Desperado
é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana chamada
Eagles. Seu lançamento oficial aconteceu em 17 de abril de 1973
através do selo Asylum Records. As gravações ocorreram durante
aquele ano no Island Studios, em Londres, na Inglaterra. A produção
ficou sob responsabilidade de Glyn Johns.
Chegou
o momento de uma das grandes bandas norte-americanas de todos os
tempos fazer sua estreia no RAC: a Eagles.
Primeiramente, conforme nossos leitores já estão acostumados,
far-se-á um breve histórico sobre a formação do grupo para depois
se abordar o disco propriamente dito.
Origem
dos Eagles
O
Eagles tem seu início no ano de 1971, quando a cantora Linda
Ronstadt e seu então gerente, John Boylan, recrutaram os músicos
locais Glenn Frey e Don Henley para sua banda.
Henley
havia mudado para Los Angeles, nos EUA, oriundo do Estado do Texas,
com sua banda Shiloh, com o objetivo de gravar um álbum produzido
por Kenny Rogers. Frey era originário de outro Estado americano, o
Michigan, e formou o conjunto Longbranch Pennywhistle. (Nota
do Blog: o Longbranch Pennywhistle foi um grupo de country
rock/folk music que contou com Glenn Frey e John David Souther. Eles
lançaram um álbum autointitulado, em 1969, pelo selo Amos
Records. Ambos fizeram a migração de Detroit para a Califórnia e
estavam se adaptando ao que se tornaria o California Sound).
Frey
e Henley se conheceram em 1970, no Troubadour, em Los Angeles, e se
familiarizaram uma vez que estavam na mesma gravadora, a Amos
Records. (Nota do Blog: o The Troubador é uma boate
localizada em West Hollywood, Califórnia, Estados Unidos, na 9081,
Santa Monica Boulevard, a leste de Doheny Drive e na fronteira com
Beverly Hills. Foi inaugurado em 1957 por Doug Weston como uma casa
de café na La Cienega Boulevard e depois mudou-se para sua
localização atual, logo após a abertura, e permanece aberto
continuamente desde então. Foi um importante centro da folk music na
década de 1960, e, posteriormente, para cantores e compositores de
rock).
Randy
Meisner, que estava trabalhando com a banda de apoio de Ricky
Nelson, a Stone Canyon Band e Bernie Leadon, um veterano do
Flying Burrito Brothers, também se juntaram ao grupo de
artistas que Ronstadt formou para a sua turnê de verão promovendo o
álbum Silk Purse (1970).
A
formação da banda
Durante
a turnê com Linda, Frey e Henley decidiram formar uma banda juntos e
informaram sua intenção à Ronstadt. Frey, mais tarde, creditou a
Ronstadt a sugestão de Bernie Leadon para o grupo, e, arranjando
para que Leadon tocasse para ela, Frey e Henley poderiam abordá-lo
sobre formar um conjunto juntos. Eles também lançaram a ideia para
Meisner e trouxeram-no a bordo.
Estes
quatro tocaram juntos, como a banda suporte de Ronstadt, apenas uma
vez em um show de julho, na Disneyland, mas todos os quatro
apareceriam em seu álbum homônimo, de 1972.
Mais
tarde, foi proposto que J. D. Souther se juntasse à banda, mas
Meisner se opôs. Os quatro foram contratados, em setembro de 1971,
com a gravadora Asylum Records, o novo selo fundado por David Geffen,
o qual foi apresentado a Frey por Jackson Browne. (Nota do
Blog: Clyde Jackson Browne é um músico, cantor e compositor
americano que vendeu mais de 18 milhões de álbuns apenas nos
Estados Unidos).
A
Geffen Records comprou os contratos de Frey e Henley junto a Amos
Records, e enviou os quatro membros do novo conjunto para Aspen, no
Colorado, com a finalidade de se desenvolverem como uma banda.
Glenn
Frey e Bernie Leadon cuidavam das guitarras, Randy Meisner ficava no
baixo e Don Henley era o baterista.
Embora
ainda não houvessem estabelecido um nome para a banda, eles
realizaram seu primeiro show em outubro de 1971, sob o nome de Teen
King and the Emergencies, em um clube chamado The Gallery, em
Aspen.
Don
Felder creditou a Leadon a sugestão do nome Eagles para a
banda, durante uma viagem do grupo, regada a peiote e tequila, no
deserto de Mojave, quando ele se lembrou da leitura sobre a
reverência dos Hopis pela águia. (Nota do Blog: Os Hopi são
uma tribo nativa americana, que vive principalmente na Reserva Hopi,
no nordeste do Arizona. De acordo com o censo de 2010, havia 19.327
Hopi nos Estados Unidos. A língua Hopi é uma das 30 existentes na
família linguística uto-azteca. A maioria das pessoas Hopi está
inscrita na Tribo Hopi do Arizona, mas algumas estão matriculadas
nas Tribos Indianas do Rio Colorado).
Contudo,
as origens do nome variam e J.D. Souther sugeriu que a ideia surgiu
quando Frey gritou ‘Eagles!’ quando viram águias voando acima.
O
ator e comediante Steve Martin, um amigo da banda desde os
primeiros dias do The Troubadour, relata em sua autobiografia que ele
sugeriu à banda que eles deveriam ser chamados de ‘The Eagles’,
mas Frey insiste que o nome do grupo é simplesmente ‘Eagles’,
sem o artigo ‘the’.
Don Henley |
David
Geffen e o parceiro Elliot Roberts inicialmente gerenciaram a banda.
O
primeiro disco: Eagles
O
álbum de estreia, homônimo ao grupo, foi gravado na Inglaterra, em
fevereiro de 1972, com o produtor Glyn Johns. O produtor ficou
impressionado com as harmonias de canto do conjunto e foi creditado
com a moldagem do grupo em uma “banda de country rock com essas
harmonias de alta voltagem”.
Lançado
em 1º de junho de 1972, Eagles foi um sucesso decisivo, com
três singles no Top 40 da parada norte-americana.
O
primeiro e principal single, “Take It Easy”, foi uma música
composta por Frey com seu então vizinho e colega Jackson Browne. A
música alcançou o 12º lugar na Billboard, impulsionando o Eagles
para o estrelato.
O
single foi seguido por outros dois, a bluesy “Witchy Woman” e a
balada “Peaceful Easy Feeling”, as quais conquistaram as 9ª e
22ª posições na Billboard, respectivamente. O grupo apoiou o álbum
com uma turnê, pelos EUA, como banda de abertura para o Yes.
Começa
a surgir… Desperado!
Após
um primeiro álbum comercialmente bem-sucedido, Frey queria que o
segundo álbum fosse aquele em que a banda pudesse ser levada mais a
sério como artista e se interessou em fazer um álbum conceitual.
O
conceito original foi focar as músicas em uma temática sobre
anti-heróis; de acordo com Glenn Frey, ele havia se encontrado com
Don Henley, Jackson Browne e o músico americano J. D.
Souther, após um show de Tim Hardin, quando eles tiveram
a ideia de fazer um álbum sobre anti-heróis. (Nota do Blog:
James Timothy Hardin (23 de dezembro de 1941 - 29 de dezembro de
1980) foi um músico e compositor folk americano. Ele escreveu o hit
Top 40 “If I Were a Carpenter”, gravado por inúmeros
artistas como Bob Dylan e Robert Plant).
Uma
inspiração para a temática acabou sendo um livro sobre os
pistoleiros do chamado Velho Oeste, dado a Browne por Ned Doheny,
pela ocasião de seu aniversário de 21 anos, e Browne
apresentou-lhes o livro, sugerindo o tema. (Nota do Blog:
Velho oeste, Oeste selvagem ou faroeste (em inglês: old west,
wild west ou far west), são os termos com que se denomina
popularmente o período e episódios históricos que tiveram lugar no
século XIX (principalmente entre os anos de 1860 a 1890) durante a
expansão da fronteira dos Estados Unidos para a costa do Oceano
Pacífico. Embora a colonização do território tenha começado no
século XVI com a chegada dos europeus, o objetivo de alcançar a
costa oeste deveu-se principalmente à iniciativa governamental do
presidente Thomas Jefferson, depois da Compra da Luisiana em 1803. A
expansão da fronteira foi considerada como uma oportunidade de
riqueza e progresso).
O
livro continha histórias sobre Bill Dalton e Bill Doolin; a partir
da qual surgiu a música “Doolin-Dalton”, sobre a Doolin-Dalton
Gang. No entanto, o grupo acabou ficando sem ideias depois de compor
“Doolin-Dalton” e “James Dean”, esta sobre o ator epônimo. A
ideia original sobre os anti-heróis tornou-se, então, Desperado,
mas com a temática voltada para histórias sobre o Velho Oeste,
principalmente o espírito ‘fora da lei’.
O
próprio Jackson Browne creditou a música “Desperado”,
escrita por Frey e Henley, como a origem do tema fora da lei do
disco. Bernie Leadon afirmou que Frey gostou da ideia de uma analogia
entre bandos de fora da lei e rock-and-roll: “Glenn chamou a todos
e mapeou quais personagens da gangue poderiam ser alvos de canções
ou nos encorajava a escrever canções sobre esse conceito”.
Frey
afirmou, sobre o álbum, em uma entrevista em 1973: “Tem seus
momentos em que definitivamente desenha alguns paralelos entre o
rock-and-roll e um fora da lei. Foras das leis da normalidade, acho.
Quero dizer, sinto que estou quebrando uma lei o tempo todo. O que
vivemos e o que fazemos é uma espécie de fantasia”.
Henley
também disse que o álbum seria seu “grande comentário artístico
sobre os males da fama e sucesso, com uma metáfora de cowboy”. No
entanto, admitiu: “A metáfora era provavelmente uma pequena
besteira. Nós estávamos em Los Angeles acordados a noite toda,
fumando droga, vivendo a vida da Califórnia, e suponho que
pensávamos que éramos tão radicais quanto os vaqueiros no Velho
Oeste. Nós realmente nos rebelamos contra o negócio da música, não
[contra] a sociedade”.
Glenn Frey |
Parte
das razões para sua insatisfação e cinismo com o negócio da
música foi devido a David Geffen vender o selo independente Asylum
para a gigante Warner Communications, que depois o fundiu com a
Elektra Records. A banda atribuía este fato como motivo da falta de
interesse em ser promovida internacionalmente pela EMI.
As
músicas do álbum rapidamente começaram a surgir após o tema ser
definido. Embora Desperado, às vezes, seja descrito como um
álbum conceitual, ele não possui uma narrativa específica e suas
músicas não se encaixam necessariamente no tema.
“Desperado”
foi a primeira música que Frey e Henley compuseram juntos, marcando
o início de sua prolífica parceria de composição. Henley
observou: “Foi quando nos tornamos uma equipe”. “Tequila
Sunrise” foi composta na mesma semana em que “Desperado”. Ao
todo, Frey e Henley estiveram envolvidos na construção de 8 das 11
músicas do disco.
A
capacidade de composição da dupla formada por Frey e Henley, em
Desperado, também marca o início do domínio deles sobre o
restante da banda.
Como
Henley afirmou: “Este foi o momento crucial para nós. Quando
formamos a banda, foi suposto ser uma dessas ‘todos iguais’.
Todos nós cantamos e todos compúnhamos e assim por diante. Mas o
fato é que as pessoas não são todas capazes de fazerem tudo da
mesma forma. É como em uma equipe de futebol... Algumas pessoas,
[são] quarterback e algumas pessoas bloqueiam. Então passamos por
muitos problemas por um tempo”.
Leadon
compôs duas músicas - “Twenty-One” e “Bitter Creek”,
enquanto Randy Meisner coescreveu “Certain Kind of Fool” e
“Saturday Night”.
“Twenty-One”
refere-se à idade de Emmett Dalton, o mais jovem da gangue de
Dalton, quando foi baleado 23 vezes, mas sobreviveu durante o ataque
em Coffeyville, Kansas, em outubro de 1892.
Meisner
surgiu com a ideia de como alguém se tornou um fora da lei em
“Certain Kind of Fool”. A única música do álbum não escrita
pelos membros do Eagles é “Outlaw Man”, que foi composta por
David Blue e escolhida por se ajustar ao tema.
Gravações
O
álbum foi gravado no Island Studios, em Londres, levando quatro
semanas a um custo de 30 mil libras. O produtor Glyn Johns queria
finalizar o disco de forma rápida e econômica e cada faixa foi,
portanto, limitada a quatro ou cinco takes, e os pedidos para
regravar foram recusados.
De
acordo com o produtor Johns, Henley e Leadon tentaram encontrar
alguns links musicais para amarrar a história no conceito fora da
lei do álbum, no entanto, o próprio conceito se dissipou.
A
banda ficou muito feliz com o resultado final depois que Johns tocou
o trabalho finalizado para eles, pela primeira vez, e o grupo o
carregou nos ombros para fora da sala de controle.
Entretanto,
Jerry Greenberg, o presidente da Atlantic Records, recebeu o álbum
de modo menos entusiasmado: “Jeez, eles fizeram um maldito álbum
de cowboy!”
Arte
da Capa
A
obra de arte para o disco foi feita pelo artista Gary Burden, com
fotos de Henry Diltz, ambos também responsáveis pelo primeiro álbum
do Eagles. Obviamente, a ideia original era explorar a
temática faroeste, com imagens que simulassem tiroteios no encarte
do disco, mas que foram rechaçadas pela gravadora.
Na
parte de trás do álbum, há uma imagem dos quatro membros da banda
junto com Jackson Browne e JD Souther “mortos” e amarrados no
chão, com uma brigada a qual incluía o produtor Glyn Johns, o
manager John Hartmann, o gerente de turnê Tommy Nixon, o artista
Boyd Elder, roadies e Gary Burden acima deles. A foto seria uma
reconstituição da imagem histórica da captura e morte do grupo
Dalton.
A
sessão de fotos acima descrita ocorreu no Paramount Ranch, uma
antiga locação para filmes de Western, no Malibu Canyon. No
entanto, seu custo foi elevado e, para justificar o valor, um filme
promocional para o disco também foi feito ao mesmo tempo.
A banda, em 1973 |
O
filme foi filmado em Super-8, depois em tons de sépia e transferido
para fita de vídeo. Em cada processo, uma pequena qualidade de vídeo
é perdida, o que Frey descreveu como um “bom acidente”, pois o
fez parecer envelhecido e mais realista. (Nota do Blog: Super
8mm é um formato de filme cinematográfico lançado em 1965 por
Eastman Kodak como uma melhoria em relação aos formatos antigos
“Duplo” ou “Regular” de 8 mm).
Vamos
às faixas:
DOOLIN-DALTON
A bela "Doolin-Dalton" já se inicia com um toque suave e bom trabalho de gaita por Glenn Frey. Ele mesmo e Don Henley dividem os ótimos vocais. A faixa possui claras influências Country e a pegada é empolgante.
A
letra narra o encontro entre Bill Doolin e Bill Dalton:
'Til
Bill Doolin met Bill Dalton.
He was workin' cheap, just bidin' time.
Then he laughed and said, "I'm goin'"
And so he left that peaceful life behind.
Mm…
He was workin' cheap, just bidin' time.
Then he laughed and said, "I'm goin'"
And so he left that peaceful life behind.
Mm…
TWENTY-ONE
"Twenty-One" apresenta ainda mais a pegada Country, construída com bom gosto, notadamente repleta de ritmo e swing. O clima acústico se casas perfeitamente com a voz de Bernie Leadon que é quem faz os vocais.
A
letra fala sobre consequências:
They
say a man should have a stock and trade
But me, I'll find another way
I believe in getting what you can
And there ain't no stoppin' this young man
But me, I'll find another way
I believe in getting what you can
And there ain't no stoppin' this young man
OUT
OF CONTROL
Já em "Out of Control", o Rock está presente com tudo, em um leve flerte com o Hard setentista, guitarras presentes, bateria e baixo mais agressivos e vocais bem fortes de Glenn Frey. Há ritmo e balanço em uma configuração rock muito bem apresentada.
A
letra fala sobre comportamento inconsequente:
You
got to gamble on your story
You got no guts, you get no glory
And I'm bettin' my money on an ace in the hole
Think I'm gettin' out of control
You got no guts, you get no glory
And I'm bettin' my money on an ace in the hole
Think I'm gettin' out of control
TEQUILA
SUNRISE
Já em "Tequila Sunrise", o Eagles aposta em uma abordagem mais suave e contida e o peso é colocado de lado. A música é mais intimista e a forte influência Country fica mais evidente uma outra vez. Lindos vocais de Glenn Frey.
A
letra fala sobre bebida e mulheres:
Every
night when the sun goes down,
Just another lonely boy in town,
And she's out runnin round
Just another lonely boy in town,
And she's out runnin round
“Tequila
Sunrise” é um clássico do Eagles.
Lançada
como single, atingiu a 64ª posição da principal parada
norte-americana desta natureza. Também conquistou a 68ª colocação
na sua correspondente canadense.
O
cantor country Alan Jackson fez uma versão para “Tequila
Sunrise” presente em seu álbum tributo Common Thread: The Songs
of the Eagles, lançado em 1993.
DESPERADO
"Desperado" é uma belíssima composição do Eagles. Os vocais de Don Henley já impressionam no início da faixa quando é acompanhado apenas pelo piano e a orquestra. A balada segue em um clima mais contido, mas a linda melodia abraça o ouvinte, especialmente no belo refrão.
A
letra fala sobre um fora da lei:
Desperado
Oh, you ain't getting no younger
Your pain and your hunger,
They're driving you home
And freedom, oh freedom
Well that's just some people talking
Your prison is walking through this world all alone
Oh, you ain't getting no younger
Your pain and your hunger,
They're driving you home
And freedom, oh freedom
Well that's just some people talking
Your prison is walking through this world all alone
“Desperado”
é um dos grandes clássicos do Eagles, embora nunca tenha
sido lançada como single.
De
acordo com Don Henley, “Desperado” é uma canção em que ele
havia começado a trabalhar em 1968. Após a gravação do primeiro
disco do grupo, ele e Glenn Frey estavam determinados a começarem a
compor músicas juntos. A primeira composição da pareceria foi
exatamente “Desperado”.
A
música foi gravada no Island Studios, em Londres, contando com
músicos da London Philharmonic Orchestra. A orquestra foi
conduzida por Jim Ed Norman, amigo de Henley, e de sua ex-banda
Shiloh, que também escreveu e organizou as cordas para a faixa.
De
acordo com Henley, eles só tinham quatro ou cinco takes para gravar
a música, determinados pelo produtor Glyn Johns, o qual gravaria o
disco de forma rápida e econômica.
Posteriormente,
Henley afirmara que se sentiu intimidado pela grande orquestra e,
mais tarde, exprimiu o arrependimento de que não cantou o melhor que
podia e gostaria de ter regravado a canção.
A
revista norte-americana Rolling Stone colocou “Desperado”
na 494ª posição de sua lista The 500 Greatest Songs of All
Time.
Versões
cover famosas da música foram feitas por nomes como Carpenters,
Diana Krall e Johnny Cash. “Desperado” já apareceu
no famoso seriado Seinfield além de ter inspirado e ser trilha
sonora do filme Western, Desperado, dirigido por Virgil W.
Vogel e escrito por Elmore Leonard. Oroiginal foi lançado em 1987.
CERTAIN
KIND OF FOOL
"Certain Kind of Fool" conta com os vocais do baixista Randy Meisner. O ritmo é um rock suave em que a seção rítmica está muito eficiente e domina o ambiente, com os violões apenas acompanhando. Um ótimo solo de guitarra encanta na sua metade final.
A
letra é divertida:
They
got respect, oh yeah,
He wants the same, oh yeah,
And it's a certain kind of fool who
Like to hear the sound of his own name
Oo…
He wants the same, oh yeah,
And it's a certain kind of fool who
Like to hear the sound of his own name
Oo…
DOOLIN-DALTON
(INSTRUMENTAL)
47 segundos de ótimo trabalho de violão.
OUTLAW
MAN
"Outlaw Man" apresenta o Rock novamente dominando, mesmo com a clássica e inconfundível pegada da banda o que, evidentemente, torna-a ainda melhor. Glenn Frey domina os vocais, contando com ótimo trabalho de backing vocals e um solo de guitarra, repleto de feeling. Petardo!
A
letra é sobre rebeldia e traição:
And
all my love's in danger
'Cause I steal hearts and souls
Woman, don't try to love me
Don't try to understand
A life upon the road is the life of an outlaw man
'Cause I steal hearts and souls
Woman, don't try to love me
Don't try to understand
A life upon the road is the life of an outlaw man
Lançada
como single, “Outlaw Man” atingiu a 59ª posição da principal
parada de singles norte-americana.
Composta
pelo cantor e compositor americano David Blue, ele mesmo
regravou a canção lançando-a em seu disco Nice Baby and the
Angel, de 1973.
SATURDAY
NIGHT
"Saturday Night" aposta, novamente, em uma abordagem bem suave e de clara pegada Folk, mas, sem nenhuma dúvida, cativante. Os vocais divididos ente Meisner e Henley funcionam perfeitamente e o clima intimista envolve e emociona.
A
letra menciona um sábado à noite:
Whatever
happened to Saturday night
Finding a sweetheart and holding her tight?
She said,"Tell me, oh, tell me, was I alright?"
Whatever happened to Saturday night?
Finding a sweetheart and holding her tight?
She said,"Tell me, oh, tell me, was I alright?"
Whatever happened to Saturday night?
BITTER
CREEK
"Bitter Creek" é uma música interessantíssima. Embora seja uma construção basicamente acústica, há um clima de tensão, e sombrio, em sua atmosfera. Os vocais de Bernie Leadon são ótimos e o trabalho nas seis cordas pode ser considerado perfeito para a proposta. Ponto muito alto do disco!
A
letra fala sobre insegurança:
Once
I was young and so unsure
I'd
try any ill to find the cure
An
old man told me
Tryin'
to scold me
"Oh,
son, don't wade to deep in Bitter Creek,"
(Bitter
Creek)
Out
where the desert meets the sky
Is
where I go when I wanna hide
DOOLIN-DALTON/DESPERADO
A décima-primeira - e última - faixa de Desperado é "Doolin-Dalton/Desperado (Reprise)". O álbum se encerra com uma nova abordagem à canção "Desperado" e fecha este grande trabalho com muita categoria.
A
letra continua a história do grupo Dalton:
Easy
money and faithless women, you will never kill the pain
Go down, Bill Doolin, don't you wonder why
Sooner or later we all have to die?
Sooner or later, that's a stone-cold fact,
Four men ride out and only three ride back
Go down, Bill Doolin, don't you wonder why
Sooner or later we all have to die?
Sooner or later, that's a stone-cold fact,
Four men ride out and only three ride back
Considerações
Finais
Embora
de qualidade indiscutível, Desperado, inicialmente, não foi
um grande sucesso comercial.
Os
lançamentos posteriores do Eagles ajudaram a catapultar a popularidade do disco, fazendo-o um belo sucesso tardio.
Em
termos de paradas de sucesso, o trabalho conquistou a 41ª posição
da principal parada norte-americana de álbuns, ficando com a 39ª
colocação na correspondente britânica. Ainda ficou com os 5º, 31º
e 35º lugares nas paradas de Holanda, Austrália e Canadá;
respectivamente.
Vai-se
focar agora na recepção da crítica especializada ao álbum.
Paul
Gambaccini, da revista Rolling Stone deu ao álbum uma revisão
positiva em seu lançamento, em 1973. Escreveu: “O lindo sobre isso
é que, embora seja um conjunto unificado de músicas, não é uma
ópera rock, um álbum conceitual ou qualquer coisa fingindo ser
muito mais do que um conjunto de boas músicas que simplesmente se
encaixam”.
Em
conclusão, Gambaccini finalizou: “Desperado não vai curar
sua ressaca ou revalorizar o dólar, mas [ele] lhe dará muitos bons
momentos. Com seu segundo trabalho consecutivo bem feito, os Eagles
estão em uma série de vitórias”.
Robert
Christgau, no entanto, desvalorizou o trabalho afirmando que o álbum
possuía uma “escassez de músicas decentes”. O editor do
AllMusic, William Ruhlmann, dá ao disco uma nota 3,5 de um
máximo possível de 5, elogiando o fato de Don Henley ter mais
envolvimento com o álbum, mas concluiu que “era simultaneamente
mais ambicioso e sério que seu antecessor e também mais leve e
menos consistente”.
O
álbum agora é considerado, por alguns críticos, como um dos discos importantes do country rock.
O
escritor musical, John Einarson, argumentou em seu livro, Desperados:
The Roots of Country Rock, que, apesar de suas fracas vendas
iniciais, o disco “daria o tom para todos os sons de soft country
rock surgidos posteriormente e impactaria aquilo que se tornaria a
base do ‘new country’, tanto na imagem quanto na música”.
Já
no ano seguinte, o Eagles lançaria outro sucesso comercial,
On the Border, de 1974.
Desperado
supera a casa de 2 milhões de cópias vendidas apenas nos Estados
Unidos.
Formação:
Glenn
Frey - Guitarras acústicas e elétricas, Vocal; Teclados, Harmônica
Bernie
Leadon - Guitarras elétricas e acústicas, Vocal; Banjo, Bandolim
Randy
Meisner - Baixo, Vocal
Don
Henley - Bateria, Vocal; Violão
Faixas:
01.
Doolin-Dalton (Henley/Frey/Souther/Browne) - 3:26
02.
Twenty-One (Leadon) - 2:11
03.
Out of Control (Henley/Frey/Nixon) - 3:04
04.
Tequila Sunrise (Henley/Frey) - 2:52
05.
Desperado (Henley/Frey) - 3:36
06.
Certain Kind of Fool (Henley/Frey/Meisner) - 3:02
07.
Doolin-Dalton (Instrumental) (Henley/Frey/Souther/Browne) - 0:48
08.
Outlaw Man (Blue) - 3:34
09.
Saturday Night (Henley/Frey/Meisner/Leadon) - 3:20
10.
Bitter Creek (Leadon) - 5:00
11.
Doolin-Dalton/Desperado (Reprise) (Henley/Frey/Souther/Browne) - 4:50
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/the-eagles/
Não há dúvida de que o Eagles foi um dos grandes sucessos comerciais da história da música - e não apenas do Rock. Desperado, seu segundo álbum de estúdio, não é tão alardeado quanto trabalhos posteriores do grupo, mas sua qualidade é inegável.
Um conjunto formado por músicos tão formidáveis quanto Glenn Frey, Bernie Leadon, Don Henley e Randy Meisner dispensa maiores apresentações. Todos são instrumentistas competentes e quando assumem os vocais principais, executam a função com a mesma soberania.
Desperado apresenta influências importantíssimas na construção da musicalidade do Eagles de forma muito evidente, seja o Folk em "Bitter Creek", seja o Country como em "Twenty-One". Mas, quase sempre, a roupagem Rock serve como amálgama para a sonoridade.
Importante salientar a capacidade, especialmente de Henley e Frey, como compositores. A construção de melodias, normalmente suaves e acústicas, é uma das qualidades fundamentais do grupo. Há canções belíssimas no disco.
As letras, simples, mas com a temática de Western, merecem uma conferida e concedem um arcabouço conceitual ao disco.
Não se deixe enganar, não há canções de enchimento por aqui e o álbum é consistente do início ao fim. Mas, como de costume, o RAC escolhe suas favoritas.
A suavidade tocante da belíssima "Tequila Sunrise" é, sem sombra de dúvidas, um grande destaque. "Outlaw Man" mostra a criativa pegada Rock do grupo. "Bitter Creek" é um folk rock sombrio e envolvente.
Mas as preferidas do Blog seguem com a paulada "Out of Control", um flerte bem-sucedido com o Hard. E a incrível faixa-título, "Desperado", continua sendo uma das mais belas composições dos anos 70.
Embora tenha demorado - e muito- para aparecer por aqui, o Eagles, sem sombra de dúvidas, é um dos conjuntos essenciais da história do Rock. Com alguns discos obrigatórios, Desperado é um dos destaques da discografia da banda, misturando Country, Folk e Rock, com talento, bom gosto e muita sabedoria. Altamente recomendado pelo Blog!
Um dos ícones da música (e da cultura) americana, a banda Eagles é daquelas que formam o caráter de muitas gerações ao redor do mundo. Pelo pouco que conheço da breve discografia deles, acho que, na minha opinião, Desperado seja o melhor disco do Eagles no quesito musical e lírico (sem contar o conceito "western" que é excelente), antes da explosão comercial de 1976 com o célebre e aclamado disco Hotel Califórnia (deixo claro que sou dos que gostam do Eagles mas que não gostam muito de sua canção homônima), visto até hoje como um dos mais vendidos da história da música em todos os tempos.
ResponderExcluirMas como a postagem é dedicada ao Desperado, o segundo e na minha opinião o melhor álbum do patrimônio musical americano Eagles, só me resta agradecer ao patrão Daniel por esta resenha interessantíssima de uma das melhores obras musicais dos anos 1970.
Só me resta, mais uma vez, agradecer a extrema generosidade dos elogios ao Blog, Igor. Muito obrigado. Gosto bastante do Eagles e espero poder escrever mais sobre a banda por aqui. Valeu mesmo!
ExcluirDe nada, chefão, e que venha mais outros discos ótimos dos Eagles neste blog, hehehehehehe.
Excluir