Benefit
é o terceiro álbum de estúdio da banda britânica chamada Jethro
Tull. Seu lançamento oficial aconteceu em 20 de abril de 1970,
através dos selos Reprise e Chrysalis. As gravações se deram entre
dezembro de 1969 e janeiro de 1970, no Morgan Studios, em Londres, na
Inglaterra. A produção ficou por conta de Terry Ellis e do
vocalista Ian Anderson.
Após
um longo período, é a vez do grande Jethro Tull retornar ao Rock: Álbuns Clássicos. Neste post, vamos buscar as origens do grupo,
para depois abordarmos este álbum mais que especial.
Primórdios
do Tull
Ian
Anderson, Jeffrey Hammond e John Evan (originalmente Evans), os quais
se tornariam membros do Jethro Tull, frequentaram juntos a escola de
gramática em Blackpool, na Inglaterra.
Anderson
nasceu em Dunfermline, na Escócia, e cresceu na capital daquele país,
Edimburgo, antes de se mudar para Blackpool, na Inglaterra, em janeiro de 1960.
Evans era um fã dos Beatles e, embora fosse um pianista
consumado, decidiu tocar bateria, pois este era um instrumento
consagrado na formação dos Beatles.
Ian
Anderson havia adquirido uma guitarra espanhola e aprendeu sozinho a
tocá-la. Junto com Evans, decidiu formar uma banda. Os dois
recrutaram Hammond para o baixo e este trouxe sua coleção de discos
de blues para que eles ouvissem.
O
grupo, inicialmente, resumia-se aos três e tocava em clubes locais,
logo antes que Evans fosse influenciado pelo Georgie Fame and the
Animals e mudasse para o órgão, com a banda recrutando o
baterista Barrie Barlow e o guitarrista Mike Stevens, este, do
conjunto local The Atlantics.
Em
1964, o conjunto recrutou outro guitarrista, Chris Riley, e fixou-se em
uma banda de seis elementos, com uma sonoridade blue-eyed soul,
chamada John Evan Band (mais tarde John Evan Smash). (Nota do
Blog: Blue-eyed soul (também conhecido como white soul) é um
termo da mídia usado para descrever o rhythm and blues e soul music
tocado por artistas brancos. O termo foi usado pela primeira vez em
meados de 1960 para descrever os artistas brancos tocando R&B
muito semelhante às músicas das gravadoras Motown e Stax. O termo
foi um tanto controverso durante a segregação racial de 1960 na
América, e no surgimento do gênero musical na cultura da música
popular).
Evans
havia encurtado seu sobrenome para 'Evan' por insistência de
Hammond, o qual pensava que soaria melhor e mais incomum. O grupo
recrutou Johnny Taylor como um agente de reservas para shows e fez
apresentações em lugares mais distantes, em torno do noroeste da
Inglaterra, tocando uma mistura de blues e covers da Motown. (Nota
do Blog: A Motown Records, também conhecida como Tamla-Motown, é
uma gravadora americana de discos fundada em 12 de janeiro de 1959
por Berry Gordy Jr. na cidade de Detroit, estado americano de
Michigan conhecida como "Motors Town", devido às
montadoras de automóveis ali instaladas. O nome da gravadora é uma
redução de "Motor Town". Nos anos 60 foi a mais bem
sucedida na criação daquilo que se tornou conhecido como O Som
da Motown, um estilo de "soul" bem característico, com
o uso de instrumentos como pandeiros, baterias e instrumentos do
"rhythm and blues" além de um estilo de 'canto-e-resposta'
(com a repetição, por parte do coral, de frases inteiras ou
palavras de alguns versos) originário da música gospel. O "som
da Motown" também é marcado pelo uso de orquestração e
instrumentos de sopro, por harmonias bem-arranjadas e outros
refinamentos de produção da música pop, e é considerado precursor
da Era Disco dos anos 70).
Ian Anderson |
Hammond
posteriormente deixou a banda para estudar na escola de arte, sendo
substituído momentaneamente por Derek Ward, e, então, por Glenn
Cornick. Riley também desistiu do conjunto e foi substituído por
Neil Smith. O grupo gravou três canções no Regent Sound Studios,
na Denmark Street, em Londres, em abril de 1967, e fez uma
apresentação no clube The Marquee em junho.
Mudança
de residência
Em
novembro de 1967, a banda se mudou para a área de Londres,
baseando-se na cidade de Luton. Eles assinaram um acordo de gestão
com Terry Ellis e Chris Wright e trocaram o guitarrista Neil Smith
por Mick Abrahams, mas, rapidamente, perceberam que suportar um
conjunto de 7 membros era economicamente inviável, e o grupo se
separou.
Desta
forma, Anderson, Abrahams e Cornick decidiram ficar juntos,
recrutando um amigo de Abrahams, Clive Bunker, para a bateria e se
transformando em uma banda britânica de blues. Cornick lembrou que,
embora Evan tenha saído, a banda disse que ele era bem-vindo para que se
juntasse a eles mais tarde.
O
nome Jethro Tull
No
início, a nova banda teve dificuldades para obter reservas de shows
repetidas em um mesmo local, levando-os a mudarem seu nome
frequentemente para continuar tocando no circuito de clubes de
Londres.
Alguns
nomes incluíam "Navy Blue", "Ian Henderson's Bag
o'Nails" e "Candy Colored Rain". Ian Anderson
lembrou-se de olhar para um cartaz em um clube e concluir que o nome
da banda o qual ele não reconheceu era dele.
Os
nomes das bandas eram constantemente fornecidos pelos funcionários
de suas agências de reservas, um dos quais, um entusiasta da
história, eventualmente os batizou de "Jethro Tull",
inspirado no agricultor do século XVIII. O nome ficou fixado porque
quando eles o usaram na primeira vez, um gerente de clube gostou do
show o suficiente para convidá-los a retornar.
Eles
gravaram uma sessão com o produtor Derek Lawrence e ela resultou no
single “Sunshine Day”. O lado B, “Aeroplane”, era uma antiga
faixa dos tempos da John Evan Band. Ele foi lançado em fevereiro de
1968, pela MGM Records, creditado à banda 'Jethro Toe'.
Desde
então, Anderson questionou que o nome da banda grafado
incorretamente foi uma forma de evitar o pagamento de royalties. A
versão do single mais comum, com o nome escrito corretamente, é, na
verdade, uma falsificação feita em Nova York.
Mais
tarde, Anderson se reencontrou com Hammond, em Londres, e os dois
renovaram sua amizade, quando Ian se mudou para o bairro de Chelsea,
para morar com Evan. Assim, Hammond tornou-se o tema de várias
canções, começando com o próximo single “A Song for Jeffrey”.
Nesta
época, Ian morava em uma residência muito fria, fato que o obrigou
a comprar um casaco grande para mantê-lo quente, e, juntamente a sua
flauta, tornou-se parte de sua marcante imagem.
Foi
nessa época que Anderson comprou uma flauta, após ficar frustrado
com sua incapacidade de tocar guitarra tão bem como Abrahams, e,
também, por conta dos gerentes da banda pensarem que ele deveria
permanecer como guitarrista-base, hipoteticamente transformando
Abrahams no frontman do grupo.
Primeiro
álbum: This Was
O
grupo gravou seu primeiro álbum, This Was, entre junho e
agosto de 1968 e ele foi lançado em outubro, alcançando a 10ª
posição na principal parada britânica de discos.
Glenn Cornick |
Além
de material original, o álbum incluía a tradicional “Cat's
Squirrel”, demonstrando o estilo blues rock de Abrahams, enquanto a
peça de jazz “Serenade to a Cuckoo”, de Roland Kirk, deu a
Anderson uma vitrine dos seus talentos na flauta.
O
som geral do grupo nessa época foi descrito no jornal semanal
britânico, Record Mirror, por Ian Anderson, em 1968, como “uma
espécie de blues progressivo com um pouco de jazz”.
Após
o lançamento do álbum, em dezembro, o guitarrista Abrahams deixou a
banda para formar seu próprio grupo, o Blodwyn Pig.
Houve
uma série de razões dadas para sua partida. Abrahams havia ouvido
que Terry Ellis, gerente do Tull, queria que Anderson fosse o
frontman e líder do grupo, à suas custas, e percebeu que seria
improvável obter uma participação majoritária na composição.
Outras explicações dadas foram a de que Abrahams era um purista em
relação ao blues, enquanto Ian Anderson pretendia se ramificar em
outras formas de música, e a de que Abrahams não estava disposto a
viajar internacionalmente ou tocar mais de três noites por semana.
Abrahams
descreveu suas razões mais sucintamente: “Eu estava farto de todo
o absurdo e queria formar uma banda como Blodwyn Pig”.
Outras
faixas que o RAC gostaria de destacar de This Was são
“Some Day the Sun Won't Shine for You” e “It's Breaking Me Up”.
Substituindo
Mick Abrahams
O
grupo tentou vários substitutos diferentes para Mick Abrahams. O
primeiro foi David O'List, que havia deixado recentemente o grupo
Nice. Depois de uma semana de ensaios, O'List não apareceu e
perdeu o contato com o conjunto.
A
escolha seguinte, Mick Taylor, dispensou o trabalho com o grupo
porque sentia que seu posto atual, com o John Mayall's
Bluesbreakers, era um negócio melhor.
Depois
disso, a banda colocou um anúncio no jornal semanal Melody Maker,
que foi respondido por um tal de Tony Iommi. Depois de alguns
ensaios, o conjunto apareceu no The Rolling Stones Rock e Roll
Circus, em 11 de dezembro. O grupo tocou “A Song for
Jeffrey”, mas apenas o canto e a flauta de Anderson estavam ao
vivo; o resto foi dublado.
Iommi
se sentiu mais perto de sua antiga banda, Earth e então retornou
para Birmingham com o objetivo de se juntar a eles. No entanto, o
breve tempo no Jethro Tull instilou uma forte ética de trabalho em
Tony Iommi. Como se sabe, mais tarde, o Earth se tornaria o Black
Sabbath, alcançando grande sucesso comercial.
A
próxima escolha foi Martin Barre, o qual havia visto a banda tocar
em Sunbury e foi ouvido na mesma audição com Iommi. Barre organizou
uma segunda audição com Anderson, o qual lhe mostrou algumas
músicas novas que estavam em um estilo diferente do Blues que haviam
gravado.
Anderson
ficou impressionado com a técnica de Barre e lhe ofereceu a vaga de
guitarrista. Barre fez seu primeiro show com o Jethro Tull em 30 de
dezembro de 1968, no Winter Gardens, em Penzance.
Depois
da adição de Barre, o grupo fez alguns shows em suporte a Jimi
Hendrix na Escandinávia, partindo em uma extensa turnê nos
Estados Unidos, apoiando o Led Zeppelin e o Vanilla Fudge.
Após
ter atraído um público substancial com as suas apresentações, os
gerentes Ellis e Wright pediram a Anderson, que se transformou no
principal compositor, para escrever um single potencialmente de
sucesso. O resultado foi “Living in the Past”, que alcançou a 3ª
posição na parada de singles do Reino Unido, conquistando a 11ª
colocação na correspondente norte-americana.
O
sucesso resultou em uma aparição no famoso programa de TV, o Top
of the Pops. Embora outros grupos considerados 'sérios', há
época, tivessem resistido ativamente à emissão de singles
autônomos, o Jethro Tull sentiu que um hit single seria um
movimento positivo para o conjunto, ou até mesmo sua principal
prioridade naquele momento.
Stand Up
Seu
segundo álbum foi Stand Up, gravado durante abril e maio e,
também, em agosto de 1969. O disco foi lançado em setembro, e,
rapidamente, alcançou a extraordinária 1ª posição na principal
parada do Reino Unido, o único álbum do grupo a fazê-lo.
Anderson
havia se estabelecido como o líder e o principal compositor do
grupo, criando todo o material, incluindo um novo arranjo jazzy
para “Bourrée” de Bach.
Um
interessante trabalho, em Stand Up há faixas como “A New
Day Yesterday”, “Back to the Family” e “We Used to Know”.
Imediatamente
após a liberação do disco, o grupo partiu em sua primeira turnê
como banda principal nos Estados Unidos, incluindo uma aparição no
Newport Jazz Festival.
Barre
lembrou: “Foi realmente o ponto de virada para o Jethro Tull - para
tudo o que deveríamos ser e tudo o que deveríamos inspirar nos
outros”.
A
banda foi convidada para tocar no Woodstock Festival,
mas Ian Anderson recusou o convite, pois ficou receoso de que
conjunto estaria permanentemente esteriotipado como hippies,
tornando-se incapaz de compor em um diferente estilo musical.
Em
29 de janeiro de 1970, a banda reapareceu no Top of the Pops,
da BBC, interpretando “The Witch's Promise”.
Evan
retornou à banda no começo de 1970. Ele havia ficado vivendo em
Londres desde que a John Evan Band se separou, morando com Ian
Anderson e começara a estudar música na Universidade de Londres.
A
dupla não se via muito, devido à carga de trabalho crescente do
Jethro Tull, e Evan era relutante em se reunir com o conjunto devido
a seus estudos, os quais lhe davam acesso a um estúdio livre. Ele
tocou como músico de sessão para o próximo álbum da banda.
Benefit
Entre
dezembro de 1969 e janeiro do ano seguinte, o Jethro Tull retornou ao
Morgan Studios, onde havia gravado Stand Up, para registrar
seu novo trabalho. Ian Anderson e o gerente da banda, Terry Ellis,
assumiram a produção do disco, batizado de Benefit.
O
guitarrista Martin Barre disse que Benefit foi muito mais
fácil de se fazer que os álbuns anteriores, pois o sucesso de Stand
Up permitiu aos músicos mais “latitude artística”.
O
baixista Glenn Cornick afirmou que a intenção da banda era capturar
um sentimento mais “ao vivo”, pois, em suas palavras, “eu senti
que o (disco) anterior soou como um grupo de músicos de sessão
fazendo várias músicas. Foi muito frio”.
Martin Barre |
Benefit
incorporou algumas técnicas de estúdio, como gravação reversa
(trilhas de flauta e piano em “With You There to Help Me”) e
manipulação da velocidade da fita (guitarra em “Play in Time”).
Ian
Anderson disse que Benefit foi um álbum guitar riff,
gravado em um ano em que artistas como Cream, Jimi Hendrix
e Led Zeppelin estavam se tornando mais orientados para este
estilo à base de riffs.
Anderson
também observou que Benefit
era, em suas palavras, “um álbum bastante sombrio e rígido e,
embora tenha algumas músicas sobre ele que soam bastante bem, eu não
acho que tem a largura, variedade ou detalhes de Stand Up. Mas
ele é uma evolução em termos da banda tocando como 'uma banda'”.
Em
geral, Anderson considerou o álbum “uma parte natural da evolução
do grupo”.
Em
uma entrevista, em 1970, Anderson observou que a adição do
tecladista John Evan havia mudado o estilo da banda: “John
adicionou uma nova dimensão musical e agora eu podia escrever mais
livremente. Na verdade, tudo é possível com ele no teclado”.
A
capa de Benefit, agora, uma imagem clássica, também foi
desenvolvida pelo manager do grupo Terry Ellis em parceria com Ruan
O'Lochlainn.
Há
diferenças entre as versões norte-americana e britânica do álbum.
Além de uma ordem levemente trocada, a versão ianque não conta com
a faixa “Alive and Well and Living In”, trazendo em seu lugar a
canção “Teacher”, esta; não presente na versão inglesa.
Para
todos os efeitos, o RAC se baseou na versão britânica de Benefit.
Vamos
às faixas:
WITH
YOU THERE TO HELP ME
O álbum já começa com a costumeira genialidade do grupo, com um clima bem soturno, mas, simultaneamente, contando com uma belíssima harmonia. A interpretação de Ian Anderson é sensacional e a guitarra de Martin Barre brilha intensamente. Ótimo início!
A
letra mistura angústia e ansiedade:
I
won't go down
Acting the same old play
Give sixty days for just one night
Don't think I'd make it: but then I might
Acting the same old play
Give sixty days for just one night
Don't think I'd make it: but then I might
NOTHING
TO SAY
O clima continua bastante sóbrio, com a canção possuindo um andamento mais lento, mas denso e contido. O baixo de Glenn Cornick está muito presente e acrescenta bastante à intensidade da música. Mais uma atuação vocal precisa e brilhante de Ian Anderson. Faixa espetacular!
A
letra traz certo misticismo:
Everyday
there's someone asking
What is there to do?
Should I love or should I fight
Is it all the same to you?
No I say I have the answer
Proven to be true,
But if I were to share it with you,
You would stand to gain
And I to lose
Oh I couldn't bear it
So I've got nothing to say
Nothing to say
What is there to do?
Should I love or should I fight
Is it all the same to you?
No I say I have the answer
Proven to be true,
But if I were to share it with you,
You would stand to gain
And I to lose
Oh I couldn't bear it
So I've got nothing to say
Nothing to say
ALIVE
AND WELL AND LIVING IN
Nesta faixa, a banda aposta em uma abordagem mais direta, contando com algum peso na guitarra de Martin Barre e os teclados marcando presença, mas com o maior destaque para as passagens sempre interessantes da flauta de Anderson.
A
letra fala de se viver com outra pessoa:
Nobody
sees her here, her eyes are slowly closing
If she should want some peace she sits there, without moving,
And puts a pillow over the phone
And if she feels like dancing, no one will know it
Giving herself a chance
If she should want some peace she sits there, without moving,
And puts a pillow over the phone
And if she feels like dancing, no one will know it
Giving herself a chance
There's
no need to show her how it should be
SON
Já em "Son", a canção é dominada por um riff pesado e cativante da guitarra de Martin Barre até sua primeira metade, flertando com o Hard Rock. Há um curto interlúdio, praticamente acústico, no meio da execução, mas que retoma ao peso inicial.
A
letra fala de uma relação entre pai e filho:
I
only feel what touches me
And feel in touching I can see
A better state to be in
Who has the right
To question what I might do,
In feeling I should touch the real
And only things I feel
And feel in touching I can see
A better state to be in
Who has the right
To question what I might do,
In feeling I should touch the real
And only things I feel
FOR
MICHAEL COLLINS, JEFFREY AND ME
Esta canção possui um clima bem alto astral, com uma musicalidade bastante anos sessenta, com um toque Folk consideravelmente acentuado. A melodia é belíssima, com a flauta intensificando a sutileza do instrumental. Sensacional!
A
letra possui sentido de amizade:
I'm
with you L.E.M.
Though it's a shame that it had to be you
The mother ship is just a blip
From your trip made for two
I'm with you boys, so please employ just a little extra care
It's on my mind I'm left behind
When I should have been there
Walking with you
Though it's a shame that it had to be you
The mother ship is just a blip
From your trip made for two
I'm with you boys, so please employ just a little extra care
It's on my mind I'm left behind
When I should have been there
Walking with you
TO
CRY YOU A SONG
A brilhante "To Cry You a Song" traz lampejos do que o Jethro Tull faria anos mais tardes. A musicalidade pesada, com várias 'quebras' no seu andamento, mudanças de ritmo e de intensidade e um instrumental afiadíssimo são oferecidos no cardápio. Seis minutos de êxtase!
A
letra é sobre transmitir uma mensagem:
It's
been a long time --
Still shaking my wings
Well, I'm a glad bird
I got changes to ring
Still shaking my wings
Well, I'm a glad bird
I got changes to ring
A
TIME FOR EVERYTHING?
Nesta música, a banda aposta em um andamento um pouco mais rápido, com toques de peso e muitas presenças da flauta de Ian Anderson e da guitarra de Martin Barre, em alguns momentos, quase que se complementando. Ótima canção!
A
letra carrega uma mensagem de pessimismo:
Once
it seemed there would always be
A time for everything
Ages passed I knew at last
My life had never been
A time for everything
Ages passed I knew at last
My life had never been
INSIDE
"Inside" traz outra bela melodia, que flerta com o Folk, e, ao mesmo tempo, traz a flauta de Ian Anderson como protagonista. O andamento mais cadenciado e a sutileza da bateria constroem uma musicalidade muito interessante.
A
letra possui um sentido de satisfação:
I'm
sitting on the corner feeling glad
Got no money coming in but I can't be sad
That was the best cup of coffee I ever had
And I won't worry about a thing because we've got it made,
Here on the inside, outside so far away
Got no money coming in but I can't be sad
That was the best cup of coffee I ever had
And I won't worry about a thing because we've got it made,
Here on the inside, outside so far away
“Inside”
foi lançada como single para promover Benefit, mas não teve
maior repercussão em termos das principais paradas de sucesso.
PLAY
IN TIME
O peso está presente novamente em "Play in Time", a qual é conduzida por um riff muito bom, tornando a guitarra de Martin Barre uma protagonista da faixa. Anderson canta conforme o instrumental solicita, ampliando as possibilidade desta ótima canção. Contagiante!
A
letra é em tom de autossatisfação:
Got
to take in what I can
There is no time to do what must be done,
While I do some thinking
Sleeping is hard to come by,
So we'll all sit down and try to play in time,
And we feel like singing
Talking to people in my way
There is no time to do what must be done,
While I do some thinking
Sleeping is hard to come by,
So we'll all sit down and try to play in time,
And we feel like singing
Talking to people in my way
SOSSITY;
YOU ARE A WOMAN
A décima - e última - faixa de Benefit é "Sossity; You Are a Woman". O clima mais contido e, pode-se dizer, tristonho do álbum continua na sua derradeira música. Mas isto, nem de longe, significa uma canção ruim. A voz angustiante de Anderson se casa perfeitamente com as tristes notas que saem do violão, formando uma melodia melancólica, mas profunda. Fecha muito bem o disco.
A
música menciona um relacionamento não possível:
All
of the tears you're wasting
Are for yourself and not for me
It's sad to know you're aging
Sadder still to admit I'm free
Your immature physical toy has grown,
Too young to enjoy at last your straight-laced agreement:
Woman, you were too old for me
Sossity, You're a woman
Society, You're a woman
Are for yourself and not for me
It's sad to know you're aging
Sadder still to admit I'm free
Your immature physical toy has grown,
Too young to enjoy at last your straight-laced agreement:
Woman, you were too old for me
Sossity, You're a woman
Society, You're a woman
Considerações
Finais
Benefit
manteve o sucesso crescente do Jethro Tull, atingindo a excelente 3ª
posição da principal parada britânica de álbuns, conquistando a
boa 11ª colocação na sua correspondente norte-americana. Ainda
ficou com os 2º e 5º lugares nas paradas de Noruega e Alemanha;
respectivamente.
Em
geral, os críticos não ficaram impressionados com o álbum. Um
revisor da revista norte-americana Rolling Stone chamou
o disco de “lame and dumb”. A revista britânica Disc e
Music Echo também foi pouco impressionada, mas reconheceu a
qualidade da banda: “Este álbum não avança com um salto tão
drástico como Stand Up fez a partir de This Was. É
mais como o Jethro Tull que temos visto e ouvido durante o ano
passado”.
O
conceituado crítico musical Robert Christgau apreciou os riffs em
torno dos quais todas as canções foram construídas, mas não
apreciou as letras, as quais ele julgou difíceis de recordar.
Bruce
Eder, do AllMusic, dá ao disco uma nota 4 de um máximo
possível de 5, elogiando o trabalho: “A maioria das músicas de
Benefit exibem melodias folk agradáveis e associadas a letras
depressivas, um pouco sombrias, mas deslumbrantes e complexas, com a
guitarra de Barre adicionando potência suficiente para manter os
ouvintes de Hard Rock muito interessados”.
John
Evan participou do álbum como músico de sessão. Anderson disse que
a banda precisava de alguém para tocar as partes do teclado durante
a turnê. O tutor de Evan acabou por convencê-lo de que era uma boa
ideia, e Evan se uniu formalmente ao Tull.
O
álbum se saiu bem comercialmente e permitiu que o grupo lotasse
arenas de até 20 mil lugares, estabelecendo-o como uma banda
principal relevante. Em agosto, o conjunto tocou para um de seus
maiores públicos, no festival Isle of Wight, de 1970.
Mostrando o perfeccionismo de Anderson, a banda insistiu em uma
checagem de som no início da manhã de domingo, antes de se
apresentar mais tarde no mesmo dia.
A
aparição no Isle of Wight foi seguida por outra turnê
nos Estados Unidos, após a qual Cornick deixou a banda. Ele estava
interessado em socializar durante as turnês, enquanto os outros
membros tornaram-se mais reclusos e introvertidos.
Cornick
disse que ele foi demitido por Anderson, enquanto o site oficial do
grupo afirma que ele foi “convidado a se retirar”, por Ellis, mas
com total apoio e encorajamento para formar sua própria banda.
Anderson
convidou seu amigo Jeffrey Hammond para substituir Cornick, comprando
um baixo novo para esta finalidade. Entretanto, Hammond não estava
tocando desde que foi à escola de arte, logo após seu tempo na John
Evan Band, e foi escolhido mais por sua compatibilidade social com os
outros membros do conjunto que por suas habilidades musicais.
Esta
formação gravou Aqualung no final de 1970, lançando-o em
1971.
Benefit
supera a casa de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.
Formação:
Ian
Anderson - Vocal, Guitarra, Flauta, Balalaika, Teclados
Martin
Barre - Guitarra
Glenn
Cornick - Baixo, Hammond
Clive
Bunker - Bateria
Músicos
adicionais:
David
Palmer - Arranjos orquestrais
John
Evan - Piano e Órgão
Faixas:
01.
With You There to Help Me (Anderson) - 6:15
02.
Nothing to Say (Anderson) - 5:10
03.
Alive and Well and Living In (Anderson) - 2:43
04.
Son (Anderson) - 2:48
05.
For Michael Collins, Jeffrey and Me (Anderson) - 3:47
06.
To Cry You a Song (Anderson) - 6:09
07.
A Time for Everything? (Anderson) - 2:42
08.
Inside (Anderson) - 3:38
09.
Play in Time (Anderson) - 3:44
10.
Sossity; You're a Woman (Anderson) - 4:31
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/jethro-tull/
Opinião
do Blog:
Após longo período, o fabuloso Jethro Tull volta às páginas do Rock: Álbuns Clássicos. A banda que gravou alguns álbuns memoráveis na história do Rock ainda estava no início de sua história neste trabalho que abordamos por agora.
Dispensável enaltecer tanto a importância quanto a qualidade deste grupo britânico que sempre foi guiado e liderado pelo vocalista/flautista Ian Anderson. Todos os méritos e infortúnios que ocorreram com o Tull ao longo do tempo se devem, notavelmente, a ele.
Evidentemente, o Jethro Tull tem seu nome muito ligado à vertente do Rock Progressivo, especialmente por álbuns incríveis que gravou durante a década de 70 - notoriamente Thick as a Brick, de 1972.
Mas cabe, na humilde opinião do Blog, fazer justiça a um excelente álbum como Benefit.
Não procure por aqui o Jethro Tull progressivo: a abordagem aqui é outra. É o Rock clássico, padrão, mas com influências do Folk e passagens com flertes com o Hard Rock, mas, sobretudo, música construída com foco em belíssimas melodias.
Tudo isto é possível graças a uma formação com grande competência musical. Martin Barre é um grande guitarrista e boa parte da qualidade da obra fica por sua participação. Mas claro, maiores que o ego de Ian Anderson, somente sua soberba qualidade musical e sua genialidade.
Tanto nos vocais quanto nos instrumentos, especialmente a flauta, Ian demonstra não apenas desenvoltura, mas também protagonismo. Suas composições casam perfeitamente a temática lírica com o instrumental. O clima mais triste e melancólico do álbum vem descrito em letras mais depressivas, mas que sempre têm algo a dizer.
A belíssima melodia de "For Michael Collins, Jeffrey and Me" é diferenciada em toda a sua sutileza, contando com ótima atuação de Anderson nos vocais. A mais Hard Rock "Play in Time" possui um riff matador e contagia. E há traços de Progressivo na notável "To Cry You a Song".
Mas o Blog, conforme nossa tradição, elege sua favorita na incrível "Nothing to Say". Sua sutileza e, ao mesmo tempo, intensidade são incríveis. Não há muitas canções deste calibre por aí.
Enfim, não há faixas de enchimento em Benefit. Um álbum que não goza de tanto prestígio entre a crítica e mesmo os fãs do grupo, mas que o Blog faz questão de ressaltar. O casamento perfeito entre o lirismo e a instrumentalidade fazem deste disco uma peça única. Um dos preferidos do Rock: Álbuns Clássicos em todos os tempos e extremamente recomendado!
Após longo período, o fabuloso Jethro Tull volta às páginas do Rock: Álbuns Clássicos. A banda que gravou alguns álbuns memoráveis na história do Rock ainda estava no início de sua história neste trabalho que abordamos por agora.
Dispensável enaltecer tanto a importância quanto a qualidade deste grupo britânico que sempre foi guiado e liderado pelo vocalista/flautista Ian Anderson. Todos os méritos e infortúnios que ocorreram com o Tull ao longo do tempo se devem, notavelmente, a ele.
Evidentemente, o Jethro Tull tem seu nome muito ligado à vertente do Rock Progressivo, especialmente por álbuns incríveis que gravou durante a década de 70 - notoriamente Thick as a Brick, de 1972.
Mas cabe, na humilde opinião do Blog, fazer justiça a um excelente álbum como Benefit.
Não procure por aqui o Jethro Tull progressivo: a abordagem aqui é outra. É o Rock clássico, padrão, mas com influências do Folk e passagens com flertes com o Hard Rock, mas, sobretudo, música construída com foco em belíssimas melodias.
Tudo isto é possível graças a uma formação com grande competência musical. Martin Barre é um grande guitarrista e boa parte da qualidade da obra fica por sua participação. Mas claro, maiores que o ego de Ian Anderson, somente sua soberba qualidade musical e sua genialidade.
Tanto nos vocais quanto nos instrumentos, especialmente a flauta, Ian demonstra não apenas desenvoltura, mas também protagonismo. Suas composições casam perfeitamente a temática lírica com o instrumental. O clima mais triste e melancólico do álbum vem descrito em letras mais depressivas, mas que sempre têm algo a dizer.
A belíssima melodia de "For Michael Collins, Jeffrey and Me" é diferenciada em toda a sua sutileza, contando com ótima atuação de Anderson nos vocais. A mais Hard Rock "Play in Time" possui um riff matador e contagia. E há traços de Progressivo na notável "To Cry You a Song".
Mas o Blog, conforme nossa tradição, elege sua favorita na incrível "Nothing to Say". Sua sutileza e, ao mesmo tempo, intensidade são incríveis. Não há muitas canções deste calibre por aí.
Enfim, não há faixas de enchimento em Benefit. Um álbum que não goza de tanto prestígio entre a crítica e mesmo os fãs do grupo, mas que o Blog faz questão de ressaltar. O casamento perfeito entre o lirismo e a instrumentalidade fazem deste disco uma peça única. Um dos preferidos do Rock: Álbuns Clássicos em todos os tempos e extremamente recomendado!
Como eu afirmei na resenha sobre Aqualung aqui do site, o único disco do grande Jethro Tull do qual conheço muita coisa da banda é o clássico absoluto de 1972 "Thick as a Brick". Mas estou dando uma vasculhada na discografia geral do grupo britânico para ver se chego a um consenso bastante satisfatório.
ResponderExcluirEu também acho Thick as a Brick sensacional, mas o Jethro Tull é bem mais que isso. Como disse no post, Benefit é um dos meus discos preferidos em todos os tempos, sombrio e melancólico, mas, simultaneamente, genial. Vale muito à pena conhecer não somente este, mas os discos que o Tull lançou na década de 70. Abraço.
ExcluirBeleza, chefe. Irei fazer isso já!
ExcluirResenha sensacional. Parabéns e vida longa.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo generoso elogio!
ExcluirSaudações!
Benefit é sem dúvida o melhor álbum da banda sub estimado por muitos e digo mais é um dos melhores álbuns da história do rock uma harmonia entre a banda sensacional, Anderson perfeito como de costume é barre dita o ritimo dando é tirando peso das musicas!!!
ResponderExcluirO disco é sensacional.
Um dos primeiros que ouvi foi justamente "Benefit" e esse disco é mesmo sensacional. Ressalto que o guitarrista Martin Barre, já nesse disco mostraria do que é capaz nos anos seguintes. Não acho muito justo comparar entre si os discos do Tull pois a personalidade de Ian Anderson e a técnica de Barre é marcante em muitos deles. Uma banda lendária, sem paralelo no rock.
ResponderExcluir"Benefit" era, para mim, o disco menos interessante do Jethro Tull dentre os primeiros. Mas recentemente tive a oportunidade de ouvir a box set comemorativa e mudei minha opinião, e hoje é um dos discos que mais ouço da banda. Minha música favorita no disco é "Inside", cuja letra divertida sempre me chama a atenção, embora "For Michael Collins, Jeffrey and Me" tenha crescido muito no meu conceito; a edição que tinha em vinil continha "Teacher", mas não me recordo qual música do CD foi retirada.
ResponderExcluirEu me lembro que o irmão de um amigo meu tinha uma edição britânica limitada que trazia uma folha de papel cartão com os bonecos dos músicos que aparecem em primeiro plano na capa - você podia destacá-los e fazer sua própria disposição dos músicos no palco. Como nunca mais vi uma dessas, imagino que se ele ainda tem o LP em bom estado ele deva valer uma fortuna...
Nossa, eu fico imaginando o valor desta edição em LP hoje em dia. Meus preferidos do Tull são o Benefit e o Thick.
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