The
Alchemist é o terceiro álbum de estúdio da banda sueca chamada
Witchcraft. Seu lançamento oficial aconteceu em 8 de outubro de
2007, através do selo Rise Above Records. A produção ficou por
conta de Tom Hakava.
O
RAC continua a promessa feita no ano passado de
postar, sempre que possível, álbuns de bandas do “novo milênio”.
Desta forma, vai-se apresentar os primórdios da banda Witchcraft
para depois se abordar o disco propriamente dito.
Norrsken
A
origem do Witchcraft remonta à banda Norrsken (que, em sueco,
significa aurora boreal). O Norrsken foi fundado em 1995.
O
grupo chegou a lançar duas demos: Norrsken e Hokus Pokus,
ambas em 1996. A sonoridade do conjunto envolvia uma mistura de Hard
Rock e Rock Psicodélico.
Em
sua formação, a banda contava com o vocalista Joakim Nilsson, o
baixista Rikard Edlund, o baterista Kristoffer Sjödahl e o
guitarrista Magnus Pelander.
Em
1997, o grupo lançou outra demo, 3 Song Advance Tape. Já em
1999, foi a vez de sair o single “Armageddon”.
Em
2000, o Norrsken acabou. Joakim Nilsson e Rikard Eklund foram tocar
na banda Albatross e, anos mais tarde, formariam o Graveyard.
Já
o guitarrista Magnus Pelander seguiria outro caminho…
Witchcraft
Magnus
Pelander formou o Witchcraft em 2000, para gravar um tributo a
Bobby Liebling (do Pentagram) e Roky Erickson. (Nota do
Blog: O Pentagram é uma banda norte-americana de heavy
metal originária da Virginia, Estados Unidos. É considerada uma das
precursoras do estilo musical conhecido como doom metal. Formada em
1971, foi uma banda de popularidade baixa durante os anos 70:
gravaram algumas demos e fitas K7, mas não lançaram um álbum
completo até 1985. A banda sempre esteve mudando de integrantes ao
longo da história, sendo que o único membro constante é o
vocalista Bobby Liebling./Nota do Blog 2: Roger Kynard ‘Roky’
Erickson é um cantor e compositor norte-americano, gaitista e
guitarrista do Texas. Ele foi um membro fundador do The
13th Floor Elevators e um pioneiro do gênero de rock
psicodélico).
Magnus Pelander |
O
single “No Angel or Demon” foi lançado em 2002, pela Primitive
Art Records, e acabou chegando ao ouvido de Lee Dorrian, proprietário
do selo Rise Above Records, e que rapidamente contratou o grupo.
(Nota do Blog: Lee Dorrian é um cantor inglês, mais
conhecido como o ex-vocalista do Napalm Death e mais tarde
líder da banda Cathedral. Ele é atualmente o vocalista do
With the Dead).
Um
ano depois, a banda foi reformulada com Jonas Arnesén como baterista
e seu irmão, Mats, ocupando a posição de baixista.
Witchcraft,
o disco de estreia
Lançado
em 2004, Witchcraft é o álbum de estreia do grupo.
Revelando
suas influências setentistas, a banda gravou o trabalho em estúdio
de porão e com equipamentos vintage, propiciando um som ainda
mais setentista.
O
álbum continha 12 faixas, sendo 2 covers do Pentagram, uma
das mais fortes influências de Magnus Pelander: “Please Don't
Forget Me” e “Yes I Do”.
A
imagem da capa é uma versão ligeiramente alterada de uma impressão
chamada Merlin, um desenho de caneta à tinta de Aubrey
Beardsley, para uma edição de 1893-94 da obra Le Morte d'Arthur,
de Sir Thomas Malory. (Nota do Blog: Thomas Malory (1405 —
1471) foi um romancista inglês, famoso por haver escrito Le Morte
d'Arthur (A morte de Artur), um dos mais célebres livros sobre
as histórias do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. A
obra, publicada em 1485, foi escrita em 1469, quando cumpria pena de
prisão em Londres. Para sua obra, Malory se baseou principalmente em
livros em língua francesa do século XIII, como o Ciclo do
Lancelote-Graal e o Tristão em Prosa).
Curiosamente,
o Witchcraft, que houvera surgido apenas para gravar uma
canção, “No Angel or Demon” e, paralelamente, gravar o
supracitado tributo, agora; era uma banda completa e com disco
lançado.
Ola Henriksson |
Mats
Arnesén deixou o grupo quase que imediatamente após a gravação de
Witchcraft. Mats também era o baterista do trio The
Hollywoods e da Eva Eastwood and the Major Keys.
Em
meados de 2004, o Witchcraft percorreu a Europa em companhia
dos conjuntos Orange Goblin e Grand Magus.
Firewood
Em 8
de julho de 2005, o Witchcraft lançou Firewood, seu
segundo álbum de estúdio.
O
disco foi gravado na Inglaterra e conta com 11 canções. Aos 8:50
minutos da última faixa, “Attention!”, há um cover da música
“When the Screams Come”, do Pentagram.
A
edição de vinil não inclui “When the Screams Come”, mas inclui
uma faixa bônus intitulada “The Invisible”.
Ainda
em 2005, o grupo lançou o single “Chylde of Fire”, que promovia
Firewood. O Witchcraft fez uma turnê pelo Reino Unido,
em suporte à banda Corrosion of Conformity.
Mudanças
e The Alchemist
Em
meados de 2006, Jonas Arnesén deixou a banda e foi substituído pelo
baterista original, Jens Henriksson.
A
banda excursionou pelos EUA, no fim de 2006, com o conjunto Danava.
Magnus e John Hoyles |
Durante
esta turnê, em 11 de novembro de 2006, o Witchcraft tocou no
Rock and Roll Hotel, em Washington. Para o seu bis, eles
tocaram covers do Pentagram (“When the Screams Come” e
“Yes I Do”) com Bobby Liebling nos vocais!
Após
a turnê pelos EUA, eles retornaram ao estúdio e gravaram o single
“If Crimson Was Your Color”, o qual foi lançado em vinil de 7
polegadas pela Rise Above, em 6 de novembro de 2006.
Após
o single, Jens Henriksson, mais uma vez, deixou o Witchcraft e
foi substituído por Fredrik Jansson (anteriormente no Abramis
Brama).
Dessa
forma, o Witchcraft era formado pelo vocalista e guitarrista
Magnus Pelander, pelo guitarrista John Hoyles, pelo baixista Ola
Henriksson e pelo baterista Fredrik Jansson.
Com
esta formação a banda gravou seu terceiro disco de estúdio, The
Alchemist. A arte da capa é belíssima.
Vamos
às faixas:
WALK
BETWEEN THE LINES
A primeira faixa do disco já é uma amostra da qualidade do Witchcraft. O riff dominante é especialmente saboroso e os solos de guitarra muito bem colocados. Os vocais de Magnus Pelander se combinam perfeitamente com a sonoridade. Petardo!
A
letra possui sentido de resiliência:
calm
my mind with tempered thoughts
ah,
you fuel my heart with blood inside
flawless
and fearless you wish I was
IF
CRIMSON WAS YOUR COLOR
Em sua segunda canção, o ritmo do disco continua em alta rotação. O uso do mellotron contribui de forma definitiva para remeter a sonoridade ao Hard Rock da virada das décadas de 60 para 70. Outra música extremamente cativante!
A
letra é em tom de magia:
if
crimson was your colour
could
your conscience bear your soul
would
you paint the space witch murder
your
spirit's breath so cool
“If
Crimson Was Your Color”, como citado anteriormente, foi lançada
como single antes mesmo do álbum. Não obteve repercussão em termos
das principais paradas desta natureza.
LEVA
A inspiração continua em elevados níveis em "Leva". O trabalho da seção rítmica formada pelo baixista Ola Henriksson e pelo baterista Fredrik Jansson é ainda mais evidente, construindo uma base pesada e bluesy, permitindo que as guitarras brilhem. Hard Blues Rock de primeiro nível, em uma das melhores faixas do trabalho!
A
palavra sueca leva significa viver:
han
som älska att leva
han
som älska att känna
vill
inte bli utdömd
inte
längre någon slav
HEY
DOCTOR
Os momentos incríveis de "Hey Doctor" levam o ouvinte diretamente ao Black Sabbath dos anos 70, especialmente ao magnífico Master of Reality, de 1971. O peso absurdo das guitarras de Pelander e John Hoyles e a cadência, em ritmo magnético, constroem uma música hipnótica, a qual põe o pé no acelerador nos pontos exatos. Magnífica!
A
letra é bastante sombria:
impostor
without knowing your beliefs been defiled
the
flesh on them bones been scorched and burned
a
downward spiral for your heresy inclined
you're
pushing forward back your logic is reversed
SAMARITAN
BURDEN
Construída com uma gama de riffs magistrais inspirados nos anos 70, "Samaritan Burden" é um Hard Rock de primeiríssimo nível. O trabalho instrumental é realmente primoroso e os vocais de Pelander estão praticamente perfeitos. Que música!
A
letra brinca com luz e trevas:
it's
just a spectre
an
interlude of confusion
don't
let it scare you so
be
it thoughts of amusement
the
light counters dark as it reaches its peak
blend
and balance the bold takes it all
REMEMBERED
"Remembered" retira um pouco do peso das músicas que a precedem, mas não diminui o nível de categoria elevada do álbum. O trabalho do baixista Henriksson é muito bom e as guitarras estão ótimas, mas o destaque é o saxofone de Anders Andersson.
A
letra é em tom de magia:
I
softly call
call
on you
I
don't know
what
it takes to get through
holy
mother here inside
you
left your temple with your gold
THE
ALCHEMIST (PARTS 1, 2 & 3)
A sétima - e última - faixa de The Alchemist é "The Alchemist (Parts 1, 2 &3)". Com mais de 14 minutos de extensão, a derradeira canção do disco é também a maior em duração. A pegada setentista é mantida, com a sonoridade alternando passagens mais ferozes com momentos de suavidade. Outra ótima composição.
A
letra é um conto fantástico:
I'm
back again witch perspective eyes
deception
still lingers on
but
I'm no one to categorize
I'm
a free man on my own
looking
back upon the disrespect
next
time I'm ready to fight
unlike
a soldier in a battlefield
I'll
pull my horses back and leave
Considerações
Finais
Embora
possua uma qualidade inegável, The Alchemist passou em branco
em termos das principais paradas de sucesso do mundo, as britânica e
norte-americana.
Nem
mesmo na parada sueca o álbum chegou a figurar.
Entretanto,
o disco serviu para manter o Witchcraft em ascensão. Greg Prato, do
site AllMusic, dá ao trabalho a nota 3,5 de um máximo de 5
possível.
Greg
atesta: “Em seu terceiro lançamento em geral, The Alchemist,
de 2007, o quarteto continua tentando trazer o tempo de volta a 1975
- a entrega vocal de Magnus Pelander é muito (semelhante) a de Bobby
Liebling, do Pentagram, enquanto a música proporcionaria uma
boa trilha sonora para uma festa stoner, no porão, de alguma escola
secundária - quando as pessoas estavam fora da cidade, a fumaça do
bong era grossa, e os cartazes de luz negra estavam
orgulhosamente exibidos”.
Prato
ainda faz alguns apontamentos interessantes: “No entanto, como
acontece com a maioria dos metallists do doom, alguns bits têm
uma certa familiaridade (...) - caso em questão, “If Crimson Was
Your Color”, que contém um riff que remanesce de “Symphony of
Destruction”, do Megadeth, enquanto “Hey Doctor” contém
a mesma ruptura de bateria no meio de “Under the Sun/Every Day
Comes and Goes”, do Vol. 4 do Sabbath”.
The
Alchemist foi lançado pelas gravadoras Rise Above Records (no
Reino Unido), Leaf Hound Records (Japão) e Candlelight Records
(EUA).
Pouco
depois de The Alchemist, o Witchcraft lançou um EP de
12 polegadas, em divisão com a banda norte-americana The Sword,
pelo selo Kemado Records. O EP apresenta versões de duas músicas
anteriormente proibidas na Suécia.
Em
2010, o vocalista/guitarrista Magnus Pelander lançou um EP, solo, de
quatro músicas, via Svart Records.
Ola
Henriksson, John Hoyles e Jens Henriksson, formaram uma nova banda,
chamada Troubled Horse e lançaram um single de 7 polegadas,
no início de 2010.
Legend,
quarto álbum de estúdio do Witchcraft, somente foi lançado
em setembro de 2012.
Formação:
Magnus
Pelander - Vocal, Guitarra
John
Hoyles - Guitarra Elétrica e Acústica
Ola
Henriksson - Baixo
Fredrik
Jansson - Bateria, Percussão
Músicos
adicionais:
Tom
Hakava - Mellotron, Wersi, Piano, Melodeon e Percussão
Anders
Andersson - Saxofone
Faixas:
01 -
Walk Between the Lines - 3:24
02 -
If Crimson Was Your Colour - 3:47
03 -
Leva - 4:33
04 -
Hey Doctor - 5:12
05 -
Samaritan Burden - 6:27
06 -
Remembered - 5:14
07 -
The Alchemist (parts 1, 2 & 3) - 14:38
(*)
Nem no encarte do meu CD, nem na internet, encontrei os autores das
canções. Se alguém souber, peço gentilmente que me envie através
dos canais de comunicação do RAC.
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/witchcraft/
O RAC pode afirmar que tem sido muito bom trazer alguns discos de bandas 'novas' para o Blog. Evidentemente, esta não é a proposta do site e existem inúmeras páginas muito melhores que esta para tal, mas sempre que for possível isto será feito, especialmente com grupos tão talentosos quanto o Witchcraft.
O vocalista e guitarrista Magnus Pelander não é apenas a mente por trás do conjunto mas também sua alma. Tudo de bom e ruim que acontece com o grupo está sob responsabilidade direta do cara.
Fica bastante evidente a proposta sonora do Witchcraft em um álbum como The Alchemist. O resgate da sonoridade setentista é feito com um talento indiscutível e as referências são das melhores possíveis. Além da mais óbvia, citada anteriormente no post, o Pentagram, o grupo bebe bastante no Hard/Heavy setentista, especialmente no Black Sabbath.
O resultado final é uma sonoridade Hard Rock, com base em riffs muito inspirados e, simultaneamente, não abandonando a importância das melodias cativantes em nenhum momento. Assim, The Alchemist contagia e envolve o ouvinte, ao mesmo tempo.
E o grande mérito do Witchcraft é trazer este resgate da musicalidade setentista com uma roupagem atual, fundindo suas referências, mas as apresentando com a identidade do grupo, abusando das guitarras e uma seção rítmica pesada e sempre presente, alternando ritmo e intensidade o tempo todo.
O RAC elege a intensa "Leva", a sabática "Hey Doctor" e a bluesy "Samaritan Burden" como suas preferidas no disco. Mas não se deixe levar por nossa opinião: aqui não há músicas de enchimento e o álbum é todo muito bom!
Muito facilmente no Top 10 de discos de bandas do novo milênio para o Blog, The Alchemist é uma excelente amostra da excelência do Witchcraft como banda. Deste modo, o RAC não apenas indica que o leitor aprecie The Alchemist, mas que vá urgentemente conhecer o restante do trabalho deste excelente conjunto sueco.
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