Spectres
é o quinto álbum de estúdio da banda norte-americana Blue Öyster
Cult. Seu lançamento oficial ocorreu em novembro de 1977 através do
selo Columbia Records. As gravações aconteceram entre julho e
setembro daquele mesmo ano, no estúdio The Record Plant, em Nova
York, Estados Unidos. A produção ficou por conta de Murray Krugman,
Sandy Pearlman, David Lucas e do próprio grupo.
Chegou
a vez do Blue Öyster Cult voltar às páginas do RAC,
após um longo período, com outro de seus mais notáveis trabalhos.
O Blog vai tratar de alguns fatos que se antecederam ao lançamento
do disco para depois abordar as faixas que o compõem.
Agents
of Fortune
Em
maio de 1976, o Blue Öyster Cult lançava Agents of Fortune, seu quarto álbum de estúdio.
Como
o link acima aponta, o RAC, em seus primórdios,
já abordou este disco e o leitor que quiser mais informações e
detalhes sobre o mesmo pode encontrar no post de 6 anos atrás!
Em
suma, Agents of Fortune foi um ponto de virada para a banda.
O
álbum possui alguns clássicos do conjunto como “This Ain't the
Summer of Love”, “E.T.I. (Extra Terrestrial Intelligence)” e,
principalmente, “(Don't Fear) The Reaper”.
O
disco foi muito bem nas principais paradas de sucesso
(norte-americana e britânica), alçando o grupo a um novo patamar,
permitindo que tocasse em arenas maiores e para um público cada vez
mais numeroso.
Há
outros fatores importantes envolvidos na composição, produção e
lançamento de Agents of Fortune.
Joe Bouchard |
O
primeiro é que o Blue Öyster Cult começou a abandonar uma
roupagem mais Heavy Metal para trazer uma sonoridade que, embora com
algum inegável peso, trazia riqueza de melodias e uma incontestável
sonoridade Hard setentista.
O
segundo fator, e tão importante quanto, é que os membros da banda
passaram a compor individualmente as canções em vez de trabalharem
em conjunto nas composições. Agora, cada músico apresentava a
canção já previamente formatada ao restante da banda quando
começava o trabalho de gravação.
Próximo
trabalho
O
conjunto continuava com a mesma formação do trabalho anterior: Eric
Bloom na guitarra, Donald "Buck Dharma" Roeser também na
guitarra, Allen Lanier nos teclados, Joe Bouchard no baixo e Albert
Bouchard na bateria. Como se sabe, os vocais eram divididos por todos
os membros, embora Bloom e Roeser fossem os vocalistas mais
prioritários.
Após
extensa turnê, a qual contava com equipamento de Lasers para
iluminação, o grupo começou a trabalhar em seu novo álbum, o qual
se tornaria Spectres.
Albert Bouchard |
Para
a produção, a banda trouxe a mesma equipe bem-sucedida do trabalho
anterior: Murray Krugman, o manager Sandy Pearlman e o produtor David
Lucas, além do próprio grupo auxiliar neste trabalho.
As
gravações ocorreram entre julho e setembro de 1977 e, novamente, o Record
Plant em Nova York foi o estúdio escolhido.
A
capa apresenta uma fotografia do grupo, trabalho de Eric Meola. (Nota
do Blog: Eric Meola é um fotógrafo americano. Graduou-se na
Universidade de Syracuse em 1968 e é autodidata na arte da
fotografia. Em Nova York, ele aprendeu com o fotógrafo Pete Turner,
o qual o influenciou no uso de cores saturadas e design gráfico da
arte de Meola. Ele viajou por todo o mundo e é reconhecido pelo uso
brilhante da cor em sua fotografia. Uma de suas fotos mais famosas,
Coca (Cola) Kid, foi tirada no Haiti).
Vamos
às faixas:
GODZILLA
"Godzilla" é ancorada por um riff de guitarra sensacional criado por Donald Roeser. O trabalho das guitarras é incrível e o baixo de Joe Bouchard é fundamental para a sólida base construída. A fusão do peso do Hard Rock com as melodias cativantes é o fator que torna a canção tão incrível. Clássico!
A
letra é baseada no monstro japonês Godzila:
History
shows again and again
How
nature points up the folly of men
Godzilla!
“Godzilla”
é um dos maiores clássicos do Blue Öyster Cult e se tornou
presença obrigatória nos shows do grupo. Roeser e Bloom dividem os
vocais nesta composição.
A
faixa foi lançada como single, mas não obteve maior repercussão em
termos das principais paradas desta natureza, a britânica e a
norte-americana.
Em
resposta à ausência da música na trilha sonora do filme Godzilla,
de 1998, os membros do Blue Öyster Cult, Eric Bloom e Buck
Dharma, criaram sua própria paródia chamada “NoZilla”, lançada
somente para estações de rádio.
Além
de aparecer em vários álbuns Ao Vivo e Coletâneas da banda, a
música “Godzilla” aparece em diversas outras mídias, como os
games Guitar Hero: Smash Hits e Rock Band. É trilha
sonora nos filmes Detroit Rock City e Dogtown and Z-Boys.
Entre
bandas que fizeram versões para a canção estão nomes como Racer
X, Fu Manchu, The Smashing Pumpkins, Sebastian
Bach e Fighting Gravity.
GOLDEN
AGE OF LEATHER
A ótima "Golden Age of Leather" possui a pegada Hard Rock setentista da banda, contando com guitarras aguçadas e marcantes. E, novamente, também possui a capacidade incrível do grupo em soar extremamente melódico. A presença dos teclados são uma constante e eles perfazem um aspecto interessante da sonoridade.
A
letra remete a um ritual de motoqueiros:
Then
the wind whipped the desert with a giant hand
And
the humans and the Harleys caught the shifting sand
And
the old ranger weathered the storm
And
he topped the rise by the middle of morn
He
saw rippled dunes, calm and surreal
And
a glint of a shaft of chromium steel
Os
vocais são feitos por Donald Roeser.
DEATH
VALLEY NIGHTS
Já nesta canção, o conjunto optou por uma abordagem mais contida e intimista. O trabalho do baixista continua como protagonista e o solo de guitarra é ótimo. Os vocais de Albert Bouchard combinam muito bem com a sonoridade.
A
letra possui um conteúdo apaixonado:
What
I need is a kiss from you babe
Before
it's hangover time
What
I need is some love from you babe
Before
the stampede arrives
I
need you
Os
vocais são feitos por Albert Bouchard.
SEARCHIN’
FOR CELINE
"Searchin' for Celine" possui um inegável aspecto setentista. Contagiante, a faixa traz à mente a sonoridade de bandas como o Queen (o que é ótimo). Eficiente em equilibrar as guitarras com uma musicalidade maliciosa e dançante, a canção funciona perfeitamente.
A
letra fala sobre uma mulher:
I
know where she's working
I
know where she hides
I
know why she's cursing
She
knows why I lie
Os
vocais são feitos por Eric Bloom.
FIREWORKS
"Fireworks" é uma canção em que o DNA do Blue Öyster Cult se expressa de modo completo: guitarras muito presentes, melodia cativante e uma dose perfeita de acessibilidade ao rock. Trabalho muito bem feito.
A
letra tem um conteúdo fantástico:
She
went down on a snow white pillow
To
cast herself in the looking glass
He
knew the time had finally come now
To
break the spell they shared at last
Os
vocais são feitos por Albert Bouchard.
R.
U. READY 2 ROCK
Nesta música, o grupo volta a apostar mais fortemente no Hard/Heavy. As guitarras soam mais pesadas e a seção rítmica está mais intensa. Os solos de guitarra estão muito bons e o vocal de Eric Bloom é incrível. Petardo!
A
letra é em tom de rebeldia:
I
ain't gonna catch those countdown blues
I
ain't gonna catch those countdown blues
I
only love to be born again
I
only love to be born again
I
only love to be born again
Os
vocais são feitos por Eric Bloom.
CELESTIAL
THE QUEEN
"Celestial the Queen" é um rock saboroso. A melodia é suave, o ritmo cadenciado e a atmosfera criada soa envolvente. A leveza 'quase pop' da sonoridade acaba conquistando o ouvinte.
A
letra se refere a uma figura feminina:
She
came from the dark she came from a dream
All
leather and chains the rising queen
Born
into the night born into the spotlight
She
spread her wings and then she was gone
Os
vocais são feitos por Joe Bouchard.
GOIN’
THROUGH THE MOTIONS
Os teclados são novamente os protagonistas em "Goin' Through the Motions". A canção possui um inconfundível toque dançante e o ritmo conta com um balanço contagiante. Excelente trabalho de Eric Bloom nos vocais.
A
letra é sobre consequências:
It's
a game, it's a game, no let's call it a shame
'Cause
there's no one to blame just to pay
You
were a friend for a day, so don't cry if I say
That
you got what you want, it's ok
Os
vocais são feitos por Eric Bloom.
“Goin'
Through the Motions” foi lançada como single e atingiu a 40ª
posição da principal parada britânica desta natureza.
I
LOVE THE NIGHT
"I Love the Night" possui um aspecto mais sombrio e inegavelmente boêmio. Sua levada mais contida e mais intimista compõem uma música diferente no conjunto do álbum, mas não menos interessante. Há um aspecto bluesy cativante em outro ponto alto do disco.
A
letra é bonita:
No
mortal was meant to see such wonder
One
look in the mirror told me so
Come
darkness I'll see her again
Yes
I'm gonna go 'cause now I know
Os
vocais são feitos por Donald Roeser.
“I
Love the Night” foi lançada como single não obtendo maior
repercussão em termos das principais paradas desta natureza, a
britânica e a norte-americana.
NOSFERATU
A décima - e última - faixa de Spectres é "Nosferatu". A derradeira canção do álbum é uma amostra da eficiência do Blue Öyster Cult em criar atmosferas perfeitas para a temática literária de suas composições. Brilhante!
A
letra menciona o famoso vampiro Nosferatu:
This
ship pulled in without a sound
The
faithful captain long since cold
He
kept his log till the bloody end
Last
entry read "Rats in the hold.
My
crew is dead, I fear the plague"
Os
vocais são feitos por Joe Bouchard.
Considerações
Finais
Spectres
acabou fazendo sucesso comercial e manteve a linha ascendente de
crescimento do Blue Öyster Cult.
O
álbum alcançou a 43ª posição da principal parada norte-americana
desta natureza, conquistando a 60ª colocação de sua correspondente
britânica. Ainda atingiu o 47º e o 58º lugares nas paradas de
Canadá e Suécia; respectivamente.
Spectres
teve o sucesso radiofônico “Godzilla” e se tornaria um dos
álbuns mais vendidos da banda, com outras músicas bem conhecidas
como “I Love The Night” e “Goin' Through The Motions”. No
entanto, suas vendas não foram tão fortes quanto as do álbum
anterior, Agents of Fortune, tornando-se seu primeiro álbum a vender
menos que o antecessor.
Ele
apresentou uma produção ainda mais polida e continuou a tendência
dos vocais principais amplamente compartilhados entre os membros do
grupo, embora Allen Lanier não tenha cantado em nenhuma faixa.
Tal
como acontece com o álbum anterior, Eric Bloom foi o vocalista
principal em menos da metade das músicas.
A
crítica tem apreço pelo trabalho. Robert Christgau deu uma nota ‘B’
ao disco. Martin Popoff, em seu The Collector's Guide to Heavy
Metal: Volume 1: The Seventies, dá nota máxima ao disco.
Já
Thom Jurek, do site AllMusic, dá a Spectres uma nota
3,5 (de 5), afirmando: “(…) eles queriam cimentar seu lugar.
Spectres não é a obra-prima que Agents of Fortune é,
mas não precisava ser. No entanto, ao ouvir Spectres de novo,
o álbum oferece a prova de que a vantagem comercial e criativa de
Agents of Fortune ainda
estava em vigor em determinados momentos e a banda apresentou um
single de abertura importante, “Godzilla”, uma melodia - por mais
boba que seja - é tão memorável quanto “(Don’t Fear) The
Reaper””.
Por
fim, Jurek conclui: “O BOC era a única banda em sua liga,
caminhando pela linha entre AOR, rock e metal, e oferecendo
narrativas tão detalhadas”. (Nota do Blog: BOC = Blue
Öyster Cult).
O
conjunto saiu em turnê após o lançamento do disco com algumas
apresentações sendo gravadas, as quais tomariam parte no álbum ao
vivo Some Enchanted Evening, de 1978, o trabalho mais
bem-sucedido, em vendas, do Blue Öyster Cult.
Spectres
supera a casa de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.
Formação:
Eric
Bloom - Guitarra, Vocal
Donald
"Buck Dharma" Roeser - Guitarra Base e Solo, Vocal
Allen
Lanier - Teclados, Guitarra
Joe
Bouchard - Baixo, Guitarra, Vocal
Albert
Bouchard - Bateria, Harmônica, Vocal
Músicos
adicionais:
Newark
Boys Chorus - coral em “Golden Age of Leather”
Faixas:
01.
Godzilla (Roeser) - 3:41
02.
Golden Age of Leather (Roeser/Abbott) - 5:53
03.
Death Valley Nights (A. Bouchard/Meltzer) - 4:07
04.
Searchin' for Celine (Lanier) - 3:35
05.
Fireworks (A. Bouchard) - 3:14
06.
R. U. Ready 2 Rock (A. Bouchard/Pearlman) - 3:45
07.
Celestial the Queen (J. Bouchard/Wheels) - 3:24
08.
Goin' Through the Motions (Bloom/Hunter) - 3:12
09.
I Love the Night (Roeser) - 4:23
10.
Nosferatu (J. Bouchard/Wheels) - 5:23
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/blue-oyster-cult/
Opinião
do Blog:
Finalmente o Blue Öyster Cult retorna às páginas do RAC, mas, felizmente, com outra de suas obras mais impactantes: Spectres.
Assim como em seu impressionante antecessor, Agents of Fortune, o grupo contava com uma formação harmônica e bem talentosa. As guitarras de Eric Bloom e Donald Roeser são precisas e ferozes, mas é inegável o protagonismo dos teclados de Allen Lanier e do baixo de Joe Bouchard.
Desta forma, o Blue Öyster Cult continua, em Spectres, o caminho iniciado em Agents of Fortune: sem abrir mão, o Hard Rock e o Heavy Metal vão permitindo espaço para o Rock e para o AOR (de bandas como Boston e Journey, por exemplo) na musicalidade de suas composições.
Portanto, Spectres soa pesado e intenso, mas também melódico, suave e cativante, sendo, por vezes, até "dançante". E seu maior mérito está justamente na qualidade de sua sonoridade em integrar esta gama de musicalidades sem soar artificial ou forçado.
As letras também são bem legais e merecem uma conferida mais atenta. Com vários compositores e vocalistas, Spectres é um disco com muitas possibilidades e variantes. Ora flerta com o Black Sabbath, ora lembra o Queen.
A intimista "Death Valley Nights" e a boêmia "I Love the Night" demonstram uma fachada mais contida do grupo. "Nosferatu" é um Rock maiúsculo e criativo.
Mas as preferidas do Blog são as pauladas "Godzilla" e "R. U. Ready 2 Rock", estas, entre as melhores faixas compostas pela banda em sua extensa discografia.
Enfim, Spectres é mais uma amostra de como o Blue Öyster Cult foi um expoente do Rock/Hard/Heavy nos anos setenta e, também, da forma subestimada com a qual é tratado nos dias de hoje. Um álbum excelente, sem pontos baixos e que apresenta uma banda, literalmente, 'pegando fogo'! Altamente recomendado!
Finalmente o Blue Öyster Cult retorna às páginas do RAC, mas, felizmente, com outra de suas obras mais impactantes: Spectres.
Assim como em seu impressionante antecessor, Agents of Fortune, o grupo contava com uma formação harmônica e bem talentosa. As guitarras de Eric Bloom e Donald Roeser são precisas e ferozes, mas é inegável o protagonismo dos teclados de Allen Lanier e do baixo de Joe Bouchard.
Desta forma, o Blue Öyster Cult continua, em Spectres, o caminho iniciado em Agents of Fortune: sem abrir mão, o Hard Rock e o Heavy Metal vão permitindo espaço para o Rock e para o AOR (de bandas como Boston e Journey, por exemplo) na musicalidade de suas composições.
Portanto, Spectres soa pesado e intenso, mas também melódico, suave e cativante, sendo, por vezes, até "dançante". E seu maior mérito está justamente na qualidade de sua sonoridade em integrar esta gama de musicalidades sem soar artificial ou forçado.
As letras também são bem legais e merecem uma conferida mais atenta. Com vários compositores e vocalistas, Spectres é um disco com muitas possibilidades e variantes. Ora flerta com o Black Sabbath, ora lembra o Queen.
A intimista "Death Valley Nights" e a boêmia "I Love the Night" demonstram uma fachada mais contida do grupo. "Nosferatu" é um Rock maiúsculo e criativo.
Mas as preferidas do Blog são as pauladas "Godzilla" e "R. U. Ready 2 Rock", estas, entre as melhores faixas compostas pela banda em sua extensa discografia.
Enfim, Spectres é mais uma amostra de como o Blue Öyster Cult foi um expoente do Rock/Hard/Heavy nos anos setenta e, também, da forma subestimada com a qual é tratado nos dias de hoje. Um álbum excelente, sem pontos baixos e que apresenta uma banda, literalmente, 'pegando fogo'! Altamente recomendado!
"Spectres" me decepcionou um pouco quando ouvi pela primeira vez, mas na segunda audição me pegou de jeito. "Godzilla" e "R. U. Ready 2 Rock" são, para mim também, as melhores músicas do álbum, mas "The Golden Age of Leather" chega bem perto. A versão ao vivo de 2012, com Kasim Sulton (do Utopia) no baixo e vocal, é absolutamente imperdível, até porque ele é um vocalista muito bom. Lembro de ter pensado que "Going Through the Motions" lembrava Mott The Hoople de 1973-74, só para depois descobrir que Ian Hunter era coautor da música!!
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, meu querido. Agregou bastante ao post.
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