9 de outubro de 2015

THE FIRM - THE FIRM (1985)


The Firm é o álbum de estreia da banda inglesa de mesmo nome, ou seja, o The Firm. Seu lançamento oficial aconteceu em 11 de fevereiro de 1985 através do selo Atlantic Records. As gravações ocorreram durante o ano de 1984, no Sol Studios, na Inglaterra. A produção ficou a cargo de Jimmy Page e Paul Rodgers.

O The Firm foi a união de duas lendas do Rock em um projeto que teve curta duração: Paul Rodgers, que foi o vocalista do Free e do Bad Company e Jimmy Page, o lendário guitarrista do Led Zeppelin.


Após um hiato de 3 anos, o Bad Company lançou Rough Diamonds, em 1982. Este foi o sexto e último álbum com a encarnação original do grupo.

O disco acabou sendo o pior em desempenho comercial do Bad Company dentre os que tiveram Paul Rodgers como o homem de frente. O álbum alcançou a 15ª posição na parada do Reino Unido e a 26ª na correspondente norte-americana.

Após o lançamento de Rough Diamonds, o Bad Company se dissolveu.

Segundo Mick Ralphs: "Paul queria uma pausa e sinceramente todos nós precisávamos dela. O Bad Company tornou-se maior do que todos e para continuar seria destruindo alguém ou alguma coisa. Do ponto de vista de negócios, era a coisa errada a fazer, mas o instinto de Paul estava absolutamente certo".

No início dos anos 80, havia rumores de que Paul Rodgers iria cantar com a Rossington-Collins Band (constituída pelos sobreviventes do Lynyrd Skynyrd).

Mas, já em Outubro de 1983, Rodgers lançou seu primeiro álbum solo, Cut Loose. Ele compôs todas as músicas e tocou todos os instrumentos. O disco acabou alcançando o 135º lugar na parada Pop da Billboard.

Paul Rodgers
Em 25 de setembro de 1980, aconteceu um dos episódios mais tristes da história do Rock: John Henry Bonham, ou simplesmente John Bonham, um dos maiores bateristas de todos os tempos no Rock, foi encontrado morto aos 32 anos de idade.

Com a morte de seu baterista, o Led Zeppelin se separou em 1980. Jimmy Page, inicialmente, recusou-se a tocar guitarra, de luto por seu amigo.

Page fez um retorno aos palcos em um show de Jeff Beck, em março de 1981, no Hammersmith Odeon. Também em 1981, juntou-se com o baixista Chris Squire e o baterista Alan White (ambos ex-Yes) para formar um supergrupo chamado XYZ (uma sigla para ex- Yes – Zeppelin).

Eles ensaiaram várias vezes, mas o projeto foi arquivado. Bootlegs destas sessões revelaram que parte do material surgiu em projetos posteriores, nomeadamente em "Fortune Hunter" (no The Firm) e "Mind Drive" e "Can You Imagine?", ambas no Yes.

Page se juntou ao Yes, no palco, em um show no ano de 1984, no Westfalenhalle, em Dortmund, Alemanha, tocando a música "I'm Down".

Em 1982, Page colaborou com o diretor Michael Winner a fim de gravar a trilha sonora do filme Death Wish II.

Esta e várias gravações subsequentes, incluindo a trilha sonora Death Wish III, foram gravadas e produzidas em seu estúdio de gravação, Sol Studios, em Cookham, o qual havia comprado de Gus Dudgeon, no início de 1980.

Em 1983, Page participou do A.R.M.S. (Action Research for Multiple Sclerosis), uma série de concertos para caridade os quais honraram o baixista Ronnie Lane (Small Faces), que sofria da doença.

Para os primeiros shows, no Royal Albert Hall, em Londres, o set-list de Page consistiu de músicas da trilha sonora do filme Death Wish II (com Steve Winwood nos vocais) e uma versão instrumental de "Stairway to Heaven".

Uma turnê em quatro cidades dos Estados Unidos se seguiu, com Paul Rodgers, do Bad Company, substituindo Winwood. Durante a turnê, Page e Rodgers tocaram "Midnight Moonlight", que mais tarde iria aparecer no primeiro álbum do The Firm.

Já em 1984, Page colaborou com Roy Harper para o álbum Whatever Happened to Jugula?, realizando concertos ocasionais. Também em 1984, Page gravou com Robert Plant, como The Honeydrippers, o disco The Honeydrippers: Volume 1; e com John Paul Jones a trilha sonora do filme Scream for Help.

Jimmy Page
Logo após, Page e Rodgers se uniram para dar início a um novo projeto. O mesmo seria batizado de The Firm!

Page e Rodgers originalmente queriam o ex-baterista do Yes, Bill Bruford, e o baixista Pino Palladino para completarem o grupo; no entanto, Bruford estava contratado por outra gravadora e Palladino tinha compromissos de turnê com o cantor Paul Young.

Desta forma, a dupla acabou recrutando o baixista Tony Franklin e o baterista Chris Slade; este ex-membro das bandas Manfred Mann's Earth Band e Uriah Heep.

Assim, estava formado o supergrupo!

Ambos, Page e Rodgers, recusaram-se a tocar qualquer material de suas bandas anteriores e, por sua vez, optaram por uma seleção de canções do novo grupo e mais faixas de ambas careiras solo.

As novas músicas foram fortemente infundidas com uma influência soul, com um som mais acessível comercialmente, cortesia especial do estilo do baixista Franklin.

O álbum foi gravado no estúdio particular de Jimmy Page, na Inglaterra, o Sol Studios e mostrava um som consideravelmente diferente do que seus protagonistas fizeram em seus maiores empreendimentos musicais.

Vamos às faixas:

CLOSER

"Closer" é um Rock com algum flerte com a música Pop de seu tempo. A guitarra de Page está presente e faz um bom solo ao final da execução. A interpretação de Rodgers é competente. Mas o destaque maior vão para os metais que dão um toque saboroso à faixa.

A letra tem sentido de flerte:

There's a mighty power
Rising like a morning sun
It's a power of love
Baby and it's you I want
I get a burning feeling
Flames are getting higher and higher
You got my senses reeling

“Closer” foi lançada como single e não obteve qualquer maior repercussão nas principais paradas de sucesso.



MAKE OR BREAK

Na segunda música do disco, a pegada Rock está um pouco mais proeminente. É bem perceptível uma certa aura da época de Paul Rodgers no Bad Company. O ritmo é bastante cadenciado. A partir da metade, a guitarra de Jimmy Page está mais brilhante e a canção ganha bastante com isto. Ótima presença, também, da seção rítmica.

A letra é inteligente e divertida:

In the cut, drop Z ok the tops up
Left the mall bought little Amo the toy truck
Your boy's what, three years old know correct
He and my daughter's age neck and neck
They furtures set
In the background's a old cassette
Fly Stephanie Mills shit
Whats the deal with all this shit I'm hearin up top
You got arrested, shot affair, one with a cop



SOMEONE TO LOVE

Já em "Somemone To Love", o grupo aposta em uma pegada mais atual (para a época, é claro). O ouvinte percebe os teclados mais proeminentes. O ritmo é lento, com bastante malícia e criatividade. O baixo de Tony Franklin é um dos maiores destaques da faixa.

A letra tem sentido romântico:

She gives me music in my soul
I've found someone to love
And I will never let this go
I've found someone to love
Oh baby she just has to let it show
She found someone to love yeah
She found someone to love



TOGETHER

Em sua quarta canção, a proposta é bastante diferente das faixas que a antecederam. O ritmo é ainda mais lento, predominando a suavidade e a leveza. A voz de Paul Rodgers está ainda mais contida, emprestando mais emoção à parte instrumental, formando uma composição bem atraente. Bom momento do álbum.

Novamente, o sentido da letra é o amor:

Living in dreams
Making them real
Know how it feels when they say
Yesterday - shadows on my mind
Yesterday - love so hard to find
Now today - giving me the sign
Telling me just what you need



RADIOACTIVE

"Radioactive" é a cara dos anos 80, com o uso de sintetizadores e uma inegável pegada Pop, bastante ressaltada. O ritmo é cadenciado, com a guitarra de Jimmy Page aparecendo em segundo plano. O principal destaque é a atuação de Paul Rodgers nos vocais, atuando conforme é exigido.

A letra tem forte sentido de sedução:

Oh yeah, radioactive
Don't you stand...stand too close
You might catch it
Don't stand too close, baby
Radioactive
Oh yeah
Radio radio radio radioactive

“Radioactive” é, provavelmente, o maior sucesso lançado na curta carreira do The Firm.


Foi o primeiro single lançado para promover seu álbum de estreia. Conquistou a 28ª posição na principal parada de singles dos Estados Unidos, conquistando a 76ª colocação na correspondente britânica.

Também teve um videoclipe exibido com boa frequência pela MTV norte-americana.

Ocasionalmente, Paul Rodgers manteve a faixa em seu set-list de shows em sua carreira-solo.



YOU'VE LOST THAT LOVIN' FEELING

Na versão para "You've Lost That Lovin' Feeling", a pegada é bem mais suave e leve, sendo uma balada bastante competente. O baixo de Tony Franklin novamente está bastante proeminente e a guitarra de Jimmy Page dá um toque especial para a composição a partir de sua metade.

A letra mostra o fim de um relacionamento:

Baby, baby, I'd get down on my knees for you
If you would only love me like you used to do
We had a love...a love...a love you don't find everyday
So darling, darling, darling don't take your love away

Trata-se de uma versão para a faixa “You've Lost That Lovin' Feelin'”, originalmente lançada pela banda The Righteous Brothes, no álbum homônimo à música, lançado em 1964.



MONEY CAN'T BUY

"Money Can't Buy" possui uma sonoridade mais setentista e tradicional, muito por conta do riff inicial, muito inspirado e executado à perfeição. A guitarra de Page está mais presente e, claro, a canção ganha bastante com isso. A atuação de Rodgers é das melhores no álbum. Certamente uma das principais músicas do trabalho.

A letra faz uma pequena reflexão:

Running in a nightmare
Waking in a cold sweat
You sell your soul to the company payroll
Just to keep from gettin' in debt



SATISFACTION GUARANTEED

Novamente em "Satisfaction Guaranteed", a pegada é claramente a da música Pop dominante na década de 80, sendo isto não necessariamente ruim. O andamento é bem arrastado, predominado por sintetizadores, embora, quando apareça, a guitarra de Page traga um brilho especial. Enfim, a faixa é bastante competente naquilo a que se propõe.

A letra possui sentido de perda:

Sitting in the gutter with my head wrapped in my hands
I've been drinking all night, and I just can't stand the pain
It took an awful lot of trouble just to make me understand
Now it's clear to me, but will it ever be the same?

“Satisfaction Guaranteed” é um dos grandes sucessos da The Firm.

Foi o terceiro single lançado para promover o disco. Atingiu a 73ª posição na principal parada norte-americana desta natureza.



MIDNIGHT MOONLIGHT

A nona - e última - faixa de The Firm é "Midnight Moonlight". A derradeira canção do álbum traz de volta o espírito dos anos 70, deixando evidente o fato do qual a mesma foi composta cerca de uma década antes. O ritmo é mais lento, muitas vezes mais acústico, mas trazendo grandes variações de intensidade e atuações muito brilhantes de Page e de Rodgers. Fecha o disco com chave-de-ouro.

A letra é uma inteligente metáfora sobre o transcorrer da vida:

See the shadows dancing in the moonlight in her eyes
See a vision forming and it comes as no surprise
Could it be a warning that don't hurt before it dies?
See the shadows dancing in the moonlight in her eyes
See a vision forming and it comes as no surprise
Could it be a warning that don't hurt before it satisfies?

Conforme dito, “Midnight Moonlight” foi inicialmente apresentada em 1983, quando Rodgers e Page tocaram juntos na turnê de caridade do ARMS.

A faixa era uma música do Led Zeppelin, criada durante as sessões do álbum Physical Graffiti (1975), que não foi lançada e permaneceu inédita. Seu nome original era "The Swan Song".

Este fato fez com que alguns críticos acreditassem que Page, à época, havia começado a se encontrar em um período pouco criativo.



Considerações Finais

Após o lançamento do álbum, seguiu-se uma turnê pelos Estados Unidos e Reino Unido, entre os meses de Fevereiro e Maio de 1985.

“Radioactive” ajudou a impulsionar o trabalho, comercialmente falando, fazendo-o galgar boas posições nas principais paradas de sucesso.

Ficou com a ótima 15ª posição da principal parada de álbuns do Reino Unido, conquistando a 17ª colocação na sua correspondente norte-americana. Ainda atingiu os 21º, 16º e 51º lugares nas paradas de Suécia, Canadá e Holanda; respectivamente.

A revista britânica Kerrang! colocou o disco na 20ª posição de seu Ranking de melhores álbuns de 1985. Já a Revista Rolling Stone não gostou do álbum.

Já em 1986, o grupo lançaria seu segundo – e final – disco, Mean Business, mas que não obteve a mesma repercussão do trabalho anterior. Uma turnê foi realizada para promovê-lo, mas logo em seguida a banda se desfez.


Formação:
Paul Rodgers - Vocal, Guitarras
Jimmy Page - Guitarra
Tony Franklin - Baixo, Teclado, Sintetizador, Backing Vocal
Chris Slade - Bateria e Percussão
Músicos Adicionais:
Steve Dawson - Trompete em "Closer"
Paul "Shilts" Weimar - Saxofone Barítono em "Closer"
Willie Garnett - Saxofone Tenor em "Closer"
Don Weller - Saxofone Tenor Solo em "Closer"
Sam Brown, Helen Chappelle & Joy Yates - Backing Vocals em "You've Lost That Lovin' Feeling" e "Midnight Moonlight"

Faixas:
01. Closer (Page/Rodgers) - 2:52
02. Make or Break (Rodgers) - 4:21
03. Someone to Love (Page/Rodgers) - 4:55
04. Together (Page/Rodgers) - 3:54
05. Radioactive (Rodgers) - 2:49
06. You've Lost That Lovin' Feeling (Spector/Mann/Weil) - 4:33
07. Money Can't Buy (Rodgers) - 3:35
08. Satisfaction Guaranteed (Page/Rodgers) - 4:07
09. Midnight Moonlight (Page/Rodgers) - 9:13

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/firm-the/

Opinião do Blog:
A expectativa pode ser o grande fiel da balança quando o ouvinte apreciar, pela primeira vez, o trabalho inicial do The Firm. Especialmente se o leitor for um grande fã de Led Zeppelin e das bandas Free e Bad Company, nas quais, respectivamente, Jimmy Page e Paul Rodgers brilharam intensamente.

Outro ponto é que a proposta apresentada pelo The Firm era antenada com o tempo em que a banda surgiu: a metade dos anos 80. Assim, a sonoridade que predomina em quase todo o trabalho tem a roupagem da música Pop dominante em 1985, com o uso de muitos sintetizadores, por exemplo.

Não há o que se discutir na qualidade dos músicos presentes no trabalho: Jimmy Page e Paul Rodgers dispensam quaisquer apresentações, Tony Franklin é ótimo (basta ver, no corpo do texto, que em algumas faixas ele é o destaque) e Chris Slade já havia demonstrado sua competência no Uriah Heep.

As letras são boas, muitas vezes com o apego mais romântico, mas, no âmbito geral, estão bem.

Os destaques do disco vão depender muito do ouvinte. E, aqui, o Blog não pode negar toda a sua tradição mais voltada ao Hard e Heavy em geral. E, ao mesmo tempo, tentar compreender o que o grupo se propôs a apresentar.

"Satisfaction Guaranteed" é uma boa composição, especialmente competente naquilo que se propôs a ser. O mesmo pode ser dito sobre "Closer", a qual possui um naipe de metais que a deixa ainda mais saborosa. "Make Or Break" é mais roqueira, com o espírito do Bad Company presente, o que se revela um bom sinal.

Mas a melhor faixa do trabalho é mesmo "Midnight Moonlight", com toda a sua áurea setentista e um brilhantismo inegável.

Enfim, o álbum de estreia do The Firm é um trabalho antenado com a música de seu tempo e que realiza uma agradável fusão desta musicalidade com o Rock. Conforme foi afirmado acima, o veredicto final depende muito de qual expectativa o ouvinte tem para o trabalho: se ele quer uma emulação do Free/Bad Company e Led Zeppelin é melhor passar longe. Se o leitor quiser um álbum divertido e competente naquilo que se propõe, o Blog recomenda a audição do bom primeiro disco do The Firm.

4 de outubro de 2015

KROKUS - HARDWARE (1981)


Hardware é o quinto álbum de estúdio da banda suíça chamada Krokus. Seu lançamento oficial aconteceu em março de 1981 através do selo Ariola Records. As gravações se deram no Roundhouse Studios, em Londres, Inglaterra, entre os meses de novembro e dezembro de 1980. A produção ficou por conta da própria banda.

O Krokus é uma importante banda do cenário Hard Rock/Heavy Metal da região central da Europa. O Blog vai falar brevemente da origem do grupo para depois analisar o álbum.


As origens do Krokus datam do ano de 1975, na cidade suíça de Solothurn, a qual possui maior influência da cultura alemã.

Chris von Rohr, um jovem baterista da cidade de Solothurn, havia formado (e desfeito) várias bandas que não o permitiram alçar o desejado sucesso como músico no início da década de 70.

Enquanto isso, o jovem músico von Rohr mantinha-se financeiramente atuando como cozinheiro no Solothurn Restaurant & Hotel Kreuz.

Depois de variar em termos de estilo musical sem muito apelo, ele encontrou, pelo menos financeiramente, um lucrativo espaço em uma banda dançante chamada On the Road.

Logo após, ele e o tecladista Michi Szabo (da On The Road) formaram uma banda de dois homens: o Night Train. Entretanto, todas estas tentativas para adentrar no mundo da música profissional falharam e, assim, von Rohr trabalhou novamente como um cozinheiro no Restaurante Kreuz, seguindo um semestre na Escola de Jazz, em Berna.

Depois de terminar os estudos na Escola de Jazz, von Rohr voltou para Solothurn objetivando formar outra banda, em novembro de 1975: o Krokus.

A primeira atuação pública da banda foi uma abertura para a cantora suíça Nella Martinetti, no Saalbau da cidade suíça de Gerlafingen.

Junto com o guitarrista-solo Tommy Kiefer, com quem o baterista von Rohr alternava os vocais, o guitarrista-base Hansi Droz e o baixista Remo Spadino, finalmente o álbum de estreia auto-intitulado do Krokus saiu.

O disco foi gravado e lançado em 1976 e produzido por Peter J. Mac Taggart. A sonoridade foi basicamente influenciada pelo Rock Progressivo e o trabalho não obteve qualquer repercussão.

Com os direitos sobre o nome da banda Krokus garantidos, von Rohr demitiu os demais companheiros de banda sem a menor cerimônia.

Chris von Rohr
Em seguida, von Rohr formou uma nova aliança com membros de uma banda local de nome Montezuma, alterando o line-up do Krokus completamente: o próprio Von Rohr assumiu os vocais, Fernando von Arb na guitarra, Jürg Naegeli no baixo e Freddy Steady na bateria.

Pouco tempo depois, o guitarrista Tommy Kiefer foi trazido novamente para o line-up e a banda estava completa. Com esta formação, o grupo gravou mais uma vez no Sinus Studios, em Berna, com Peter J. Mac Taggart na produção, lançando seu segundo álbum de estúdio, To You All, em 1977.

Foi neste segundo trabalho que o conjunto, pela primeira vez, apresentou um som hard rock, embora ainda com alguma pegada progressiva. Nenhuma repercussão comercial, novamente.

Com o mesmo line-up, ainda com von Rohr como front man, o Krokus gravou seu terceiro álbum de estúdio, já totalmente focado no Hard Rock, batizado de Pain Killer, embora tenha sido lançado, também, com o nome de Pay It In Metal.

Este álbum foi gravado durante 6 dias no lendário Manor Studios, em Oxford, Inglaterra, em 1978, sendo produzido por von Rohr e von Arb.

Embora von Rohr tenha recebido da revista suíça Pop Magazine (o equivalente à revista Rolling Stone, nos EUA) o "Golden Hammer Award" como melhor vocalista; e o Krokus como melhor banda de rock do ano, em seu país de origem, a futura direção musical da banda mudou mais uma vez, quando todos os seus membros presenciaram a um show do AC/DC, no Volkshaus, em Zurique.

Consequentemente, von Rohr teve uma visão e entregou, voluntariamente, seu posto como vocalista: primeiro a Henry Fries, que não pode aceitar o cargo devido a obrigações contratuais firmadas anteriormente, e finalmente - após tentativas persistentes de recrutamento por parte do próprio von Rohr - a Marc Storace, o vocalista com o poderoso alcance vocal com que o front man anterior sonhara.

Marc Storace, de origem maltesa, no final de 1971, juntou-se ao TEA, uma banda suíça de Hard Rock. Com ela, excursionou com grandes nomes como Queen e Nazareth, lançando 3 álbuns de estúdio: Sprouts, The Ship and Tax Exiles. Por um tempo, o TEA foi um grupo emblemático do rock da Suíça, tocando fora do país em cidades como Hamburgo, Londres ou Glasgow.

Em 1976, o TEA fez sua última turnê, tendo o Krokus como banda de apoio. Os encontros amigáveis entre Storace e os membros do Krokus foram as sementes para o que se seguiu mais tarde.

Marc voltou para Londres e formou a banda Eazy Money. Sua canção "Man Telephone" foi incluída em uma coletânea chamada Metal for Muthas Vol.2. Em 1979, ele recebeu um telefonema do Krokus, o qual estava procurando por um novo vocalista, convidando-o a uma "jam de fim de semana" na Suíça. O resto todos já sabem.

Marc Storace
Assim, von Rohr assumiu o baixo e Jürg Naegeli passou ao background da banda. Era a última peça do quebra-cabeça que faltava achar seu lugar e, com este novo line-up, o Krokus assumiu sua sonoridade autêntica.

Logo depois, a banda gravou seu quarto álbum de estúdio, Metal Rendez-Vous, que vendeu mais de 150 mil cópias na Suíça, tornando-se o primeiro sucesso comercial da banda.

Ele foi gravado no Studio Platinum One, em Zurique, sendo produzido por Martin Pearson, von Rohr e von Arb. O disco acabou sendo o primeiro sucesso internacional da banda, garantindo turnês e shows iniciais no Reino Unido e nos Estados Unidos.

Metal Rendez-Vous contém sucessos da banda como “Tokyo Nights", "Heatstrokes" e "Bedside Radio".

Assim, von Rohr e seus companheiros de banda conquistaram o sucesso e respeito internacionais, sendo reconhecidos como estrelas do rock.

Aproveitando o sucesso e imediatamente após a turnê terminar, a banda entrou no Roundhouse Studios, em Londres, para trabalhar em seu quinto álbum de estúdio, o qual novamente foi produzido por von Rohr e von Arb, para ser finalmente lançado em 1981: Hardware!

As gravações se deram entre novembro e dezembro de 1980.

A capa é bem legal. Vamos às faixas:

CELEBRATION

Após uma vinheta de aproximadamente 1 minuto, "Celebration" apresenta um ritmo bem lento com apenas a voz de Marc Storace em destaque. Quando as guitarras dominam o ambiente, o ouvinte perceberá que trata-se de um Hard Rock simples, cadenciado e com algum peso. Ao final, há o retorno da vinheta inicial.

Como o próprio nome diz, a letra é em tom de celebração:

I want you
To hear the cry
Throughout the night
We know what it means
The new is old
And red is white
The law they preach
Ain't what it seems
I want you
To hear the noise
We'll take the world
And gonna shout and scream



EASY ROCKER

Um riff bem legal introduz "Easy Rocker", trazendo a bateria de Steady bastante evidente, em conjunto com o baixo de von Rohr. Nesta faixa, o ritmo é um pouco mais acelerado, mas trata-se de um Hard Rock bem oitentista. Os vocais de Storace se combinam perfeitamente com o instrumental. Boa canção.

A letra se refere aos fãs:

He was standin' at the big load-in
When all the trucks and buses rolled up
Dirty jeans and a leather jacket
Full of patches of all those heavy bands
He wasn't very hard to talk to
And looked like he had nowhere to go

“Easy Rocker” é um dos grandes sucessos do Krokus. A música permanece nos shows da banda até os dias de hoje.



SMELLY NELLY

Em "Smelly Nelly", o Krokus aposta em um riff bastante pesado e em um andamento mais lento, flertando na linha tênue que divide o Hard Rock e o Heavy Metal. Impossível não se lembrar de faixas como "Grinder", do Judas Priest. Os vocais de Storace estão ótimos e o refrão é bem construído, usando a tática de diminuir e suavizar o peso em seu momento. Ótima canção!

A letra fala de uma prostituta:

Her body's fat and flabby
Her rotten teeth just stink
Her clothes are torn and shabby
But her lips are nice and pink
Her nickers are encrusted
With shit and bugs and lice
This face is bruised and busted
But her arse is paradise
She's gettin'easy money
And welfare from the state



MR. 69

Já em "Mr. 69", a pegada Hard Rock está de volta, lembrando bastante o AC/DC da fase Bon Scott, em álbuns como Powerage (1978). O peso é dado na dose exata, assim como o ritmo cadenciado, formando uma construção bem interessante. Se não é exatamente original, "Mr. 69" diverte e contagia. Boa composição.

A letra tem conotação sexual e é divertida:

Mr. sixty nine has suddenly come to rest
He died on the job that he did best
Oh you lucky angels
Heaven will be fine
Havin'lots of fun with Mr.sixty nine



SHE'S GOT EVERYTHING

Nesta música, o Krokus aposta em um ritmo bastante acelerado em comparação com faixas anteriores. O andamento é rápido e o peso não é tal pronunciado. Os vocais de Storace estão bons, bem como a guitarra de von Arb, o qual executa um bom solo exatamente na metade da canção. Outro momento interessante do disco.

A letra possui sentido de amor:

I can see by your eyes what you need
I'll be out of your life
I may get depressed cause I tried so hard
To be somethin'special for you
Words of love that are still in my ears
Days when I kissed your tears
Long crazy nights spilling into days
Times when I lost my fears



BURNING BONES

"Burning Bones" apresenta um típico Hard Rock com pegada dos anos 80, com bastante swing e malícia. Aqui os vocais de Storace estão ainda melhores, pois contribuem para a agitação que a parte instrumental da faixa deseja transmitir. A guitarra de von Arb também se destaca de maneira eficiente. Uma das grandes composições do álbum.

A letra possui sentido de remorso:

There stands a soldier
In a barbed-wire land
The fear of death in his eyes
And a bottle in his hand
But now the wine he's drinkin'
It's got the taste of blood
No more plastic war movies
To show him what it's like


“Burning Bones” também é um sucesso do Krokus. Lançada como single, atingiu a boa 46ª posição da principal parada norte-americana de singles.



ROCK CITY

Na linha tênue entre o Hard e o Heavy, é assim que "Rock City" navega. Há uma inconteste pegada Bluesy, mesmo que sutil, mas extremamente responsável pela alta qualidade da canção. Marc Storace tem uma soberba atuação e é outro fator essencial pela beleza da música. O ritmo é cadenciado, o peso é o exato, e nada sobra ou falta na composição. Excelente faixa!

A letra é, de certa forma, autobiográfica:

Well you give me all your money
And you give me all your love
The sweetest satisfaction
Yes it's all in first degree
But whenever I'm away
You always find somebody else
Dirty pictures tell the lies
You've lived the last six years
Backstage...you're rockin'
Backstage...you're shockin'

“Rock City” é outro grande sucesso do Krokus e permanece, até hoje, como uma de suas canções mais executadas nos shows dos suíços.


Foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos de paradas de sucesso desta natureza.



WINNING MAN

Um clima mais sombrio e soturno predominam em "Winning Man", boa parte construído por um riff muito pesado e um andamento bastante arrastado. Storace também contribui com uma atuação um pouco mais contida, exceto no refrão, em que está mais vigoroso (como a própria canção exige). Próximo aos 4 minutos de execução, o ritmo muda completamente, ganhando rapidez e altas doses de feeling da guitarra de Fernando von Arb. Ótima composição.

A letra possui sentido de dor:

I've been waitin'for so long
Gettin'had and treated wrong
Sleepless nights and dirty lies
Makes no difference if you live or die

Atingiu a 26ª posição na principal parada de singles de Rock nos Estados Unidos. É outra das principais composições da banda.



MAD RACKET

A nona - e última - faixa de Hardware é "Mad Racket". Um Hard Rock direto e com um ritmo empolgante é o que Krokus desenvolve na derradeira canção do álbum. Novamente, a influência do AC/DC setentista pode ser claramente sentida. Encerra os trabalhos de modo bem divertido.

A letra é sobre desajuste:

Mother's got a lover half as old as she
Father's got a gamblin'house in capri
Sister sue's a junkie dope and L.S.D.
Sells her arse to the arabs while others
Get it free
So I'm the black sheep
The only hang up I've got
Is an old guitar
And a cat named lisalott



Considerações Finais

Hardware continuou o sucesso internacional conquistado por Metal Rendez-Vous, mas o ampliando, ou seja, fazendo a banda caminhar um passo à frente.

Curiosamente, Hardware não fez o mesmo impacto comercial em seu país de origem, a Suíça, vendendo pouco mais de 50 mil cópias na sua terra natal.

Entretanto, conforme dito, o reconhecimento internacional ao grupo aumentou, bastando olhar o resultado do álbum nas principais paradas pelo mundo afora.

Hardware conquistou a modesta 103ª posição na principal parada norte-americana de álbuns, a Billboard. Ficou com a 44ª colocação na correspondente britânica. Mas, ainda, fisgou os 56º, 16º e 50º lugares nas paradas da Alemanha, Áustria e Suécia, respectivamente.

Logo após o lançamento do disco, seguiu-se uma extensa turnê o suportando, com muitas datas nos Estados Unidos e Canadá, principalmente.

Como resultado dos problemas contínuos com drogas e o desgosto com a sonoridade da banda, por parte do guitarrista Tommy Kiefer, as primeiras rachaduras na estrutura de banda eram óbvias e não poderiam ser ignoradas por mais tempo, embora o aumento da popularidade do Krokus continuasse em progressão.

Após o lançamento de Hardware, a banda e Kiefer seguiram caminhos divergentes. Mandy Meyer substituiu Kiefer para as turnês em toda Europa e nos EUA.

No entanto, Krokus e Meyer se separaram imediatamente após a conclusão da turnê. Sem mais delongas, o guitarrista Mark Kohler se juntou à banda.

Este line-up, eventualmente, gravou o sexto álbum da banda, One Vice at a Time, no Battery Studios, em Londres, lançado em 1982.

Infelizmente, Tommy Kiefer se suicidou na noite de natal do ano de 1986.



Formação:
Marc Storace - Vocal
Fernando von Arb - Guitarra, Backing Vocals
Tommy Kiefer - Guitarra, Backing Vocals
Chris von Rohr - Baixo, Backing Vocals, Percussão
Freddy Steady - Bateria, Backing Vocals
Músicos Adicionais:
Jürg Naegeli - Teclados, Backing Vocals

Faixas:
01. Celebration (Arb/Rohr) - 3:23
02. Easy Rocker (Arb/Rohr) - 5:28
03. Smelly Nelly (Kiefer/Arb/Rohr) - 3:42
04. Mr. 69 (Arb/Rohr) - 3:02
05. She's Got Everything (Arb/Rohr) - 3:58
06. Burning Bones (Arb/Rohr/Storace) - 3:37
07. Rock City (Arb/Rohr) - 4:47
08. Winning Man (Arb/Rohr) - 5:34
09. Mad Racket (Arb/Rohr) - 4:02

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://www.darklyrics.com/lyrics/krokus/hardware.html

Opinião do Blog:
Como o leitor pode perceber na primeira parte do post, o Krokus foi uma banda que lutou bastante para alcançar o nível de sucesso almejado. E teve o reconhecimento que merecia, pois o grupo rompeu as fronteiras da pequena Suíça e acabou conquistando fama em todo o mundo.

Claramente, a banda suíça tem referências que podem facilmente serem percebidas pelos ouvintes mais atentos. Obviamente, o AC/DC é uma marcante influência no Krokus, com algumas canções do álbum apontando para a sonoridade do grupo dos irmãos Young nos anos 70.

Mas o Heavy Metal oitentista é outra forte presença em Hardware e, neste ponto, o Judas Priest e seu (até então) recém lançado British Steel (1980) são as referências.

Se o Krokus não apresenta a criação de um novo estilo, o grupo compensa apresentando composições que primam pelo bom gosto. O fã de Hard Rock é presenteado com canções animadas, divertidas e bem tocadas.

O forte do Krokus é o conjunto. Não há nenhum músico que destoe do restante, seja para cima ou para baixo, com todos contribuindo decisivamente para o sucesso do trabalho. Neste momento, como forma de ressaltar a influência do AC/DC, em vários momentos a voz de Marc Storace lembra a de Brian Johnson, vocalista do conjunto australiano.

As letras são na média geral e não desvalorizam o disco.

Hardware está repleto de boas canções. "Smelly Nelly" é excelente com sua pegada Heavy Metal bem acentuada. "Mr. 69" remete ao AC/DC de Bon Scott e é muito boa também. "Burning Bones" é um Hard Rock 'classudo', de primeiro time.

Mas os grandes destaques são mesmo "Rock City", com uma inegável pegada Blues Rock, mas com peso extra. E a sombria "Winning Man", uma canção com muitos nuances contagiantes, possivelmente, a melhor do álbum.

Enfim, Hardware mostra como o Krokus foi capaz de conquistar o mundo com um trabalho árduo, constante e de muita garra. Suas canções apresentam um Hard Rock, com constantes flertes com o Heavy Metal, agradando em cheio aos fãs do gênero. Ótima banda e álbum mais que recomendado.