Faceless
World é o terceiro álbum de estúdio da banda alemã chamada UDO.
Seu lançamento oficial aconteceu em 25 de fevereiro de 1990, através
da gravadora RCA Records. As gravações ocorreram entre outubro de
1989 e janeiro do ano seguinte no Dierks Studios, em Colônia, na
Alemanha. A produção ficou por conta de Stefan Kaufmann.
A
banda U.D.O. é, na realidade, a forma que o vocalista Udo
Dirkschneider encontrou para dar prosseguimento à sua carreira musical após
deixar a mítica banda alemã chamada Accept. O RAC
vai voltar alguns anos no tempo para contar como o grupo surgiu.
Russian
Roulette
Em
21 de abril de 1986, o Accept lançava seu sétimo álbum de estúdio,
Russian Roulette.
O
Accept estava infeliz com o resultado final de seu disco
anterior, Metal Heart, com uma produção mais polida e uma
sonoridade um tanto quanto mais comercial.
Russian
Roulette traz o grupo alemão retomando suas origens, com uma
musicalidade mais pesada e sombria, além de uma produção mais
crua.
O
álbum traz algumas boas canções do conjunto como “T.V. War”,
“Russian Roulette” e “It's Hard to Find a Way”.
O
disco acabou alcançando a quinta colocação da principal parada de
sucessos da Alemanha, conquistando a 9ª posição na sua
correspondente da Suécia. Em termos das principais paradas do mundo,
a norte-americana e a britânica, ficou com os 114º e 80º lugares;
respectivamente.
Udo Dirkschneider |
Udo
deixa o Accept
Já
mesmo antes do Accept lançar Russian Roulette, o grupo
enfrentava alguns problemas de relacionamento, especialmente entre o
vocalista Udo Dirkschneider e o restante do conjunto.
Após
a turnê que divulgou o supracitado disco, Dirkschneider e a banda
entram em acordo e o vocalista parte para uma carreira-solo.
Reforçando
a decisão em comum acordo, o Accept auxilia seu ex-vocalista,
compondo todo o material para o primeiro disco da nova empreitada de
Udo Dirkschneider.
Animal
House
Animal
House é o álbum de estreia da carreira-solo de Udo Dirkschneider e
que saiu sob o apelido de U.D.O.
Todas
as faixas foram creditadas ao Accept e a Deaffy, na verdade o
apelido de Gaby Hoffmann, a manager do Accept.
Para
a gravação do disco, o U.D.O. era composto pelo vocalista
Udo Dirkschneider, os guitarristas Mathias Dieth e Peter Szigeti, o
baixista Frank Rittel e o baterista Thomas Franke.
O
guitarrista Mathias Dieth era um músico experiente, tendo sido
membro de bandas como o Sinner e o Gravestone. Já o
baixista Frank Rittel era oriundo de outra lenda alemã, o Warlock.
Musicalmente,
Animal House parte do exato momento em que o Accept
havia parado, o Heavy/Power Metal que havia consagrado o grupo.
Faixas como “Animal House”, “They Want War” e “Warrior”
são provas disso.
As
críticas foram normalmente positivas e o disco acabou alcançando a
41ª posição na principal parada de sucessos da Suécia.
Para
a turnê de promoção do disco, o grupo foi formado por Udo, Dieth e
Franke, os quais já haviam gravado o álbum. Além disso, o
guitarrista Andy Susemihl (ex-Sinner) e o baixista Dieter
Rubach foram trazidos para a turnê.
Dieter
Rubach era um velho conhecido de Dirkschneider, pois havia
permanecido no Accept entre 1970 e 1978.
A
turnê começou no início de fevereiro de 1988 e o U.D.O.
tocou na Hungria, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Holanda,
Reino Unido, França, Finlândia, EUA e Canadá.
O
U.D.O. também chegou a tocar com nomes como Guns N' Roses,
Lita Ford e Zodiac Mindwarp.
Mean
Machine
Dieter
Rubach permaneceu no U.D.O. apenas durante a turnê, saindo
antes mesmo das gravações do segundo disco do grupo, Mean
Machine, o qual foi lançado em janeiro de 1989 pela gravadora
RCA Records.
O
novo baixista escolhido foi Thomas Smuszynski, o qual, anos mais
tarde, ingressaria no Running Wild. Thomas Franke também
deixou o conjunto e seu substituo foi o baterista Stefan Schwarzmann.
Produzido
por Mark Dodson, Mean Machine é o primeiro esforço de Udo
para compor música sem seus ex-companheiros do Accept.
Ele
assinou todas as composições, sendo auxiliado pelos guitarristas
Mathias Dieth e Andy Susemihl.
O
resultado final é outro disco de puro Heavy Metal, pesado e direto
ao ponto, como atestam faixas do calibre de “Break the Rules”,
“We're History” e “Lost Passion”.
Mathias Dieth e Udo |
Faceless
World
Após
a turnê que promoveu Mean Machine, o grupo já começou a
pensar no seu sucessor.
Entretanto,
o U.D.O. sofreu uma nova baixa: o guitarrista Andy Susemihl
deixou o grupo antes das gravações do vindouro disco. Mesmo assim
recebeu créditos como compositor das faixas “System of Life”,
“Living on a Frontline” e “Future Land”.
Para
a produção, Dirkschneider optou pelo ex-baterista do Accept,
Stefan Kaufmann. A capa é bem legal, com uma imagem de um olho cujo
globo ocular mostra o mapa mundi. É obra da artista Ananda Kurt
Pilz.
As
gravações se deram no Dierks Studios entre outubro de 1989 e
janeiro de 1990.
Vamos
às faixas:
HEART
OF GOLD
"Heart of Gold" começa com um Heavy Metal tradicional, mais cadenciado, mas sem abrir mão do peso e da intensidade. Chamam a atenção os teclados bem utilizados, dando uma atmosfera mais clássica à composição. Ótima presença do guitarrista Mathias Dieth.
A
letra é sobre persistência:
Heart
of gold - just like a diamond in the rough
He
is dying for a touch from you
No
more a bloody fool in this god damned town
Please
be strong for just one time
Embora
tenha sido lançada como single, não obteve maior repercussão em
termos das principais paradas de sucesso.
BLITZ
OF LIGHTNING
Outro bom riff de guitarra é a base de "Blitz of Lightning". A sonoridade da composição traz um Heavy Metal na linha tangente ao Hard Rock, de extremo bom gosto. O refrão é bem legal. Udo Dirkschneider opta por vocais mais contidos.
A
letra é sobre renovação:
Hello
world, here I am
Don't
you fool me again
I'm
like a blitz of lightning
So
get outta my way
Every
night and day
The
lightning strikes again
SYSTEM
OF LIFE
"System of Life" resgata, ao menos parcialmente, o que Udo Dirkschneider fez no Accept. Uma música pesada, direta e com altas doses de ferocidade. Ótimo trabalho do baterista Stefan Schwarzmann e do guitarrista Mathias Dieth.
A
letra é uma mensagem de como a vida deveria ser encarada:
Following
the lights you see like a rolling train
Yesterday
is gone - tomorrow's in your hands
Something
you've had is gone - don't wish it back
Let
it go - don't run away - it's nothing you'll forget
FACELESS
WORLD
A faixa-título mantém a pegada Heavy Metal, embora seja mais cadenciada. O ritmo é mais arrastado, mas Udo canta de maneira espetacular, criando um clima sombrio com sua perfeita interpretação. Excelente canção.
A
letra é um pedido para que as pessoas sejam fortes:
See
the stars and see the rainbows - open your eyes
Don't
turn away - you're all you've got
In
a faceless world
You
can run - but you can't hide
It's
yourself who waits for you inside
“Faceless
World” também foi um dos principais singles para promover o álbum
de mesmo nome. Entretanto, não obteve maior repercussão em termos
das principais paradas de sucesso.
STRANGER
"Stranger" possui um ritmo bem legal, com uma melodia interessante e ótimo trabalho do guitarrista Dieth e teclados novamente preponderantes. Embora simples, é uma faixa que funciona perfeitamente, mantendo o bom nível do disco.
A
letra é uma mensagem para se seguir em frente:
So
turn around leave your feelings behind
Just
calm down keep the devil inside
It's
like a stone lying in your head
You
never know - this time it could be real
RESTRICTED
AREA
"Restricted Area" flerta levemente com o Power Metal, utilizando seu sentido de urgência, um andamento veloz e ótimos trabalhos do baixista Thomas Smuszynski e do baterista Stefan Schwarzmann. O solo do guitarrista Dieth é bem legal.
A
letra possui um tom misterioso:
Your
brain's been mesmerized
And
in your mind this place is full of steel,
so
full of steel
So
shift to overdrive
Crash
away the gang with the men from another space
LIVING
ON A FRONTLINE
Também na fronteira entre o Hard e o Heavy, "Living on a Frontline" tem um ritmo mais cadenciado, conta com um refrão que funciona muito bem e abusa do ótimo trabalho do guitarrista Dieth. A atuação perfeita de Udo nos vocais tornam a faixa ainda mais divertida.
A
letra é uma metáfora da vida comparada à guerra:
Do
or die - you'll always be on the run
Like
a soldier in time - rain or shine
Aces
high - you'd better be on the ball
Don't
move outta the way - stand for what you've gotta say
TRIP
TO NOWHERE
"Trip to Nowhere" possui uma pegada incontestavelmente oitentista, flertando levemente com o AOR, contando com um teclado imponente ao fundo da canção. Os vocais de Udo continuam funcionando. Música interessante.
A
letra fala sobre um passado sombrio:
Why
am I here now
And
what can I do
You
tell me you're sorry
You
know it ain't true
BORN
TO RUN
"Born to Run" retoma o Heavy Metal em estado puro: um riff forte e pesado e a seção rítmica em abordagem frenética. Com o aumento da velocidade, a composição vai direta ao ponto, sem maiores variações.
A
letra é uma mensagem para se manter o foco:
You're
born to run
So
take it from the start
You
know you're born to run
Don't
waste your time and realize that you're
You're
born to run
Tomorrow's
here today
'Cause
you're the number one
You're
leading the way
CAN'T
GET ENOUGH
"Can't Get Enough" mantém o ritmo em alta rotação, com uma abordagem metálica típica. Forte, intensa e rápida, a música abusa do peso com a seção rítmica funcionando perfeitamente e a guitarra de Dieth muito presente.
A
letra é sobre desejo:
And
I just keep going
Forget
these boring times
And
I'm hungry for desire
No
way to live in a line
UNSPOKEN
WORDS
Já "Unspoken Words" quebra completamente o ritmo intenso e pesado do disco, retomando uma tradição de Udo no Accept, isto é, a presença de uma balada. Embora tenha um ritmo arrastado, a guitarra de Dieth funciona de modo exemplar e Udo canta espetacularmente. Grande faixa!
A
letra demonstra um sentido de arrependimento:
Unspoken
words - so many unspoken words
They
cannot lie to me anymore
Unspoken
words - words so full of meaning
They
cannot lie, they're from inside
Unspoken
words
FUTURE
LAND
A décima-segunda - e última - música de Faceless World é "Future Land". O Heavy Metal tradicional continua em alta no trabalho, com uma canção que possui cadencia, mas também peso, ambos em doses perfeitas. Os vocais de Udo seguem sua habitual competência. Um bom encerramento para o álbum.
A
letra contém uma espécie de revelação:
It's
a nightmare leading out of the dark
Tears
running out of my eyes
Wake
up and bring the truth into your life
I
can't stand it anymore
Considerações
Finais
Faceless
World foi o álbum de maior sucesso comercial da banda U.D.O.
até então.
Em
termos de paradas de sucesso, conquistou a 52ª posição na
principal parada alemã de discos, alcançando a 37ª colocação na
sua correspondente sueca. Mesmo assim, o disco não repercutiu em
termos das principais paradas de álbuns, a britânica e a
norte-americana.
O
guitarrista Wolla Böhm foi contratado para o lugar de Andy Susemihl,
mas é apenas creditado e retratado como membro no álbum, tendo
tocado com a banda no videoclipe de “Heart of Gold”.
Todo
o trabalho de guitarra em Faceless World foi feito pelo
guitarrista Mathias Dieth.
A
crítica musical contemporânea tem Faceless World em boa
conta. A revista alemã Rock Hard dá ao trabalho uma nota 8 de um
total máximo de 10.
Já
Alex Henderson, do site musical AllMusic, dá ao álbum
uma nota 3 de um máximo de 5 possível. E atesta: “Embora não tão
forte como seu trabalho com o Accept, Faceless World é
um álbum decente que às vezes emprega imagens ligeiramente góticas.
Não se contentando em simplesmente aumentar o volume e nos acertar
com acordes de poder, Dirkschneider e amigos fazem da melodia uma
prioridade em (faixas) “System of Life”, “Stranger”, “Blitz
of Lightning” e outras músicas deste exuberante CD".
Depois
de uma bem-sucedida turnê, a U.D.O. lançaria seu quarto
álbum de estúdio, Timebomb, em 13 de abril de 1991.
Formação:
Udo
Dirkschneider - Vocal
Mathias
Dieth - Guitarras, Backing Vocals
Thomas
Smuszynski - Baixo
Stefan
Schwarzmann - Bateria
Faixas:
01.
Heart of Gold (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 5:00
02.
Blitz of Lightning (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 4:23
03.
System of Life (Dirkschneider/Kaufmann/Dieth/Susemihl) - 4:12
04.
Faceless World (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 6:31
05.
Stranger (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 5:15
06.
Restricted Area (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 3:09
07.
Living on a Frontline (Dirkschneider/Kaufmann/Dieth/Susemihl) - 4:19
08.
Trip to Nowhere (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 3:22
09.
Born to Run (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 3:26
10.
Can't Get Enough (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 3:22
11.
Unspoken Words (Dirkschneider/Dieth/Kaufmann) - 5:13
12.
Future Land (Dirkschneider/Kaufmann/Dieth/Susemihl) - 5:13
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/udo/
Udo Dirkschneider já era um nome consagrado em 1990, obviamente, por conta de seu trabalho como frontman de uma das mais emblemáticas bandas do Heavy Metal mundial: o Accept. Mas, neste post, o RAC vai abordar um momento diferente deste mítico vocalista.
Ao deixar o Accept e embarcar em seu projeto solo, a banda U.D.O., Dirkschneider demonstrou que gostaria de continuar abraçado ao Heavy Metal. Sua discografia neste grupo demonstra isto claramente.
Faceless World é essencialmente um disco de Heavy Metal tradicional, pesado, mas sem abrir mão da melodia em nenhum momento. Há passagens em que a musicalidade flerta com o Hard Rock ou com o Power Metal, mas, fundamentalmente, o Metal padrão é o 'arroz com feijão' do trabalho.
Dirkschneider é o maior destaque individual do álbum, obviamente. Udo canta de maneira primorosa, lembrando seus melhores momentos no Accept, variando entre abordagens mais contidas com outras mais agressivas.
Mas o vocalista está acompanhado por músicos competentes e os quais cuidam muito bem da parte instrumental. A seção rítmica formada pelo baixista Thomas Smuszynski e pelo baterista Stefan Schwarzmann são responsáveis por darem bastante peso nas canções e permitirem que o guitarrista Mathias Dieth brilhe com seus bons solos.
As letras também funcionam bem e merecem uma olhadela.
Faceless World, conforme a maioria dos álbuns lançados nos primeiros anos da década de 90, se possui um pecado, é ter uma extensão além do necessário. Mesmo que não possua músicas ruins, algumas faixas poderiam ser limadas sem maiores remorsos. Mas nada que prejudique uma audição que flui prazeirosamente.
A pesadíssima "Heart of Gold" é uma das canções preferidas do site na carreira de Udo. A poderosa faixa-título, "Faceless World" e a ótima "Living in a Frontline" também são faixas marcantes.
"Unspoken Words" é uma boa balada, resgatando uma tradição de Dirkschneider no Accept. Mas o Blog escolhe a melódica e impactante "System of Life" como a melhor de Faceless World.
Enfim, para fãs de Heavy Metal e, mais especificamente, do Accept, o projeto solo de Udo Dirkschneider - na forma da banda U.D.O. - é obrigatório ser conhecido. Faceless World é um de seus melhores discos, repleto de canções pesadas e impactantes e que vai agradar em cheio aos fãs deste vocalista tão talentoso e carismático. Álbum bem recomendado pelo RAC.
Obrigado pelos elogios, meu caro Igor. Se você quer conhecer a carreira-solo do Udo recomendo fortemente começar por este Faceless World, pois o acho um trabalho bem interessante: Heavy Metal padrão, pesado e direto, que agrada fãs tradicionais do Accept.
ResponderExcluirAnotei a sugestão do Accept com o Mark Tornillo. Ainda não a conheço tão bem assim, tenho apenas os cd's Blood of the Nations e Stalingrad. Ainda não ouvi o Blind Rage. Mas agradeço a sugestão e vou procurar me aprofundar na nova fase do Accept assim que possível. Abraço!
Tá certíssimo, meu caro! Abração pra você também!
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