Rebirth
é o quarto álbum de estúdio da banda brasileira Angra. Seu
lançamento oficial aconteceu em 13 de novembro de 2001 através do
selo Paradox Music. As gravações ocorreram entre junho e agosto
daquele mesmo ano, nos estúdios House of Audio, na Alemanha, e
Anonimato Studios, no Brasil. A produção ficou por conta de Dennis
Ward.
Maio
é um mês em que, tradicionalmente, o RAC traz
novos posts de bandas as quais já apareceram aqui no site. O Angra
retorna ao site com um de seus álbuns mais interessantes. Clique no
link para ver o post anterior, sobre Holy Land, lá dos
primórdios do Blog.
Fireworks
Em
14 de julho de 1998, o Angra lançava Fireworks, seu
terceiro álbum de estúdio.
Nesta
época, a banda era formada pelo vocalista André Matos, pelos
guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt, pelo baixista Luis
Mariutti e pelo baterista Ricardo Confessori.
Fireworks
contém algumas excelentes músicas do grupo brasileiro como
“Lisbon”, “Metal Icarus” e “Speed”. Entretanto, o disco
traz menos influências da música brasileira e uma roupagem ainda
mais Heavy Metal à sua sonoridade.
O
álbum foi lançado na Europa pelo selo Steamhammer e na América do
Norte através do Century Media.
Uma
longa turnê mundial foi criada em suporte para o disco. A banda
apareceu na edição de Buenos Aires do festival Monsters of Rock,
enquanto eles (co)encabeçaram shows na Europa com os grupos Time
Machine e Stratovarius, em 1999. Bruce Dickinson
fez uma aparição durante o show em Paris enquanto a banda também
tocou no festival Wacken Open Air. Outras aparições
importantes foram nos festivais Dynamo Open Air e Gods of
Metal.
Durante
a turnê, os problemas de relacionamento dentro do conjunto se
intensificaram, aumentando a tensão entre os seus componentes.
Rafael Bittencourt |
Idas
e vindas
Após
diversos desentendimentos com o empresário do grupo, Antônio
Pirani, o vocalista André Matos, o baixista Luis Mariutti e o
baterista Ricardo Confessori resolveram deixar o Angra,
em agosto de 2000.
O último show do grupo com Matos ocorreu em 23 de outubro de 1999,
em São Paulo.
Os
dois membros restantes do conjunto, os guitarristas Kiko Loureiro e
Rafael Bittencourt, então, partiriam para a busca de substitutos
para recomporem o Angra.
Eduardo Falaschi
A primeira experiência de Eduardo Falaschi com a música começou
ainda criança. Alguns de seus parentes eram músicos não
profissionais e o garoto costumava cantar com seu pai e seus tios
durante as reuniões familiares.
Quando
tinha 14 anos, Falaschi tinha aulas de guitarra, e seu interesse pela
música aumentou. Embora tenha sido fortemente influenciado pelos
cantores Ronnie James Dio
e Bruce Dickinson,
Falaschi decidiu por tocar músicas instrumentais.
Ele tocou bateria, por seis meses, em uma banda de blues com seus
amigos, e também tocou baixo e guitarra, além de fazer backing
vocals, com uma banda de cover. Em 1989, foi convidado, por amigos da
escola, para se juntar a uma banda como cantor e participar de um
concurso de música. Eles gravaram uma fita demo e tocaram para 5 mil
pessoas.
Posteriormente,
em 1990, alguns dos membros da banda decidiram formar o Mitrium,
uma banda de rock, na qual eles tocariam suas próprias composições.
O
Mitrium começou a carreira
profissional de Falaschi como vocalista e compositor. Em 1991, eles
gravaram sua primeira fita demo com a música “Just Remember”.
Posteriormente, eles gravaram a segunda demo com as músicas “The
Shadows” e “You Can Choose The Side of Darkness”, ambas
compostas por Eduardo Falaschi.
A banda cresceu rapidamente na cidade de São Vicente, litoral do
estado de São Paulo, e então seus membros decidiram procurar
oportunidades em São Paulo, onde assinaram com a Army Records um
contrato de gravação.
Edu Falaschi |
Assim,
em 1994, foi lançado um LP chamado Eyes
of Time com quatro
faixas compostas por Falaschi: “Eyes of Time”, “Run From the
Fire”, “Lives So Close” e “The Shadows”.
Em
1994, o Iron Maiden
estava à procura de um novo vocalista, através de um concurso
internacional patrocinado pela banda, resultando em milhares de fitas
sendo enviadas por aspirantes a estrelas do rock.
Com
o crescente reconhecimento do Mitrium,
Falaschi teve a chance de participar do concurso. Inesperadamente,
ele foi um dos cantores selecionados no Brasil (juntamente com Andre
Matos, então vocalista do
Angra) e, mais tarde,
de todo o mundo, entrando em contato com Dick Bell, diretor de
produção da Iron
Maiden Holding LTD.
No final, como se sabe, o
Maiden não escolheu
Falaschi.
Apesar
do sucesso na carreira profissional, em 5 de agosto de 1994, Falaschi
deixa o Mitrium,
devido a questões pessoais, mas continuou tocando, apenas por
diversão, com seus amigos e, mais tarde, gravou uma demo, com oito
músicas, em uma banda chamada Opium.
Após
um hiato de quase 4 anos, em meados de 1998, Falaschi foi convidado
pela banda Symbols
para produzir seu primeiro álbum. O líder da banda era Tito
Falaschi, seu irmão. Eduardo acabou produzindo o álbum e, também,
tornou-se um membro do grupo, assumindo os vocais.
Enquanto
o seu primeiro álbum, intitulado Symbols,
estava sendo lançado, ele foi convidado a participar do disco
Ordinary Existence,
do conjunto chamado Venus.
Em
2000, o Symbols
lançou seu segundo álbum, chamado Call
to the End.
O
Angra estava à
procura de novos membros, e depois de disputar entre outros
vocalistas, Falaschi foi convidado a se juntar à banda em 2001.
Felipe Andreoli e Aquiles Priester
O
baixista escolhido pelo Angra foi Felipe Andreoli, talentoso músico
que havia gravado o álbum Nomad
com o ex-vocalista do Iron Maiden,
Paul Di’ Anno.
Kiko, Edu e Rafael |
Na
bateria, a escolha foi por Aquiles Priester. Ele era líder da banda
Hangar, a qual já havia lançado 2 álbuns: Last
Time (1999) e Inside
Your Soul (2001). Além
disso, Priester também havia participado do disco Nomad,
de Di’ Anno.
Rebirth
A
nova formação começou a ensaiar tão logo surgiu o seu
anúncio.
Um
novo álbum foi planejado e as gravações aconteceram no Brasil e na
Alemanha. Dennis Ward, produtor musical e baixista do Pink
Cream 69, foi o escolhido para
a produção.
Rebirth,
renascimento em português, era o nome ideal para o disco,
demonstrando uma nova fase do conjunto. A capa, muito bonita,
é obra de Rafael Bittencourt e Isabel de Amorim.
Vamos às faixas:
IN
EXCELSIS
Apenas uma bela introdução para o álbum...
NOVA
ERA
"Nova Era" é uma amostra para o que seria a nova fase do Angra. A música é um Power Metal feroz, muito pesado e com alta intensidade, ritmo frenético, guitarras ensandecidas e bateria energética. Os bons vocais de Edu Falaschi complementam uma canção memorável.
A letra representa a nova fase do Angra:
New day shines, fallen angels will arise
Nova Era brings the ashes back to life
All over now, all the pain and awful lies
Angels will arise
Back to life!
MILLENNIUM
SUN
"Millennium Sun" possui uma introdução mais lenta e suave antes de ganhar peso e intensidade. O trabalho frenético do baterista Aquiles Preister é uma das fortes marcas da faixa. A sonoridade tende mais ao Heavy Metal tradicional que ao Power Metal.
A letra aponta esperança por novos tempos:
So come millennium sun
Won't you show us the way
Future's begun
Some words from my mouth come
Whispering for your return
Show us the future's began
Burning millennium sun
ACID
RAIN
"Acid Rain" possui um tom com algum ar épico e a composição soa bastante interessante. O peso é uma constante, mas há uma considerável alternância de ritmos e sonoridades durante sua extensão, remetendo a bandas como o Dream Theater.
A letra fala sobre sofrimento e esperança:
Oooh, just some of us survived
At least a decent woman and a man
Wide awake! Am I alone in this place?
Someone hear me? My only hope!
“Acid
Rain” foi a faixa escolhida como single para promover Rebirth.
HEROES
OF SAND
"Heroes of Sand" é uma balada com personalidade e ótima atuação do vocalista Edu Falaschi. Os solos de guitarra são bem colocados e a melodia envolve o ouvinte. Uma boa canção.
A letra possui uma mensagem questionadora sobre heróis:
Haunted by the heavy clouds
Thunders scaring away
Howling like a mountain wolf
Warriors are leading the way
UNHOLY
WARS
"Unholy Wars" é predominantemente o power metal que havia consagrado o Angra anteriormente, sendo rápida e técnica em sua maior extensão. O início desta canção também remete ao passado do grupo, com uma interessante passagem sonora com influências do baião nordestino.
A letra menciona batalhas em nome de um deus:
Forgive us our father
For we have sinned
Blinded by pride
We know not what we do
Thy kingdom will be done
By holy wars
A canção está dividida em duas seções: “Imperial Crown” e
“Forgiven Return”.
REBIRTH
"Rebirth" acabou se tornando um clássico do Angra. A faixa é uma das mais belas baladas que o conjunto brasileiro compôs, possuindo uma calma, mas intensa, melodia e um refrão muito bonito. Excelente atuação do vocalista Edu Falaschi.
A letra é sobre redenção:
Ride the winds of a brand new day
High where mountain's stand
Found my hope and pride again
Rebirth of a man
JUDGEMENT
DAY
Já em "Judgement Day", o conjunto aposta na fusão do Heavy/Power Metal com elementos de música brasileira e algumas orquestrações. A boa presença do baterista Aquiles Priester e do baixista Felipe Andreoli conferem muito peso à sonoridade da faixa.
A letra menciona o julgamento de seus atos:
One last minute passes by your soul
Just one minute lost in the horizon
You will face the judgement day
(Scream your voice free to the air)
Waiting for the judgement day
RUNNING
ALONE
"Running Alone" é um típico Power Metal da banda, contando com um ritmo intenso e muito veloz. A bateria frenética e as guitarras aceleradas são a tônica em uma composição interessante e dinâmica.
A letra fala sobre sofrimento e solidão:
Under the sun
In a solitary world
I am running alone (I am running alone)
Scars on my face
Weary hands from digging dirt
I was dying all alone
VISIONS
PRELUDE
A décima - e última - faixa de Rebirth é "Visions Prelude". O disco se encerra de modo sereno e com uma dose generosa de melancolia. Evidentemente, como a composição é uma adaptação de Chopin, sua melodia é belíssima.
A
letra fala sobre uma terra arrasada:
A treasure of the land
Torments have brought the end
We build again from the start
Holy lenient heart
Considerações
Finais
Rebirth
não apenas se tornou um clássico do Angra,
mas também – e mais importante – mostrou que o grupo deveria
seguir em frente.
Rebirth
atingiu a 74ª posição da principal parada francesa de álbuns,
enquanto conquistou a excelente 18ª colocação em sua
correspondente japonesa.
O álbum foi sucesso crítico e comercial, tanto no Brasil quanto
internacionalmente, vendendo mais de 100 mil cópias, por todo mundo,
em menos de dois meses.
O disco foi ouro no Brasil naquele mesmo ano, ou seja, superou as 50
mil cópias vendidas no país.
Embora
o crítico Gary Hill, do site AllMusic,
dê apenas uma nota 3 de um máximo de 5 ao disco, ele elogia
amplamente o trabalho: “Angra
encontrou um substituto na pessoa de Edu Falaschi e foi à
frente para gravar um ótimo álbum. Este álbum mostra a banda
mantendo sua tradição de fundir o lado mais metálico do prog
(Dream Theater) com o
lado mais proggy do metal (Fates Warning,
Queensrÿche) e o
metal europeu de base
clássica (Stratovarius,
Royal Hunt), para
criar um som que é todo seu. Uma vez que o disco faz um trabalho tão
bom de colmatar esses dois estilos, certamente deve atrair os fãs de
ambos”.
O
guitarrista e principal compositor do álbum, Rafael Bittencourt,
chegou a afirmar que Rebirth
é um disco conceitual, mas que sua sequência lógica parte da
última (“Visions Prelude”) para a primeira (“In Excelsius”)
canção, ou seja, que o álbum deve ser ouvido ‘de trás para
frente’.
O
Angra entrou em plena
divulgação do disco, com uma turnê por várias capitais
brasileiras ainda no final de 2001. Em janeiro de 2002, a banda
voltou aos estúdios, com Dennis Ward, para gravar o EP Hunters
and Pray (lançado em
maio de 2002) e uma versão para “Kashmir”; esta, para um tributo
ao Led Zeppelin.
Em março de 2002, o grupo saiu em turnê pela Europa, fazendo 18
shows, no total, nos seguintes países: Itália, Alemanha, França,
Espanha, Holanda, Bélgica e Suíça. Depois, o conjunto retornou ao
Brasil e continuou o trabalho de divulgação com uma nova turnê
sul-americana.
Rebirth
supera a casa de 1,2 milhão de cópias vendidas pelo mundo.
Formação:
Edu Falaschi - Vocal
Kiko Loureiro - Guitarra
Rafael Bittencourt - Guitarra
Felipe Andreoli - Baixo
Aquiles Priester - Bateria
Músicos Adicionais:
Gunter Werno - Teclados
Andre Kbelo, Zeca Loureiro, Maria Rita, Carolin Wols - Backing Vocals
Roman Mekinulov - Cello
Douglas Las Casas - Percussão
Mestre Dinho & Grupo Woyekè - Vozes Maracatu em 06
Faixas:
01. In Excelsis (Loureiro) - 1:03
02. Nova Era (Andreoli/Loureiro/Falaschi) - 4:52
03. Millennium Sun (Bittencourt/Loureiro) - 5:11
04. Acid Rain (Bittencourt) - 6:08
05. Heroes of Sand (Bittencourt/Falaschi) - 4:39
06. Unholy Wars (Bittencourt/Loreiro) - 8:14
I. "Imperial Crown"
II. "Forgiven Return"
07. Rebirth (Bittencourt/Loureiro) - 5:18
08. Judgement Day (Bittencourt/Loureiro/Falaschi/Priester) - 5:40
09. Running Alone (Bittencourt) - 7:14
10.
Visions Prelude (*)
(Bittencourt/Loureiro) - 4:32
(*)
(Adaptada da Op. 24 em C menor de Chopin)
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/angra/
Entre 2000 e 2001 o Angra passava por profunda crise e sofreu com uma mudança drástica e radical. E é este momento que o RAC traz para o retorno da banda ao Blog.
Reconstrução é a palavra de ordem para qualquer análise do disco, tanto que Rebirth (renascimento, em inglês) é o nome perfeito para o álbum em questão.
Felizmente, o Angra manteve seus dois ótimos guitarristas, Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt, como a espinha dorsal da banda. E encontrou ótimos substitutos para os músicos que deixaram a formação: Felipe Andreoli é muito bom baixista e Aquiles Priester também sobra na bateria.
Se Edu Falaschi não é André Matos, o vocalista trouxe talento e personalidade ao conjunto e sua atuação é fator preponderante para a qualidade do disco. Muito do sucesso de Rebirth pode ser creditado diretamente na conta de Falaschi.
Especialmente o guitarrista Rafael Bittencourt foi muito competente em criar o arcabouço temático das canções, com letras interessantes e que quase sempre fazem referência ao conceito de renascer/reconstruir.
De forma inteligente, o grupo retorna apostando naquilo que fazia de melhor. É óbvio que o Power Metal é a sonoridade predominante, mas com doses altas do Metal tradicional e um viés progressivo inegável, de bandas como o Dream Theater.
A influência da música brasileira é perceptível em faixas como "Unholy Wars" e "Judgement Day".
"Millennium Sun" possui a mistura clássica de leveza e intensidade, perfazendo uma bela canção. A supracitada "Unholy Wars" é muito interessante enquanto "Nova Era" é uma verdadeira paulada, refletindo a força de sua reconstrução.
Mas o RAC escolhe "Rebirth" como sua preferida no álbum, canção que é símbolo desta fase pela qual o grupo começaria a atravessar.
Rebirth é um álbum forte e símbolo do renascimento do Angra depois de um período de muitas incertezas. Com canções as quais apresentam seu novo poder de fogo, o disco pavimentava um novo caminho para o grupo e que levaria ao espetacular Temple of Shadows, de 2003. É bom trazer para o Blog uma das bandas preferidas de quem o faz com um de seus mais interessantes trabalhos.
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