Rough
Cutt é o álbum de estreia da banda norte-americana de mesmo nome,
obviamente, o Rough Cutt. Seu lançamento oficial aconteceu em 30 de
novembro de 1985, através do selo Warner Bros. As gravações
ocorreram no estúdio The Record Plant, em Los Angeles, nos Estados
Unidos. A produção ficou por conta do renomado Tom Allom.
O
Rough Cutt nunca atingiu o sucesso que almejava, mas a banda ficou
conhecida pelos inúmeros músicos que fizeram parte do conjunto e
conquistaram a fama depois, em outros grupos musicais. Como de
costume, resumidamente se contará a história da banda para depois
se ater ao álbum propriamente dito.
Observação
aos leitores: infelizmente, não encontrei todas as letras
disponíveis nos sites que costumeiramente procuro estas informações
para publicar os posts. O encarte do meu CD de Rough Cutt não contem
as letras das músicas. Se algum leitor encontrar estas informações,
entre contato com o RAC que terei o maior prazer em atualizar este
post!
Primórdios
do grupo
A
primeira formação do Rough Cutt incluía o vocalista Paul Shortino,
o baterista Dave Alford, o guitarrista Jake E. Lee, o tecladista
Claude Schnell e o baixista Joey Cristofanilli.
Em
San Diego, Jake E. Lee liderou uma banda chamada Teaser, supostamente
nomeada após o primeiro álbum solo do guitarrista Tommy Bolin, de
quem Lee era um fã declarado. Teaser foi a banda oficial do primeiro
“teen night club” de San Diego, o StraitaHead Sound.
Em
1980, Lee se juntou a uma banda de Hard Rock de San Diego chamada
Mickey Ratt, a qual, depois de se mudar para Los Angeles,
tornar-se-ia a popular banda de Glam Metal Ratt. Eles lançaram
o single “Dr. Rock/Drivin on E”, que era distribuído
gratuitamente para os fãs em seus shows ao vivo.
A
música “Tell the World” foi incluída na primeira edição da
influente coletânea Metal Massacre (1982), um álbum que
também contou com a primeira música do Metallica, “Hit the
Lights”.
Entretanto,
Lee logo deixou o Ratt para se juntar ao Rough Cutt,
que na época era produzido por Ronnie James Dio e gerenciado pela
esposa do baixinho, Wendy.
Claude
Schnell, por sua vez, deixou a cidade de Nova York, sua terra natal,
para passar vários anos em Buffalo, onde mais amizades musicais de
longo prazo foram forjadas, principalmente com os baixistas Billy
Sheehan e Joe Cristofanilli, e com o baterista Pete O'Donnell.
Paul Shortino |
Ao
chegar em Los Angeles no início dos anos 80, não demorou muito para
que os talentos virtuosos de Schnell estivessem em alta demanda. Ele
tomou parte primeiramente no Magic! e depois no Rough Cutt.
Tanto
Lee como Alford também estiveram anteriormente em outra banda de Los
Angeles, o Ratt. Tanto Schnell quanto Cristofanilli já
estiveram na banda Magic!.
Dois
outros ex-membros do Ratt, o guitarrista Chris Hager e o
baixista Matt Thorne - ou Matt Thorr - (o qual substituiu
Cristofanilli) também logo se juntariam ao Rough Cutt.
Depois
de sua partida, Cristofanilli temporariamente se juntou ao próprio
Ratt, mais tarde unindo forças com membros da banda Sin,
lançando o álbum Made In Heaven sob o nome de Jag Wire,
em 1985.
Saída
de Jake E. Lee
Lee
deixou o Rough Cutt em 1982, fez um teste e foi contratado por
um curtíssimo período pela banda Dio, acabando por ser o
substituto do falecido Randy Rhoads como guitarrista de Ozzy Osbourne.
Lee,
por sua vez, foi substituído por Craig Goldy, anteriormente de uma
banda da cidade de San Diego chamada Vengeance.
O
grande Ronnie James Dio influenciou muito o desenvolvimento do
Rough Cutt. A esposa de Dio, Wendy Dio, era a gerente do grupo e Dio
ajudou a escrever uma das músicas da banda.
O
Rough Cutt contribuiu com duas faixas, “A Little Kindness”
e “Used & Abused”, ambas produzidas por Dio e com Jake E Lee
na guitarra, para a coletânea LA's Hottest Unsigned Bands,
lançada em 1983.
Outra
faixa produzida por Dio , “Try A Little Harder”, desta feita com
Craig Goldy na guitarra, apareceu na compilação KLOS 95 1/2: Rock
to Riches, junto com outro projeto de Wendy Dio, o NuHaven, lançada
no final de 1983.
Goldy
logo deixou a banda para tocar no Giuffria, e mais tarde na
banda de Dio. Goldy foi substituído por Amir Derakh, outro
guitarrista oriundo de San Diego.
Depois
de se formar em 1981 na Mission Bay High School, em San
Diego, Califórnia, Derakh havia tocado guitarra para as bandas
locais Armed & Ready e Emerald.
Consolidação
da banda
A
formação ficou solidificada com Shortino nos vocais, Alford na
bateria, Derakh e Hager nas guitarras e Thorne no baixo.
Dave Alford |
Uma
vez que o Rough Cutt se estabilizou, foi oferecido um contrto
com a gravadora Warner Bros. Records, em 1984.
A
banda ganhou a exposição nacional quando apareceu no programa de TV
Rock Palace executando as músicas “Crank It Up”,
“Dreamin' Again”, “Street Gang Livin'” e “Try A Little
Harder”. O programa era apresentado pelo comediante Howie Mandel e
a gravação ocorreu em 1º de janeiro de 1984, no Hollywood Palace,
hoje chamado de Avalon Hollywood. (Nota do Blog: Howard
Michael "Howie" Mandel (nascido em 29 de novembro de 1955)
é um comediante, ator, apresentador de televisão e dublador
canadense. Ele é bem conhecido como apresentador do programa
norte-americano do canal NBC, Deal or No Deal. Antes de sua
carreira como apresentador de game show, Mandel era mais conhecido
por seu papel como o Dr. Wayne Fiscus, um dramático interno do ER,
no drama médico da NBC, St. Elsewhere. Ele também é famoso
por ser o criador e estrela do desenho infantil Bobby's World,
no Brasil, O Fantástico Mundo de Bobby).
O
Rough Cutt também fez o seu caminho para a Europa,
apresentando-se no famoso Marquee Club de Londres, Inglaterra, em 13
de abril de 1984, e tocando em um show mal promovido no Fabrik, em
Hamburgo, Alemanha, ambos anteriormente à gravação de seu primeiro
álbum de estúdio.
Depois
de esperar por cerca de um ano para trabalhar com o produtor Ted
Templeman, o qual havia sido o responsável pela banda assinar
contrato com a Warner Bros., o Rough Cutt decidiu gravar seu
autointitulado álbum de estreia, Rough Cutt, com o produtor
Tom Allom.
Rough Cutt em 85 |
Ted
Templeman estava ocupado produzindo tanto o Van Halen quanto o
vocalista David Lee Roth na época.
Tom
Allom, o qual ficou conhecido por ser o produtor de álbuns clássicos como
British Steel, Screaming for Vengeance e Defenders
of the Faith, todos do Judas Priest, assumiu a produção.
Vamos
às faixas:
TAKE
HER
A primeira música do disco é "Take Her", contando com um ritmo cadenciado. O riff principal é simples, pesado, mas funciona de maneira satisfatória. O refrão é bem legal e o solo de guitarra também agrada. Bom começo.
A
letra fala de um coração partido:
You
were bad I've seen it all the laughter the pain
Shelter
from the storm would always stop the rain
If
I had the chance the choose between the victim and the crime
If
you dared to look away because you take your time
PIECE
OF MY HEART
"Piece of My Heart" é uma balada, com bonita melodia e uma intensidade bem suave. As guitarras estão bem leves e há um trabalho eficiente da bateria de Dave Alford. Os bons vocais de Paul Shortino também merecem destaque.
A
letra é romântica:
You're
out on the streets looking good,
And
baby deep down in your heart i guess you know that it ain't right,
Never,
never, never, never, never, never hear me when i cry at night,
Babe,
i cry all the time!
And
each time i tell myself that i, well i can't stand the pain,
But
when you hold me in your arms, i'll sing it once again
Trata-se
de uma versão para a música de mesmo nome originalmente composta
por Jerry Ragovoy e Bert Berns, gravada pela primeira vez pela notável
Erma Franklin, em 1967.
NEVER
GONNA DIE
Em "Never Gonna Die", o trabalho do baixista Matt Thorr é mais notável, formando uma boa dupla com o baterista Dave Alford. A sonoridade desta canção é um Hard Rock que flerta abertamente com o AOR, permitindo uma musicalidade completamente acessível.
A
letra é uma ode à juventude:
They
say we can't be angels
I
say i knew that all along
I
don't need social standing
I'm
gonna stand where i belong
A
canção é uma versão para “Never Gonna Die”, da banda The
Choirboys, presente no autointitulado disco de estreia do grupo,
lançado em 1983.
DREAMIN'
AGAIN
"Dreamin' Again" possui um ritmo lento e arrastado, com a seção rítmica ditando o andamento da canção. O peso aparece no ótimo refrão, o qual possui um excelente trabalho de Backing Vocals. A correta atuação dos vocais de Paul Shortino aliada aos bons solos dos guitarristas Amir Derakh e Chris Hager perfazem um dos pontos altos do álbum.
A
letra é sobre perseverança:
In
the dead of the day
My
mind drifts away
To
a place that's all my own
I
close my eyes
To
my surprise I'm dreaming again, oh no
Now
the picture is clear
And
there is nothing to fear
If
they should turn out the lights
If
I face my fears, They'll all disappear
Like
things that go bump in the night!
CUT
YOUR HEART OUT
Pesada e direta ao ponto, assim é "Cut Your Heart Out". A musicalidade flerta deliberadamente com o Heavy Metal oitentista, com um riff principal excelente e muito peso nas guitarras de Derakh e Hager, ambos solando muito bem. Excelentes vocais de Shortino.
BLACK
WIDOW
É muito impressionante o peso absurdo de "Black Widow". A sonoridade é muito densa, com o ritmo absolutamente arrastado, mas com uma intensidade metálica muito efusiva. Os vocais de Shortino se casam bem com o instrumental. Grande música!
A
letra tem teor sexual:
The
fires of darkness
That
locks me within
This
evil woman
She
knows no sin
YOU
KEEP BREAKING MY HEART
Nesta faixa, a banda aposta em uma sonoridade bastante oitentista. "You Keep Breaking My Heart" é uma típica balada, com uma sonoridade até que bem envolvente, leve e melancólica, mas que ganha força e peso no refrão. Mas é uma boa composição.
KIDS
WILL ROCK
"Kids Will Rock" apresenta uma sonoridade Hard Rock bem simples, mas que flerta, em alguns momentos, com bandas como The Police. O refrão é mais tradicional, com as guitarras dominando e muitos Backing Vocals.
DRESSED
TO KILL
"Dressed to Kill" retoma a musicalidade tradicional do grupo. O ritmo cadenciado é dominado pela distorção das guitarras de Hager e Derakh, dando peso, mas não abrindo mão da melodia. Os vocais de Shortino são bons e engrandecem a música.
A
letra tem sentido de sensualidade:
She
gives me thrills, gives me chills
She's
the woman who's dressed to kill
Cheap
thrills, cold chills
She's
the woman who's dressed to kill
She
gives me thrills, cheap thrills
She's
dressed to kill
SHE'S
TOO HOT
A décima - e última - faixa de Rough Cutt é "She's Too Hot". A típica sonoridade Hard Rock/Glam Metal marca a derradeira composição do disco. O peso associado a um ritmo malemolente contagia e a sonoridade lembra o grandioso Mötley Crüe. Encerra o álbum de maneira contagiante.
Considerações
Finais
Apesar
de sua qualidade, Rough Cutt não obteve maior repercussão,
nem por parte de paradas de sucesso e menos ainda em termos
comerciais.
Entretanto,
a crítica gostou do trabalho. Eduardo Rivadavia, do site AllMusic,
em uma revisão retrospectiva, dá ao trabalho uma nota 4 de um
máximo de 5 possível. E destaca: ““Take Her” e “She's Too
Hott” juntaram-se à Hard “Cutt Your Heart Out” como claros
pontos de destaque ao apresentarem certos truques “formuláicos”
de composição de com cargas irreprimíveis de energia”.
Por
fim, Rivadavia conclui: “Em suma, embora o primeiro trabalho do
Rough Cutt abalou com pedigree e profissionalismo (e até
inteligência acima da média para bandas normais de Hair Metal
daquele tempo, vamos ser justos), seus sulcos polidos eram, apenas,
um pouco civilizados demais para atrair os consumidores de metal
típicos da década de 1980”.
A
banda viajou extensivamente pelos Estados Unidos como grupo de
abertura para o Krokus em sua turnê do álbum The Blitz,
ao lado do Accept. Em seguida, o conjunto fez uma extensa
turnê com Dio, que promovia o disco Sacred Heart,
entre agosto e dezembro 1985.
O
Rough Cutt também fez parte do lendário festival Super
Rock '85, em 10 de agosto de 1985, no Odaiba-Undohiroba, em
Tóquio, no Japão, compartilhando o palco com nomes do calibre de
Dio, Foreigner, Sting e vários grupos
japoneses.
O
show foi comemorado com o lançamento da VHS intitulado Super Rock
In Japan '85; o Rough Cutt apareceu com 4 músicas de seu álbum
de estreia: “Black Widow”, “Take Her”, “Dreamin' Again” e
“Piece of My Heart”.
O
grupo chegou a lançar um segundo álbum de estúdio, Wants You!,
em 1986.
Formação:
Paul
Shortino - Vocal
Amir
Derakh - Guitarra
Chris
Hager - Guitarra
Matt
Thorr - Baixo
Dave
Alford - Bateria, Backing Vocal
Faixas:
01.
Take Her (Hager/Thorr/Shortino/Alford/Goldy/Dio) - 3:39
02.
Piece of My Heart (Berns/Ragovoy) - 4:44
03.
Never Gonna Die (Carr/Gable) - 4:21
04.
Dreamin' Again (Alford/Hager/Thorr/Shortino/W. Dio) - 5:34
05.
Cutt Your Heart Out (Hager/Thorr/Shortino) - 2:28
06.
Black Widow (Derakh/Alford/Thorr/Shortino/W. Dio) - 4:33
07.
You Keep Breaking My Heart (Derakh/Hager/Thorr/Alford/Shortino) -
5:13
08.
Kids Will Rock (Thorr/Shortino) - 4:02
09.
Dressed to Kill (Hager/Alford/Shortino) - 4:16
10.
She's Too Hott (Hager/Alford/Shortino) – 3:27
Letras:
Parte
das letras está disponível em:
https://www.letras.mus.br/rough-cutt/
Primeiramente, o RAC gostaria novamente de pedir desculpas aos nossos leitores, pois, apesar de se tentar muito, não conseguiu-se encontrar todas as letras das canções presentes em Rough Cutt para que se pudesse fazer o post completo. Novamente, pede-se desculpas.
O Rough Cutt não fez muito sucesso comercial, mas o grupo permaneceu na memória dos fãs, especialmente os de Glam Metal, por conta de vários músicos de sucesso (em outros conjuntos), em algum momento, terem feito parte da banda. Os guitarristas Jake E. Lee e Craig Goldy são bons exemplos disso.
Mas o álbum de estreia do grupo, Rough Cutt, é um bom trabalho, principalmente interessante para fãs do Hard Rock oitentista.
Musicalmente, a banda é bem coesa e o forte do conjunto é seu palpável entrosamento. Uma competente seção rítmica e bons guitarristas permitem com que o eficiente vocalista Paul Shortino possa se destacar de maneira pouco acima dos demais.
O Rough Cutt aposta no Hard Rock/Glam Metal como a base de sua sonoridade e é através dele que constrói suas composições ou mesmo baseia as versões covers as quais apresentam em seu álbum de estreia. O resultado é muito consistente.
A interessante versão para "Never Gonna Die" é um momento cativante do disco, especialmente com seu toque AOR. A boa balada "You Keep Breaking My Heart" também é outro bom momento do álbum.
Mas o RAC aponta suas favoritas: o petardo alucinante "Cutt Your Heart Out" é um Heavy Metal de alto padrão, muito cativante. A bela "Dreamin' Again" é uma canção cativante e sombria, bem como a pesadíssima "Black Window", possivelmente, a favorita do site. Estas duas últimas com a participação de Wendy Dio na composição.
Enfim, Rough Cutt mostra uma banda em busca de sucesso e que possuía uma convincente formação. O Rough Cutt não obteve reconhecimento comercial e nem de crítica, mas deixou um bom álbum de estreia que, se não apresentava nenhuma novidade, ao menos possuía boas composições executadas de maneira cativante. Disco indicado para fãs de Hard Rock e Glam Metal.
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