3 de agosto de 2016

GOTTHARD - G. (1996)


G. é o terceiro álbum de estúdio da banda suíça Gotthard. Seu lançamento oficial aconteceu no ano de 1996, através do selo BMG. As gravações ocorreram durante o ano de 1995, na cidade norte-americana de Los Angeles. A produção ficou por conta do ex-vocalista e baixista do Krokus, Chris von Rohr.


É hora do Blog apresentar pela primeira vez um álbum da banda suíça Gotthard, com uma pegada Hard Rock bem interessante. Como de costume, far-se-á um breve histórico antes de se tratar do álbum propriamente dito.

A primeira aparição, como músico, do vocalista e membro fundador do Gotthard, Steve Lee, aconteceu no ano de 1979, na cidade suíça de Lugano. Ele não estava com mais de 16 anos.

Esta aparição aconteceu na Aula Magna, de Lugano-Trevano, com uma banda chamada Cromo.

A formação do grupo era: Gerard Garganigo nos teclados e vocais; Tiziano Lippmann nos teclados, sintetizadores e sequenciadores; Massimo Basso no baixo e vocais; Guido Gagliano na guitarra e vocais; e Steve Lee na bateria e vocais.

Já estamos em 1988, quando Steve Lee se juntou a um grupo chamado Forsale.

Steve Lee
Agora estamos em 1992, quando uma banda foi formada em Lugano, uma cidade no cantão suíço de Ticino, de língua italiana, localizado no extremo sul do país, inicialmente denominada Krak.

O grupo foi composto pelo vocalista Steve Lee, pelo guitarrista Leo Leoni, pelo baixista Marc Lynn, e pelo baterista Hena Habegger.

A banda era orientada pelo ex-baixista/compositor/fundador da grande banda de Hard Rock da Suíça, o Krokus, Chris von Rohr.

Foi von Rohr quem sugeriu à banda que mudasse seu nome para Gotthard (um nome derivado de São Gotardo (St. Gotthard), um santo católico romano através do qual a bem-conhecida passagem de St. Gotthard, na Suíça, foi nomeada).

Também foi von Rohr quem conseguiu que o Gotthard assinasse um contrato de gravação com a gravadora BMG.

Com von Rohr na direção, como seu produtor e co-compositor, a banda passou a trabalhar na gravação de seu primeiro álbum, Gotthard (1992).

Além de von Rohr, o vocalista Lee e o guitarrista Leoni foram os principais compositores deste debut da banda. O guitarrista Vivian Campbell, do Def Leppard, tocou em duas músicas (“Firedance” e “Get Down”).

O Blog destaca as interessantes faixas “Standing In the Light”, “Mean Street Rocket”, “Angel” e o cover de “Hush”, esta baseada na versão do Deep Purple.

O Gotthard lançou 2 videoclipes com boa circulação na MTV (das canções “Hush” e “All I Care For”). O álbum passou 15 semanas na parada suíça, atingindo a sua 5ª colocação e, finalmente, ganhando status de platina.

Após algumas turnês internacionais, o Gotthard retornou ao estúdio com von Rohr, mais uma vez no leme como produtor/co-compositor, resultando em Dial Hard (1994), segundo álbum da banda.

O trabalho possui boas canções como “Higher”, “Mountain Mama”, “Love for Money”, além do cover de “Come Together”, dos Beatles.

Leo Leoni
O disco foi mais bem-sucedido que seu antecessor. Dial Hard passou várias semanas no 1º lugar da parada Suíça, também conseguindo entrar nas paradas de Alemanha e Japão.

Além disso, ganhou disco de platina, por ultrapassar a casa de 30 mil cópias apenas em seu país natal, muito graças aos bem-sucedidos videoclipes para “Mountain Mama” e “I'm on My Way”, ambos com boa circulação na MTV.

Em 1995, a banda e von Rohr viajaram para Los Angeles para gravar o álbum seguinte, G. (1996), cujo lançamento foi precedido pelo single “Father Is That Enough?”.

Vamos às faixas:

SISTER MOON

Uma melodia suave que flerta, ainda que distantemente, com uma pegada country, embala o ritmo de "Sister Moon". A canção evolui para um Hard Rock com boa dose de influência do Glam Metal dos anos 80. Se não é absolutamente original, não deixa de ser criativo e bem executado. Ótimo solo de  guitarra de Leoni.

A letra fala sobre perdão:

So Long , Lonely Days
Take Me Back Where I Belong
It's all Gone, It's All Behind
Hope You Don't Mind
Hope You Don't Mind

Foi lançada como single para promoção do álbum.



MAKE MY DAY

O Hard Rock com clara conotação oitentista continua embalando o álbum em "Make my Day". O flerte com o Heavy Metal é mais notório e, portanto, o peso está mais presente. A bateria de Habegger e o baixo de Lynn criam as condições certeiras para que a guitarra de Leoni brilhe. O resultado final é empolgante.

A letra é simples e fala sobre relacionamento:

And The Same Old Song
I Hear You Play
On And On , Again
You Gotta Make My Day



MIGHTY QUEEN

Há uma pegada mais bluesy em "Mighty Queen", bem como um flerte mais deliberado com sonoridades "Pop". O grande fator decisivo para o sucesso da faixa é o baixo de Lynn, muito presente e responsável pelo cadenciamento da canção.

A letra conta uma história sobre um esquimó:

I Like To Do Just Like The Rest,
I Like My Sugar Sweet
But Guarding Fumes And Making Haste
It Ain't My Cup Of Meat
Ev'rybody's 'neath The Trees
Feeding Pigeons On A Limb

É uma versão para “Quinn the Eskimo (The Mighty Quinn)”, originalmente composta pelo músico norte-americano Bob Dylan e primeiramente lançada pela banda inglesa Manfred Mann.



MOVIN' ON

Já "Movin' On" volta à pegada anterior do disco, com mais peso e intensidade nas faixas. Embora não tão veloz, a música se desenvolve de maneira cadenciada e com uma forte presença da guitarra. Há um toque do que a banda Poison fazia nos anos 80.

A letra é simples e jovial:

I Got A Devil In Me
Lord It's Hard To Make Believe
It's Shakin' In Me Babe
I Feel It Running , Kicking ,
He's Gotta Break Free



LET IT BE

"Let It Be" reduz o ritmo e até mesmo o peso, contando com um andamento mais arrastado e apostando em uma melodia mais suave. Impossível não trazer à memória faixas como "Is This Love?", do Whitesnake. Mas o Gotthard faz um trabalho eficiente, contando com uma ótima atuação vocal do talentoso Steve Lee. Ponto alto do álbum.

A letra é sobre sofrimento amoroso:

Let it be, let it be
Love's like a gun on me
Let it be, just let it be
Like a bag of broken glass
I was killed in the name of love

Foi outro single para promoção do álbum.



FATHER IS THAT ENOUGH?

A pegada da faixa anterior é mantida nesta canção, contando com uma melodia mais suave e pouco peso. Neste caso, a inspiração é mais as baladas de grupos do Southern Rock, de bandas como o Lynyrd Skynyrd e o Blackfoot. A execução é bonita e cativante.

A letra fala de saudosismo:

You came into my life, boy
I didn't find the words to let you know
We were like strangers, heaven knows
With a many ways to go


Conforme dito, foi um single lançado ainda em 1995, antes mesmo do lançamento do álbum.



SWEET LITTLE ROCK 'N' ROLLER

O baixo de Marc Lynn dita o ritmo novamente nesta faixa em que o peso volta, mesmo que o andamento siga mais arrastado. As guitarras ganham força em comparação às duas faixas anteriores. Os teclados estão muito presentes também, pois, aqui, a pegada é bastante influenciada pelo Rock & Roll dos anos 50, sob o qual ainda reinava o Rhythm and Blues.

A letra é sobre a vida de rock star:

I meet you right by the station
Where you callin' for me
I give you one night
I give you one heart
We need to spend some time



FIST IN YOUR FACE

"Fist In Your Face" possui o maior peso até então presente no disco, com o flerte com o Heavy Metal muito mais intenso, em algo como nos anos clássicos do Mötley Crüe. Os destaques ficam para uma marcante atuação do vocalista Steve Lee e para a guitarra de Leo Leoni, pesada e inspirada. Excelente canção!

A letra é simples:

You pushed it to the limit
Now you gotta choose tonight
Tarot woman, you're all about to loose the fight
Don't need a part time wizard
Who drives me outta my mind
Cuz' i'm allright
I gonna live it up tonight



RIDE ON

"Ride On" mantém o ritmo urgente e acelerado, contando com um andamento bem veloz. Outra vez a sonoridade aponta para os incríveis anos 80 e seu Glam Metal, o qual é tão caro para o Blog. A composição possui como destaque as guitarras de Leo Leoni atuando de modo certeiro.

A letra apresenta celebração:

Ride On , Ride On
Under One Big Sky
Ride On , Ride On
Till The Day I Die



IN THE NAME

Aqui não há flerte, o Heavy Metal predomina com peso e intensidade e até mesmo pela aura mais sombria que a composição possui. Embora cadenciada, "In The Name" é bastante pesada, a seção rítmica confere muita presença marcante à faixa, deixando a guitarra de Leoni brilhar. Música bastante interessante.

A letra questiona a fé cega:

In The Name , In The Name Of Some God
They're Fighting For Nothing
Spilling Their Blood
In The Name , In The Name Of A Sin
All Running For Cover
In A Fight They Can't Win



LAY DOWN THE LAW

"Lay Down The Law" continua pesada, mas com boa dose de uma melodia bastante maliciosa. A composição caminha na tênue linha entre o Hard e o Heavy, tornando-se bastante divertida graças, ainda, há uma pegada Blues interessantíssima.

A letra é em tom de rebeldia:

As Long As I Can Roll All The Dice
I Keep On Playing
Knock On Wood
And Even In The Darkest Of Hours
Someone's Watching Over You



HOLE IN ONE

"Hole in One" é a menor canção do álbum e conta com uma inconfundível pegada dos primeiros discos do Van Halen. Ou seja, há a presença de peso, mas muita malícia e um forte domínio da guitarra. Boa música.

A letra fala sobre sorte:

There´s one chance in a million
Just like a hole in one
When i get right into trouble
Water to my chin
I turn the wheel of fortune babe
And get another spin



ONE LIFE, ONE SOUL

A décima terceira - e última - faixa de G. é "One Life, One Soul". A canção é uma balada, contando com uma triste e suave melodia acústica que predomina por toda a sua extensão. O grande destaque é a atuação impecável de Steve Lee, realmente muito emocionante. Fecha o álbum com um bom toque comovente.

A letra é uma mensagem de esperança:

One life one soul
Forever I know
Follow me follow me
Wherever I go
One life one soul
Just waiting to flow
Follow me follow me
Don't let me go


Também foi lançada como single para promoção de G..



Considerações Finais

G. conseguiu ainda mais sucesso que seus antecessores e ajudou ao Gotthard ficar maior.

G. atingiu o topo da parada suíça desta natureza. Também conseguiu ser um álbum Top 50 na principal parada alemã.

O site AllMusic dá ao trabalho 3,5 de uma nota máxima 5.

G. foi promovido com uma turnê com ingressos esgotados na Suíça, sendo seguida por outra turnê de 20 datas na Alemanha e, também, uma sequência japonesa.

Mandy Meyer, que foi guitarrista da banda Asia, no álbum Astra (1985), tornou-se membro do conjunto neste momento.

A popularidade do Gotthard continuou inabalável na esteira de G., o qual pode ser considerado um momento de pico de popularidade da banda.

Depois de G., o Gotthard lançou D-Frosted (1997), um álbum acústico ao vivo, e Open (1999), um trabalho de estúdio padrão, e cada um deles passou cinco semanas no topo da parada de álbuns da Suíça.

G. também atingiu a marca de 30 mil álbuns vendidos apenas na Suíça.



Formação:
Steve Lee - Vocal
Leo Leoni - Guitarra e Vocais
Marc Lynn - Baixo
Hena Habegger - Bateria
Convidados:
Cat Gray - Teclados e Percussão
Sammy Sanchez - Slide Guitar
Andrew Garver - Gaita
Jane Child – Backing Vocal

Faixas:
01. Sister Moon (Lee/Leoni/Rohr) – 3:55
02. Make My Day (Lee/Leoni/Rohr) – 3:45
03. Mighty Quinn (Dylan) – 3:15
04. Movin' On (Lee/Leoni/Rohr) – 3:23
05. Let It Be (Lee/Leoni/Rohr) – 6:17
06. Father Is That Enough? (Lee/Leoni/Rohr) – 4:01
07. Sweet Little Rock 'n' Roller (Rohr/Maurer) – 3:19
08. Fist In Your Face (Lee/Leoni/Rohr) – 3:50
09. Ride On (Lee/Leoni/Rohr) – 4:08
10. In the Name (Lee/Leoni/Rohr) – 5:25
11. Lay Down the Law (Lee/Leoni/Rohr) – 3:37
12. Hole In One (Lee/Leoni/Rohr) – 3:11
13. One Life, One Soul (Lee/Leoni/Rohr) – 3:59

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/gotthard/

Opinião do Blog:
Após o mês de aniversário do Blog e entre muitos álbuns clássicos de bandas que já haviam aparecido por aqui, promove-se outra estreia de um grupo nas páginas do nosso humilde Blog: os suíços do Gotthard.

Relativamente pouco conhecido no Brasil, o Gotthard possui mais prestígio, claro, em sua terra natal e também na Alemanha. Mas como o leitor pode perceber, trata-se de um grupo com boas e inegáveis qualidades.

Uma das virtudes do grupo é possuir uma gama diversificada de influências que se somam à sua sonoridade mais padrão. A banda vai do AOR até o Heavy Metal (consulte nosso dicionário em caso de dúvida) sem muitas dificuldades, com suas composições soando de maneira orgânica e natural.

Claro, com um produtor que construiu sua fama no Hard Rock da banda Krokus, é esta vertente do Rock que se destaca na carreira do Gotthard. É, também, o estilo predominante em G.

Se não prima pela originalidade, o álbum compensa pela entrega apaixonada do grupo, com muita garra e boas doses de criatividade, fundindo sua sonoridade básica a outros estilos do Rock e que acabam conversando muito bem.

O forte do Gotthard é mesmo o conjunto, com os músicos que o formam contribuindo de maneira eficiente para a qualidade do que se ouve. Se há um destaque individual, este é o vocalista Steve Lee, que possui uma boa voz e interpretações cativantes, além de um grande carisma.

As letras são boas, mas na média em geral.

G. é um álbum longo, com 13 composições, mas em nenhum momento soa cansativo, muito por conta da já enfatizada mescla de estilos que a banda conseguiu produzir neste disco.

"Make My Day" leva o ouvinte diretamente para os anos 80, com um Hard Rock padrão anos 80, mas muito bem composto e executado. "Let It Be" é uma balada bonita e de grande influência do Whitesnake oitentista. Já "In The Name", é Heavy Metal até o talo!

Mas o Blog destaca a fusão de Hard com o Rock/Blues dos anos 50 em "Sweet Little Rock 'n' Roller", com sua aula de teclados. E "Fist in Your Face", possivelmente a melhor do álbum, e sua incontestável pegada de Mötley Crüe.

Enfim, G. é um dos melhores trabalhos do ótimo grupo suíço Gotthard. Sua mistura de Hard Rock com outras influências do Rock apresenta boa dose de inventividade sem soar forçado, resultando em composições que vão cativar ouvintes que apreciem o Hard Rock descompromissado e divertido. Álbum recomendado!

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