Tales
from the Twilight World é o terceiro álbum de estúdio da banda
alemã Blind Guardian. Seu lançamento oficial ocorreu em 2 de
outubro de 1990, através do selo No Remorse Records. As gravações
aconteceram no início daquele mesmo ano, no Karo Studios, na
Alemanha. A produção ficou por conta de Kalle Trapp.
Uma
das mais criativas e influentes bandas surgidas no cenário do Heavy
Metal nas últimas décadas é o Blind Guardian, que finalmente
aparece no Blog. Conforme o costume, primeiro se fará um breve
histórico para depois se ater ao álbum.
O
Blind Guardian foi formado em 1984, em Krefeld, na Alemanha, por
Hansi Kürsch (vocal e baixo) e Andre Olbrich (guitarra), sob o nome
de Lucifer's Heritage.
O
grupo ainda contava com Markus Dork (guitarra) e Thomen Stauch
(bateria).
A
banda rapidamente se expandiu para um quinteto com a adição de um
segundo vocalista, Thomas Kelleners. No entanto, após apenas três
meses, Kelleners deixou o conjunto em um acordo mútuo.
O
Lucifer's Heritage lançou duas demos: Symphonies Of Doom (1985) e
Battalions Of Fear (1986).
Hansi Kürsch |
Após
isto, o grupo passou por um período de instabilidade em sua
formação: Dork e Stauch foram substituídos por Christof Theißen e
Hans-Peter Frey, respectivamente.
Finalmente,
em 1987, o guitarrista Marcus Siepen se uniu ao grupo e o baterista
Thomen Stauch retornou para constituírem uma formação que ficaria
consistente pelos próximos 18 anos.
Após
o Lucifer's Heritage assinar um contrato com a gravadora No Remorse
Records, a banda mudou seu nome para Blind Guardian.
O
novo nome foi influenciado pelo álbum Awaken The Guardian, da
banda Fates Warning, de 1986.
A
mudança de nome foi sugerida para que o grupo evitasse quaisquer
especulações sobre satanismo (em uma biografia, afirmou-se que eles
também queriam se distanciar do movimento black metal, pois suas
demos foram colocadas com álbuns de black metal nas lojas de discos
locais).
Já
em 1988 e sob o nome Blind Guardian, lançaram seu álbum de estreia,
Battalions of Fear, o qual era essencialmente um álbum de
speed/power metal, fortemente influenciado por outra banda alemã, o
Helloween.
Direto,
sem muitos rodeios, o disco trazia ótimas canções como “Majesty”,
“Wizard's Crown”, “Run for the Night” e a faixa-título.
Olbrich, Kürsch, Siepen e Stauch |
Também
em sua estreia, o grupo já revelaria outra característica forte de
sua discografia: a grande influência do escritor inglês J. R. R.
Tolkien, autor de obras como O Senhor dos Anéis e The
Silmarillion.
"Majesty",
"Run For the Night", bem como o título da instrumental "By
the Gates of Moria" são claras referências ao livro O
Senhor dos Anéis.
Ambas
alemãs, Blind Guardian e Helloween tinham laços estreitos e o
fundador da segunda, Kai Hansen, fez uma aparição no segundo álbum
do Blind Guardian, Follow The Blind, de 1989.
Bem
mais pesado, o segundo trabalho da banda aponta por influências do
estilo Thrash Metal, especialmente da banda norte-americana
Testament.
No
álbum há músicas excelente como a incrível “Banish from
Sanctuary”, “Follow The Blind” e “Valhalla”, esta última
contando com a participação de Kai Hansen.
Andre Olbrich |
O
próximo passo da banda seria a gravação de seu terceiro álbum de
estúdio, Tales From The Twilight World.
A
capa é muito legal, obra idealizada e realizada pelo artista Andreas
Marshall. A produção ficou sob responsabilidade de Kalle Trapp.
Vamos
às faixas:
TRAVELER
IN TIME
"Traveler in Time" já apresenta uma grande característica da banda: investir em corais que compõem a massa sonora de suas canções. A velocidade é extrema, especialmente por parte de Thomas Stauch na bateria e Hansi Kürsch no baixo. O peso também é acentuado, com uma inegável pegada Thrash Metal. Ótima composição, com um refrão empolgante.
A
canção é baseada no romance Dune, de Frank Herbert:
And
again, again, again, again
Dark tales has brought the Dijahd
Like whispering echos in the wind
And I'm a million miles from home
Dark tales has brought the Dijahd
Like whispering echos in the wind
And I'm a million miles from home
WELCOME
TO DYING
O clássico "Welcome to Dying" mantém a pegada Thrash Metal em uma incrível fusão com o típico Power Metal alemão. Os vocais de Hansi Kürsch se encaixam com a sonoridade no tom ideal, especialmente combinado aos backing vocals no refrão. As mudanças de ritmo contribuem de maneira a incrementar a composição. Brilhante!
A
letra é baseada no romance Floating Dragon, de Peter Straub:
Welcome
to dying
I don't let it out
Welcome to dying
Look to the mirror it shows what I am
Welcome to dying
This town must burn now
Welcome to dying
Can't You see the dragon's seed bears in me
I don't let it out
Welcome to dying
Look to the mirror it shows what I am
Welcome to dying
This town must burn now
Welcome to dying
Can't You see the dragon's seed bears in me
WEIRD
DREAMS
Faixa instrumental, curta e bastante intensa.
LORD
OF THE RINGS
Uma pausa na intensidade e agressividade do Blind Guardian, em um momento mais intimista, mas absolutamente fantástico. A sensibilidade melódica de "Lord of the Rings" é estupenda. Há uma certa influência celta na levada dos violões. O coro usado no refrão é ótimo. Destaque para a atuação vocal de Hansi Kürsch, demonstrando uma versatilidade impressionante. Faixa maravilhosa.
A
letra é uma óbvia referência ao romance The Lord of the Rings,
de J. R. R. Tolkien:
There
are signs on the ring
Which make me feel so down
There's one to enslave all rings
To find them all in time
And drive them into darkness
Forever they'll be bound
Which make me feel so down
There's one to enslave all rings
To find them all in time
And drive them into darkness
Forever they'll be bound
GOODBYE
MY FRIEND
Em "Goodbye My Friend", o Blind Guardian retorna à agressividade natural deste trabalho. As guitarras de André Olbrich e Marcus Siepen estão bem aguçadas e é perceptível uma certa trilha Thrash no andamento da canção. Destaque aos solos de Olbrich.
A
letra é baseada no filme E.T., dirigido por Steven Spielberg, de
1986:
Goodbye
my friend
I found you at the end
I say Goodbye to all
Goodbye my friend
Thanks for your helping hand
I say Goodbye to all my cries
Just say Goodbye
I found you at the end
I say Goodbye to all
Goodbye my friend
Thanks for your helping hand
I say Goodbye to all my cries
Just say Goodbye
LOST
IN THE TWILIGHT HALL
A bateria continua na velocidade da luz no início de "Lost in the Twilight Hall", ditando o ritmo. A participação de Kai Hansen também é marcante, com vocais que combinam bastante com toda a intensidade frenética da composição. As mudanças de ritmo são bem-vindas, incluindo pequenos trechos mais lentos, embora o peso nunca esteja ausente. Composição interessante.
A
letra reflete o tempo passado entre a batalha da personagem Gandalf
O Cinzento contra o Balrog, e sua ressurreição, como Gandalf O
Branco no romance The Lord of The Rings:
I'm
back there's a new chance for me
And all my memories are gone
I can feel what's happening to me
And the mirrow will burst
And all my memories are gone
I can feel what's happening to me
And the mirrow will burst
TOMMYKNOCKERS
O Power Metal é o estilo dominante em "Tommyknockers", com a inconfundível pegada do Blind Guardian em seu início de carreira. O refrão é bem legal e o ritmo é ótimo. Nesta faixa, a influência do Helloween é mais nítida no som da banda.
A
letra é baseada no romance The Tommyknockers, de Stephen
King:
Oh,
last night and the night before
Tommyknockers, Tommyknockers
Knocked at your back door
Tommyknockers
Tommyknockers, Tommyknockers
Knocked at your back door
Tommyknockers
ALTAIR
4
"Altair 4" é curta em uma boa fusão entre Heavy Metal tradicional e o Power Metal da canção que a antecede. É praticamente a continuação de "Tommyknockers". Embora efêmera, é uma ótima e criativa composição.
A
letra também é baseada no romance The Tommyknockers, de
Stephen King:
Chosen
by their whispering words
What is left behind?
When purple colours turn to black
Can you feel it?
Is there time?
Can you see it?
Is there life?
"Fly away and dream"
What is left behind?
When purple colours turn to black
Can you feel it?
Is there time?
Can you see it?
Is there life?
"Fly away and dream"
THE
LAST CANDLE
A nona - e última - faixa de Tales from the Twilight World é "The Last Candle". O ritmo se mantém acelerado e intenso na derradeira composição do álbum. A bateria de Stauch dita o andamento acelerado da música, dando espaço para que a guitarra de Olbrich seja o destaque. Os backing vocals são muito bem feitos. Outra ótima canção.
A
letra remete a eventos do romance fantástico Dragonlance,
criados por Laura e Tracy Hickman:
Whispering
tunes in the wind
All hopes are gone with the night
When the old man will never come back
Remember his words and his songs
And we see the raven's flying in the distance
But no wizard's singing his song
All hopes are gone with the night
When the old man will never come back
Remember his words and his songs
And we see the raven's flying in the distance
But no wizard's singing his song
Considerações
Finais
Em
termos de paradas de sucesso, Tales From The Twilight World passou em
branco nas principais. Conquistou apenas o 40º lugar na parada
japonesa.
Marcus Siepen |
Mais
importante que isso, o álbum trouxe uma maior identidade musical
para o grupo. Seu terceiro disco possuía uma sensação muito mais
melódica e “épica”, marcando o início do uso de coros e mais
influência da música clássica.
As
críticas são geralmente positivas. A revista Rock Hard dá ao
trabalho uma nota 9,5 de um máximo de 10. Já o site AllMusic o
avalia com 4,5 de um máximo possível de 5.
Quando
Tales From The Twilight World vendeu 30 mil cópias apenas em seu
país de origem, a Alemanha, o Blind Guardian atingiu o ponto crítico
em sua carreira que eles tanto aguardavam.
Não
apenas sentiram que haviam se tornado melhores músicos e
compositores; mas também compuseram um som muito distinto no
processo e as gravadoras de toda a Europa começaram a cortejá-los.
Assim,
o Bling Guardian assinou com a Virgin Records em 1991.
Em
1992, o grupo lançaria seu quarto álbum de estúdio, Somewhere
Far Beyond.
Formação:
Hansi
Kürsch - Vocal e Baixo
André
Olbrich – Guitarra-Solo e Backing Vocals
Marcus
Siepen – Guitarra-Base e Backing Vocals
Thomas
"Thomen" Stauch - Bateria
Convidados
Especiais:
Kai
Hansen - Backing Vocals, Vocais em "Lost in the Twilight Hall"
e solo de guitarra em "The Last Candle"
Piet
Sielck - Backing Vocals
Mathias
Wiesner - Teclados
Rolf
Köhler, "Hacky" Hackmann e Kalle Trapp - Backing Vocals
Faixas:
01.
Traveler in Time (Kürsch/Olbrich) - 5:59
02.
Welcome to Dying (Kürsch/Olbrich) - 4:47
03.
Weird Dreams (Olbrich) - 1:19
04.
Lord of the Rings (Kürsch/Siepen) - 3:18
05.
Goodbye My Friend (Kürsch/Olbrich/Stauch) - 5:33
06.
Lost in the Twilight Hall (Kürsch/Olbrich/Siepen/Stauch) - 5:58
07.
Tommyknockers (Kürsch/Olbrich) - 5:09
08.
Altair 4 (Kürsch/Olbrich) - 2:26
09.
The Last Candle (Kürsch/Olbrich) - 5:59
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/blind-guardian/
O enxame de bandas da vertente Power Metal surgidas no mercado, desde a metade dos anos 90 e o início dos anos 2000, saturou boa parte dos ouvintes de sons mais pesados. O grande número de grupos com sonoridade similar acabou, involuntariamente, denegrindo a imagem do estilo.
Mas isto não quer dizer que todos os conjuntos - e, claro, a vertente Power Metal - sejam descartáveis. Há nomes incríveis e criativos dentro do mesmo e alguns se destacam fortemente. O Blind Guardian certamente é um dos principais deles.
Fica evidente (e a participação especial de Kai Hansen só reforça o fato) a influência que os pioneiros do Power Metal alemão, o Helloween, possui na sonoridade do Blind Guardian. A faixa "Tommyknockers" é um ótimo exemplo disto.
Mas o Blind Guardian não se limita a emular o som desenvolvido pelo Helloween. Tales from the Twilight World ainda mantém uma característica muito presente nos primeiros discos do grupo, qual seja, a forte influência do Thrash Metal norte-americano, especialmente de bandas como Testament. Isto, conforme citado nas descrições das faixas, durante o texto, está espalhado por várias composições.
Outra característica marcante da carreira da banda e que começa a dar às caras neste álbum são os corais, intensamente usados pelo Blind Guardian, junto a orquestrações, em seus discos posteriores. Aqui, eles começaram a serem usados, mas ainda de modo mais contido.
O Blind Guardian é formado por músicos bem competentes e o forte da banda é mesmo seu entrosamento. Todos contribuem de maneira eficiente a beneficiar as composições. Além disto, Hansi Kürsch é um ótimo vocalista.
As letras são um destaque do trabalho. Com influências de grandes escritores da literatura popular mundial, as referências são saborosas para ouvintes que também sejam bons leitores.
Em um trabalho criativo e bem coeso, sem pontos fracos, fica difícil apontar canções que mereçam maior destaque. Então, o Blog apenas opta por mostrar suas prediletas.
A força motriz alucinante de "Traveler in Time" contagia os fãs de Heavy Metal. O mesmo acontece com a ótima "Lost in the Twilight Hall". "Tommyknockers" esbanja a criatividade que o Power Metal pode ter.
Mas não há como não se render a fúria intensa do clássico "Welcome to Dying", uma das melhores canções da história do estilo Power Metal. E ainda temos toda a beleza da sensibilidade melódica da incrível "Lord of the Rings". Simples e magnífica.
Enfim, o Blind Guardian é uma excelente banda e uma força criativa dentro do Power Metal, mostrando que a vertente possui bandas muito importantes dentro do Heavy Metal. A discografia do grupo é indicada, pois o conjunto sempre se mostrou inquieto e com diferentes influências marcando sua sonoridade.E, para o Blog, Tales from the Twilight World é um de seus pontos mais altos.
Pois eh, tb acho esse disco o melhor momento da banda, mas isso é puramente uma opinião de gosto pessoal... Alguns gostam mais da fase que viria após esse, ou seja, mais melodioso e orquestral, e, outros, gostam mais dos dois primeiros discos bem mais rápidos e pesados... Esse pra mim está no ponto certo, mas todos da década de 90 são espetaculares... Parabéns pela resenha!!
ResponderExcluirObrigado pelo elogio! Sim, é puramente gosto pessoal, acho este e o Imaginations from the Other Side meus preferidos e, concordo, os da década de 90 são os de que mais gosto. Saudações!
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