17 de janeiro de 2018

GENESIS - TRESPASS (1970)


Trespass é o segundo álbum de estúdio da banda britânica chamada Genesis. Seu lançamento oficial aconteceu em 23 de outubro de 1970, através do selo Charisma Records. As gravações ocorreram entre junho e julho daquele mesmo ano, nos Trident Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção ficou por conta de John Anthony.

O Genesis, uma das mais consagradas bandas do Rock Progressivo inglês, marca sua estreia no RAC. Como manda a tradição, vai-se abordar a formação do grupo antes de se focar no álbum propriamente dito.



Primórdios do Genesis

Os membros fundadores do Genesis, o vocalista Peter Gabriel, o tecladista Tony Banks, o guitarrista Anthony Phillips, o baixista/guitarrista Mike Rutherford e o baterista Chris Stewart se encontraram originalmente na Charterhouse School, uma escola particular na cidade de Godalming, no condado de Surrey, na Inglaterra.

Banks e Gabriel chegaram à escola em setembro de 1963, Rutherford em setembro de 1964 e Phillips em abril de 1965. Os cinco eram membros das duas bandas da escola; Phillips e Rutherford estavam no The Anon (com o vocalista Richard Macphail, o baixista Rivers Jobe e o baterista Rob Tyrell), enquanto Gabriel, Banks e Stewart constituíam a Garden Wall.

Em janeiro de 1967, depois que ambos os grupos se separaram, Phillips e Rutherford continuaram a compor juntos e acabaram gravando uma fita demo no estúdio caseiro de um amigo, convidando Banks, Gabriel e Stewart a gravarem, com eles, neste processo.

Os cinco gravaram seis músicas: “Don’t Want You Back”, “Try a Little Sadness”, “She's Beautiful”, “That's Me”, “Listen on Five” e “Patricia”, esta, uma instrumental.

Quando eles desejaram gravar profissionalmente, procuraram outro aluno da Charterhouse, Jonathan King, o qual parecia uma escolha natural como editor e produtor devido seu sucesso com “Everyone's Gone to the Moon”, a qual foi top 5, no Reino Unido, em 1965.

Um amigo do grupo deu a fita demo para King, o qual ficou imediatamente entusiasmado. Sob a direção dele, o grupo, com idades entre 15 e 17 anos, assinou um contrato de gravação de um ano com a gravadora Decca Records.

De agosto a dezembro de 1967, os cinco gravaram uma seleção de potenciais singles no estúdio Regent Sound Studios na Denmark Street, em Londres, onde tentaram composições mais longas e complexas, mas King os aconselhou a optarem por um som pop mais direto.

Em resposta, Banks e Gabriel compuseram “The Silent Sun”, um pastiche do Bee Gees, uma das bandas favoritas de King, e que foi gravada com arranjos orquestrais adicionados por Arthur Greenslade. (Nota do Blog: Arthur Greenslade era um maestro e arranjador britânico para filmes e televisão, bem como para vários artistas. Ele foi musicalmente mais ativo nos anos 1960 e 1970).

O grupo trocou várias vezes de nome, incluindo a sugestão de King como Gabriel's Angels e Champagne Meadow, de Phillips, antes de tomar outra sugestão de King, Genesis, a qual indicava o início de sua carreira como produtor.

King escolheu “The Silent Sun” como seu primeiro single, com “That's Me” no lado B, e foi lançado em fevereiro de 1968. Ele conseguiu alguma divulgação na BBC Radio One e na Radio Caroline, mas não conseguiu ser viável comercialmente. (Nota do Blog: A BBC Radio 1 é uma estação de rádio britânica operada pela British Broadcasting Corporation, que também transmite internacionalmente, especializada em música popular moderna e gravações ao longo do dia. A Rádio 1 fornece gêneros alternativos após as 7:00 da noite, incluindo dança eletrônica, hip hop, rock, indie ou entrevistas. Foi lançada em 1967 para atender a demanda de música gerada por estações de rádio piratas, quando a idade média da população do Reino Unido era de 27 anos).

Peter Gabriel

Um segundo single, “A Winter's Tale”/“One-Eyed Hound”, em maio de 1968, que também vendeu pouco. Três meses depois, o baterista Chris Stewart deixou o grupo para continuar com seus estudos. Ele foi substituído por outro pupilo da Charterhouse, John Silver.

From Genesis to Revelation

O produtor da banda, Johnathan King, sentiu que o grupo conseguiria um maior sucesso com um álbum. O resultado, From Genesis to Revelation, foi produzido no estúdio Regent Sound, em dez dias, durante as férias de verão (britânico) da escola, em agosto de 1968.

King montou as faixas como um álbum conceitual, o qual ele mesmo produziu, enquanto o maestro Greenslade adicionou mais arranjos orquestrais às músicas, algo sobre o qual a banda não foi informada até o disco ter sido lançado. O guitarrista Anthony Phillips ficou particularmente chateado com as adições de Greenslade.

Quando a gravadora Decca Records encontrou uma banda americana já chamada Genesis, King se recusou a mudar o nome do grupo. Ele alcançou um acordo removendo o nome do conjunto da capa do álbum, resultando em um design minimalista, com o título do disco impresso em um fundo preto liso.

Quando o álbum foi lançado, em março de 1969, tornou-se um fracasso comercial, pois as lojas de discos o colocaram na seção ‘Religiosa’, ao notarem a capa. Banks, em retrospectiva, recorda: “depois de um ano ou mais, vendeu 649 cópias”.

Um terceiro single, “Where the Sour Turns to Sweet”/“In Hiding”, foi lançado, em junho de 1969. Nenhum dos lançamentos foi comercialmente bem-sucedido e levou à ruptura da banda com King e a gravadora Decca.

King continuou a manter os direitos sobre o disco o qual viu inúmeras reedições. Em 1974, atingiu a principal parada norte-americana, na 170ª posição.

Mudanças de direção

Quando o álbum foi gravado, os integrantes da banda seguiram seus caminhos separados por um ano; Gabriel e Phillips ficaram na Charterhouse para terminar os exames, Banks matriculou-se na Universidade de Sussex e Rutherford estudou no Farnborough College of Technology.

Eles se reagruparam, em meados de 1969, para discutirem seu futuro, pois, se continuassem nos estudos, o resultado final seria a divisão do grupo.

Phillips e Rutherford decidiram fazer música, em uma carreira em tempo integral, pois começavam a compor músicas mais complexas do que suas canções anteriores com King.

Mike Rutherford

Após Banks e Gabriel se decidirem a seguir o exemplo, os quatro retornaram ao Regent Sound, em agosto de 1969, e gravaram mais quatro demos com Silver: “Family” (mais tarde conhecida como “Dusk”), “White Mountain”, “Going Out to Get You” , e “Pacidy”.

A fita demo foi rejeitada por todos os selos que a ouviram. Silver, então, deixou o grupo para estudar gerenciamento de lazer, na América. Seu substituto, o baterista e carpinteiro John Mayhew, foi encontrado quando o próprio Mayhew procurava por trabalho e deixou seu número de telefone “com pessoas por toda Londres”.

No final de 1969, o Genesis se retirou para uma casa de campo que os pais de Richard Macphail possuíam em Wotton, Surrey, para compor, ensaiar e desenvolver o seu desempenho no palco. O grupo adotou uma forte ética de trabalho, tocando juntos por até onze horas por dia.

Primeiras apresentações

O primeiro show como Genesis aconteceu em setembro de 1969, no aniversário de um adolescente. Foi o início de uma série de shows em locais pequenos, por todo o Reino Unido, que incluíram uma aparição em rádio, no Night Ride Show da BBC, em 22 de fevereiro de 1970, e uma apresentação no Atomic Sunrise Festival realizado no Roundhouse, em Chalk Farm, um mês depois.

Durante esse período, a banda se encontrou com várias gravadoras sobre ofertas de contratos. As discussões iniciais com Chris Blackwell, da Island Records, e Chris Wright, da Chrysalis, não tiveram êxito.

Em março de 1970, durante a sexta semana consecutiva em que o grupo se apresentava às terças-feiras à noite, no Jazz Club, de Ronnie Scott, em Soho, membros da Rare Bird, a qual o Genesis havia apoiado anteriormente, recomendaram a banda ao produtor e chefe da A&R, John Anthony, da Charisma Records. (Nota do Blog: o Rare Bird foi uma banda inglesa de rock progressivo, formada em 1969. Eles tiveram mais sucesso em outros países europeus, lançando cinco álbuns de estúdio entre 1969 e 1974).

Contrato com a gravadora

John Anthony assistiu a um dos shows do Genesis e gostou o suficiente para convencer seu chefe, o proprietário do selo, Tony Stratton-Smith, a assistir sua próxima aparição. Stratton-Smith lembrou: “Seu potencial era imediatamente visível... o material era bom e seu desempenho era bom ... Foi um tiro longo, porque eles precisavam de tempo para encontrar a própria força... mas eu estava preparado para fazer esse compromisso”.

Stratton-Smith concordou em um acordo de gravação e gerenciamento, dentro de duas semanas, pagando ao Genesis uma quantia inicial de £ 10 por semana (o equivalente a £ 100 em 2017). (Nota do Blog: A Libra Esterlina, de símbolo £, é a moeda atual e oficial do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte). A libra esterlina também é a moeda oficial dos territórios britânicos ultramarinos).

O Genesis permaneceu em Wotton até abril de 1970, altura em que eles já possuíam material novo suficiente para um segundo álbum.

Segundo álbum a caminho

Em julho de 1970, o Genesis entrou no Trident Studios, em Londres, para gravar um novo álbum. E o grupo foi acompanhado pelo produtor e engenheiro de gravação John Anthony.

O conjunto tinha material suficiente para gravar dois álbuns, mas sentiu que algumas músicas não eram suficientemente fortes. Phillips lembrou, posteriormente, que as músicas “Everywhere is Here”, “Grandma”, “Little Leaf”, “Going to Get You”, “Shepherd”, “Moss”, “Let Us Now Make Love” e “Pacidy” foram aquelas as quais não foram desenvolvidas no estúdio.

Anos mais tarde, Banks afirmou que “Let Us Now Make Love”, uma das músicas de Phillips, não foi gravada para o álbum porque o grupo achou que tinha potencial de single, mas seguindo a partida repentina do guitarrista após a conclusão do disco, nunca chegou a ser gravada no estúdio.

Uma versão ao vivo de “Let Us Now Make Love” foi lançada na caixa Genesis Archive 1967–75, de uma apresentação em fevereiro de 1970.

O álbum seria batizado como Trespass, e marcou uma ruptura das músicas mais orientadas para o pop, como exibidas em seu primeiro álbum, From Genesis to Revelation, para um rock progressivo com fortes toques Folk.

Tony Banks

Mike Rutherford afirma que Trespass foi o único álbum do Genesis em que cada faixa foi contribuída igualmente por cada membro da banda; todos os outros discos continham músicas escritas por um ou dois indivíduos, com apenas pequenas contribuições dos demais músicos.

A capa do álbum foi feita pelo artista Paul Whitehead, que também fez as capas para os próximos dois álbuns da banda.

Whitehead terminou a capa e depois a banda acrescentou “The Knife” ao track list. Sentindo que a capa não mais se ajustou ao humor do disco, o grupo pediu a Whitehead para que a refizesse.

Enquanto Whitehead esteve relutante em refazê-la, os membros do conjunto o inspiraram a cortar a tela com uma faca real. A coisa toda foi fotografada, mas ficou azul quando revelada, devido à iluminação na sala.

Bem, vamos às faixas:

LOOKING FOR SOMEONE

O disco abre com uma faixa que demonstra que o Genesis estava diferente. Algumas características que se tornariam parâmetros para o grupo já aparecem, ainda que em forma não completa. Mudanças de andamento, elementos Folk com roupagem Rock, suavidade em contraponto com momentos mais agressivos. Destaque para a voz de Peter Gabriel e os teclados de Tony Banks.

A letra pode ser inferida como uma história de recomeço:

Nobody needs to discover me,
I'm back again
You feel the ashes from the
Fire that kept you warm
Its comfort disappears,
But still the only friend I know
Would never tell me where I go



WHITE MOUNTAIN

"White Mountain" é de uma beleza pouco comum. Sua sonoridade contém uma inegável pegada folk, com o trabalho acústico de Anthony Phillips e Mike Rutherford. Lindas abordagens de Tony Banks, criando um ambiente místico e lúdico, enquanto a atuação vocal de Peter Gabriel assombra.

A letra conta uma história de fantasia:

Steep, far too steep, grew the pathway ahead
Descent was the only escape
A wolf never flees in the face of his foe
Fang knew the price he would pay
One-eye stood before him
With the crown upon his head
Sceptre raised to deal the deadly blow



VISIONS OF ANGELS

Realmente tocante a beleza da melodia que sai do piano de Tony Banks na introdução de "Visions of Angels". E é o tecladista que domina esta canção, criando belas camadas sonoras, com bastante criatividade. Outra bela presença da voz de Peter Gabriel.

A letra questiona a presença divina no planeta:

I believe there never is an end
God gave up this world its people long ago
Why she's never there I still don't understand



STAGNATION

"Stagnation" aposta na sutileza e na delicadeza, construindo uma pequena obra-prima. O teclado cria atmosferas incríveis, enquanto o trabalho acústico dos violões de Phillips, Rutherford e do próprio Banks fornece um clima dramático, levemente sombrio, mas, ao mesmo tempo, impactante.

A letra é em tom de resignação:

To take all the dust and the dirt from my throat
I want a drink, I want a drink
To wash out the filth that is deep in my guts



DUSK

Já "Dusk", é uma balada simples e a menor faixa de Trespass. A influência da musicalidade Folk se mantém, com a flauta de Peter Gabriel se destacando, além de uma bela aparição de sua voz. Belíssima composição.

A letra possui um sentido de fatalidade:

A pawn on a chessboard,
A false move by God will now destroy me,
But wait, on the horizon,
A new dawn seems to be rising,
Never to recall this passerby, born to die



THE KNIFE

A sexta - e última - faixa de Trespass é "The Knife". A clássica e atemporal música de encerramento do álbum é um grande momento de ode ao Rock Progressivo. Mudanças de andamento e clima, com toques sinfônicos, presença da flauta de Gabriel nas passagens mais suaves, alternando peso e leveza, agressividade e sutileza, caos e ordem. Canção monumental!

A letra da canção é uma espécie de protesto:

Stand up and fight, for you know we are right
We must strike at the lies
That have spread like disease through our minds
Soon we'll have power, every soldier will rest
And we'll spread out our kindness
To all who our love now deserve
Some of you are going to die -
Martyrs of course to the freedom that I shall provide


“The Knife” é uma canção clássica do Genesis.

Sua primeira parte foi lançada como single para promover Trespass, mas não obteve êxito em termos das principais paradas de sucesso desta natureza.

A capa do single é uma arte contendo imagens de Gabriel, Rutherford e Bankes, além de Phil Collins e Steve Hackett. Collins e Hackett não tocaram na canção, mas se juntaram ao grupo logo após o álbum ter sido gravado, substituindo John Mayhew e Anthony Phillips, respectivamente.

Nas letras da música, Peter Gabriel, influenciado por um livro sobre Gandhi, tentou demonstrar que todas as revoluções violentas terminam com um ditador sendo elevado ao poder.

“The Knife” costumava ser executada como um bis. Durante uma apresentação, em junho de 1971, Peter Gabriel ficou tão empolgado no final da música que pulou do palco para o público, torcendo o tornozelo como resultado.

“The Knife” foi a única canção de Trespass que permaneceu por mais tempo no set list dos shows do grupo através dos tempos.



Considerações Finais

Embora seja um álbum de qualidade indubitável, Trespass não repercutiu em termos das principais paradas de álbuns do mundo, as britânica e norte-americana.

Entretanto, o disco foi bem do outro lado do Canal da Mancha, na Europa Continental, especialmente na Itália. Na Bélgica, atingiu o topo da parada do país, resultando no primeiro convite para o Genesis tocar fora do Reino Unido.

Trespass foi um fracasso comercial. Mas, com o passar do tempo e o crescimento da popularidade do grupo, chegou até a aparecer na principal parada britânica, já em 1984, na 98ª posição.

O disco foi amplamente ignorado pela imprensa musical no seu momento de lançamento. A revista norte-americana Rolling Stone, em uma revisão extremamente breve, mas inequivocamente negativa, de 1974, apontou: “É fraco, mal definido, às vezes aborrecido e deve ser evitado por todos, exceto os fãs mais rabiosos do Genesis”.

A revisão retrospectiva de Bruce Eder, do site AllMusic, dá ao álbum uma nota 2 de um máximo de 5, resumindo que o disco “é mais interessante para o que ele aponta do que para o que realmente é”.

Eder também afirma que as guitarras são tão baixas na mixagem que são quase inaudíveis, deixando os instrumentos de teclado, de Banks, proeminentes. Bruce Eder não considera o fato ruim, mas diz que não é o Genesis que ficou mundialmente conhecido.

Trespass incluiu músicas mais longas e mais complexas do que as do primeiro disco, com elementos folk e de rock progressivo, com várias mudanças de assinatura de tempo, como na música de nove minutos “The Knife”.

Depois que Trespass foi gravado, a saúde e o desenvolvimento do medo de palco causaram que o guitarrista Anthony Phillips deixasse o Genesis. Seu último show com a banda ocorreu em Haywards Heath, em 18 de julho de 1970.

Ademais, Phillips sentiu que o aumento do número de shows afetou a criatividade do grupo e que várias músicas as quais havia composto não foram gravadas ou tocadas ao vivo. Ele havia contraído pneumonia brônquica e se isolou do resto da banda, sentindo que havia muitos compositores no Genesis.

Banks, Gabriel e Rutherford viam Phillips como um membro importante, sendo o maior instrumento em encorajá-los a se tornarem profissionais. Eles consideraram sua saída como a maior ameaça ao futuro da banda e a mais difícil de se superar.

Gabriel e Rutherford decidiram que continuariam; Banks concordou com a condição de encontrassem um novo baterista que fosse de igual estatura para o restante do grupo. John Mayhew foi despedido, apesar de Phillips, mais tarde, ter pensado que a origem de classe trabalhadora de Mayhew se chocava com o berço do restante da banda; e que este fato afetou sua confiança.

Em 1971, com novos membros como guitarrista e baterista, o Genesis lançaria Nursery Crime, seu terceiro álbum de estúdio. Mas isto é história para um futuro post.


Formação:
Peter Gabriel - Vocal, Flauta, Acordeão, Tamborim
Anthony Phillips - Guitarra acústica de 12 cordas, Guitarra-solo, Dulcimer, Vocais
Tony Banks - Órgão, Piano, Mellotron, Guitarra acústica de 12 cordas, Vocais
Mike Rutherford - Guitarra acústica de 12 cordas, Baixo, Violão, Violoncelo, Vocais
John Mayhew - Bateria, Percussão, Vocais

Faixas:
01. Looking for Someone (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 7:06
02. White Mountain (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 6:45
03. Visions of Angels (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 6:51
04. Stagnation (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 8:45
05. Dusk (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 4:15
06. The Knife (Banks/Gabriel/Phillips/Rutherford) - 8:55

Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/genesis/

Opinião do Blog:
Um dos maiores expoentes do Rock Progressivo britânico finalmente estreia aqui nas páginas do RAC: o Genesis. Demorou, mas finalmente este dia chegou.

A banda pode ser considerada um dos pilares do estilo, extremamente talentosa e criativa e que acabou auxiliando na criação e desenvolvimento de muitas facetas que encantam os fãs desta fascinante vertente do Rock.

Trespass é um trabalho que antecede o ápice criativo do Genesis, mas, entretanto, é um disco que demonstra a transição pela qual o grupo passava: deixando a sonoridade de seu primeiro álbum, mais art rock e psicodélica; enquanto se apresentou bem mais progressivo neste disco. E, confessa-se, o RAC adora álbuns que se passam nestes momentos.

O que se ouve em Trespass é uma banda que aposta na técnica, em mudanças de andamento e ritmo nas músicas e também flerta casuisticamente com o sinfônico. A beleza das melodias é uma constante, com o grupo construindo as canções apostando mais na sutileza e na delicadeza.

O vocalista Peter Gabriel esbanja talento, testando sua voz em momentos mais suaves e em outros mais agressivos. Também mostra virtudes como flautista. Anthony Phillips é um bom guitarrista, embora o grande destaque do disco, para o Blog, seja o tecladista Tony Banks.

As letras são boas e merecem uma conferida.

"White Mountain" é ótima, voltada para a leveza e a sutileza e com um ápice apoteótico. "Stagnation" é outra grande canção sendo impactante mesmo com uma atmosfera sutil.

Mas a preferida do RAC é mesmo o clássico "The Knife", uma amostra real do potencial do Genesis e de como a banda poderia ser protagonista no Rock Progressivo.

Enfim, Trespass é um álbum de transição, contando com uma banda muito talentosa, buscando sua identidade musical e em plena transformação. Ainda não é o Genesis que conquistaria o mundo em obras antológicas como Selling England by the Pound, mas é um disco extremamente interessante e bem recomendado pelo Blog.

5 comentários:

  1. Finalmente o chefão Daniel trouxe a este blog uma das minhas bandas favoritas do progressivo que é o Genesis (fase com Peter Gabriel), um dos vários pedidos que fiz a ele há um bom tempo. Só que tem um porém nessa história toda: não curto muito o Trespass unicamente por que ainda não temos Steve Hackett e Phil Collins na formação - ambos iriam estrear na banda no disco seguinte, o clássico Nursery Cryme (1971), que foi onde tudo realmente começou para o Genesis, por ser o primeiro da formação clássica (Gabriel, Collins, Hackett, Banks e Rutherford).

    Depois dele veio os até hoje aclamados Foxtrot (1972) e Selling England by the Pound (1973), este último considerado por mim "o melhor disco de todos os tempos" e meu favorito do Genesis desde sempre. Só que em seguida, veio o queridinho de 9 em cada 10 fãs da banda, o duplo The Lamb Lies Down on Broadway (1974), que marcou o mais turbulento capítulo da história do Genesis que culminou com a saída de Gabriel. Depois que Collins ocupou o lugar dele nos vocais, aí é que a banda tornou-se outra coisa... Ainda mais com a saída de Hackett pouco depois...

    Trespass já mostra nos primeiros minutos um pouco do que tornaria o grupo mundialmente famoso, mas acho que sua sonoridade está muito mais ligada ao álbum anterior, o debut From Genesis to Revelation (1969) que assim como seu sucessor, não repercutiu muito nas paradas mundiais.

    Mas enfim, parabenizo ao patrão por trazer um pouco da história do Genesis e fico no aguardo de sua bem-sucedida continuidade, que a meu ver, não terminou de uma ótima maneira por conta do egocentrismo de Gabriel, que dominou a história por trás do já citado TLLDOB.

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    1. Obrigado pelos elogios ao Blog, Igor. Como disse no texto, gosto do Trespass, embora reconheça que a banda ficaria bem melhor em um momento posterior. Mas eu curto estes discos lançados em momentos de transformação de um grupo. Novamente, deixo o meu muito obrigado pela generosidade.

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    2. De nada, chefe. Compreendo totalmente seu ponto de vista e, como eu disse, que venha o restante da etapa inicial do Genesis sob o comando de Peter Gabriel, pra mim a melhor fase da banda.

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  2. É um disco legal. O Genesis já estava se moldando no que viria a se tornar posteriormente. "The Knife" tem uma letra muito boa, mas a bateria é apática. Isso viria a ser corrigido com a entrada do Phil Collins e a (re) gravação da mesma no disco ao vivo do Genesis. "Looking For Someone" é uma música muito bonita, uma das minhas preferidas do disco.

    Belíssimo texto por sinal. Alguma chance de ver algum disco da banda francesa Magma resenhado aqui no seu blog?

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    1. Muito obrigado pelo generoso elogio ao texto, amigo leitor, e, mais especialmente, por nos acompanhar e comentar por aqui. Também gosto bem mais da versão de "The Knife" ao vivo com o Collins e o Hackett, assim como dos discos que vieram logo depois. Trespass, ainda assim, está em boa conta comigo.

      Quanto a sua sugestão (que é ótima), eu conheço pouco do Magma, ouvi mais apenas sua estreia. Como metodologia de trabalho que uso no site, eu apenas posto sobre álbuns que tenho em minha coleção de CDs. Como não tenho nada do Magma, por enquanto, é impossível um post sobre a banda no Blog. Mas eu vou me aprofundar melhor no grupo e muita coisa pode acontecer depois.

      Mas agradeço novamente tanto o elogio como a sugestão. Vai rolar mais Progressivo por aqui e o convido a continuar acompanhando o Blog. Abraço, Daniel.

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