Camel
é o álbum de estreia da banda inglesa de mesmo nome, obviamente, o
Camel. Seu lançamento oficial aconteceu em 28 de fevereiro de 1973
através do selo MCA Records. As gravações ocorreram entre 15 e 26
de agosto de 1972, no Morgan Studios, em Londres, na Inglaterra. A
produção ficou sob responsabilidade de Dave Williams.
O
Rock Progressivo volta às páginas do RAC com
uma de suas melhores bandas: o Camel. Como de costume, o Blog
vai tratar, brevemente, das origens do grupo para depois se voltar ao
álbum propriamente dito.
Peter
Bardens
Vai-se
começar a contar a história do Camel através do tecladista
Peter Bardens.
Bardens
nasceu em Westminster London, filho de Dennis Bardens, um romancista
e biógrafo, e crescendo em Notting Hill. Ele estudou arte na Byam
Shaw School of Art e aprendeu piano, antes de mudar para o órgão
Hammond, depois de ouvir Jimmy Smith. (Nota do Blog: A Escola
de Arte Byam Shaw, muitas vezes conhecida simplesmente como Byam
Shaw, era uma escola de arte independente em Londres, Inglaterra, que
foi fundada em 1910 por John Liston Byam Shaw e Rex Vicat Cole./Nota
do Blog II: James Oscar Smith foi um músico afro-americano de
Jazz que alcançou a rara distinção de lançar uma série de álbuns
de jazz instrumental que muitas vezes atingiram a Billboard.
Smith ajudou a popularizar o órgão elétrico Hammond B-3, criando
um vínculo indelével entre o Soul e a improvisação de jazz nos
anos 1960).
Em
1965, ele passou um breve período como tecladista do Them,
logo depois de deixar o The Cheynes. (Nota do Blog: o
Them foi uma banda norte-irlandesa, formada em Belfast, em
abril de 1964, mais conhecida pela canção “Gloria” e pelo
início da carreira musical do vocalista Van Morrison).
Bardens
formou o Peter B's Looners, que eventualmente se transformou
no Shotgun Express, uma banda que tocava música soul e
apresentou Rod Stewart, Peter Green e Mick
Fleetwood. Fleetwood disse mais tarde que o recrutamento de
Barden começou sua carreira musical. (Nota do Blog: Michael
John Kells Fleetwood é um músico e ator britânico, mais conhecido
por seu papel de baterista e cofundador da banda de rock Fleetwood
Mac).
De
agosto de 1968 a fevereiro de 1970, Bardens
formou o
The Village, o qual contava
com o baixista Bruce Thomas
(que tocaria com
Elvis Costello and
The Attractions)
e o
baterista
Bill Porter. O grupo
lançou
um single, “Man In The Moon”/“Long Time Coming”.
Peter Bardens |
Em
1970, Bardens gravou The
Answer, um álbum o
qual contava com Peter Green
e Andy Gee. (Nota
do Blog: Peter Green (nascido
Peter Allen Greenbaum) é um guitarrista inglês de blues rock que
fez parte de grupos como John Mayall & the
Bluesbreakers e Fleetwood
Mac).
Bardens
ainda gravou
um álbum homônimo
em 1971, que foi lançado nos Estados Unidos como Write
My Name in the Dust,
antes de se juntar ao Camel
ainda naquele ano.
Primórdios do Camel
O guitarrista Andrew Latimer, o baterista Andy Ward e o baixista Doug
Ferguson tocavam como um trio chamado Brew, na área de Guildford,
Surrey, na Inglaterra.
Em
20 de fevereiro de 1971, eles fizeram um teste para ser a banda de
apoio do cantor e compositor Phillip Goodhand-Tait, lançando um
álbum com ele, em agosto de 1971, intitulado I
Think I'll Write a Song
pela gravadora DJM Records.
O
disco foi o primeiro e único álbum com Goodhand-Tait. (Nota
do Blog: Phillip Goodhand-Tait
é um cantor e compositor inglês, produtor de discos e tecladista).
União com Peter Bardens
Latimer,
Ward e Fergunson recrutaram
o tecladista Peter
Bardens.
O
grupo fez um show inicial,
para cumprir um compromisso de Bardens, em 8 de outubro de 1971, em
Belfast, na Irlanda
do Norte sob o nome de Peter Bardens' On.
Logo
em seguida, o
conjunto mudou seu nome para
Camel. Sob
o novo nome, seu primeiro
show foi no Waltham Forest Technical College, em Londres, apoiando o
lendário Wishbone Ash, em 4 de dezembro de 1971.
Andrew Latimer |
Primeiro álbum
Em agosto de 1972, o conjunto assinou um contrato de gravação com a
MCA Records.
Naquele
mesmo mês, entre os dias 15 e 26, o conjunto se reuniu no Morgan
Studios, em Londres, para a gravação daquilo que se tornaria seu
disco de estreia, Camel.
A produção ficou por conta de Dave Williams.
A capa remete ao nome do grupo.
Vamos às faixas:
SLOW
YOURSELF DOWN
A interessante "Slow Yourself Down" abre o disco de modo cativante. A alternância de ritmos e dinâmicas é uma amostra de todo o talento dos membros do grupo. Se o vocal de Andrew Latimer soa um pouco relaxado, seu talento na guitarra compensa. Peter Bardens simplesmente arrasa no órgão e a seção rítmica não fica atrás!
A letra possui uma mensagem de cumplicidade:
They tell me your past often hurt you,
And even your friends, they would desert you
But now you are beginning to see,
The same things have happened to me -
Just slow yourself down, I'm coming along
MYSTIC
QUEEN
"Mystic Queen" conta com ótimos e contidos vocais do baixista Doug Ferguson. Destacam-se o trabalho intenso do baterista Andy Ward e a guitarra de Latimer que brilha intensamente. Uma faixa tocante, repleta de beleza e sensibilidade.
Como o próprio nome indica, a letra possui sentido de fantasia:
Have you seen the Mystic
Over hills
If you'd like I'll
Colours that you've
SIX
ATE
"Six Ate" é um interessante esforço instrumental do conjunto. A dinâmica na variação de ritmos e musicalidades é uma constante, mas a sensibilidade melódica dos músicos constrói uma sonoridade extremamente agradável. Belíssima canção!
SEPARATION
"Separation" contém vocais de Andrew Latimer. Trata-se de uma música mais curta e mais direta, contando com bastante energia. A guitarra de Latimer está infernal e o baixo de Doug Ferguson se apresenta dominante. Verdadeira paulada!
A letra remete a um relacionamento que terminou:
It's just no use in going on
When all the feeling now has gone
You know we both have tried,
Yeah, we both have lied,
Now as tears subside, we move our own way
NEVER
LET GO
"Never Let Go" possui uma leve e comovente introdução que conduz a canção até a típica musicalidade do Camel. A melodia muito cativante condiz com a sonoridade intrincada e técnica, com Latimer e Bardens dando um verdadeiro show em seus instrumentos. Clássico indiscutível!
A letra questiona religiões:
I hear them talk about kingdom come
I hear them discuss armageddon
They say the hour is getting late
But I can still hear someone say
This is not the way
“Never Let Go” foi o primeiro single lançado pelo Camel.
Ele não obteve maiores repercussões em termos das principais
paradas de sucesso desta natureza, a britânica e norte-americana.
Mas, mesmo assim, tornou-se um clássico do grupo.
A faixa é presença constante nos shows do conjunto, estando
presente em três álbuns ao vivo e em coletâneas. Muitos fãs a
consideram uma das canções mais populares do Camel.
CURIOSITY
O órgão de Peter Bardens domina "Curiosity" de modo envolvente. Os vocais se apresentam interessantes e combinando perfeitamente com a musicalidade. A banda se mostra repleta de energia e virtuosidade em uma sonoridade extremamente agradável.
A letra remete ao desejo de descobrir:
Now our bodies have entwined,
Touch me with your mind
Your dreams are a mystery,
Please share them with me
ARUBALUBA
A sétima - e última - faixa de Camel é "Arubaluba". O disco se encerra em um esforço totalmente instrumental do grupo. Embora continue apresentando a alternância de dinâmica própria do Progressivo, a derradeira canção do álbum flerta de modo intenso com a sonoridade Hard Rock, constituindo-se na música mais pesada do trabalho.
Considerações
Finais
Embora o leitor possa ter presenciado a qualidade de Camel, o
álbum acabou não fazendo sucesso comercial e nem de crítica na
época de seu lançamento.
O disco não conseguiu atingir as principais paradas de sucesso desta
natureza no Reino Unido e nos Estados Unidos. Como resultado de seu
fracasso comercial, a gravadora MCA Records optou por não gravar um
segundo disco com o grupo.
Daevid Jehnzen, do site AllMusic, dá uma nota 2 (de 5) ao
disco e afirma: “O Camel ainda estava procurando seu som de
assinatura em seu homônimo álbum de estreia. Neste ponto, Peter
Bardens e seu grande órgão dominam o som do grupo e Andrew Latimer
parece experimentando na ocasião”.
O álbum foi saudado com um sucesso silencioso e, como dito, a MCA
não aceitou uma opção para um segundo álbum.
Após isso, o grupo adquiriu a equipe de gerenciamento de Geoff Jukes
e Max Hole, da Gemini Artists (mais tarde, a GAMA Records) e se mudou
para a Deram Records, uma divisão da Decca Records, onde
permaneceriam nos próximos 10 anos.
O Camel saiu em turnê por 9 meses no ano de 1973, estabelecendo uma
boa reputação como banda ao vivo, em lugares como Reino Unido,
Suíça, Bélgica e Holanda.
Durante este período, o grupo compartilhou o palco com outros
artistas como Stackridge, Barclay James Harvest, Gong,
Hawkwind, Pink Fairies, Global Village Trucking
Company e Spyro Gyra.
Em 1º de março de 1974, o Camel lançava seu segundo álbum
de estúdio, o clássico Mirage.
Formação:
Andrew Latimer - Guitarra; Vocal em 01 e 04
Peter Bardens - Órgão, Mellotron, Piano, Sintetizador VCS 3; Vocal
em 05
Doug Ferguson - Baixo; Vocal em 02 e 06
Andy Ward - Bateria, Percussão
Faixas:
01. Slow Yourself Down (Latimer/Ward) - 4:47
02. Mystic Queen (Bardens) - 5:40
03. Six Ate (Latimer) - 6:06
04. Separation (Latimer) - 3:57
05. Never Let Go (Latimer) - 6:26
06. Curiosity (Bardens) - 5:55
07. Arubaluba (Bardens) - 6:28
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/camel/
Opinião
do Blog:
Desde que o RAC resolveu por começar a se interessar pelo Rock Progressivo, bandas e álbuns incríveis foram sendo descobertos e este é o momento de se falar sobre um dos mais interessantes grupos desta vertente do Rock: o Camel.
Assim, quando se trata de Prog, pode-se colocar o Camel em um patamar bem alto, mesmo que o conjunto não seja dos mais conhecidos entre aqueles que não se aprofundam de modo mais intenso pela sonoridade Progressiva.
Qualquer banda que possua músicos do calibre de Andrew Latimer, Peter Bardens e Andy Ward está bem à frente das demais quanto à questão da qualidade de seus músicos. Neste Camel, especialmente o tecladista Bardens demonstra seu talento muito acima da média.
Neste disco de estreia, Camel, nota-se um grupo que está buscando sua identidade autoral a qual seria conseguida (e consagrada) em álbuns posteriores. Mas nem por isso este trabalho não mereça ser ouvido e apreciado.
A sonoridade proposta é obviamente a do Rock Progressivo e a alternância de sonoridades e dinâmicas são uma constante nas canções. A unidade é construída pela beleza das melodias e o extremo bom gosto na forma que o conjunto constrói os arranjos.
As letras são boas e merecem ser conferidas.
Camel apresenta belas músicas. A sensível e tocante "Mystic Queen" encanta, "Curiosity" e "Slow Yourself Down" trazem dinamismo e energia enquanto "Arubaluba" é pesada e intensa.
Mas o RAC elege a linda "Six Ate" e o clássico "Never Let Go" como suas favoritas.
Enfim, é óbvio que o Camel se consagraria e se eternizaria com os fabulosos álbuns que lançou posteriormente, como Mirage (1974), mas nem por isso o RAC pensa que sua estreia, Camel, não deva ser conhecida e apreciada, especialmente pela categoria de músicos como Andrew Latimer e Peter Bardens. Álbum recomendado, especialmente para fãs de boa música.
Desde que o RAC resolveu por começar a se interessar pelo Rock Progressivo, bandas e álbuns incríveis foram sendo descobertos e este é o momento de se falar sobre um dos mais interessantes grupos desta vertente do Rock: o Camel.
Assim, quando se trata de Prog, pode-se colocar o Camel em um patamar bem alto, mesmo que o conjunto não seja dos mais conhecidos entre aqueles que não se aprofundam de modo mais intenso pela sonoridade Progressiva.
Qualquer banda que possua músicos do calibre de Andrew Latimer, Peter Bardens e Andy Ward está bem à frente das demais quanto à questão da qualidade de seus músicos. Neste Camel, especialmente o tecladista Bardens demonstra seu talento muito acima da média.
Neste disco de estreia, Camel, nota-se um grupo que está buscando sua identidade autoral a qual seria conseguida (e consagrada) em álbuns posteriores. Mas nem por isso este trabalho não mereça ser ouvido e apreciado.
A sonoridade proposta é obviamente a do Rock Progressivo e a alternância de sonoridades e dinâmicas são uma constante nas canções. A unidade é construída pela beleza das melodias e o extremo bom gosto na forma que o conjunto constrói os arranjos.
As letras são boas e merecem ser conferidas.
Camel apresenta belas músicas. A sensível e tocante "Mystic Queen" encanta, "Curiosity" e "Slow Yourself Down" trazem dinamismo e energia enquanto "Arubaluba" é pesada e intensa.
Mas o RAC elege a linda "Six Ate" e o clássico "Never Let Go" como suas favoritas.
Enfim, é óbvio que o Camel se consagraria e se eternizaria com os fabulosos álbuns que lançou posteriormente, como Mirage (1974), mas nem por isso o RAC pensa que sua estreia, Camel, não deva ser conhecida e apreciada, especialmente pela categoria de músicos como Andrew Latimer e Peter Bardens. Álbum recomendado, especialmente para fãs de boa música.
Perfeitos! Vocês conseguiram colocar o Camel 1973 em devido lugar! Um discaço de estréia de uma banda seminal de música...
ResponderExcluirMandou muito bem
ResponderExcluirTá de PARABÉNS
Muito obrigado!
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