouvinte, pois a mesma segue o embalo de sua predecessora. Mas logo o Hard Rock, pesado e cheio de cadência, proposto majoritariamente pela banda durante o álbum, está de volta. Bom riff, intensidade e vocais precisos encerram o disco com chave-de-ouro.
A letra
fala de relacionamentos:
Well,
I can see what you mean
It
just takes me longer
And I
can feel what you feel
It
just makes you stronger
Considerações
Finais:
Fly By
Night é daqueles ótimos trabalhos que só ganharam maior
reconhecimento com o sucesso posterior da banda.
Em termos
de paradas de sucesso, o álbum passou praticamente em branco.
Conquistou a modestíssima 113ª posição na parada norte-americana
desta natureza, não causando nenhuma repercussão na correspondente
britânica.
Entretanto,
ficou com a 9ª colocação na parada canadense.
Embora
ainda embebido no Hard Rock, Fly By Night é o passo inicial do
Rush em busca de modelar o tipo de sonoridade que seria seu
carro-chefe anos mais tardes.
Ainda em
1975, o grupo lançaria seu terceiro disco, o controverso Caress Of
Steel.
Formação:
Geddy Lee
- Vocal, Baixo, Guitarra Clássica
Alex
Lifeson - Guitarra
Neil
Peart - Percussão
Faixas:
01.
Anthem (Peart/Lee/Lifeson) - 4:26
02. Best
I Can (Lee) - 3:24
03.
Beneath, Between & Behind (Peart/Lifeson) - 3:00
04.
By-Tor & the Snow Dog (Peart/Lee/Lifeson) - 8:37
I: At
The Tobes Of Hades
II:
Across The Styx
III: Of
The Battle
a.
Challenge And Defiance
b. 7/4
War Furor
c
Aftermath
d. Hymn
Of Triumph
IV:
Epilogue"
05. Fly
by Night (Peart/Lee) - 3:20
06.
Making Memories (Peart/Lee/Lifeson) - 2:56
07.
Rivendell (Peart/Lee) - 5:00
08. In
the End (Lee/Lifeson) - 6:51
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, indica-se o acesso a:
http://letras.mus.br/rush/
Pense em uma banda que seja emblemática e fundamental para o Rock, com uma base fidelíssima de fãs e que permanece sendo influência marcante para um sem número de jovens grupos: este é o Rush. Mais que uma banda, o grupo canadense é uma verdadeira instituição do estilo.
Mais que isso, o Rush sempre esteve ancorado no talento extraordinário de seus músicos, os quais continuamente esbanjavam sua invejável técnica em prol de suas composições. Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart estão no Olimpo do Rock.
Fly By Night é apenas o segundo álbum de um grupo que teve, durante toda sua trajetória, e até hoje, a marca da inquietude. O Rush sempre buscou novas sonoridades e estilos musicais para fundir com sua excelente e inconfundível personalidade musical.
Portanto, no álbum aqui apresentado, a banda ainda possuía como base sonora o Hard Rock setentista, com uma também inegável influência do Led Zeppelin. Simultaneamente, a banda constrói, ao longo das oito canções, sua pegada e sonoridade exclusivas.
Até mesmo um ponto que causa um pouco de polêmica, ou seja, a voz de Geddy Lee, casa-se perfeitamente com a parte instrumental. E, na realidade, o Blog é incapaz de sequer imaginar outro vocalista para toda a carreira do Rush. Geddy é extremamente competente, também, como vocalista.
Como destaques temos a ótima "Best I Can", a tocante e sensível "Rivendell" e o clássico indiscutível "Fly By Night". Mas, para o Blog, "By-Tor & The Snow Dog" é a melhor composição do disco. Um pequeno embrião da sonoridade que tornaria o Rush conhecido em todo o mundo pouco tempo depois.
Concluindo, Fly By Night ainda não é o Rush clássico e que conquistaria todo o mundo anos depois em peças fundamentais como 2112 (1976) ou Moving Pictures (1981), por exemplo. Mas mesmo assim, a banda presenteia o ouvinte com ótimas composições e uma pegada Hard Rock com muita personalidade. Álbum excelente e altamente recomendado pelo Blog!
Já vi muitas listas do tipo "Do Pior para o Melhor" colocando "Fly By Night" entre os piores discos do Rush. Se, por um lado, é uma baita injustiça, por outro só reforça o crescimento que a banda teria ao longo dos seus discos até "Signals" - a partir deste o grupo estagnou um pouco, e só se recuperou nos anos 90. Este, para mim, é um daqueles discos que a maioria das bandas dos anos 70 teriam dado um braço e uma perna para lançar, de tão bom que é. E a capa é uma das mais lindas da história do rock, na minha opinião. A única música, para mim, que destoa do alto nível das demais, é "Best I Can" - já li em algum lugar que ela seria uma sobra do primeiro LP, mas não tenho mais informações. Você sabe alguma coisa a respeito, Daniel?
ResponderExcluirAssino embaixo do comentário, Marcello. Quanto a "Best I Can", já havia ouvido o mesmo comentário, mas nunca consegui confirmar...
Excluir