Hardware
é o quinto álbum de estúdio da banda suíça chamada Krokus. Seu
lançamento oficial aconteceu em março de 1981 através do selo
Ariola Records. As gravações se deram no Roundhouse Studios, em
Londres, Inglaterra, entre os meses de novembro e dezembro de 1980. A
produção ficou por conta da própria banda.
O Krokus
é uma importante banda do cenário Hard Rock/Heavy Metal da região
central da Europa. O Blog vai falar brevemente da origem do grupo
para depois analisar o álbum.
As
origens do Krokus datam do ano de 1975, na cidade suíça de
Solothurn, a qual possui maior influência da cultura alemã.
Chris von
Rohr, um jovem baterista da cidade de Solothurn, havia formado (e
desfeito) várias bandas que não o permitiram alçar o desejado
sucesso como músico no início da década de 70.
Enquanto
isso, o jovem músico von Rohr mantinha-se financeiramente atuando
como cozinheiro no Solothurn Restaurant & Hotel Kreuz.
Depois de variar em termos de estilo musical sem muito apelo, ele encontrou,
pelo menos financeiramente, um lucrativo espaço em uma banda
dançante chamada On the Road.
Logo
após, ele e o tecladista Michi Szabo (da On The Road) formaram uma
banda de dois homens: o Night Train. Entretanto, todas estas
tentativas para adentrar no mundo da música profissional falharam e,
assim, von Rohr trabalhou novamente como um cozinheiro no Restaurante
Kreuz, seguindo um semestre na Escola de Jazz, em Berna.
Depois de
terminar os estudos na Escola de Jazz, von Rohr voltou para Solothurn
objetivando formar outra banda, em novembro de 1975: o Krokus.
A
primeira atuação pública da banda foi uma abertura para a cantora
suíça Nella Martinetti, no Saalbau da cidade suíça de
Gerlafingen.
Junto com
o guitarrista-solo Tommy Kiefer, com quem o baterista von Rohr
alternava os vocais, o guitarrista-base Hansi Droz e o baixista Remo
Spadino, finalmente o álbum de estreia auto-intitulado do Krokus
saiu.
O disco
foi gravado e lançado em 1976 e produzido por Peter J. Mac Taggart.
A sonoridade foi basicamente influenciada pelo Rock Progressivo e o
trabalho não obteve qualquer repercussão.
Com os
direitos sobre o nome da banda Krokus garantidos, von Rohr demitiu os
demais companheiros de banda sem a menor cerimônia.
Chris von Rohr |
Em
seguida, von Rohr formou uma nova aliança com membros de uma banda local
de nome Montezuma, alterando o line-up do Krokus completamente: o
próprio Von Rohr assumiu os vocais, Fernando von Arb na guitarra,
Jürg Naegeli no baixo e Freddy Steady na bateria.
Pouco
tempo depois, o guitarrista Tommy Kiefer foi trazido novamente para o
line-up e a banda estava completa. Com esta formação, o grupo
gravou mais uma vez no Sinus Studios, em Berna, com Peter J. Mac
Taggart na produção, lançando seu segundo álbum de estúdio, To
You All, em 1977.
Foi neste
segundo trabalho que o conjunto, pela primeira vez, apresentou um som
hard rock, embora ainda com alguma pegada progressiva. Nenhuma
repercussão comercial, novamente.
Com o
mesmo line-up, ainda com von Rohr como front man, o Krokus gravou seu
terceiro álbum de estúdio, já totalmente focado no Hard Rock,
batizado de Pain Killer, embora tenha sido lançado, também, com o
nome de Pay It In Metal.
Este
álbum foi gravado durante 6 dias no lendário Manor Studios, em
Oxford, Inglaterra, em 1978, sendo produzido por von Rohr e von Arb.
Embora
von Rohr tenha recebido da revista suíça Pop Magazine (o
equivalente à revista Rolling Stone, nos EUA) o "Golden Hammer
Award" como melhor vocalista; e o Krokus como melhor banda de
rock do ano, em seu país de origem, a futura direção musical da
banda mudou mais uma vez, quando todos os seus membros presenciaram a
um show do AC/DC, no Volkshaus, em Zurique.
Consequentemente,
von Rohr teve uma visão e entregou, voluntariamente, seu posto como
vocalista: primeiro a Henry Fries, que não pode aceitar o cargo devido a
obrigações contratuais firmadas anteriormente, e finalmente - após tentativas
persistentes de recrutamento por parte do próprio von Rohr - a Marc
Storace, o vocalista com o poderoso alcance vocal com que o front man
anterior sonhara.
Marc
Storace, de origem maltesa, no final de 1971, juntou-se ao TEA, uma
banda suíça de Hard Rock. Com ela, excursionou com grandes nomes
como Queen e Nazareth, lançando 3 álbuns de estúdio: Sprouts, The
Ship and Tax Exiles. Por um tempo, o TEA foi um grupo emblemático
do rock da Suíça, tocando fora do país em cidades como Hamburgo,
Londres ou Glasgow.
Em 1976,
o TEA fez sua última turnê, tendo o Krokus como banda de apoio. Os
encontros amigáveis entre Storace e os membros do Krokus foram as
sementes para o que se seguiu mais tarde.
Marc
voltou para Londres e formou a banda Eazy Money. Sua canção "Man
Telephone" foi incluída em uma coletânea chamada Metal for
Muthas Vol.2. Em 1979, ele recebeu um telefonema do Krokus, o
qual estava procurando por um novo vocalista, convidando-o a uma "jam
de fim de semana" na Suíça. O resto todos já sabem.
Marc Storace |
Assim,
von Rohr assumiu o baixo e Jürg Naegeli passou ao background da
banda. Era a última peça do quebra-cabeça que faltava achar seu
lugar e, com este novo line-up, o Krokus assumiu sua sonoridade
autêntica.
Logo
depois, a banda gravou seu quarto álbum de estúdio, Metal
Rendez-Vous, que vendeu mais de 150 mil cópias na Suíça,
tornando-se o primeiro sucesso comercial da banda.
Ele foi
gravado no Studio Platinum One, em Zurique, sendo produzido por
Martin Pearson, von Rohr e von Arb. O disco acabou sendo o primeiro
sucesso internacional da banda, garantindo turnês e shows iniciais
no Reino Unido e nos Estados Unidos.
Metal
Rendez-Vous contém sucessos da banda como “Tokyo Nights",
"Heatstrokes" e "Bedside Radio".
Assim,
von Rohr e seus companheiros de banda conquistaram o sucesso e
respeito internacionais, sendo reconhecidos como estrelas do rock.
Aproveitando
o sucesso e imediatamente após a turnê terminar, a banda entrou no
Roundhouse Studios, em Londres, para trabalhar em seu quinto álbum
de estúdio, o qual novamente foi produzido por von Rohr e von Arb,
para ser finalmente lançado em 1981: Hardware!
As
gravações se deram entre novembro e dezembro de 1980.
A capa é
bem legal. Vamos às faixas:
CELEBRATION
Após uma vinheta de aproximadamente 1 minuto, "Celebration" apresenta um ritmo bem lento com apenas a voz de Marc Storace em destaque. Quando as guitarras dominam o ambiente, o ouvinte perceberá que trata-se de um Hard Rock simples, cadenciado e com algum peso. Ao final, há o retorno da vinheta inicial.
Como o
próprio nome diz, a letra é em tom de celebração:
I want
you
To
hear the cry
Throughout
the night
We
know what it means
The
new is old
And
red is white
The
law they preach
Ain't
what it seems
I want
you
To
hear the noise
We'll
take the world
And
gonna shout and scream
EASY
ROCKER
Um riff bem legal introduz "Easy Rocker", trazendo a bateria de Steady bastante evidente, em conjunto com o baixo de von Rohr. Nesta faixa, o ritmo é um pouco mais acelerado, mas trata-se de um Hard Rock bem oitentista. Os vocais de Storace se combinam perfeitamente com o instrumental. Boa canção.
A letra
se refere aos fãs:
He was
standin' at the big load-in
When
all the trucks and buses rolled up
Dirty
jeans and a leather jacket
Full
of patches of all those heavy bands
He
wasn't very hard to talk to
And
looked like he had nowhere to go
“Easy
Rocker” é um dos grandes sucessos do Krokus. A música permanece
nos shows da banda até os dias de hoje.
SMELLY
NELLY
Em "Smelly Nelly", o Krokus aposta em um riff bastante pesado e em um andamento mais lento, flertando na linha tênue que divide o Hard Rock e o Heavy Metal. Impossível não se lembrar de faixas como "Grinder", do Judas Priest. Os vocais de Storace estão ótimos e o refrão é bem construído, usando a tática de diminuir e suavizar o peso em seu momento. Ótima canção!
A letra
fala de uma prostituta:
Her
body's fat and flabby
Her
rotten teeth just stink
Her
clothes are torn and shabby
But
her lips are nice and pink
Her
nickers are encrusted
With
shit and bugs and lice
This
face is bruised and busted
But
her arse is paradise
She's
gettin'easy money
And
welfare from the state
MR.
69
Já em "Mr. 69", a pegada Hard Rock está de volta, lembrando bastante o AC/DC da fase Bon Scott, em álbuns como Powerage (1978). O peso é dado na dose exata, assim como o ritmo cadenciado, formando uma construção bem interessante. Se não é exatamente original, "Mr. 69" diverte e contagia. Boa composição.
A letra
tem conotação sexual e é divertida:
Mr.
sixty nine has suddenly come to rest
He
died on the job that he did best
Oh you
lucky angels
Heaven
will be fine
Havin'lots
of fun with Mr.sixty nine
SHE'S
GOT EVERYTHING
Nesta música, o Krokus aposta em um ritmo bastante acelerado em comparação com faixas anteriores. O andamento é rápido e o peso não é tal pronunciado. Os vocais de Storace estão bons, bem como a guitarra de von Arb, o qual executa um bom solo exatamente na metade da canção. Outro momento interessante do disco.
A letra
possui sentido de amor:
I can
see by your eyes what you need
I'll
be out of your life
I may
get depressed cause I tried so hard
To be
somethin'special for you
Words
of love that are still in my ears
Days
when I kissed your tears
Long
crazy nights spilling into days
Times
when I lost my fears
BURNING
BONES
"Burning Bones" apresenta um típico Hard Rock com pegada dos anos 80, com bastante swing e malícia. Aqui os vocais de Storace estão ainda melhores, pois contribuem para a agitação que a parte instrumental da faixa deseja transmitir. A guitarra de von Arb também se destaca de maneira eficiente. Uma das grandes composições do álbum.
A letra
possui sentido de remorso:
There
stands a soldier
In a
barbed-wire land
The
fear of death in his eyes
And a
bottle in his hand
But
now the wine he's drinkin'
It's
got the taste of blood
No
more plastic war movies
To
show him what it's like
“Burning
Bones” também é um sucesso do Krokus. Lançada como single,
atingiu a boa 46ª posição da principal parada norte-americana de
singles.
ROCK
CITY
Na linha tênue entre o Hard e o Heavy, é assim que "Rock City" navega. Há uma inconteste pegada Bluesy, mesmo que sutil, mas extremamente responsável pela alta qualidade da canção. Marc Storace tem uma soberba atuação e é outro fator essencial pela beleza da música. O ritmo é cadenciado, o peso é o exato, e nada sobra ou falta na composição. Excelente faixa!
A letra
é, de certa forma, autobiográfica:
Well
you give me all your money
And
you give me all your love
The
sweetest satisfaction
Yes
it's all in first degree
But
whenever I'm away
You
always find somebody else
Dirty
pictures tell the lies
You've
lived the last six years
Backstage...you're
rockin'
Backstage...you're
shockin'
“Rock
City” é outro grande sucesso do Krokus e permanece, até hoje,
como uma de suas canções mais executadas nos shows dos suíços.
Foi
lançada como single, mas não obteve maior repercussão em termos de
paradas de sucesso desta natureza.
WINNING
MAN
Um clima mais sombrio e soturno predominam em "Winning Man", boa parte construído por um riff muito pesado e um andamento bastante arrastado. Storace também contribui com uma atuação um pouco mais contida, exceto no refrão, em que está mais vigoroso (como a própria canção exige). Próximo aos 4 minutos de execução, o ritmo muda completamente, ganhando rapidez e altas doses de feeling da guitarra de Fernando von Arb. Ótima composição.
A letra
possui sentido de dor:
I've
been waitin'for so long
Gettin'had
and treated wrong
Sleepless
nights and dirty lies
Makes
no difference if you live or die
Atingiu a
26ª posição na principal parada de singles de Rock nos Estados
Unidos. É outra das principais composições da banda.
MAD
RACKET
A nona - e última - faixa de Hardware é "Mad Racket". Um Hard Rock direto e com um ritmo empolgante é o que Krokus desenvolve na derradeira canção do álbum. Novamente, a influência do AC/DC setentista pode ser claramente sentida. Encerra os trabalhos de modo bem divertido.
A letra é
sobre desajuste:
Mother's
got a lover half as old as she
Father's
got a gamblin'house in capri
Sister
sue's a junkie dope and L.S.D.
Sells
her arse to the arabs while others
Get it
free
So I'm
the black sheep
The
only hang up I've got
Is an
old guitar
And a
cat named lisalott
Considerações
Finais
Hardware
continuou o sucesso internacional conquistado por Metal Rendez-Vous,
mas o ampliando, ou seja, fazendo a banda caminhar um passo à
frente.
Curiosamente,
Hardware não fez o mesmo impacto comercial em seu país de origem, a
Suíça, vendendo pouco mais de 50 mil cópias na sua terra natal.
Entretanto,
conforme dito, o reconhecimento internacional ao grupo aumentou,
bastando olhar o resultado do álbum nas principais paradas pelo
mundo afora.
Hardware
conquistou a modesta 103ª posição na principal parada
norte-americana de álbuns, a Billboard. Ficou com a 44ª colocação
na correspondente britânica. Mas, ainda, fisgou os 56º, 16º e 50º
lugares nas paradas da Alemanha, Áustria e Suécia, respectivamente.
Logo após
o lançamento do disco, seguiu-se uma extensa turnê o suportando,
com muitas datas nos Estados Unidos e Canadá, principalmente.
Como
resultado dos problemas contínuos com drogas e o desgosto com a
sonoridade da banda, por parte do guitarrista Tommy Kiefer, as
primeiras rachaduras na estrutura de banda eram óbvias e não
poderiam ser ignoradas por mais tempo, embora o aumento da
popularidade do Krokus continuasse em progressão.
Após o
lançamento de Hardware, a banda e Kiefer seguiram caminhos
divergentes. Mandy Meyer substituiu Kiefer para as turnês em toda
Europa e nos EUA.
No
entanto, Krokus e Meyer se separaram imediatamente após a conclusão
da turnê. Sem mais delongas, o guitarrista Mark Kohler se juntou à
banda.
Este
line-up, eventualmente, gravou o sexto álbum da banda, One Vice at a
Time, no Battery Studios, em Londres, lançado em 1982.
Infelizmente,
Tommy Kiefer se suicidou na noite de natal do ano de 1986.
Formação:
Marc
Storace - Vocal
Fernando
von Arb - Guitarra, Backing Vocals
Tommy
Kiefer - Guitarra, Backing Vocals
Chris von
Rohr - Baixo, Backing Vocals, Percussão
Freddy
Steady - Bateria, Backing Vocals
Músicos
Adicionais:
Jürg
Naegeli - Teclados, Backing Vocals
Faixas:
01.
Celebration (Arb/Rohr) - 3:23
02. Easy
Rocker (Arb/Rohr) - 5:28
03.
Smelly Nelly (Kiefer/Arb/Rohr) - 3:42
04. Mr.
69 (Arb/Rohr) - 3:02
05. She's
Got Everything (Arb/Rohr) - 3:58
06.
Burning Bones (Arb/Rohr/Storace) - 3:37
07. Rock
City (Arb/Rohr) - 4:47
08.
Winning Man (Arb/Rohr) - 5:34
09. Mad
Racket (Arb/Rohr) - 4:02
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://www.darklyrics.com/lyrics/krokus/hardware.html
Como o leitor pode perceber na primeira parte do post, o Krokus foi uma banda que lutou bastante para alcançar o nível de sucesso almejado. E teve o reconhecimento que merecia, pois o grupo rompeu as fronteiras da pequena Suíça e acabou conquistando fama em todo o mundo.
Claramente, a banda suíça tem referências que podem facilmente serem percebidas pelos ouvintes mais atentos. Obviamente, o AC/DC é uma marcante influência no Krokus, com algumas canções do álbum apontando para a sonoridade do grupo dos irmãos Young nos anos 70.
Mas o Heavy Metal oitentista é outra forte presença em Hardware e, neste ponto, o Judas Priest e seu (até então) recém lançado British Steel (1980) são as referências.
Se o Krokus não apresenta a criação de um novo estilo, o grupo compensa apresentando composições que primam pelo bom gosto. O fã de Hard Rock é presenteado com canções animadas, divertidas e bem tocadas.
O forte do Krokus é o conjunto. Não há nenhum músico que destoe do restante, seja para cima ou para baixo, com todos contribuindo decisivamente para o sucesso do trabalho. Neste momento, como forma de ressaltar a influência do AC/DC, em vários momentos a voz de Marc Storace lembra a de Brian Johnson, vocalista do conjunto australiano.
As letras são na média geral e não desvalorizam o disco.
Hardware está repleto de boas canções. "Smelly Nelly" é excelente com sua pegada Heavy Metal bem acentuada. "Mr. 69" remete ao AC/DC de Bon Scott e é muito boa também. "Burning Bones" é um Hard Rock 'classudo', de primeiro time.
Mas os grandes destaques são mesmo "Rock City", com uma inegável pegada Blues Rock, mas com peso extra. E a sombria "Winning Man", uma canção com muitos nuances contagiantes, possivelmente, a melhor do álbum.
Enfim, Hardware mostra como o Krokus foi capaz de conquistar o mundo com um trabalho árduo, constante e de muita garra. Suas canções apresentam um Hard Rock, com constantes flertes com o Heavy Metal, agradando em cheio aos fãs do gênero. Ótima banda e álbum mais que recomendado.
Ouvir todo ele hoje, curtir mto. Vlw pela resenha.
ResponderExcluirObrigado, Fred. Abraço!
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