Mr.
Fantasy é o álbum de estreia da banda inglesa Traffic. Seu
lançamento oficial aconteceu em 8 de dezembro de 1967 através do
selo Island Records. As gravações ocorreram entre abril e novembro
daquele mesmo ano no Olympic Studios, em Londres, na Inglaterra. A
produção ficou por conta de Jimmy Miller.
O
RAC finalmente promove a estreia da excelente
banda inglesa Traffic por aqui. Um breve histórico do grupo
será apresentado antes de se focar no disco propriamente dito.
Steve
Winwood
Stephen
Lawrence Winwood nasceu em Handsworth, Birmingham, na Inglaterra, em
12 de maio de 1948. Seu pai, Lawrence, era um músico
semiprofissional, tocando principalmente saxofone e clarinete.
O
jovem Winwood se interessou pelo swing e pelo jazz Dixieland quando
menino, começou a tocar piano aos quatro anos e logo aprenderia
bateria e guitarra. Ele se apresentou pela primeira vez com seu pai e
seu irmão mais velho, Muff, na Ron Atkinson Band, aos oito anos de
idade. (Nota do Blog: O Dixieland ou Jazz tradicional, é um
subgênero de jazz criado em 1910, em Nova Orleans. Considerado o
último estilo da mistura musical afro europeia. Em 1917, foi o
primeiro uso do termo Jazz com o grupo Original Dixieland Jazz Band,
anteriormente se escrevia Jass).
Aliás,
sobre isso, Muff uma vez recordou que quando Steve começou a tocar
regularmente com seu pai e irmão em pubs e clubes licenciados, o
piano teve que ser virado de costas para o público, para tentar
escondê-lo, pois ele era obviamente menor de idade.
Winwood
foi um garoto do coral da igreja St John's Church of England, em
Perry Barr. Enquanto ele ainda era jovem, a família se mudou de
Handsworth para o subúrbio semi-rural de Great Barr, no extremo
norte da cidade.
Winwood
frequentou a Great Barr School, a qual foi uma das primeiras escolas
abrangentes, onde um professor lembrou que ele era um estudante
consciencioso e capaz, demonstrando habilidade em matemática.
Steve
também frequentou o Birmingham and Midland Institute of Music, para
desenvolver suas habilidades como pianista, mas não completou o
curso.
Enquanto
ainda era aluno da Great Barr School, Winwood tomou parte da cena de
rhythm and blues de Birmingham, tocando órgão Hammond C-3 e
guitarra, em suporte a cantores de blues como Muddy Waters,
John Lee Hooker, T-Bone Walker, Howlin' Wolf, BB
King, Sonny Boy Williamson II, Chuck Berry e Bo
Diddley, entre outros,
em suas turnês pelo Reino Unido. (Nota do Blog: O costume, na
época, para os cantores norte-americanos, era viajarem sozinhos e
serem apoiados por bandas contratadas, as quais eram formadas, na
maioria das vezes, por músicos de estúdio).
Naquela
época, Winwood estava
morando na Atlantic Road, em Great Barr, perto dos locais de shows de
música de Birmingham, onde ele também tocava. Winwood modelou sua
forma de cantar depois de assistir ao inesquecível Ray Charles.
Winwood
(ainda conhecido como "Stevie" Winwood) juntou-se ao The
Spencer Davis Group aos 14 anos de idade, junto a seu irmão mais
velho, Muff, que mais tarde teve sucesso como produtor musical.
A
voz e estilo vocal distintivo de Winwood fizeram surgir comparações
com Ray Charles.
O
grupo teve seu primeiro single número um no final de 1965, com “Keep
On Running”; e o dinheiro advindo desse sucesso permitiu que
Winwood comprasse seu próprio órgão Hammond B-3.
Winwood
seria o coautor e gravaria os sucessos “Gimme Some Lovin’” e
“I'm a Man”, antes de deixar o The Spencer Davis Group, em
1967. Com o conjunto, Steve gravou álbuns como The Second Album
e Autumn '66, ambos de 1966.
Steve Winwood |
Naquela
mesma época, Winwood juntou forças com o guitarrista Eric Clapton como parte do grupo Eric Clapton and the Powerhouse.
De todas as músicas que foram gravadas para o selo Elektra, apenas
três faixas tomaram lugar na compilação de 1966 chamada What's
Shakin'.
Jim
Capaldi
Nicola
James Capaldi nasceu em 2 de agosto de 1944, em Evesham,
Worcestershire, na Inglaterra.
Os
pais de James eram ingleses Marie (Née Couchier) e Nicholas Capaldi.
Seu pai nasceu Nicola Capaldi, em 1913, em Evesham, filho de
italianos.
Quando
criança, Capaldi estudou piano e cantou com o pai, um professor de
música, e na adolescência tocava bateria com os amigos. Aos 14 anos
ele fundou a banda The Sapphires na qual atuava como vocalista
principal.
Aos
16 anos, ele fez um aprendizado em uma fábrica em Worcester, onde
conheceu Dave Mason.
Em
1963 ele formou o Hellions, com Mason na guitarra e Gordon
Jackson na guitarra base, enquanto o próprio Capaldi se mudou para a
bateria. Em agosto de 1964, Tanya Day levou o Hellions ao
Star-Club, em Hamburgo, na Alemanha, como seu grupo de apoio.
O
The Spencer Davis Group estava hospedado no mesmo hotel que o
Hellions e foi lá que Steve Winwood fez amizade com Capaldi e
Mason.
De
volta a Worcester, o Hellions fornecia apoio a artistas visitantes,
incluindo Adam Faith e Dave Berry. No final de 1964, o
conjunto se apresentava fixamente no Whiskey a Go Go Club, em
Londres.
Entre
1964-65, a banda lançou três singles, mas nenhum deles fez sucesso.
Mais tarde, naquele ano, John ‘Poli’ Palmer se juntou à banda,
na bateria, e Capaldi se tornou o vocalista principal.
O
Hellions voltou para Worcester em 1966, onde mudou seu nome
para Revolution, lançando um quarto single que também não
fez sucesso.
Desiludido,
Dave Mason deixou o conjunto. Capaldi substituiu Mason por Luther
Grosvenor e renomeou a banda para Deep Feeling.
Capaldi,
Jackson e Palmer escreveram canções originais para o grupo e que
eram mais pesadas que o repertório do Hellions. Eles fizeram
shows em Birmingham e na região de Black Country; e o ex-manager do
Yardbirds, Giorgio Gomelsky, ofereceu-lhes um contrato de
gravação.
O
Deep Feeling gravou várias faixas de estúdio entre 1966 a
1968, que permaneceram inéditas até 2009, quando o álbum Pretty
Colors foi lançado pela Sunbeam Records.
Capaldi
e a banda tocavam frequentemente em Londres e um desconhecido chamado
Jimi Hendrix tocava guitarra com eles, no Knuckles Club.
Jim Capaldi |
De
volta a Birmingham, Capaldi ocasionalmente se juntava aos seus amigos
Mason, Winwood e Chris Wood para apresentações improvisadas de
horas extras no clube The Elbow Room, na Aston High Street. No começo
de 1967, eles formalizaram esse arranjo formando o Traffic, e
o Deep Feeling se desfez.
Dave
Mason
David
Thomas Mason nasceu no dia 10 de maio de 1946, em Worcester, na
Inglaterra. Como afirmado acima, Mason tomou parte da banda Hellions,
de Jim Capaldi.
Além
disso, Mason era amigo do guitarrista Jimi Hendrix, cuja
carreira foi lançada na Inglaterra em 1966. Hendrix ouviu
pela primeira vez a música “All Along the Watchtower”, do álbum
John Wesley Harding, de Bob Dylan, com Mason no
apartamento de um amigo que havia adquirido um lançamento prévio do
disco.
Hendrix
gravou sua própria versão no Olympic Studios, no sudoeste de
Londres, com Mason tocando um violão de 12 cordas. A canção foi
lançada no álbum Electric Ladyland, em setembro de 1968.
Chris
Wood
Christopher
Gordon Blandford Wood nasceu em 24 de junho de 1944, em Quinton,
subúrbio de Birmingham, na Inglaterra.
Chris
Wood teve interesse em música e pintura desde a infância.
Autodidata em flauta e saxofone, os quais começou a tocar aos 15
anos de idade, ele iniciou a se apresentar localmente com outros
músicos de Birmingham que mais tarde encontrariam fama internacional
na música: Christine Perfect (mais tarde Christine McVie),
Carl Palmer, Stan Webb, e Mike Kellie.
Wood
tocou com Perfect, em 1964, na banda Shades of Blue; e com Kellie,
durante 1965 e 1966 na banda Locomotive.
Ele
frequentou o Stourbridge College of Art, e, em seguida, a Birmingham
School of Art (Departamento de Pintura) e, posteriormente, foi
premiado com uma bolsa para participar da Royal Academy of Art a
partir de dezembro de 1965.
Aos
18 anos, Wood se juntou ao Steve Hadley Quartet, um grupo de
jazz/blues em 1962. Sua irmã mais nova, Stephanie, desenhava roupas
para o the Spencer Davis Group, com sede em Birmingham, e foi
através dela que Wood foi apresentado pela primeira vez ao seu
compatriota Steve Winwood.
Um
conhecido clube de Birmingham - o Elbow Room - era um local
frequentado por bandas e músicos locais, e foi aqui que Wood se
encontrou com Winwood e Jim Capaldi. Com a idade de 18 anos, Winwood
abandonou o Spencer Davis Group, no auge de sua popularidade
e, junto com Wood, Capaldi e Dave Mason, formaram o Traffic.
Chris Wood |
Formação
do Traffic
O
vocalista, tecladista e guitarrista do Traffic, Steve
Winwood, era o vocalista do Spencer Davis Group aos 14
anos. O Spencer Davis Group lançou quatro singles e três
álbuns no Top Ten do Reino Unido, além de dois singles no Top Ten
norte-americano.
O
baterista/vocalista/letrista Jim Capaldi e o guitarrista Dave Mason
estiveram juntos no Hellions e no Deep Feeling,
enquanto o flautista Chris Wood saiu do Locomotive.
Winwood,
Capaldi, Mason e Wood se conheceram quando se juntaram no The Elbow
Room, um clube em Aston, Birmingham.
Depois
que Winwood deixou o Spencer Davis Group, em abril de
1967, o quarteto formou o Traffic. Capaldi surgiu com o nome
do grupo enquanto os quatro estavam esperando para atravessar a rua
em Dorchester.
Logo
depois, eles alugaram uma casa de campo perto da vila rural de Aston
Tirrold, Berkshire, para escreverem e ensaiarem novas músicas.
O
Traffic assinou com a gravadora Island Records, de Chris
Blackwell, onde o irmão mais velho de Winwood, Muff, também membro
do Spencer Davis Group, mais tarde se tornou produtor e
executivo.
O
single de estreia, “Paper Sun”, tornou-se um sucesso no Reino
Unido em meados de 1967. Seu segundo single, composto por Mason,
“Hole in My Shoe”, foi um sucesso ainda maior e se tornou uma de
suas faixas mais conhecidas.
O
terceiro single da banda seria “Here We Go Round the Mulberry
Bush”, o qual foi feito para a trilha sonora do longa britânico de
1967 de mesmo nome.
Seu
álbum de estreia seria Mr. Fantasy, produzido por Jimmy
Miller.
Mr.
Fantasy
O
álbum foi gravado no Olympic Studios com o produtor musical
americano Jimmy Miller e o engenheiro de gravação Phill Brown.
Quando
perguntaram a Brown sua memória favorita de engenharia, ele
respondeu: “a gravação de “Dear Mr. Fantasy”, a uma da manhã,
novembro de 1967”.
Entre
pausas e muitas sessões, as gravações se estenderam de abril a
novembro daquele ano.
O
lançamento no Reino Unido foi um dos primeiros álbuns da gravadora
Island Records. Esta edição teve uma capa colorida e incluiu 10
músicas, mas deixou de fora os supracitados singles de sucesso do
Traffic.
A
cítara, um instrumento amplamente associado a esta era do Traffic
devido a seu uso nos singles “Paper Sun” e “Hole in My Shoe”,
é usada em apenas uma faixa do álbum britânico, “Utterly
Simple”. (Nota do Blog: A cítara é um instrumento de
cordas, usado sobretudo na música tradicional, mais comumente em
países de língua alemã nos Alpes e na Europa do Leste).
Vamos
às faixas:
HEAVEN
IS IN YOUR MIND
A seção rítmica confere um groove e um balanço incomparáveis na envolvente "Heaven Is in Your Mind". Capaldi e Winwood dividem os vocais e o resultado final é uma canção muito bonita, repleta de intensidade.
A
letra fala sobre ilusão:
You
ride on the swing in and out of the bars
Capturing
moments of life in a jar
Playing
with children, acting as stars
Guiding
your vision to heaven and heaven is in your mind
BERKSHIRE
POPPIES
Steve Winwood assume isoladamente os vocais na criativa música chamada "Berkshire Poppies". O órgão tem papel relevante em uma faixa divertidíssima, com clima dos musicais norte-americanos. Os backing vocals, repletos de artistas conhecidos, são um espetáculo à parte.
A
letra fala sobre o cotidiano:
I
walk through the green gates and into the park
Where
murderers crawl after girls in the dark
Down
by the shed I head a remark
I
turned on but no one could hear me
HOUSE
FOR EVERYONE
Em "House for Everyone", o guitarrista Dave Mason assume os vocais, em uma canção em que Chris Wood brilha com sua flauta. O ritmo alegre e suave é muito agradável.
A
letra possui um teor bucólico:
My
home is half a walnut shell, the journey will be long
So
I filled the whole with peppermints and creamy pink blanc-mange
I
sailed away for fifteen days, it never once got dark
And
came upon two large houses set out in a park
NO
FACE, NO NAME, NO NUMBER
A atuação dos vocais de Steve Winwood em "No Face, No Name, No Number" é simplesmente incrível. Uma música mais contida e de melodia triste, mas, igualmente, espetacular. Um dos grandes momentos do disco!
A
letra fala sobre uma garota:
I'm
looking for a girl who has no face
She
has no name, or number
And
so I search within his lonely place
Knowing
that I won't find her
Well,
I can't stop this feeling deep in inside me
Ruling
my mind
A
canção foi lançada como single, atingindo a 40ª posição da
principal parada britânica desta natureza.
DEAR
MR. FANTASY
Dave Mason assume o baixo em "Dear Mr. Fantasy" - e está ótimo - mas é na guitarra que ele se destaca em uma canção simplesmente antológica! Os vocais de Winwood são memoráveis e Mason também providencia a gaita, em um clima Hard Blues Rock espetacular. Clássica é pouco...
A
letra faz um pedido a um ser fantástico:
Dear
Mister Fantasy play us a tune
Something
to make us all happy
Do
anything take us out of this gloom
Sing
a song, play guitar
“Dear
Mr. Fantasy” é um clássico da banda Traffic, mas que não
foi lançada como single.
Uma
versão ao vivo estendida (ultrapassando os 10 minutos) da música
também aparece no álbum ao vivo Welcome to the Canteen, de
1971.
As
letras foram escritas por Jim Capaldi, enquanto a música foi escrita
por Steve Winwood e Chris Wood.
Steve
Winwood tocou a música no Crossroads Guitar Festival, de
Eric Clapton, em 2007 e a mesma aparece no DVD do festival.
A
música também foi incluída no setlist da turnê conjunta de Steve
Winwood e Eric Clapton em 2009. Uma gravação ao vivo
aparece no álbum Live from Madison Square Garden.
A
canção teve versões feitas por nomes como Grateful Dead,
Jimi Hendrix, Big Sugar e por Crosby, Stills, &
Nash. Este último, inclusive, adicionou duas novas estrofes às
letras da sua versão. Também a banda Tesla gravou a faixa
para seu álbum Real to Reel, de 2007.
DEALER
Em uma faixa que flerta com o nascente Progressivo, mesmo que levemente, Capaldi e Winwood dividem vocais que se casam perfeitamente com a sonoridade diversificada. A flauta de Wood e o baixo de Mason estão simplesmente contagiantes!
A
letra fala sobre consequências:
Like
the mighty ocean's roar
He
gets all his share and more
Mexican
right to the core and very proud
He'll
get even with the score
Leave
your wife a weeping widow on the shore
UTTERLY
SIMPLE
Dave Mason assume os vocais em "Utterly Simple", uma música que possui forte influência da música indiana, e na qual o próprio Mason utiliza a cítara. A sonoridade é inventiva e bastante interessante.
A
letra reflete sobre a verdade:
We've
nothing to hide so why try to hide it?
I
know there are some but they're screwed up inside
If
you need a reason for all this I'm singing
It's
simpleness really that gives it its meaning
COLOURED
RAIN
Winwood canta maravilhosamente em "Coloured Rain", faixa em que o Mellotron e as guitarras (comandados por Mason) estão em fúria. O resultado é uma música em que o Rock é celebrado em êxtase!
A
letra fala sobre crescimento:
Yesterday
I was a young boy
Searching
for my way
Not
knowing what I wanted
Living
life from day to day
'Till
you came along
There
was nothing but an empty space and a pain
HOPE
I NEVER FIND ME THERE
Mason assume os vocais em uma canção com a típica sonoridade sessentista, em um Rock bem leve e bem suave, mas com uma musicalidade cheia de ritmo e melodia.
A
letra fala sobre o fim:
The
air has come to be as one
Time
to leave has just begun
Te
world is waiting its a fact
To
stage the last and final act and
Hope
I never find me there
GIVING
TO YOU
A décima - e última - faixa de Mr. Fantasy é "Giving to You". Uma música instrumental em que Jim Capaldi faz misérias nas baquetas enquanto Chris Wood detona na flauta. Encerra-se o álbum em grande estilo.
Considerações
Finais
Baseado
em boas composições, Mr. Fantasy acabou fazendo barulho.
O
álbum atingiu a boa 16ª posição da principal parada britânica,
conquistando a modesta 88ª colocação de sua correspondente
norte-americana.
A
primeira versão de Mr. Fantasy lançada nos EUA aconteceu no
início de 1968, pela United Artists Records, sendo reintitulada para
Heaven Is in Your Mind. Ela apresentava uma capa diferente,
mostrando três membros do grupo sem Mason. Para esta edição, um
pequeno trecho do single “Here We Go Round The Mulberry Bush” foi
adicionado entre a maioria das músicas.
O LP
americano também foi ressequenciado e adicionou três outros singles
(“Paper Sun”, “Hole in My Shoe” e “Smiling Phases”), ao
mesmo tempo em que deletou duas músicas de Mason (“Hope I Never
Find Me There” e “Utterly Simple”.) A faixa final do álbum
americano, “We're A Fade, You Missed This”, é, na verdade, o
final de “Paper Sun”.
O
título do álbum norte-americano foi rapidamente alterado para Mr.
Fantasy, mas o track list e a capa permaneceram até que a United
Artists saiu do mercado e, consequentemente, a Island reeditou a
versão estéreo nos Estados Unidos, em 1980.
Esta
edição também foi lançada como Mr. Fantasy na Austrália e
Nova Zelândia, pela Festival Records. A primeira edição canadense
foi baseada no álbum dos EUA, mas sem duas músicas.
Ambas
versões do disco, do Reino Unido e dos EUA, foram lançadas em
mixagens stereo e mono significativamente diferentes. Isso levou a
quatro variações distintas do álbum. Todos elas acabaram
reeditadas em CD.
A
edição lançada no Reino Unido, de 1999, apresenta a versão
britânica em estéreo e o álbum dos EUA em mono. Em 2000, a versão
estéreo dos EUA foi reeditada em CD com seu título original Heaven
Is in Your Mind, além de faixas bônus estéreo. No mesmo ano, a
versão mono do Reino Unido também foi lançada nos EUA como Mr.
Fantasy com faixas bônus mono.
A
música “Giving to You” foi lançada em 3 versões diferentes. A
primeira foi uma mixagem mono, B-side, com letras na introdução
cantadas por Winwood. Ela também apareceu no LP mono dos EUA.
Os
álbuns mono e estéreo do Reino Unido tiveram uma versão revista,
sem letra na introdução, e que foi lançada no álbum estéreo dos
EUA. O álbum da trilha sonora de Here We Go em Mulberry Bush
também contém uma gravação diferente de “Utterly Simple”.
Uma
resenha da edição de 27 de abril de 1968, da revista
norte-americana Rolling Stone, chamou o álbum de “um dos
melhores de qualquer grupo contemporâneo”. O artigo diz que a voz
de Steve Winwood “amadureceu, adquiriu nova profundidade e
novos alcances, um sentimento mais individual e uma maior variedade
em estilo e tons”, e considerou que “os pontos mais fortes deste
álbum são onde os elementos do Traffic e o grande estilo de
R&B de Winwood são combinados”.
William
Ruhlmann, no site AllMusic, dá uma nota 4 (em 5) ao disco, e reflete
sobre as diferentes versões de Mr. Fantasy que foram lançadas,
ponderando: “Naturalmente, o som mono é mais vibrante e mais
comprimido, mas não é ideal para o álbum, porque o Traffic
era formado como uma banda de rock incomum. O principal instrumento
de Steve Winwood era o órgão, embora ele também tocasse
guitarra; Chris Wood era um tocador de palhetas, passando a maior
parte do tempo na flauta; Mason tocava guitarra, mas também era
conhecido por pegar a cítara, entre outros instrumentos. Como tal
mistura sugere, a abordagem musical da banda foi eclética,
combinando seu passado no pop britânico com um gosto pelos estilos
de quadrinhos e dance hall do Sgt. Pepper, música indiana e
blues-rock jamming. As músicas da última categoria provaram ser as
mais distintas e duradouras, mas as contribuições de Mason, mais
orientadas para o pop, continuam ganhando, assim como os esforços
mais despreocupados”.
Em
1999, o disco foi adicionado ao Grammy Hall of Fame.
Mason
deixou o grupo devido a diferenças artísticas no momento em que Mr.
Fantasy foi lançado, mas retornou por alguns meses de 1968, o
tempo suficiente para contribuir em uma pequena maioria das músicas
de seu segundo álbum, Traffic.
Este
segundo disco foi lançado em 1968 e incluiu a versão original de
“Feelin' Alright”, de Mason, que mais tarde foi gravada com grande
sucesso por Joe Cocker e Three Dog Night.
Winwood,
Wood e Capaldi queriam levar o grupo para uma direção diferente,
optando por um estilo folk/blues, em vez de um rock
psicodélico/eclético, enquanto Mason estava voltado para o pop
psicodélico. Mason também citou desconforto com o estilo de vida do
Traffic.
Traffic,
segundo álbum do conjunto, foi lançado em outubro de 1968.
Formação:
Jim
Capaldi - Bateria, Percussão, Vocal
Dave
Mason - Guitarra, Mellotron, Cítara, Tambura, Gaita, Percussão,
Baixo em 05 e 06
Steve
Winwood - Órgão, Guitarra, Baixo, Piano, Cravo, Percussão, Vocal
Chris
Wood - Flauta, Saxofone, Órgão, Percussão, Vocal
Músicos
Adicionais:
Jimmy
Miller - Maracas em 05
Steve
Marriott, Ronnie Lane, John McLagan, Kenney Jones - Backing Vocals e
Percussão em 02
Faixas:
01.
Heaven Is in Your Mind (Capaldi/Winwood/Wood) - 4:16
02.
Berkshire Poppies (Capaldi/Winwood/Wood) - 2:55
03.
House for Everyone (Mason) - 2:05
04.
No Face, No Name, No Number (Capaldi/Winwood) - 3:35
05.
Dear Mr. Fantasy (Capaldi/Winwood/Wood) - 5:44
06.
Dealer (Capaldi/Winwood) - 3:34
07.
Utterly Simple (Mason) - 3:16
08.
Coloured Rain (Capaldi/Winwood/Wood) - 2:43
09.
Hope I Never Find Me There (Mason) - 2:12
10.
Giving to You (Capaldi/Mason/Winwood/Wood) - 4:20
Letras:
Para
o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a:
https://www.letras.mus.br/traffic/
Opinião
do Blog:
Este 'Opinião do Blog' será um pouco diferente e mais pessoal.
A pausa que o RAC foi obrigado a fazer, involuntariamente, no início de 2019, quebrou bastante o ritmo do Blog, sendo que havia planejado que este ano seria voltado ao resgate de muitos discos da década de 60, como o próprio leitor pode observar. Os álbuns que trouxe até agora, neste ano, são todos desta década - ou da década anterior.
No mês em que o Rock: Álbuns Clássicos completa 8 anos de existência, este projeto inicial (de resgate da década de 60) se perdeu um pouco e a pausa quebrou muito o ritmo do Blog. Então, peço um pouco de paciência ao leitor fiel do site até que o ritmo retorne.
Retornando ao álbum em questão, uma formação com Dave Mason, Chris Wood, Jim Capaldi e Steve Winwood dispensa maiores comentários. Toda a qualidade deste timaço de músicos é refletida em Mr. Fantasy.
Winwood é um gênio do Rock e canta maravilhosamente nas faixas em que o vocal principal é comandado por ele. Sua atuação em "Dear Mr. Fantasy" é incrível!
A diversidade de sonoridades exploradas (R&B, Pop, Música Indiana, Prog), consubstanciadas pela moldura Rock, faz do álbum um verdadeiro colar, com muitas pérolas a serem apreciadas. As letras são acima da média e merecem uma conferida.
Constituído de canções memoráveis, Mr. Fantasy resultou em um trabalho difícil para que o RAC escolhesse suas favoritas.
"No Face, No Name, No Number" é profundamente tocante, uma música lindíssima. "Dealer" é sensacional, bem como "Heaven Is in Your Mind".
Mas a preferida é mesmo a atemporal "Dear Mr. Fantasy".
Enfim, o Traffic foi uma das melhores bandas que o Rock já produziu e seu álbum de estreia, Mr. Fantasy, é obrigatório para todos os fãs (sim, um clichê, mas que se traduz perfeitamente para esta ocasião). Quem não o conhece deve ir correndo fazê-lo! Até o próximo post!
A pausa que o RAC foi obrigado a fazer, involuntariamente, no início de 2019, quebrou bastante o ritmo do Blog, sendo que havia planejado que este ano seria voltado ao resgate de muitos discos da década de 60, como o próprio leitor pode observar. Os álbuns que trouxe até agora, neste ano, são todos desta década - ou da década anterior.
No mês em que o Rock: Álbuns Clássicos completa 8 anos de existência, este projeto inicial (de resgate da década de 60) se perdeu um pouco e a pausa quebrou muito o ritmo do Blog. Então, peço um pouco de paciência ao leitor fiel do site até que o ritmo retorne.
Retornando ao álbum em questão, uma formação com Dave Mason, Chris Wood, Jim Capaldi e Steve Winwood dispensa maiores comentários. Toda a qualidade deste timaço de músicos é refletida em Mr. Fantasy.
Winwood é um gênio do Rock e canta maravilhosamente nas faixas em que o vocal principal é comandado por ele. Sua atuação em "Dear Mr. Fantasy" é incrível!
A diversidade de sonoridades exploradas (R&B, Pop, Música Indiana, Prog), consubstanciadas pela moldura Rock, faz do álbum um verdadeiro colar, com muitas pérolas a serem apreciadas. As letras são acima da média e merecem uma conferida.
Constituído de canções memoráveis, Mr. Fantasy resultou em um trabalho difícil para que o RAC escolhesse suas favoritas.
"No Face, No Name, No Number" é profundamente tocante, uma música lindíssima. "Dealer" é sensacional, bem como "Heaven Is in Your Mind".
Mas a preferida é mesmo a atemporal "Dear Mr. Fantasy".
Enfim, o Traffic foi uma das melhores bandas que o Rock já produziu e seu álbum de estreia, Mr. Fantasy, é obrigatório para todos os fãs (sim, um clichê, mas que se traduz perfeitamente para esta ocasião). Quem não o conhece deve ir correndo fazê-lo! Até o próximo post!
Um dos melhores álbuns do Traffic. "No Face No Name No Number" faz até uma pedra chorar, tamanho é o sentimento que Steve Winwood coloca na música. É uma pena que ele e Dave Mason bateram de frente tão cedo na carreira do grupo, porque os dois discos do Traffic com Mason são muito bons. E eu sempre pensei que "Alone Together", do Dave Mason, ganharia muito se tivesse o acompanhamento do Traffic. Eu gosto mais da segunda fase do Traffic, a partir de "John Barleycorn Must Die", mas este disco e o seguinte merecem todo o respeito.
ResponderExcluirCara, eu sou suspeito pra falar, pois eu amo esse disco. Acho a canção "Dear Mr. Fantasy" uma das mais belas já produzidas, embora reconheça que a segunda fase seja mais consistente.
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