13 de janeiro de 2017

AUDIOSLAVE - AUDIOSLAVE (2002)


Audioslave é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome, ou seja, o Audioslave. Seu lançamento oficial aconteceu em 19 de novembro de 2002 através dos selos Epic e Interscope Records. As gravações ocorreram entre maio de 2001 e junho de 2002, em diferentes estúdios da Califórnia, Estados Unidos. A produção ficou sob responsabilidade de Rick Rubin e do próprio Audioslave.

O segundo post de 2017 traz outra novidade para o Blog: progressivamente, aparecerão mais álbuns lançados após o ano 2000 por aqui. A estreia desta nova coluna será com uma das bandas de Rock com maior impacto durante o início do século XXI, o Audioslave.


Em 21 de maio de 1996, o Soundgarden, um dos principais nomes da cena “Grunge” norte-americana, lançava seu quinto álbum de estúdio, Down on the Upside.

Nele estão algumas ótimas composições da banda norte-americana, embora apostando em uma sonoridade menos pesada, como “Rhinosaur”, “Pretty Noose” e “Burden in My Hand”, todas lançadas como single e alcançando posições intermediárias nas principais paradas desta natureza.

O disco, em si, atingiu a extraordinária 2ª posição da Billboard, a principal parada norte-americana de álbuns, assim como a excelente 7ª colocação de sua correspondente britânica. Além disso foi um grande sucesso comercial e supera a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

“Pretty Noose” foi indicada para o Grammy de Melhor Performance de Hard Rock, em 1997. Apesar das críticas favoráveis e de bons números, as vendas foram 'modestas', especialmente quando a base de comparação foi o maior sucesso comercial do conjunto, seu disco anterior, Superunknown, de 1994, que ultrapassa a casa de 5 milhões de cópias vendidas.

A banda tomou lugar na turnê Lollapalooza, em 1996, com o Metallica, que havia insistido sobre a aparência do Soundgarden na mesma. Depois do Lollapalooza, o grupo embarcou em uma turnê mundial e, durante, as tensões já existentes aumentaram.

A última parada da turnê ocorreu em Honolulu, no Havaí, em 9 de fevereiro de 1997, quando o baixista Ben Shepherd jogou seu baixo para o ar, em frustração, depois do equipamento falhar, e, posteriormente, deixou o palco. A banda também retirou-se, com o vocalista Chris Cornell retornando para concluir o show com uma apresentação solo.

Em 9 de abril de 1997, a banda anunciou que estava se separando. O Soundgarden ainda lançou uma coletânea intitulada A-Sides, em novembro de 1997.

Em 1998, Chris Cornell começou a trabalhar em material para um álbum solo no qual recebeu colaboração de Alain Johannes e Natasha Shneider, ambos da banda Eleven. O disco, intitulado Euphoria Morning, foi lançado em 21 de setembro de 1999.

Em sua primeira turnê solo, Cornell passou sete meses na estrada, de 13 de setembro de 1999 a 7 de março de 2000, tocando em 61 shows, em apoio a Euphoria Morning.

Chris Cornell

Cornell fez duas apresentações coincidindo com a estréia do álbum em 21 e 22 de setembro de 1999, no Henry Fonda Theater, em Hollywood, na Califórnia, Estados Unidos. O público para os 2 shows foi elevado, especialmente se se considerar que a performance foi realizada sem os fãs conhecerem suas novas canções.

A banda da turnê foi composta por alguns dos músicos que contribuíram com Cornell, como Alain Johannes, Natasha Shneider, Rick Markmann, e Greg Upchurch. O álbum se provou um fracasso comercial, embora o single “Can't Change Me” tenha sido indicado para o Grammy de Melhor Performance Vocal Masculina de Rock, em 2000.

A canção “Sunshower” (faixa bônus na versão japonesa de Euphoria Morning) foi incluída na trilha sonora do filme Great Expectations (dirigido por Alfonso Cuarón e estrelado por Gwyneth Paltrow), de 1998.

Uma versão retrabalhada da música “Mission”, renomeada “Mission 2000”, foi usado na trilha sonora do filme Missão: Impossível II (estrelado por Tom Cruise), de 2000.

Também uma música inédita, chamada “Heart of Honey”, foi feita em colaboração com Johannes e Shneider, durante este período. De acordo com Alain Johannes, a canção foi gravada para o filme Titan A. E., mas não foi utilizada.

Paralelamente, em 1999, o Rage Against the Machine lançava seu terceiro álbum de estúdio, The Batlle of Los Angeles.

Tom Morello

O disco, o qual estreou já na épica 1ª posição da Billboard, continha clássicos do conjunto como “Testify” e “Calm Like a Bomb”.

The Batlle of Los Angeles vendeu 450 mil cópias apenas na primeira semana, chegando à marca de mais de 2 milhões de cópias comercializadas apenas nos Estados Unidos.

Naquele mesmo ano, a canção “Wake Up” foi destaque na trilha sonora do filme The Matrix (estrelado por Keanu Reeves), de 1999. A faixa “Calm Like a Bomb” fez parte da trilha sonora da sequência, The Matrix Reloaded, de 2003.

Em 2000, o grupo planejou uma turnê em conjunto com a banda Beastie Boys, na sua “Rhyme and Reason” tour; no entanto, a turnê foi cancelada quando o baterista do Beastie Boys, Mike D, sofreu uma grave lesão.

Em 26 de janeiro de 2000, uma briga durante as filmagens do vídeo para a canção “Sleep Now in the Fire”, dirigido por Michael Moore, fez com que as portas do prédio da New York Stock Exchange (a Bolsa de Valores), em Wall Street, fossem fechadas e a banda a fosse escoltada do local pela segurança, após seus membros (e fãs) tentarem invadi-la.

Em 7 de setembro de 2000, a banda participou do MTV Video Music Awards, e tocou “Testify”. No entanto, após o prêmio de Melhor Vídeo de Rock ser dado ao Limp Bizkit, o baixista Tim Commerford subiu em um andaime do set de filmagem.

Commerford e seu guarda-costas foram condenados a uma noite na cadeia e o vocalista, Zack de la Rocha, teria deixado o local após o episódio. O guitarrista Tom Morello lembrou que Commerford havia relatado o seu plano para o resto da banda, antes do show, e que tanto de la Rocha quanto Morello o aconselharam contra, imediatamente após o Bizkit ter sido premiado com o prêmio.

Em 18 de outubro de 2000, o vocalista Zack de la Rocha divulgou um comunicado anunciando sua saída da banda.

Em seu comunicado, Zack afirmou: “Sinto que é necessário abandonar o Rage, pois não estamos conseguindo tomar decisões em conjunto”, referiu à Imprensa. “Já não funcionamos mais como um grupo e eu acredito que esta situação está destruindo os nossos ideais políticos e artísticos. Estou muito orgulhoso com o nosso trabalho, quer como ativistas quer como músicos. E também grato a cada pessoa que expressou solidariedade e partilhou esta incrível experiência conosco”.

Em 5 de dezembro de 2000, o Rage Against the Machine ainda lançou Renegades, um álbum de covers. Em fevereiro de 2001, o grupo lançaria um vídeo chamado The Battle of Mexico City.

Com a saída de Zack de la Rocha, os membros remanescentes do Rage Aagainst the Machine (o guitarrista Tom Morello, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk) decidiram se manter unidos e buscarem um novo vocalista.

Vários vocalistas ensaiaram com os três, incluindo B-Real, do Cypress Hill, mas eles não queriam outro rapper ou qualquer pessoa que se parecesse musicalmente com de la Rocha no grupo.

Foi o produtor musical e amigo, Rick Rubin, quem sugeriu a eles o nome de Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden.

Foi também Rubin o responsável em persuadir os três remanescentes do Rage Against the Machine a fazerem terapia de grupo com o treinador de desempenho Phil Towle, logo após a separação.

Rubin estava convencido de que, com a nova voz certa, o Rage Against the Machine tinha o potencial para se tornar uma banda melhor; algo como “o The Yardbirds que se tornou o Led Zeppelin”.

Tim Commerford mais tarde reconheceu que foi Rubin o catalisador que trouxe o Audioslave à vida. Ele o chamou de “o anjo na encruzilhada”, pois “se não fosse por ele, eu não estaria aqui hoje”.

A química entre Cornell e os outros três foi imediatamente visível; com Morello descrevendo: “Ele deu um passo para o microfone, cantou a música e eu não podia acreditar. Não soava apenas bom. Não soava apenas grandioso. Soava transcendental. E… quando há uma insubstituível química desde o primeiro momento, você não pode negá-la”.

O quarteto escreveu 21 músicas durante 19 dias de ensaios e começou a trabalhar no estúdio no final de Maio de 2001, tendo Rubin como produtor, enquanto discutiam as questões de gravadoras e de gestão.

Em 19 de março de 2002, o Audioslave foi confirmado na sétima edição do Ozzfest, embora naquela época a banda não tivesse um nome ou data de lançamento oficial do seu álbum de estreia.

Poucos dias depois, surgiram relatos de que a banda havia se separado antes mesmo de terem feito qualquer apresentação pública. O manager de Cornell confirmou que o vocalista havia deixado a banda, sem nenhuma explicação dada.

Sob o nome de Civilian (ou The Project Civilian), 13 mixagens de músicas em que a banda estava trabalhando vazaram em redes de compartilhamento de arquivos na Internet, em maio de 2002. De acordo com Morello, a banda ficou frustrada, pois as composições não estavam em sua forma final e, em alguns casos, “não eram sequer as letras, os solos de guitarra, as performances definitivos”.

Os rumores iniciais sugeriram que Cornell teve problemas pelo fato de haver dois gestores envolvidos ativamente no projeto (Jim Guerinot, da Rebel Waltz, representava Cornell; e Peter Mensch, da Q Prime tratava dos ex-Rage Against the Machine).

Tim Commerford

A banda quase descarrilou antes do lançamento do álbum. Cornell estava passando por problemas com álcool e a vaga no Ozzfest foi cancelada. Durante este tempo, houve um rumor de que Cornell havia se internado em uma clínica de reabilitação de drogas.

Em um artigo do San Diego CityBeat, Cornell explicou que ele passou por “uma crise pessoal horrível” durante a produção do primeiro disco, “estando em reabilitação por dois meses e separado de sua esposa”. Os problemas foram resolvidos e ele manteve-se sóbrio desde esse tempo.

De acordo com a banda, no entanto, a separação não havia sido desencadeada por conflitos pessoais, mas pelos seus gestores em disputa.

Após a mixagem do álbum terminar, cerca de seis semanas mais tarde, o grupo foi reformado e, simultaneamente, demitiram suas antigas empresas de gestão e contrataram uma nova, a The Firm. Suas gravadoras anteriores, Epic e Interscope, resolveram suas diferenças ao concordarem em alternar os lançamentos de álbuns da banda.

A banda divulgou seu nome oficial e lançou seu site no início de setembro. O primeiro single, “Cochise”, foi publicado on-line, no final de setembro, e estava nas rádios no início de outubro. Os críticos elogiaram o estilo vocal de Cornell, um contraponto ao rap de Zack de la Rocha.

A capa do álbum foi desenhada por Storm Thorgerson (com Peter Curzon e Rupert Truman), aquele, conhecido como o líder do grupo de artistas denominado Hipgnosis, mais conhecido por seu trabalho de capas para os álbuns do Pink Floyd. “Sabíamos que estávamos definindo essa ideia de chama eterna, a chama gráfico, em Lanzarote, uma ilha vulcânica, desde vulcões adequados a ameaçar o Audioslave”.

Vamos às faixas:

COCHISE

"Cochise" possui um riff matador, um dos mais clássicos e reconhecidos que foram compostos pelo grupo. A canção é pequena, direta, pesada... indo direto ao ponto. Uma amostra do poder que o conjunto possuía.

A letra se refere à religião:

I'm not a martyr
I'm not a prophet
And I won't preach to you
But here's a caution
You better understand
That I won't hold your hand
But if it helps you mend
Then I won't stop it


Lançada como single, atingiu a 69ª posição na principal parada norte-americana desta natureza, alcançando a 24ª colocação na correspondente britânica.

“Cochise” é baseada no Chefe Apache indígena de mesmo nome e “declarou guerra ao Sudeste e expulsou milhares de colonos” (Nota do Blog: sudeste dos Estados Unidos. “Os apaches são povos nativos dos Estados Unidos que falam a língua apache e que habitam atualmente reservas indígenas no sudoeste dos Estados Unidos. Antigamente, os povos Apaches ocupavam territórios em Arizona, norte do México, Novo México, oeste e sudoeste do Texas e sul de Colorado. Os locais tradicionais dos Apaches consistiam em montanhas altas, vales abrigados e fornecidos de água, grandes ravinas, desertos e as Grandes Planícies do Sul”).

Falando sobre o tema de mesmo nome, o guitarrista Tom Morello observou que “Cochise, o Vingador, destemido e resoluto, atacou tudo em seu caminho com uma fúria desenfreada”, afirmando que a música “meio que soa assim”.

A faixa foi bem recebida tanto pelo público quanto pela crítica. Retrato dessa informação é sua indicação ao prêmio de Melhor Single do ano pela revista britânica Metal Hammer.

“Cochise” permaneceu como a música que encerrava os shows da banda durante a turnê que promovia seu álbum de estreia.

A canção aparece em várias versões do game Guitar Hero, no filme Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby, de 2006 e no game WWE 2K16.



SHOW ME HOW TO LIVE

Cadenciada, mas com o peso na dose exata, esta é "Show Me How to Live". Desta feita, os vocais de Cornell estão mais suaves, tornando-se mais agressivos no - excelente - refrão. O trabalho de bateria de Brad Wilk é muito bom, com o baixo de Commerford acompanhando no mesmo nível. A guitarra de Morello determina a intensidade da composição. Excelente!

A letra se refere à culpa e fé:

And in the after birth
On the quiet earth
Let the stains remind you
You thought you made a man
You better think again
Before my role defines you

Foi lançada como single, alcançando a 67ª posição da principal parada norte-americana desta natureza.

O videoclipe para a música foi inspirado no filme Vanishing Point, de 1971, dirigido por Richard Sarafian e estrelado por Barry Newman. Inclusive, o carro utilizado nas gravações é uma réplica perfeita do automóvel Dogde Challenger 1970 usado no filme.



GASOLINE

Outro riff formidável de Tom Morello é a base de "Gasoline". E a guitarra de Morello é o grande destaque da música, fazendo-se presente de maneira muito marcante, com seu timbre inconfundível. O peso é determinado pela grande atuação da seção rítmica. O solo de Morello é bem legal!

A letra se refere à solidão:

New day yawning another day of solitaire
House is honest
Clearly more than I can bear
Drag me off
Before I set my world on fire
Out and gone the sun will never
Set tonight

“Gasoline” foi um single promocional voltado para as Rádios dos Estados Unidos.



WHAT YOU ARE

Em "What You Are", o baixo de Tim Commerford está ainda mais presente, com linhas pesadas e determinantes para o sucesso da faixa. O refrão é bem mais pesado que as demais passagens da composição. Ótima atuação de Cornell.

A letra pode ser interpretada como um relacionamento escravizante:

Cause now I'm free from what you want
Now I'm free from what you need
Now I'm free from what you are

Lançada como single, não causou maiores repercussões nas principais paradas desta natureza.



LIKE A STONE

Uma leve, suave, mas intrigante melodia, ditada pela guitarra 'rebelde' de Tom Morello, é a base da linda balada "Like a Stone". A seção rítmica faz um trabalho muito bom, mas o destaque vai para a espetacular atuação de Chris Cornell nos vocais. O refrão, mais forte, dá um ar mais intenso à faixa e é quando a fusão da voz do vocalista e a melodia instrumental se fundem perfeitamente. Morello ainda faz um solo repleto de criatividade. Música incrível!

A letra novamente pode ser associada à fé, arrependimento e liberdade:

And on I read, until the day was gone
And I sat in regret, of all the things I've done
For all that I've blessed and all that I've wronged
In dreams until my death, I will wander on


“Like a Stone” é, muito provavelmente, o maior clássico da curta carreira do Audioslave.

Lançada como single, atingiu a 31ª posição da principal parada norte-americana desta natureza. Além disso, o single atingiu 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

O baixista Tim Commerford afirmou que a canção é sobre um velho esperando a morte e que se senta em uma casa sozinho, depois de todos os seus amigos e familiares já estarem falecidos, à espera de se reunir com eles.

No entanto, enquanto Commerford inicialmente pensava se tratar de uma canção sobre amor e romance, o vocalista e principal compositor da banda, Chris Cornell, explicou: “É uma canção que se concentra na vida após a morte e sobre o quê você poderia esperar, em vez da normal abordagem monoteísta: Você trabalha duro toda a sua vida para ser uma boa pessoa e ter uma personalidade moral, justa e generosa, e então você vai para o inferno de qualquer maneira”.

Houve rumores de que as letras de “Like a Stone” teriam sido inspiradas na morte do vocalista do Alice in Chains, Layne Staley, que morreu em abril de 2002. Chris Cornell acabou por negar os boatos, afirmando que suas letras geralmente não são sobre assuntos específicos.

O videoclipe para a faixa foi dirigido por Meiert Alvis, sendo gravado em uma mansão de arquitetura espanhola, em Los Angeles, nos Estados Unidos, e onde o guitarrista Jimi Hendrix viveu.



SET IT OFF

"Set It Off" possui um ótimo riff, o qual transborda a influência do Hard Rock setentista na musicalidade do supergrupo. O andamento, mais Bluesy, remete a bandas como o Led Zeppelin, em uma estrutura mais clássica da faixa, mas sem soar datada, especialmente pela criativa guitarra de Morello. Ótimo momento do álbum.

A letra é ácida e uma clara crítica a como a religião manipula a mente dos fiéis:

Jesus at the backdoor
Everything is all right
All we need is some direction
Every time the wind blows
Everything you don't know
Turns into a revelation
And it all adds up inside your head
Time is wasted



SHADOW ON THE SUN

"Shadow on the Sun" é mais cadenciada e, com exceção do refrão, mais suave e amena. O baixo de Commerford comanda totalmente as ações, sendo muito bem acompanhado por uma impressionante atuação vocal de Cornell. Conta com um dos solos mais legais da guitarra de Morello.

A letra remete a transitoriedade da vida e as mudanças que o tempo impõe:

Every drop of flame
Lights a candle in
Memory of the one
Who lives inside my skin



I AM THE HIGHWAY

"I Am the Highway" possui uma levada bem cadenciada e tranquila, sendo a suavidade uma das marcas relevantes da canção. A atuação do vocalista Chris Cornell é o maior destaque da música, a qual agrada, mas sem maiores emoções.

A letra é uma crítica a más escolhas feitas na vida:

Pearls and swine bereft of me
Long and weary my road has been
I was lost in the cities
Alone in the hills
No sorrow or pity
For leaving
I feel


Lançada como single, atingiu a 66ª posição da principal parada norte-americana desta natureza.



EXPLODER

"Exploder" é a menor faixa do disco, e, embora cadenciada, não abre mão de um peso absurdo (para os padrões do Audioslave) especialmente no refrão. Bons vocais e boa presença, novamente, do baixo de Tim Commerford.

A letra fala sobre loucura e suicídio:

There was a man who had a face
The looked a lot like me
I saw him in the mirror and
I fought him in the street
And when he turned away
I shot him in the head
Then I came to realize
I had killed myself



HYPNOTIZE

"Hypnotize" também é uma das menores músicas do álbum Audioslave, contando com um ritmo acelerado, mas com pouco peso e intensa presença da seção rítmica, especialmente do baterista Brad Wilk.

A letra fala sobre a manipulação da informação:

Well, if you set your mind upon it
I know that you can
You've got everything you wanted
You've done everything you planned
So let me make an offer
I'm only trying to help
You can make your load
Just a little lighter
All you've got to do is share the wealth



BRING EM BACK ALIVE

O pesadíssimo riff de "Bring Em Back Alive" traz à memória o mestre das seis cordas, Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath. A faixa ultrapassa os limites do Hard Rock e flerta deliberadamente com o Heavy Metal, tornando-se uma composição extremamente pesada e densa, mas com um andamento incrivelmente arrastado. Como foi dito, reproduz a sonoridade 'sabática', muito presente também no Soundgarden.

A letra menciona a fé cega:

I am a virus, I live in silence
And just like the heathens thinking
On our feet we believe in God
And with one step, two steps
Three steps toward the graveyard
On the high road to remembering
It seems that we forgot



LIGHT MY WAY

A introdução de "Light My Way" lembra, ainda que vagamente, a sonoridade mais Hard Rock do Rush. Mas, logo depois, a faixa é dominada por um andamento lento e arrastado, com o peso intensificado no refrão. Boa atuação de Cornell.

A letra é sobre determinação:

So when I'm lost
Or I'm tired and deprayed
Or when my high bullet mind
Goes astray won't you light my way



GETAWAY CAR

"Getaway Car" possui uma inconfundível levada Bluesy, composta por uma suave, embora não tão marcante melodia. O refrão é mais forte e a voz de Cornell se torna mais 'rasgada', sendo o vocalista o maior destaque da música.

A letra é sobre um relacionamento:

Well settle down, I won't hesitate
To hit the highway
Before you lay me to waste
Settle up and I'll help you find
Something to drive, before you drive me insane



THE LAST REMAINING LIGHT

A décima quarta - e última - faixa de Audioslave é "The Last Remaining Light". Novamente, o grupo aposta em uma canção com o andamento severamente arrastado e com doses homeopáticas de peso. Os vocais de Cornell são bons e se casam perfeitamente com a massa instrumental. Encerra o disco de maneira não mais que correta.

A letra é sobre a velocidade com que a vida se transforma:

Seven moons and seven suns
Heaven waits for those who run
Down your winter and
Underneath your waves
Where you watch and you wait
And pray for the day



Considerações Finais

O excesso de exposição, natural para um supergrupo, e a qualidade de suas canções fez de Audioslave um grande sucesso.

Em termos de paradas de sucesso, alcançou a ótima 7ª posição da principal parada norte-americana desta natureza, conquistando a boa 19ª colocação na sua correspondente britânica. Ainda galgou os 6º, 5º e 4º lugares nas paradas canadense, norueguesa e neozelandesa; respectivamente.

O álbum vendeu cerca de 162 mil cópias somente em sua primeira semana de lançamento, atingindo a marca de 500 mil cópias comercializadas já no primeiro mês.

Apesar de seu sucesso comercial, Audioslave recebeu críticas mistas. Alguns jornalistas criticaram o esforço do grupo como sem inspiração e previsível. Críticos do site norte-americano Pitchfork, Chris Dahlen e Ryan Schreiber, elogiaram a voz de Cornell, mas criticaram praticamente todas as outras partes do álbum, chamando-o de “o pior tipo de álbum de estúdio de rock, rigorosamente controlado – até mesmo rebaixado – artificialmente pelo estúdio”. Eles descreveram as letras de Cornell como “completamente clichê” e do trabalho de produção de Rick Rubin “sem emoção”.

Jon Monks, do website britânico Stylus, tinha a mesma opinião. Ele considerou a produção de Rubin excessivamente polida e escreveu que “falta individualidade, distinção e imaginação neste álbum, é excessivamente produzido, muito longo e muito indulgente”.

Por outro lado, outros críticos elogiaram o estilo do supergrupo, apontando uma reminiscência de Heavy Metal setentista e comparando-o com nomes como Led Zeppelin e Black Sabbath, dizendo que eles adicionaram uma sonoridade moderna muito necessária ao rock mainstream contemporâneo e possuíam o potencial para se tornarem uma das melhores bandas de rock do século 21.

Em 2005, Audioslave foi classificado como 281º lugar no livro The 500 Greatest Rock & Metal Albums of All Time, da revista alemã Rock Hard.

A banda excursionou extensivamente em todo o mundo em 2003, ganhando críticas positivas por suas performances ao vivo, inclusive no festival Lollapalooza, o qual acabara de ser reativado.

Seu desempenho na turnê Lollapalooza foi tão bem recebido pelos leitores da extinta revista norte-americana Metal Edge que eles ganharam a votação do público, em 2003, como Banda Favorita do Lollapalooza, com enorme margem de vantagem.

Em 2004, o Audioslave estava entre os indicados para a 46ª edição do Grammy Awards: “Like a Stone” foi indicada para “Melhor Performance de Hard Rock” e Audioslave para “Melhor Álbum de Rock”, embora não tenha vencido em nenhuma categoria.

Eles passaram o restante de 2004 em pausa de turnês e trabalhando no segundo álbum, Out of Exile, de 2005.

Audioslave supera a casa de 3 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.



Formação:
Chris Cornell - Vocal
Tim Commerford - Baixo
Brad Wilk - Bateria
Tom Morello - Guitarras

Faixas:
01. Cochise (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 3:42
02. Show Me How to Live (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 4:38
03. Gasoline (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 4:39
04. What You Are (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 4:09
05. Like a Stone (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 4:54
06. Set It Off (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 4:23
07. Shadow on the Sun (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 5:43
08. I Am the Highway (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 5:35
09. Exploder (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 3:26
10. Hypnotize (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 3:27
11. Bring Em Back Alive (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 5:29
12. Light My Way (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 5:03
13. Getaway Car (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 4:59
14. The Last Remaining Light (Cornell/Commerford/Wilk/Morello) - 5:17

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/audioslave/

Opinião do Blog:
Em qualquer área da atividade humana, uma das maiores dificuldades, em especial no momento em que se apresenta um novo trabalho, é lidar com as expectativas que o mesmo gerou. Tudo se torna mais complicado de modo diretamente proporcional à quantidade das tais expectativas existentes.

Supergrupos, naturalmente, lidam com altas expectativas, especialmente quando são formados por nomes consagrados do Rock. Este foi o caso do Audioslave, especialmente por conter músicos de bandas tão diferentes como o ótimo Soundgarden e o Rage Against the Machine, este, um conjunto que não me desperta nenhuma atenção.

O início dos anos 2000 lidava, especialmente nos Estados Unidos, ao menos no Rock, com sonoridades desprezíveis como o famigerado "New Metal" e bandas insuportáveis como o Limp Bizkit. O Audioslave trouxe uma musicalidade mais clássica, mas com ar de contemporaneidade, sendo um alívio musical para as principais paradas de Rock dominadas pelo New Metal.

Assim, as avaliações sobre o álbum Audioslave dependem muito da expectativa que os críticos musicais possuíam quanto ao resultado do trabalho. Ouvindo o disco novamente, quase 15 anos depois, a sensação que me traz é gratificante.

Embora não goste do Rage Against The Machine, não há o que se discutir quanto à qualidade musical de nomes como Brad Wilk, Tim Commerford e Tom Morello. Todos, sem exceção, possuem grandes momentos dentro de Audioslave e são fundamentais por uma musicalidade tradicional, mas repleta de elementos essencialmente de seu tempo!

Chris Cornell dispensa maiores comentários e àquela altura já era consagrado pelo seu extraordinário trabalho no Soundgarden. Cornell é facilmente um dos meus vocais preferidos e o considero um dos melhores vocalistas de sua geração.

As letras possuem uma inegável vocação crítica, repletas de acidez e indignação, merecendo uma conferida.

E há algum problema com Audioslave? Para o Blog, sim, um erro comum em muitos álbuns que foram lançados após o surgimento do formato CD: o disco é mais longo que deveria, com algumas composições que, caso tivessem sido limadas, não reduziriam em nada o valor do trabalho, tornando-o menos cansativo.

Mas, simultaneamente, o álbum traz excelentes canções, algumas das melhores do início dos anos 2000. "Cochise" é eletrizante, "Show How To Live" mistura o peso do Hard Rock com uma levada essencialmente criativa, bem como a ótima "Gasoline". "Set It Off" possui uma energia magnetizante.

Claro, todos os elogios são poucos para a belíssima "Like A Stone", até hoje, para o Blog, uma das mais criativas e tocantes canções surgidas após o ano 2000. A atuação de Chris Cornell nesta música é surreal.

Concluindo, Audioslave é um grande álbum, talvez mais longo que deveria, mas também possuidor de faixas criativas e talentosas, executadas de maneira incrível. Certamente, um dos melhores trabalhos das últimas duas décadas. Extremamente recomendado!

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