Gish é o
álbum de estreia da banda norte-americana The Smashing Pumpkins. Seu lançamento
oficial aconteceu em 28 de maio de 1991, através do selo Caroline Records. As
gravações ocorreram entre dezembro de 1990 e março do ano seguinte, no Smart
Studios, em Madison, nos Estados Unidos. A produção ficou a cargo de Butch Vig
e de Billy Corgan.
Neste
retorno do RAC, o blog traz a estreia da banda norte-americana The Smashing Pumpkins, com seu álbum Gish. Confira!
Primórdios
Após o
rompimento de sua banda de formato gótico, o Marked, o cantor e guitarrista
Billy Corgan deixou São Petersburgo, na Flórida, para retornar à sua cidade
natal de Chicago, onde conseguiu um emprego em uma loja de discos e construiu a
idéia de uma nova banda que se chamaria Smashing
Pumpkins.
Enquanto
trabalhava lá, ele conheceu o guitarrista James Iha. Adornando-se com paisley e
outros ornamentos psicodélicos, os dois começaram a escrever músicas juntos
(com a ajuda de uma bateria eletrônica) que foram fortemente influenciados pelo
Cure e pelo New Order.
A dupla se
apresentou ao vivo pela primeira vez em 9 de julho de 1988 no bar polonês
chamado Chicago 21. Esta performance incluiu apenas Corgan no baixo e Iha na
guitarra, com uma bateria eletrônica.
Evolução
Pouco
tempo depois, Corgan conheceu D'arcy Wretzky após um show da Dan Reed Network,
onde eles discutiram os méritos da banda. Depois de descobrir que Wretzky
tocava baixo, Corgan a recrutou para a formação, e o trio fez um show no Avalon
Nightclub.
Após esse
show, Joe Shanahan, proprietário do Cabaret Metro, concordou em reservar a
banda com a condição de substituir a bateria por um baterista ao vivo.
O
baterista de jazz Jimmy Chamberlin foi recomendado por um amigo de Corgan.
Chamberlin sabia pouco sobre música alternativa e imediatamente mudou o som da
nascente banda.
Em 5 de
outubro de 1988, a banda completa subiu ao palco pela primeira vez no Metro
Cabaret.
Em 1989, o
Smashing Pumpkins fez sua primeira
aparição em um álbum com a coletânea Light Into Dark, que apresentava várias
bandas alternativas de Chicago. O grupo lançou seu primeiro single, "I Am
One", em 1990, pela gravadora local de Chicago, Limited Potential.
Billy Corgan |
Gish
O single
foi muito bem e eles lançaram um acompanhamento, "Tristessa", através
do selo Sub Pop, após o qual assinaram contrato com a gravadora Caroline
Records. A banda gravou seu álbum de estréia em 1991, Gish, com o produtor Butch Vig em seus Smart Studios, em Madison,
Wisconsin, por 20 mil dólares.
Gish foi
gravado de dezembro de 1990 a março de 1991.
Vig e
Billy Corgan trabalharam juntos como coprodutores. O período de gravação mais
longo e o orçamento maior foram inéditos para Vig, que mais tarde se lembrou:
“(Corgan)
queria fazer tudo parecer incrível e ver até onde ele poderia ir; realmente se
gasta tempo com a produção e as performances. Para mim, foi uma dádiva de Deus,
porque eu estava acostumado a gravar discos para todas as gravadoras
independentes e tínhamos orçamentos para três ou quatro dias. Tendo esse luxo
de passar horas no som de uma guitarra, afinar a bateria ou trabalhar harmonias
e coisas texturais... eu estava pensando que havia encontrado um ‘camarada de
armas’ que queria me puxar e que realmente queria eu puxá-lo”.
A inclusão
de um estilo de produção maciço que lembra bandas como ELO e Queen era incomum
para uma banda independente da época. Enquanto muitos álbuns daquela época
usavam amostragem e processamento de bateria, Gish usava gravações de bateria não processadas e um som exato e
único da guitarra.
Billy
Corgan também tocou quase todas as partes de guitarra e de baixo do disco, o
que foi confirmado por Vig em uma entrevista posterior.
As sessões
do álbum, com duração de 30 dias úteis, foram agitadas para os padrões do Pumpkins, em grande parte por causa da
inexperiência do grupo. As sessões de gravação pressionaram intensamente a
banda, com a baixista D'arcy Wretzky comentando mais tarde que ela não sabia
como a banda sobreviveu, e Corgan explicando que ele sofreu um colapso nervoso.
"I Am
One", "Rhinoceros", "Daydream" e "Bury Me"
foram gravadas anteriormente, como demos pela banda, em 1989. Todas as quatro
músicas foram regravadas para Gish.
James Iha |
O álbum
recebeu o nome do ícone do cinema mudo, Lillian Gish. Posteriormente, Corgan
brincou que o álbum seria originalmente chamado de Fish, mas foi alterado para Gish, para evitar comparações com a
banda Phish.
I AM ONE
Um ótimo
riff e o trabalho grooveado da seção rítmica são os principais destaques da
excelente “I Am One”. As guitarras também aparecem muito bem.
A letra
menciona uma espécie de punição:
Time
is right for a guiding light
Try
to turn to reasons in your inner life
Your
city to burn, your
city to burn
Try to look for something, your city to burn
You'll
burn
“I Am One” foi lançada pela primeira
vez em 1990, antes mesmo da existência de Gish,
com uma pequena tiragem, pelo selo Limited Potential, com um dinheiro de Billy
Corgan deixado por sua avó.
A canção foi regravada em Gish e também novamente lançada como
single. Ela conquistou a 73ª posição da principal parada britânica de singles.
SIVA
“Siva” mantém a abordagem focada no
peso e na agressividade, indo direta ao ponto, sem muitos rodeios. Jimmy
Chamberlain é o grande ponto alto da música, com sua atuação na bateria.
A letra possui uma perspectiva
bastante deprimente:
All this pain smothers me
Like a bomb that you can't see
Tell me, tell me what you're after
I just want to get there faster
Segundo Corgan, “Siva” foi inspirada
por conceitos tântricos ligados à feminilidade, mas, por conta da associação
com o deus hindu Shiva, ele retirou a letra H do nome da música. Corgan também
já mencionou que ‘shiva’ foi um candidato potencial à denominação da banda.
“Siva” foi lançada como single no
Reino Unido e na Austrália.
RHINOCEROS
A triste e melancólica melodia de “Rhinoceros”
cativa mesmo antes de desaguar em alta voltagem e muita energia, perfazendo uma
das melhores canções do grupo. Ótimo trabalho da guitarra de Iha.
A letra é sobre revelação:
Open your eyes
To these mustard lies?
Open your eyes
To these mustard lies?
The
way
“Rhinoceros” seria uma metáfora sobre
a própria sonoridade do grupo, ou seja, o peso e a brutalidade em contraponto a
uma certa vulnerabilidade.
“Rhinoceros” foi lançada como single e
segue sendo uma das faixas favoritas dos fãs.
BURY ME
O baixo está muito presente em “Bury
Me”, dando não apenas ritmo, mas um peso extra a esta boa música. Os vocais
também são muito legais.
A letra tem um sentido sufocante:
Once you see her
One inside (hide, hide)
Some things you just can't hide
If you see her
Tell me why (why, why)
Why won't she come outside?
CRUSH
“Crush” coloca os pés no freio, com
uma atmosfera mais suave e intimista, com os vocais de Corgan tomando o
protagonismo. Uma bela canção.
A letra conta com um quê de
romantismo:
And this feeling shivers down your spine
Love comes in colors I can't deny
All that matters is love, love, your love
You're sleeping in your bed
Just rest your weary head
Maybe
you shouldn't care
Throw away those dreams and dare
SUFFER
“Suffer” também é mais contida,
desenvolvendo-se lenta e atmosfericamente suave, mas ainda com uma melodia
interessante. Outra música bem bonita.
A letra traz uma reflexão
interessante:
All of your struggles beneath your disguise
Drink from the reasons that hold you alive
'Til we're safe from the wounds of desire and pain
You must rise from the mounds of desire and change
SNAIL
“Snail” volta a apostar nos pesos das
guitarras e estas acabam por se destacarem em uma faixa mais cadenciada, mas
que entusiasma.
A letra fala de evolução:
When you wake up you're all weak
Throwing your life away
Someday, sorry coming home
Sorry
snail
Down
in my heart
TRISTESSA
Embora o nome pudesse sugerir, “Tristessa”
não é nada melancólica e já joga as guitarras afiadas bem na cara do ouvinte a
partir de seu princípio. Mais uma ótima música.
A letra é bem melancólica:
Pledged your faith
My heart embraced
Struggle
to renew
“Tristessa” foi outra faixa regravada
para Gish e também lançada novamente
como single para promoção do disco.
WINDOW PAINE
“Window Paine” soa excessivamente
arrastada e acaba se tornando um ponto fora da curva dentro do disco.
A letra é sobre mudança:
Do what you got to do
And say what you got a say
Do what you got to do
Yes,
start today
Start
today
DAYDREAM
“Daydream” é a décima e derradeira
faixa de Gish, com outra aposta acústica e vocais de D’arcy Wretzky. Encerra
bem o álbum.
A letra fala sobre amor:
My daydream screams
Bitter 'til the end
The love I share, true
Selfish to the heart
My
heart, my sacred heart
Ao final de “Daydream”, há uma faixa
oculta chamada “I’m Going Crazy”.
Considerações Finais
Gish atingiu a modesta 146ª posição da principal parada
norte-americana, mas o estrondoso sucesso posterior do grupo acabou fazendo com
que ele se tornasse um sucesso tardio. Em números recentes, estima-se que Gish supere a casa de 1 milhão de cópias
vendidas apenas nos Estados Unidos. Até o lançamento do álbum Samsh, da The Offspring, em 1994, Gish
era o álbum independente mais vendido de todos os tempos.
Dos 3
singles retirados do disco (“Siva”, “I Am One” e “Rhinoceros”), nenhum fez
barulho na principal parada norte-americana. A crítica especializada tem o
trabalho em boa conta, recebendo elogios da Rolling Stone e do The New York
Times, por exemplo. Tanto que, em 1º de abril de 2019, a revista Rolling Stone
classificou Gish como o 32º melhor
álbum de grunge de todos os tempos.
Retomando,
após lançar o EP chamado Lull, em
outubro de 1991, pela Caroline Records, a banda assinou formalmente com a
Virgin Records, que era associada à Caroline.
A banda
apoiou o álbum com uma turnê que incluiu abertura para bandas do porte de Red Hot Chili Peppers, Jane's Addiction e Guns N' Roses. Durante esta turnê, Iha e Wretzky passaram por uma
separação conturbada, Chamberlin tornou-se viciado em narcóticos e álcool, e
Corgan entrou em profunda depressão, compondo algumas músicas para o próximo
álbum na garagem onde ele morava na época.
Um novo
trabalho surgiria em 1993, com Siamese
Dream. Mas isto é outra história.
Formação:
Jimmy
Chamberlin - Bateria
Billy
Corgan - Vocal, Guitarra, Baixo
James Iha
- Guitarra
D'arcy
Wretzky - Baixo, Backing Vocals, Vocal principal em "Daydream"
Músicos
adicionais:
Mary
Gaines - Violoncelo em "Daydream"
Chris Wagner - Violino em "Daydream"
Faixas:
01. I Am One (Corgan/Iha) – 4:07
02. Siva (Corgan) – 4:20
03. Rhinoceros (Corgan) – 6:32
04. Bury Me (Corgan) – 4:48
05. Crush (Corgan) – 3:35
06. Suffer (Corgan) – 5:11
07. Snail (Corgan) – 5:11
08. Tristessa (Corgan) – 3:33
09. Window Paine (Corgan) – 5:51
10. Daydream (Corgan) – 3:08
Letras:
Para o
conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/smashing-pumpkins/
Opinião do Blog:
Após mais
um período sabático, o RAC está de volta.
Escolhemos
Gish, álbum de estreia do The Smashing Pumpkins, para marcar
nosso retorno. E, após o texto, pensa-se que o leitor vai concordar com esta
escolha.
Liderada
pelo vocalista e guitarrista Billy Corgan, o Smashing Pumpkins é uma ótima banda, formada por membros bem
competentes, com um destaque individual para o baterista Jimmy Chamberlain.
Em Gish, percebe-se uma banda que ainda
está encontrando sua identidade musical, mas já demonstrando seu talento - e
personalidade - com ótimas composições. Lançado no alvorecer daquilo que se
costumou chamar de Grunge, Gish é um
ótimo álbum de Rock, oscilando faixas pesadas e intensas com outras mais
contidas e melancólicas.
Com apenas
“Window Paine” destoando das demais, o RAC aponta a excepcional “Rhinoceros”
e a furiosa “Tristessa” como suas favoritas.
Em suma, o
Smashing Pumpkins é uma ótima banda
que merece ser ouvida com atenção pelos leitores. Gish claramente não é seu auge, mas é um álbum muito bom,
representativo de sua época, e, mais importante, uma boa coleção de músicas.
Que ótima notícia no meio dessa pandemia! Vida longa ao blog!
ResponderExcluirObrigado pela força, amigo! Saudações!
ExcluirÓtimo descobrir que o RAC continua vivo. Tenho 60 anos e vivi minha adolescência nos anos 1970 (a era Led, Purple, Sabbath). Entrei para a faculdade no início dos anos 80 e meu repertório aumentou muito, com outras coisas entrando em minha vida musical (jazz, clássicos, MPB etc.); cheguei a ter mais de 3000 LPs. Obviamente, as coisas foram mudando até chegar a era do streaming. Pois bem, quando descobri seu blog, passei a rever e redescobrir bandas e discos incríveis. Li todos os seus posts e montei uma playlist com as recomendações sugeridas por você. Em suma, sei trabalho é brilhante e não encontra similar no Brasil. Não desista do RAC, mesmo que seus outros "filhotes" sejam também muito bons. Longa vida, meu caro.
ResponderExcluirPrezado Carlos,
ExcluirSua mensagem realmente conseguiu me deixar emocionado. Pode-se soar clichê o que vou escrever agora, mas são palavras como estas que fazem com que eu prossiga.
Fico muito feliz em saber que as recomendações que fiz por aqui te levaram a redescobrir algumas pérolas que o Rock deixou pelo caminho. Mas a maior felicidade é saber que está humilde página possui leitores como você.
Só me resta agradecer, não apenas pelos generosos elogios, mas também pela injeção de ânimo para continuar com o RAC, pois sei que a missão a que me propus, há quase uma década, está sendo cumprida.
Meu muito obrigado.
Grande abraço,
Daniel Benedetti
Emoção recíproca. Obrigado pelo feedback. Sigamos juntos.
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