Blaze of Glory é o álbum de estreia da carreira solo do músico norte-americano Jon Bon Jovi. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 7 de agosto de 1990, através do selo Mercury. As gravações aconteceram entre abril e junho daquele mesmo ano. A produção ficou a cargo de Danny Kortchmar e do próprio Bon Jovi.
Origem e antecedentes
John Francis Bongiovi Jr. nasceu em 2 de março de 1962, em Perth Amboy, Estado norte-americano de Nova Jersey.
Jon criou e estava com o Bon Jovi (sendo seu frontman), até aquela altura, desde 1980. Em 1988, a banda havia lançado seu 4º disco de estúdio, New Jersey, um estrondoso sucesso comercial.
O cansaço de gravar Slippery When Wet e New Jersey consecutivamente e fazer turnês mundiais consecutivas cobrou seu preço. Ao final da turnê de New Jersey, a banda tinha 16 meses de shows em seu currículo.
Os companheiros de banda estavam exaustos física, mental e emocionalmente. Após a data final da turnê no México, e sem nenhum plano claro para seu futuro, os membros da banda simplesmente foram para casa.
A banda declarou desde então que houve poucas despedidas entre eles. Durante o tempo em que saíram de cena, os membros da banda se retiraram para seus próprios projetos e não mostravam vontade de fazer outro álbum.
Carreira-solo
Em 1990, Jon Bon Jovi gravou a trilha sonora do filme Young Guns II, que foi batizada como Blaze of Glory.
O ator Emilio Estevez originalmente abordou Bon Jovi para pedir-lhe permissão para incluir a canção "Wanted Dead or Alive" na trilha sonora do filme. Bon Jovi não achou a letra da música apropriada; no entanto, ele se inspirou no projeto e resolveu escrever uma nova música para o filme que fosse mais adequada ao período e ao cenário. Ele rapidamente escreveu a música "Blaze of Glory", e a tocou no violão, no deserto do Novo México, para Estevez e John Fusco. Esta foi a primeira vez que "Blaze of Glory" foi ouvida. Fusco chamou seus coprodutores para ouvir o trailer, e ela foi nomeada a música tema de Young Guns II no local.
Em uma entrevista para a revista UNCUT, Kiefer Sutherland disse: "Quando Jon (Bon Jovi) se juntou à equipe do Young Guns 2, estávamos todos comendo hambúrgueres em uma lanchonete e Jon estava rabiscando neste guardanapo por, digamos, seis minutos. Ele declarou que compôs "Blaze of Glory", que, é claro, explodiu nos Estados Unidos. Mais tarde, ele deu o guardanapo a Emilio Estevez. Estávamos mastigando hambúrgueres enquanto ele escrevia uma música número um ... Nos fez sentir estúpidos".
O álbum foca principalmente no tema da redenção e se os erros do passado de um indivíduo irão alcançá-lo. Outro tema do álbum é sobre se posicionar e se fazer ouvir no mundo.
Jon Bon Jovi disse, no DVD 100.000.000 Bon Jovi Fans Can't Be Wrong, que ele originalmente pensava que a agressividade e os temas do álbum tratavam de Billy the Kid e Pat Garrett (de Young Guns II), mas percebeu que eles refletem o ‘mau lugar’ em que ele estava na época.
O álbum, mais ou menos, marca a transição das composições de Jon de principalmente garotas e diversão para outros assuntos, o que levaria ele e sua banda a amadurecer ainda mais nas composições em Keep the Faith, de 1992.
O disco contou com convidados como Elton John, Little Richard e Jeff Beck.
Videoclipes foram feitos para os singles "Blaze of Glory", "Miracle" e "Dyin' Ain't Much of a Livin'" com Elton John.
Vamos às faixas:
BILLY GET YOUR GUNS
O disco abre com um rock mais intenso em “Billy Get Your Guns”, apesar de um refrão não tão inspirado.
A letra pode ser entendida como uma pessoa pagando por seu sucesso:
Billy get your guns
There's trouble blowing like a hurricane
Billy get your guns
That's the price on your head for the price of fame
And it'll never change
No, Billy get your guns
MIRACLE
“Miracle” possui uma sonoridade mais amena e conta com um solo de guitarra legal.
A letra traz um certo peso sobre o eu lírico:
And you said it ain't fair
That a man walks
When a bird can fly
We have to kick the ground
The stars kiss the sky
They say that spirits live
A man has to die
They promised us truth
Now they're giving us lies
“Miracle” foi lançada como single, atingindo a 12ª colocação na principal parada norte-americana desta natureza, ficando na 29ª posição de sua correspondente britânica. O videoclipe da canção conta com a participação do lendário guitarrista Jeff Beck e do ator Matt LeBlanc.
BLAZE OF GLORY
A clássica “Blaze of Glory” traz um flerte, mesmo que suave, com o Country e conta com um refrão grudento, no melhor sentido.
A letra conta a história de um pistoleiro:
I'm going down in a blaze of glory
Take me now but know the truth
I'm going down in a blaze of glory
Lord I never drew first
But I drew first blood
I'm no ones son
Call me young gun
“Blaze of Glory” acabou se tornando um clássico de toda a carreira de Jon Bon Jovi.
A música foi lançada como single, atingindo a 13ª colocação na principal parada britânica de singles, conquistando o 1º lugar na sua correspondente norte-americana. Aliás, o single superou a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos EUA.
Também, “Blaze of Glory” venceu o prêmio de Best Original Song do prêmio Globo de Ouro, em 1991.
BLOOD MONEY
O destaque da pequena “Blood Money” é a gaita tocada por Jon, em seu início.
A letra mostra uma rivalidade:
I wonder what would have happened
If you were the killer
And I was the hero
Would things be the same
Or would I have traded
Your life for my own life
Would I have paid
Your debts in your place
SANTA FE
“Santa Fe” é uma balada mais arrastada e que carece de um pouco de intensidade.
A letra possui um caráter determinista:
Once I was promised absolution
There's only one solution for my sins
You gotta face your ghosts
And know with no illusions
That only one of you is going home again
JUSTICE IN THE BARREL
Apesar de ser também uma faixa que carece de mais peso, “Justice in the Barrel” é uma boa canção.
A letra tem o sentido de resiliência:
I been broke and I've been hungry
I think they're both my middle name
But I don't never ever never seem to get enough
Still guess I can't complain
NEVER SAY DIE
“Never Say Die” lembra o que Jon fazia em sua banda principal, sendo mais intensa e agressiva.
A letra fala sobre uma garota:
And
you were lonesome
As a jukebox
But deadly just the same
I
could be as gentle as a newborn
Then spit into the eye of a
hurricane
"Never Say Die" foi o terceiro single do álbum Blaze of Glory, sendo lançado em três países; Polônia, Canadá e Austrália. Na Polônia, tornou-se um hit Top 20 ao 17º lugar. Na Austrália, entrou nas paradas em 7 de abril de 1991 e atingiu a 60ª posição.
YOU REALLY GOT ME NOW
Little Richard dá um toque especial à divertida “You Really Got Me Now”.
A letra é simples e é em tom de ciúmes:
You
say you talk to everyone
Who is anyone in town
But they
don't recognize you
With your foot out of your mouth
You
really got me
You really got me now
BANG A DRUM
"Bang a Drum" também aposta em um refrão mais suave e conta com um solo de guitarra inspirado.
A letra possui um sentido religioso:
Bang
a drum for the sinners
Bang a drum for the sins
Bang a drum
for the losers
And those who win
Bang a drum bang it
loudly
Or as soft as you need
Bang a drum for yourself
son
And a drum for me
Em 1998, o cantor country Chris LeDoux fez um cover de "Bang a Drum", com Jon Bon Jovi fazendo os vocais, como convidado. O solo de guitarra foi executado pelo virtuoso da guitarra Shawn Lane. A versão está no álbum One Road Man, de LeDoux, produzido por Trey Bruce. Esta versão também apresenta um videoclipe.
DYIN’ AIN’T MUCH OF A LYIN’
“Dyin’ Ain’t much of a Livin’” é mais uma balada no álbum, desta feita mais contida e soturna.
A letra possui um quê de arrependimento:
Dyin'
ain't much of a livin'
When you're livin' on the run
Dyin'
ain't much of a livin' for the young
Is it too late to ask for
forgiveness
For the things that I have done
Dyin' ain't
much of a livin' for the young
GUANO CITY
“Guano City” é um curtíssimo trecho instrumental orquestrado o qual encerra o disco.
Considerações Finais
É indubitável que Blaze of Glory se trata de um grande sucesso comercial. Em termos de paradas de sucesso, alcançou o 2º lugar no Reino Unido e o 3º em sua correspondente norte-americana.
Além disso, o disco vendeu mais de 2,5 milhões de cópias pelo mundo.
Já a crítica especializada não “abraçou” o trabalho. William Ruhlmann, do AllMusic, deu ao disco uma nota 2,5 (em 5), apontando: “(…) Dadas suas canções de caubói nos álbuns do Bon Jovi, fazia sentido que ele fosse "inspirado" pelo faroeste, e ele enchia essas canções (escritas sem a ajuda do colega de banda Richie Sambora ou do contratado Desmond Child) com referências a tiroteios (…).”
Ruhlmann ‘descasca’ o álbum: “Infelizmente, esse tipo de abordagem colocou os holofotes diretamente sobre o cantor/compositor, e Jon Bon Jovi não estava totalmente à altura do escrutínio, escrevendo versos idiotas como "Diga às minhas armas que estou voltando para casa" e "Eu estava sem dinheiro e com fome / Acho que os dois são meu nome do meio" em um contexto em que você poderia realmente decifrá-los (...)”.
Desiludido com o negócio da música e insatisfeito com o status quo, Jon Bon Jovi demitiu sua gestão, consultores de negócios e agentes (incluindo o gerente de longa data Doc McGhee) em 1991. Jon assumiu as responsabilidades de gestão ao fechar fileiras e criar a Bon Jovi Management.
Em outubro de 1991, a banda foi para a ilha caribenha de St. Thomas, a fim de discutir planos para o futuro. Eles conseguiram resolver suas diferenças permitindo que cada membro falasse sobre seus sentimentos sem interrupção um do outro. Após resolverem seus problemas, eles voltaram para os estúdios Vancouver Little Mountain, com Bob Rock, para trabalhar no quinto álbum da banda em Janeiro de 1992.
Um novo disco de estúdio, na carreira-solo do Jon Bon Jovi, viria em 1997, com Destination Anywhere.
Formação:
Jon
Bon Jovi - Vocal, Backing Vocals, Guitarras (2, 3, 5 a 10), Piano
(3), gaita (4)
Kenny Aronoff - Bateria, Percussão
Jeff
Beck - Guitarra (6, 10), Slide guitar, Solo de guitarra (1 a 3, 6, 7,
9)
Robbin Crosby - Guitarra (7)
Bob Glaub - Baixo (5,
10)
Randy Jackson - Baixo (1 a 3, 6 a 9)
Elton John - Piano
(1, 10), Backing Vocal (10)
Danny Kortchmar -Guitarra (1 a 2, 4
a 9)
Dale Lavi - Palmas
Myrna Matthews, Julia Waters,
Maxine Waters – Backing Vocals (2, 6, 9, 10)
Camilla Lento -
Backing Vocals
Aldo Nova - Guitarras, Teclados, Piano,
Pandeiro
Phil Parlapiano - Acordeão (2, 4)
Lou Diamond
Phillips - Vocal (6)
Little Richard - Piano, Vocal (8)
Alan
Silvestri - Arranjador
Benmont Tench - Hammond (1 a 3, 5 a 7, 9
a 10), Piano (5, 8)
Waddy Wachtel - Guitarra (9), Slide guitar
(8)
Faixas:
Todas as faixas compostas por Jon Bon Jovi, exceto a 11:
01. Billy Get Your Guns – 4:49
02. Miracle – 5:20
03. Blaze of Glory – 5:35
04. Blood Money – 2:34
05. Santa Fe – 5:42
06. Justice in the Barrel – 6:48
07. Never Say Die – 4:54
08. You Really Got Me Now – 2:24
09. Bang a Drum – 4:44
10. Dyin' Ain't Much of a Livin' – 4:46
11. Guano City (Alan Silvestri) – 1:16
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/jon-bon-jovi/
Opinião do Site:
É claro que, em 1990, Jon Bon Jovi já era um nome consagrado do Rock por conta de sua participação fundamental na banda que carrega seu nome.
Este primeiro esforço em carreira-solo, Blaze of Glory, demonstrou-se ser um grande potencial comercial, embora a crítica especializada tenha rejeitado o trabalho – não sem boas doses de razão.
Para o Rock: Álbuns Clássicos, Blaze of Glory exagera no número de baladas, todas praticamente homogêneas e carecendo de mais ‘punch’, mais pegada. Aliás, isto é o que também falta às composições que não são baladas. As letras também carecem de maior apuro, por vezes soando insossas.
Claro que “Blaze of Glory”, que dá nome ao disco, é um ponto bem alto. E, ao menos no aspecto instrumental, a balada “Dyin’ Ain’t Much of a Livin’” também merece um destaque.
Enfim, Blaze of Glory é também uma prova de que um sucesso comercial estrondoso nem sempre é garantia de qualidade. Jon Bon Jovi acertou bem mais em sua banda principal, especialmente entre meados dos anos 80s e início dos 90s. Mas o Blog sugere que o leitor ouça o disco e tire suas próprias conclusões.
Ótimas impressões. Tive esse em vinil e ouvi bastante. Embora não entenda nada de música em si, tenho a impressão em retrospecto, que algumas bandas de rock que suavizaram em alguma instância seus trabalhos em relação à década de 80 (com expressão até física, como cortes de cabelo, forma de se vestir, comportamento, composição de mais baladas) como o próprio Bon Jovi, Metallica, Van Halen, Guns n' Roses, etc que na época dos lançamentos foram bastante criticados pelos fãs originais, na verdade representaram um bocado de quão o tempo parece ter encolhido nas décadas mais recentes.
ResponderExcluirTendências são destruídas num átimo, a moda, os perfis são instantâneos.
Esse fenômeno de compressão temporal que hoje parece tão natural, se você olha pra trás, nota o quanto foi avassalador e exponencial.
Ótimos apontamentos, meu amigo. Na questão musical, eu vejo bandas como o Bon Jovi e o Van Halen sempre flertando com musicalidades mais amenas e a partir do começo dos anos 90 intensificando este processo que você mencionou. Em outros casos, como o Metallica, a coisa foi mais abrupta e o choque foi ainda maior. Acredito que muito se deve ao que você mencionou (muito bom), ou seja, uma necessidade de se adequar a novos tempos e às novas exigências (da época) seja no campo comportamental, seja para adequar a imagem do grupo para um então novo mercado de fãs, com exigências próprias (particulares).
ExcluirNo frigir dos ovos, é uma busca pela própria subsistência, como um "negócio", tanto para manter a relevância comercial como conquistar novas bases de fãs. Muitos foram bem sucedidos comercialmente falando, mas outros afetaram substancialmente não somente seu discurso, mas também a sua identidade musical e seu legado.