Open
Fire é o álbum de estreia da carreira solo do músico
norte-americano Ronnie Montrose. Seu lançamento oficial aconteceu em
janeiro de 1978, através do selo Warner Bros. Records. A produção
ficou por conta de Edgar Winter.
O
RAC traz mais uma estreia para suas páginas,
com o primeiro álbum da carreira solo do saudoso guitarrista Ronnie
Montrose.
Jump
on It
Jump
on It é o quarto álbum da banda Montrose, lançado em
setembro de 1976.
É
o segundo disco do Montrose a apresentar o cantor Bob James e
o tecladista Jim Alcivar, além do baixista Randy Jo Hobbs (este, em
três músicas). O restante das partes do baixo foi fornecido por Jim
Alcivar através do teclado e não havia nenhum baixista na turnê
Jump on It. Jack Douglas produziu o álbum.
Jump
on It foi a terceira melhor colocação da banda na Billboard
200, alcançando a 118ª posição, em outubro de 1976.
Ronnie Montrose |
Boa
fase e o fim
Sob
a administração de alto nível do empresário e promotor de shows
Bill Graham, o Montrose alcançou o pico de sua popularidade
comercial durante a era Warner Bros Presents (1975) e Jump
On It, de 1975 a 1977, que encontrou a banda aderindo a uma
agenda de turnê cansativa, nos Estados Unidos e no Canadá,
apresentando-se predominantemente em grandes arena e estádios,
compartilhando o projeto com os principais artistas que incluíam The Rolling Stones, Kiss, Peter Frampton, Yes,
Rush, The Eagles, Journey e Aerosmith,
além de liderar seus próprios shows em locais de médio porte.
Este
período também rendeu ao Montrose sua segunda posição mais
alta na Billboard 200, com Warner Bros Presents
alcançando a 79ª colocação.
Como
resultado de uma overdose quase fatal de anfetamina, durante sua
passagem pelo Edgar Winter Group, Ronnie Montrose
construiu uma forte postura pessoal antidrogas/anti-álcool durante
esse período, exemplificado por sua insistência em que todos os
membros da banda Montrose respeitassem rigorosamente política
de desempenho sem drogas e sem álcool.
Com
a saída do vocalista Bob James após a apresentação da banda em
Winterland, em 31 de dezembro de 1976, o Montrose implodiu
como um grupo e Ronnie Montrose ressurgiu um ano depois, com o
álbum instrumental solo, Open Fire, lançado em janeiro de
1978.
Ronnie em ação |
Open
Fire
Open
Fire foi o primeiro álbum instrumental de Ronnie Montrose,
que explorou conceitos de jazz, rock e acústico, na veia de Blow
by Blow, de Jeff Beck.
Ronnie
deu dicas, nos álbuns anteriores do Montrose, de que ele
estava indo nessa direção. Músicas como “Whaler” e “One And
Half” de Warner Brothers Presents... Montrose! e
“Tuft-Sedge” e “Merry-Go-Round”, de Jump On It,
continham vários elementos acústicos, sintetizadores e cordas que
mostravam um Ronnie tentando sair de sua personalidade no hard
rock.
Ronnie
se reuniu com o amigo Edgar Winter, que produziu o álbum e
tocou piano e teclados. Ronnie recebeu Jim Alcivar nos
teclados e Alan Fitzgerald no baixo e juntou-se ao baterista Rick
Shlosser, que apareceu com Ronnie em Tupelo Honey, de
Van Morrison.
Vamos
às faixas:
OPENERS
“Openers”
é uma faixa instrumental épica, com orquestrações bem-feitas e
atmosfera criativa, criando um bom clima para a abertura do álbum.
OPEN
FIRE
“Open
Fire” possui os teclados muito proeminentes e segue uma pegada
muito mais Rock ‘n’ Roll, com a seção rítmica pulsante e a
guitarra de Ronnie fazendo misérias. A áurea Hard Rock permeia toda
a composição.
-
Ronnie Montrose - guitarra, theremin
-
Alan Fitzgerald - baixo
-
Rick Schlosser - bateria
MANDOLINIA
“Mandolinia”
conta com muitos elementos eletrônicos em um flerte, embora
essencialmente discreto, com o chamado Krautrock alemão. É possível
sentir a afiada guitarra de Ronnie, mas desta feita mais como um
coadjuvante de luxo.
-
Ronnie Montrose - guitarra, bandolim, mandocello
-
Jim Alcivar - programação de sequenciadores
-
Edgar Winter - sintetizador de baixo
-
Rick Schlosser - bateria
TOWN
WITHOUT PITY
Em
“Town Without Pity”, a pegada Blues/Hard Rock está presente e a
guitarra de Ronnie faz um trabalho essencialmente comovente, como se
parecesse em lamento. O piano guiado por Edgar Winter também é um
diferencial.
-
Ronnie Montrose - guitarra
-
Edgar Winter - piano
-
Alan Fitzgerald - baixo
-
Rick Schlosser - bateria
“Town
Without Pity” é uma canção criada pelo compositor Dimitri
Tiomkin e pelo letrista Ned Washington. A faixa, produzida por Aaron
Schroeder, foi originalmente gravada por Gene Pitney para o filme de
1961 de mesmo título. Em 1962, a música recebeu o Globo de Ouro de
Melhor Canção de Cinema, e foi indicada ao Oscar de
Melhor Música, Canção Original.
LEO
RISING
O
clima acústico de “Leo Rising”, contando com aspectos de leveza
e de suavidade, cativam o ouvinte. A melodia possui um toque latino
de origem hispânica, com Ronnie brilhando intensamente.
-
Ronnie Montrose - violão
-
Jim Alcivar - ondes Martenot
HEADS
UP
O
destaque de “Heads Up” é a guitarra de Ronnie, que, quando
surge, está fenomenal, verdadeiramente ‘endiabrada’. A abordagem
em um tipo de Jazz Fusion é criativa e muito bem executada.
-
Ronnie Montrose - guitarra
-
Alan Fitzgerald - baixo
-
Rick Schlosser - bateria
ROCKY
ROAD
A
levada de “Rocky Road” é simples, mas envolvente e criativa, com
destaque para a bateria e para a guitarra, esta, com solos muito bem
aplicados e um feeling absurdo de Ronnie. Uma canção forte e
contagiante.
-
Ronnie Montrose - guitarra
-
Edgar Winter - piano
-
Alan Fitzgerald - baixo
-
Rick Schlosser - bateria
MY
LITTLE MISTERY
A
musicalidade acústica retorna na suave “My Little Mistery”,
desta feita, com um maior e efetivo aspecto Folk. A sensibilidade de
cada nota tocada por Ronnie nesta música é realmente incrível.
-
Ronnie Montrose - guitarra
-
Edgar Winter - cravo
NO
BEGINNING/NO END
A
nona – e última – faixa de Open Fire é “No Beginning/No End”.
Com um toque suave, delicado e mais intimista, a canção derradeira
do trabalho é construída de modo inteligente, utilizando a sutileza
como sua mola mestra.
-
Ronnie Montrose - guitarra
-
Jim Alcivar - sintetizador Moog, efeitos
-
Edgar Winter - piano
-
Alan Fitzgerald - baixo
-
Rick Schlosser - bateria
Considerações
Finais
Open
Fire não conseguiu repercutir em termos das principais paradas
de sucesso.
Com
a inegável força deste trabalho, Ronnie foi convidado a se
apresentar com o talentoso baterista de jazz, Tony Williams.
Em
27 de julho de 1978, Ronnie se juntou a Williams, Brian Auger
(teclados), Mario Cipollina (baixo) e o convidado especial Billy
Cobham também na bateria, para um show em Tóquio, como a Tony
Williams All Stars. O setlist incluiu “Rocky Road”, “Heads
Up” e “Open Fire” e a performance de “Open Fire” aparece no
disco The Joy of Flying, de Tony Williams, de 1978.
Em
1979, com Jim Alcivar e Alan Fitzgerald, o baterista Skip Gillette e
o vocalista escocês Davey Pattison, Ronnie Montrose formou um
novo grupo chamado Gamma. A estréia da banda, Gamma 1,
foi lançada em 1979. Seu segundo lançamento, Gamma 2 (1980),
viu o ex-baterista do Montrose, Denny Carmassi, substituir
Skip Gillette e o baixista Glenn Letsch em lugar de Alan Fitzgerald,
o qual se tornou membro fundador (como tecladista) do Night Ranger.
Um
novo disco solo somente viria em 1986, com Territory.
Formação:
Ronnie
Montrose - Guitarra, Theremin, Bandolim, Mandocello
Edgar
Winter - Piano, Cravo, Moog sequencer baixo
Jim
Alcivar - Sintetizador Moog, Martenot, Programação de
sequenciadores
Alan
Fitzgerald - Baixo
Rick
Shlosser - Bateria
Bob
Alcivar - Arranjo de orquestra, Maestro
Faixas:
01.
Openers – (B. Alcivar) – 2:54
02.
Open Fire – (Montrose/Winter) – 3:53
03.
Mandolinia - (Montrose) – 3:14
04.
Town Without Pity – (Tiomkin/Washington) – 3:17
05.
Leo Rising - (Montrose) – 3:49
06.
Heads Up – (Montrose/Winter) – 3:39
07.
Rocky Road – (Thomassie/Brent/Smith) – 4:23
08.
My Little Mystery - (Montrose) – 4:40
09.
No Beginning/No End - (Montrose)- 5:54
Letras:
Álbum
instrumental.
Opinião
do Blog:
Infelizmente,
Ronnie Montrose jamais teve o reconhecimento que merecia em
vida, especialmente pelos adoráveis álbuns que gravou com a banda
que levava seu nome, Montrose, uma das melhores representantes
do Hard Rock setentista.
Nesta
sua estreia solo, o virtuoso guitarrista se uniu a um time
extremamente competente de músicos, alguns dos quais já o
acompanhavam no Montrose, para se aventurar em uma jornada
instrumental deveras interessante.
Com
uma produção correta do igualmente lendário Edgar Winter,
Open Fire é valorizado justamente por suas maiores virtudes:
a beleza dos arranjos, a sutileza das composições e o apuro
instrumental.
Open
Fire é sim um álbum de Rock, de um guitarrista, mas que
conversa com diferentes estilos musicais e valoriza os demais
instrumentos em prol do resultado final das canções. Não é um
mero projeto de exibição dos talentos de Ronnie na guitarra.
O
RAC elege suas favoritas: a linda versão para
“Town Without Pity”, a sutileza de “Leo Rising” e a
intensidade de “Open Fire”.
Concluindo,
Open Fire é um ótimo trabalho do saudoso e inesquecível
Ronnie Montrose que merece ser ouvido e conhecido por mais
fãs, especialmente os apreciadores de uma boa música instrumental.
Mestre Ronnie Montrose, um dos caras mais injustiçados do rock americano nos anos 70!! Adoro os discos com a Montrose (e acho que sou o único no mundo que prefere o "Paper Money" ao primeiro disco) e tenho um carinho especial por este "Open Fire", porque foi o disco que me apresentou ao trabalho dele, muitas e muitas luas atrás. O cara transitava por diferentes estilos de música com a mesma elegância; quantos músicos podem dizer o mesmo? Acho que o único guitarrista americano na época que podia se comparar ao Ronnie na diversidade de estilos era o Tommy Bolin, mas este pelo menos conseguiu ser reconhecido em vida.
ResponderExcluirExatamente isto, amigo Marcello. Ronnie é um dos músicos mais injustiçados do rock, pois construiu álbuns sólidos e obteve pouquíssimo reconhecimento, até hoje em dia. Eu fiz um vídeo sobre ele no meu canla do YouTube, depois dá uma olhada lá. Abraço.
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