Blue
Record é o segundo álbum de estúdio da banda norte-americana
Baroness. Seu lançamento oficial aconteceu em 13 de outubro de 2009,
através do selo Relapse Records. O disco foi gravado no The Track
Studios e a produção ficou por conta do renomado produtor John
Congleton.
Outra
banda do novo milênio estreia nas nossas páginas: o Baroness,
com seu álbum Blue Record. Brevemente, vai-se abordar as
origens do grupo antes do tradicional faixa a faixa.
Origens do Baroness
O
Baroness é uma banda americana de heavy metal de
Savannah, Geórgia, cujos membros originais cresceram juntos em
Lexington, Virgínia, ambas nos Estados Unidos.
O
grupo foi formado em meados de 2003, fundado por ex-membros da banda
punk/metal Johnny Welfare and the Paychecks.
O
líder do Baroness é John Dyer Baizley, vocalista e
guitarrista. Além disso, Baizley é pintor e famoso por ter criado a
arte gráfica de várias capas de álbuns de muitos artistas como
Kylesa, Pig Destroyer, Darkest Hour, etc; além
dos discos do próprio Baroness.
2004
a 2007
Em 3
de agosto de 2004, o Baroness lançou First, um Ep
que contava com 3 canções: “Tower Falls”, “Coeur” e “Rise”.
(Nota do Blog: Um registro chamado extended play, muitas vezes
referido como um EP, é uma gravação musical que contém
mais faixas do que um single, mas geralmente não é qualificado como
um álbum ou LP).
Em 5
de setembro de 2005, o grupo lançou Second, um segundo Ep,
com mais 3 músicas: “Red Sky”, “Son of Sun” e “Vision”.
Já
em 2 de julho de 2007, um novo Ep, A Grey Sigh in a Flower
Husk, mas, desta feita, dividido com a banda Unpersons. O
Baroness lançou 2 canções neste trabalho: “Teiresias” e
“Cavite”.
John Dyer Baizley |
Primeiro
disco
Em 4
de setembro de 2007, o Baroness lançava seu primeiro álbum
de estúdio, Red Album. Lançado pela Relapse Records e
produzido por Phillip Cope, do grupo Kylesa, o disco foi muito
bem recebido.
A
capa, belíssima, é obra do vocalista/guitarrista John Dyer Baizley.
Para
este disco, além de Baizley, o grupo contou com o baterista Allen
Blickle, o guitarrista Brian Blickle e o baixista Summer Welch.
O
registro contém alguns verdadeiros petardos do grupo como “Rays on
Pinion”, “Grad” e “Wanderlust”, esta última, inclusive,
teve seu videoclipe lançado no consagrado programa Headbangers
Ball. (Nota do Blog: o Headbangers Ball foi um
programa de televisão musical composto por videoclipes de heavy
metal na MTV dos Estados Unidos. O programa começou na MTV, no
sábado 18 de abril de 1987, tocando videoclipes de heavy metal e
hard rock tarde da noite, de artistas bem conhecidos e outros mais
obscuros. O show oferecia (e tornou-se famoso por causa disso) um
forte contraste com os 40 melhores vídeos de música mostrados
durante o dia pelo canal).
O
álbum recebeu críticas bastante positivas da imprensa
especializada, incluindo o prêmio de álbum do ano pela revista
norte-americana de heavy metal Revolver.
Em
1º de dezembro de 2007, o Baroness tocou no Bowery Ballroom,
na cidade de Nova York.
Em
20 de setembro de 2008, a banda anunciou via MySpace que o
guitarrista Brian Blickle deixava o conjunto, ao mesmo tempo em que
apresentava um novo guitarrista, chamado Peter Adams, da banda
Valkyrie.
Entre
2007 e 2009, o Baroness excursionou e dividiu o palco com muitas
bandas, incluindo nomes como Opeth, Coheed and Cambria,
Coliseum, Mastodon, Minsk e Clutch.
Allen Blickle |
Novo
álbum
Em
18 de maio de 2009, o Baroness entrou no The Track Studio, em
Plano, no Texas, para gravar seu segundo álbum completo, Blue
Record, produzido por John Congleton (The Roots,
Explosions in the Sky, Black Mountain, The Polyphonic
Spree).
A
capa, lindíssima, é outra vez obra de John Dyer Baizley. Foi o
primeiro disco do conjunto a contar com o guitarrista Pete Adams.
O
trabalho foi lançado, via Relapse Records, 13 de outubro de 2009.
Vamos
às faixas:
BULLHEAD’S
PSALM
A primeira faixa é uma pequena introdução instrumental para o disco.
THE
SWEETEST CURSE
"The Sweetest Curse" é uma amostra do poder do Baroness. É uma composição pesada, a qual aposta bastante no groove, mas que não abre mão de um senso melódico cativante. O bom trabalho das guitarras encontra suporte em uma seção rítmica encorpada.
A
letra é sobre fé e dor:
O'saviour!
There's
rotgutted whiskey in ladies
For
to ease the pain...
Or
drown away
A
faixa foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em
termos das principais paradas desta natureza.
JAKE
LEG
"Jake Leg" apresenta um inspirado trabalho de guitarras, calcado em riffs e, novamente, abusando da melodia. A sonoridade segue entre o Heavy e o Hard, contando com guitarras afiadas e um ótimo ritmo.
A
letra reflete necessidades:
The
body's a vessel
The
hands find a cure
"Flesh
is weak!" and my lip needs a meal
STEEL
THAT SLEEPS THE EYE
O peso abre espaço para a sensibilidade melódica, em uma canção que flerta com o Folk e conta com ótima atuação do vocalista John Dyer Baizley. Verdadeiramente tocante.
A
letra pode ser interpretada como ecos de uma batalha:
Reel
in place
'Til
the bastards take me away
Sober
taste of the eyes
SWOLLEN
AND HALO
Novamente, o trabalho das guitarras gêmeas impressiona, construído com riffs magnéticos que hipnotizam os ouvintes. O grupo apresenta sua gama de ótimas referências com a variação de andamento e melodias. Faixa incrível.
A
letra é novamente sobre uma guerra:
Now
we've wandered through the polestar's dusty floe
And
my crown is breath and blood
OGEECHEE
HYMNAL
"Ogeechee Hymnal" é outra curta, mas mais que suficiente, prova da categoria do Baroness. Uma melodia pesada, arrastada, mas dominante.
A
HORSE CALLED GOLGOTHA
A criatividade do Baroness está ainda mais aflorada na excepcional "A Horse Called Golgotha". A qualidade extraordinária das melodias, a alternância de dinâmica e, obviamente, os riffs inspirados perfazem uma canção muito acima da média. Clássico!
A
letra é sobre redenção:
Exorcise
the family demons
Stallions
on the eilderdown
A
faixa foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em
termos das principais paradas desta natureza.
O’ER
HELL AND HIDE
Nesta música, o Baroness mostra que sua habilidade em construir canções com alternância de dinâmicas e, simultaneamente, apostando sempre na riqueza de melodias é afiadíssima. Composição bem interessante.
A
letra é sobre união:
We
spoke with sinners, snakes, and slaves
Daughter
of mine
You're
coming through
“O’er
Hell and Hide” foi lançada como single, mas não repercutiu entre
as maiores paradas de sucesso desta natureza.
WAR,
WISDOM AND RHYME
O brilhante trabalho da seção rítmica em "War, Wisdom and Rhyme" confere um peso ímpar à composição. Sua estrutura tecnicamente mais intrincada remete à musicalidade de grupos como o Dream Theater. Não duvide, caro leitor, o que se tem aqui é um verdadeiro petardo!
A
letra tem uma visão determinista sobre o mundo:
Maybe
the sawgrass did feel
Burnt
confederate steel
Spoil't
milk on the grave
BLACKPOWDER
ORCHARD
Pequena faixa instrumental, com um certo toque country, que precede a próxima faixa.
THE
GNASHING
"The Gnashing" é outra canção bastante interessante construída com ótimos riffs e uma constante mudança de ritmos. O peso e a melodia se complementam organicamente em outra música bem cativante.
A
letra possui sentimento de dor:
All
of the rivers are boiling with thirst
All
my hands are covered with earth
All
of my children that gnash with their teeth
Are
paperback novels and dogs scratching fleas
BULLHEAD’S
LAMENT
A décima segunda - e última - faixa de Blue Record é "Bullhead's Lament". Embora de curta duração e retomando a sonoridade da primeira música do disco, esta canção abusa do feeling e encerra o álbum de modo emocionante.
Considerações
Finais
Blue
Record lançou o Baroness para um novo patamar de
popularidade.
O
disco atingiu o modesto 117º lugar da principal parada
norte-americana, a Billboard. Mas foi um feito em se tratando
de uma banda jovem.
A
crítica recebeu o trabalho muito positivamente. O site
norte-americano Pitchfork deu uma nota 8,5 (de 10) ao disco.
Já a revista britânica Rock Sound atribuiu nota 9 (em 10)
para o álbum.
Phil
Freeman, do site AllMusic, dá a Blue Record uma nota
4,5 (de 5), afirmando: “(…) Baroness fez um salto
evolutivo sutil, mas inconfundível, neste disco, sua segunda peça
completa e uma clara peça de complemento para Red Album. É
difícil dizer exatamente o que o novo guitarrista Pete Adams trouxe
à banda depois de substituir o irmão do baterista Allen Blickle,
Brian, mas a mistura estabelecida pela banda de riffs Southern,
viagens instrumentais e concertos intersticiais melódicos, todos
impulsionados por um som de bateria particularmente chocalhante e
mantidos unidos pelos vocais roucos e limpos de John Baizley, e por
uma linda capa de arte, são ainda mais fortes agora do que antes”.
Por
fim, Freeman atesta: “Este é um álbum feroz que não tem medo de
ser genuinamente belo. Um dos melhores lançamentos de hard rock de
2009”.
Blue
Record, mais tarde, seria nomeado o 20º lugar na lista de
melhores álbuns de Metal da História, pela revista LA Weekly,
em 2013. Além disto, a revista norte-americana Decibel elegeu
Blue Record como o álbum do ano de 2009.
Em
fevereiro e março de 2010, o Baroness tocou no Australian
Soundwave Festival, ao lado de bandas como Clutch, Isis,
Meshuggah, Janes Addiction e Faith No More,
visitando o Japão em março de 2010, com o Isis.
O
Baroness fez uma turnê com muitas outras bandas proeminentes, como
apoiar o Mastodon em sua turnê pelos EUA, entre abril e maio de
2010, e ao Deftones, entre agosto e setembro de 2010.
O
Baroness foi selecionado como um dos dois atos de apoio (o
outro sendo Lamb of God) para o Metallica em sua turnê
pela Austrália e Nova Zelândia, no final de 2010.
O
Baroness também tocou nos festivais Coachella e
Bonnaroo, em 2010.
O
Baroness lançaria o ótimo Yellow & Green, seu
terceiro álbum de estúdio, em 17 de julho de 2012.
Formação:
John
Dyer Baizley - Vocal, Guitarra, Piano
Allen
Blickle - Bateria
Pete
Adams - Guitarra, Backing Vocals
Summer
Welch - Baixo
Faixas:
01.
Bullhead's Psalm (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 1:20
02.
The Sweetest Curse (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:31
03.
Jake Leg (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:23
04.
Steel That Sleeps the Eye (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 2:38
05.
Swollen and Halo (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 6:35
06.
Ogeechee Hymnal (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 2:36
07.
A Horse Called Golgotha (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 5:21
08.
O'er Hell and Hide (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:22
09.
War, Wisdom and Rhyme (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:26
10.
Blackpowder Orchard (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 1:01
11.
The Gnashing (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 4:18
12.
Bullhead's Lament (Baizley/Blickle/Adams/Welch) - 2:59
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/baroness/
Opinião
do Blog:
Quando se trata de bandas do novo milênio, em termos de musicalidade mais pesada, é obrigatório colocar-se o Baroness como uma das referências. Em pouco mais de uma década, o grupo apresenta uma discografia extremamente sólida e de alto nível.
Sobrevivendo ao terrível acidente de 2012, que quase dizimou o conjunto, será um exercício animador ver até onde a banda poderá chegar uma vez que seus registros são sempre muito interessantes.
Para o RAC, Blue Record representa uma evolução natural de sua curiosa estreia, Red Album, de 2007. Neste disco, a estrutura técnica, intrincada e pesada ganha mais camadas melódicas, aumentando as possibilidades e as fronteiras musicais do Baroness.
É óbvio que a alma da banda é seu líder e frontman, John Dyer Baizley, o qual se revela um criativo compositor e competente vocalista e instrumentista.
Mas o álbum não vive apenas disto. A seção rítmica formada pelo frenético baterista Allen Blickle e pelo baixista Summer Welch mantém o peso e o groove constantes, permitindo que as guitarras brilhem intensamente tanto nos riffs quanto nos solos.
Assim sendo, Blue Record é um disco pesado e inspirado no Heavy Metal, sem dúvidas, mas é ao mesmo tempo riquíssimo em melodias belíssimas e cativantes. Sua riqueza reside, também, em ser técnico, intrincado e absurdamente melódico.
Músicas impressionantes como "The Sweetest Curse", "The Gnashing", e "Swollen and Halo" sustentam as afirmações acima, bem como a 'folk' "Steel That Sleeps the Eye".
Mas o RAC elege a brutal "A Horse Called Golgotha" e a inquietante "War, Wisdom and Rhyme" como suas preferidas.
Por fim, resta recomendar brutalmente Blue Record a nossos leitores, pois se trata de um dos melhores discos de seu tempo. Repetindo sem se importar em soar redundante, será muito interessante descobrir até onde o excelente Baroness chegará, pois a banda vem construindo uma discografia incrível até agora.
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