Over
the Edge é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana
chamada Hurricane. Seu lançamento oficial aconteceu em outubro de
1988, através do selo Enigma, ligado à Capitol Records. A produção
ficou a cargo do famoso Bob Ezrin.
A
cena musical norte-americana que ficou conhecida como Glam Metal
produziu uma grande quantidade de bandas, com algumas alcançando o
estrelato, mas muitas outras relegadas ao ostracismo. Neste post, o
Blog apresenta um breve resumo do grupo Hurricane.
As
origens da banda
A
história do Hurricane está diretamente ligada à do guitarrista
Robert Sarzo, um dos fundadores do conjunto. E é com ele que se vai
começar a contar sobre os primórdios da banda.
Robert
é cubano, mas desde bem jovem foi para os Estados Unidos com a
família.
Robert
trabalhou com Jimmy Iovine, da Interscope/Universal Records e com os
lendários produtores Bob Ezrin e Mike Clink.
Ainda
nos anos 70, Sarzo trabalhou com o produtor Robert Stigwood,
responsável por trilhas sonoras de filmes como Saturday Night
Fever e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.
Entre as inúmeras trilhas sonoras de que particpou, está em filmes
como Times Square, de 1980, dirigido por Allan Moyle.
Robert Sarzo |
Sarzo
também esteve com DL Byron, o compositor do sucesso “Shadows of
the Night”, de Pat Benatar.
Curiosamente,
Robert Sarzo foi contratado por Ozzy
e Sharon Osbourne, como o substituto original para Randy Rhoads,
morto em um acidente em 1982.
Nesta
época, o baixista da banda de Ozzy Osbourne era Rudy Sarzo,
irmão mais velho de Robert, e que havia sido indicado para o grupo
de Osbourne por Rhoads, pois ambos haviam tocado juntos no Quiet Riot.
Robert
nunca chegou a sair em turnê com Ozzy, porque Don Arden, da Jet
Records, e também pai de Sharon, contratou um guitarrista diferente,
Bernie Torme, sem contar a ninguém.
Após
a morte de Rhoads, Rudy Sarzo deixou a banda de Ozzy e se juntou ao
vocalista Kevin DuBrow para gravar uma música, mas que acabou
resultando na reforma do Quiet Riot.
Nesta
nova versão do Quiet Riot, o guitarrista era o mexicano
Carlos Cavazo, o qual possuía um irmão baixista chamado Tony
Cavazo.
Foi
Kevin DuBrow quem apresentou Robert Sarzo a Tony Cavazo. E, assim
como seus irmãos mais velhos, os dois decidiram formar um novo
grupo.
Em
1984, Robert e Tony encontrariam o vocalista para a banda: o nome
dele era Kelly Hansen.
Hansen
já possuía experiência musical, pois atuava como cantor
independente para gravações em estúdios. Além da posição de
vocalista, Hansen também seria o guitarrista-base do novo conjunto
que se formava.
O
posto de baterista do novo grupo foi ocupado por Jay Schellen.
Em
1979, ainda como um adolescente, Jay foi apresentado aos palcos
atuando com a lenda do R&B norte-americano, Al Wilson, apoiando a
banda Ohio Players. (Nota do Blog: o Ohio Players foi
uma banda norte-americana de Funk, Soul e R&B, de muito sucesso
especialmente nos anos 70, mais conhecida pelos seus sucessos “Fire”
e “Lover Rollercoaster”).
Depois
de se mudar para Los Angeles, em 1981, Jay entrou na cena da musical
da cidade e tocou localmente com a banda do ex-guitarrista do Yes,
Peter Banks.
Kelly Hansen |
Ao
mesmo tempo, Schellen adentrava as arenas nacionais com o grupo Danny
Johnson and The Bandits, o qual estava em turnê como banda de
abertura na turnê do ZZ Top.
Em
1982, Schellen foi convidado para se juntar à banda inglesa
Badfinger, tocando
com nomes como Tommy Evans, Joey Molland, Glen Sherba e o tecladista
Tony Kaye.
Em
1984, Schellen fez parte do Stone Fury, trabalhando com o
cantor Lenny Wolf e o guitarrista Bruce Gowdy.
Em
1985, Jay Schellen se uniu ao Hurricane, a tempo de gravar seu
primeiro álbum.
O
grupo chegou a ter um segundo guitarrista, Michael Guy, mas ele não
participou das gravações do disco de estreia.
Take
What You Want
Lançado
em 1986, Take What You Want é o álbum de estreia do
Hurricane.
A
banda procurou várias gravadoras anteriormente ao lançamento do
trabalho, mas despertou pouco, ou mesmo nenhum interesse, por parte
dos selos importantes.
Desta
forma, o grupo resolveu gravar e lançar o disco de forma
independente.
Take
What You Want possui 7 faixas e algumas muito boas como
“Hurricane” e “Take Me in Your Arms”.
Entre
1986 e 1987, o Hurricane foi banda de abertura para a turnê do
Stryper, o qual promovia seu clássico disco To Hell with
the Devil, de 1986.
A
boa repercussão da turnê, aliada com a qualidade musical de Take
What You Want, permitiram ao Hurricane assinar com uma gravadora
grande, a Enigma Records, a mesma do Stryper.
Tony Cavazo |
Ainda
em 1987, o Hurricane também foi banda de abertura para a turnê
norte-americana do grande Gary Moore, que promovia o ótimo
Wild Frontier.
Já
em 1988, a banda começou a trabalhar em seu segundo disco, o qual se
tornaria Over the Edge.
Na
produção, o experiente Bob Ezrin, o qual havia trabalhado com
bandas do calibre de KISS, Pink Floyd e Alice
Cooper, por exemplo.
A
capa, idealizada pelo próprio grupo, explora a sensualidade, como já
havia feito no álbum anterior.
Vamos
às faixas:
OVER
THE EDGE
Após uma longa introdução, a canção se desenvolve em um Hard Rock típico dos anos 80, com um bom balanceamento entre peso e melodia. Ótimos vocais de Kelly Hansen e um solo de guitarra muito legal de Robert Sarzo. Destaque para o refrão, o qual funciona muito bem.
A
letra é sobre viver intensamente:
I'll
think about tomorrow
When yesterday's begun
My life is spinning faster
Like a rollercoaster on the run
When yesterday's begun
My life is spinning faster
Like a rollercoaster on the run
“Over
the Edge” é um dos maiores clássicos do Hurricane. Foi lançada
como single para promover o álbum homônimo, mas não obteve maior
repercussão em termos das principais paradas de sucesso desta
natureza.
I'M
EIGHTEEN
Seguindo a proposta da faixa anterior, o Hard Rock pesado e cadenciado continua conduzindo o álbum em uma versão eficiente para o clássico "I'm Eighteen". O destaque é a guitarra de Robert Sarzo que aparece de maneira contagiante.
Obviamente,
a letra fala sobre ter 18 anos de idade:
I'm
eighteen
And I don't know what I want
Eighteen
I just don't know what I want
Eighteen
Got to get away
I've got to get out of this place
I'll go running in outer space again
And I don't know what I want
Eighteen
I just don't know what I want
Eighteen
Got to get away
I've got to get out of this place
I'll go running in outer space again
“I'm
Eighteen” é uma canção originalmente composta e criada pela
banda de Alice Cooper,
primeiramente lançada como single em novembro de 1970 e, depois,
presente no álbum Love It to Death, de 1971.
I'M
ON TO YOU
O peso, moderado, é verdade, continua dando às cartas. Em "I'm on to You", a seção rítmica dita o andamento da canção de maneira ainda mais evidente, com a bateria de Jay Schellen mais evidente e o baixo eficiente de Tony Cavazo. Faixa divertida.
A
letra possui teor romântico:
You
can play with your money
But you can't play with love
The company you keep
You put yourself above
What I wanna know is
What you want with me
You've got my attention
But not my sympathy
But you can't play with love
The company you keep
You put yourself above
What I wanna know is
What you want with me
You've got my attention
But not my sympathy
“I'm
on to You” é, bem possivelmente, a canção mais conhecida do
Hurricane. Também foi lançada como single para promover Over the
Edge.
A
música, na realidade, foi composta pelo músico Jeff Jones, mais
reconhecido pelo seu trabalho nas bandas Ocean e Red Rider.
MESSIN'
WITH A HURRICANE
Na quarta música do disco, o Hurricane aposta em um Hard Rock muito semelhante à sonoridade de bandas como o Ratt. O ritmo é mais cadenciado, o peso mediano, mas o refrão funciona de maneira bem convincente. Os vocais de Kelly Hansen são bem eficientes e o baixo de Tony Cavazo está bem presente. Boa canção!
A
letra é em tom de ameaça:
So
come on I tell you
Just
step across that line
I'll
show you what I mean
One
on one
I'll
drag you through the dirt
Banging
on your knees
Cause
when you mess with me
You're
messin' with a hurricane
INSANE
Em "Insane", a banda aposta em um som ainda mais pesado, mas muito mais lento, flertando mais deliberadamente com o Blues. O resultado é uma faixa divertida, eficiente e muito contagiante! A guitarra de Robert Sarzo aparece com brilho. O Mötley Crüe assinaria a faixa facilmente.
A
letra é divertida:
All
in all
I've
been wonderin'
If
you're insane
When
you play that game
If
you're insane
You're
messin' with my brain
Oh
if I didn't know the truth
It
is gonna drive me insane
WE
ARE STRONG
Um Glam Metal típico é o resultado final de "We Are Strong". A música permanece naquela tênue e praticamente intangível linha que separa o Hard Rock do Heavy Metal. Um refrão muito eficiente se casa perfeitamente com um riff bastante pesado e a seção rítmica muito marcante. Ótima faixa!
A
letra possui sentido romântico:
Facing
hard times
Hold
on
Time's
still on our side
You
can surrender
But
you will remember
It
was the best love
The
best love of all
SPARK
IN MY HEART
Em "Spark in My Heart", a banda continua apostando em um riff pesado e um andamento um pouco mais acelerado, flertando ainda mais com o Heavy Metal. O refrão, com um trabalho bem elaborado de backing vocals, é bem legal.
A
letra é sobre amadurecimento pessoal:
Now
there's nowhere to run to
Nowhere to hide
I'm gonna pack up my things
And leave them all behind
And go away
Nowhere to hide
I'm gonna pack up my things
And leave them all behind
And go away
GIVE
ME AN INCH
"Give Me an Inch" flerta com a música pop dos anos 80, com teclados bem evidentes e se abdicando quase completamente do peso. O baixo de Tony Cavazo está bem presente e o refrão acaba funcionando.
A
letra é em sentido de conquista amorosa:
Give
me an inch
Give me a chance
To find, to find, to find our love
It all relies on you
Give me an inch
Give me a chance
To find, to find, to find
What is it girl that I can do
Give me a chance
To find, to find, to find our love
It all relies on you
Give me an inch
Give me a chance
To find, to find, to find
What is it girl that I can do
SHOUT
"Shout" recupera a sonoridade Glam Metal, com muita influência do Heavy Metal, tanto no peso do riff quanto na poderosa bateria de Jay Schellen. Os vocais de Kelly Hansen são dos mais eficientes de todo o disco. Faixa bem legal!
A
letra é em tom de rebeldia:
If
you stand strong together
Back them up to the wall
We can show them mercy
Or you can try and fight all
Back them up to the wall
We can show them mercy
Or you can try and fight all
BABY
SNAKES
A décima - e última - faixa de Over The Edge é "Baby Snakes". A sonoridade é pesada e intensa, com um andamento rápido e a seção rítmica muito presente, em um estilo bem próximo do Van Halen. Mas a vinheta com a conversa telefônica arruína qualquer possibilidade da canção funcionar.
Considerações
Finais
Over
the Edge é o álbum mais bem-sucedido do Hurricane.
O
disco alcançou a 92ª posição na principal parada norte-americana
desta natureza, a Billboard. Um feito considerável para uma banda
muito pouco conhecida.
Em
uma revisão retrospectiva, Joe Viglione, do site AllMusic, dá ao
trabalho uma nota 3 de um máximo possível de 5. E atesta: “Over
the Edge é uma excelente coleção de dez canções de Rock na
extremidade final dos anos 1980, AOR metal com ganchos e viradas
inteligentes que o trazem a um patamar acima do esperado daquilo que
a infinidade das bandas de Hair Metal deram à audiência naquela
era”.
Por
fim, Viglione conclui: “As falhas são mínimas, encontradas apenas
em algumas das letras e na faixa final, “Baby Snakes”, que é
arruinada por uma conversa telefônica brega e é uma anomalia em um
trabalho muito bom. Cada uma das outras canções contêm pontos
fortes que tornam toda a oferta algo especial e acessível para além
do seu período de tempo”.
Obviamente,
ao lançamento do disco se sucedeu uma vitoriosa turnê para promoção
do trabalho.
Em
1989, Robert Sarzo deixou o grupo e foi substituído pelo
ex-guitarrista do Lion, Doug Aldrich. Esta formação gravou o
terceiro álbum de estúdio do Hurricane, Slave to the Thrill,
o qual foi lançado em 1990.
Formação:
Kelly
Hansen - Vocal, Guitarra
Jay
Schellen - Bateria, Percussão e Backing Vocal
Robert
Sarzo - Guitarras e Backing Vocal
Tony
Cavazo - Baixo e Backing Vocal
Faixas:
01 -
Over the Edge (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 5:35
02 -
I'm Eighteen (Cooper/Bruce/Buxton/Dunaway/Smith) – 4:15
03 -
I'm on to You (Jones) – 3:56
04 -
Messin' with a Hurricane (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 5:02
05 -
Insane (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 3:48
06 -
We Are Strong (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 4:41
07-
Spark in My Heart (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 4:56
08 -
Give Me an Inch (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 4:17
09 -
Shout (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 4:46
10 -
Baby Snakes (Cavazo/Hansen/Sarzo/Schellen) – 4:30
Letras:
Para
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
http://www.elyrics.net/song/h/hurricane-lyrics.htm
Os leitores mais fiéis do Rock: Álbuns Clássicos sabem que o estilo conhecido como Glam Metal é um dos prediletos de quem mantém a página. Vários álbuns do estilo já passaram por aqui e, enquanto este site existir, muito provavelmente, muitos outros grupos e discos do estilo aparecerão por aqui.
O Hurricane é mais um grupo ligado a esta sonoridade a dar às caras nas páginas do nosso Site. É uma banda que não fez sucesso nos anos 80 e é praticamente desconhecida nos dias de hoje. Este post tenta resgatar o que pensamos ser seu melhor trabalho.
Em Over the Edge, o ouvinte está na presença de um grupo entrosado e em sua melhor fase. Os destaques são mesmos o entrosamento do grupo e o grande trabalho do bom vocalista Kelly Hansen, o qual se monstra eficiente e versátil.
As letras são absolutamente comuns. Sugerimos uma rápida conferida.
"Messin' with a Hurricane" é uma boa canção com a típica sonoridade Glam Metal. "Spark in My Heart" possui um quê de Europe e é bem divertida. "Shout" é praticamente um Heavy Metal repleto de melodia, com ótimos vocais de Hansen.
A pesada faixa-título, "Over the Edge", é um 'clássico' do grupo com uma grande atuação do guitarrista Robert Sarzo. Na mesma linha está outra ótima canção, "We Are Strong".
Mas a preferida do site é a bluesy "Insane", uma música envolvente e contagiante, com a cara do Mötley Crüe, facilmente entre as melhores composições do conjunto, quiçá a melhor.
Enfim, o Hurricane não conquistou o sucesso comercial e de crítica e hoje é praticamente uma banda esquecida do grande público, mesmo entre os fãs de Rock. Mas Over the Edge é um ótimo trabalho, típico de sua época, mas, ao mesmo tempo, com qualidade suficiente para ouvintes além de seu tempo. Não irá mudar a vida de ninguém que o ouvir, mas é diversão garantida para fãs de um bom Rock 'n' Roll. Recomendado pelo Rock: Álbuns Clássicos.
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