9 de setembro de 2022

BLUE MURDER - BLUE MURDER (1989)


Blue Murder é o álbum de estreia do grupo britânico homônimo, evidentemente, o Blue Murder. Seu lançamento oficial aconteceu em 24 de abril de 1989, através do selo Geffen Records. As gravações ocorreram entre 1988 e 1989, nos estúdios Little Mountain Sound Studios, em Vancouver, no Canadá. A produção ficou a cargo do renomado Bob Rock.


O Rock: Álbuns Clássicos vai visitar um dos grandes álbuns do Hard Rock dos anos 1980, contando os antecedentes para depois se ater às faixas.


Formação do Blue Murder


Em 1986, o guitarrista John Sykes foi demitido do lendário grupo Whitesnake pelo vocalista David Coverdale.


Sykes havia acabado de gravar o álbum homônimo da banda, o qual se tornaria um gigantesco sucesso comercial. Após a demissão, ele retornou para sua casa em Blackpool, na Inglaterra, onde começou a compor canções novamente.


John Sykes



Em fevereiro de 1987, Sykes começou a formar um novo conjunto. O lendário baterista Cozy Powell foi o primeiro a se juntar, pois havia tocado com Sykes, no Whitesnake, entre 1984 e 1985. Em seguida, chegariam o baixista Tony Franklin, ex-The Firm, e por último o vocalista Ray Gillen, que já havia sido o vocalista do Black Sabbath por um curto período.


Depois de solidificar sua formação inicial, a banda gravou algumas demos e as enviou para a Geffen Records, com quem Sykes já havia trabalhado como membro do Whitesnake. Antes disso, Sykes havia enviado a Geffen suas primeiras gravações demo, nas quais o próprio John estava nos vocais principais.


Por acaso, o executivo da Geffen, John Kalodner, preferiu os vocais de Sykes aos de Gillen, paralelamente ao fato de que estavam acontecendo divergências sobre a abordagem musical e vocal das músicas entre Ray e John.


Eventualmente, Gillen saiu da banda depois de apenas alguns meses. Em meados de 1987, o grupo assinou contrato com a Geffen Records, mas quando começaram a procurar um novo vocalista, Cozy Powell também saiu do conjunto abruptamente para se juntar ao Black Sabbath, pois estava frustrado com o lento progresso da banda.


A banda foi abordada pelo baterista Carmine Appice, que já havia tocado com Rod Stewart, Vanilla Fudge e King Kobra, entre outros. Também na disputa pela vaga estava o ex-baterista do Journey e ex-colega de banda de Sykes no Whitesnake, Aynsley Dunbar, mas no final o trabalho ficou mesmo com Appice.


No início de 1988, o ex-vocalista do Black Sabbath, Tony Martin, foi escolhido como o novo ‘frontman’ da banda, mas quando eles estavam prestes a ir para Vancouver para gravar seu álbum de estreia, Martin acabou desistindo. O resto do grupo decidiu seguir em frente, imaginando que sempre poderiam encontrar um vocalista posteriormente.


Tony Franklin



O álbum de estreia


Incapazes de encontrarem um vocalista, a banda foi para o estúdio como um ‘power trio’, com Sykes nas guitarras e vocais, Appice na bateria e Franklin no baixo.


A banda entrou no Little Mountain Sound Studios, em fevereiro de 1988, para gravar seu álbum de estreia. Bob Rock foi escolhido para produzi-lo, tendo trabalhado anteriormente com Sykes no álbum homônimo do Whitesnake.


Atuando como engenheiro de som estava Mike Fraser, que também mixou o disco. David Donnelly supervisionou o processo de masterização. O tecladista Nik Green também foi convidado para tocar no álbum.


Devido aos compromissos já firmados anteriormente pelo Bob Rock com o Bon Jovi e o The Cult, a gravação foi interrompida após seis semanas, o que permitiu que a banda fizesse mais testes com outros vocalistas, entre os quais estavam David Glen Eisley e Derek St. Holmes.


Incapazes de concordarem com um frontman, Sykes acabou sendo persuadido por John Kalodner e peloo resto da banda a assumir o papel de vocalista. Não tendo nenhum tipo de treinamento vocal adequado, Sykes inicialmente lutou para cantar as faixas, mas acabou se adaptando, aproveitando o que aprendeu trabalhando com David Coverdale e com o vocalista do Thin Lizzy, Phil Lynott.


Por sugestão de Franklin, a banda foi nomeada de Blue Murder, em homenagem à expressão britânica "scream blue murder".


O logotipo da banda foi desenhado pela artista gráfica Margo Chase.


O encarte do álbum apresentava fotografias da banda vestida com trajes de pirata. Originalmente, o grupo desejava uma foto simples em preto e branco, mas a Geffen insistiu em fotografar em cores. Quando perguntado por que eles estavam vestidos de piratas, Sykes respondeu brincando: "Você sabe, agora há tantas capas de álbuns com fotos brilhantes de roupas da moda; melhores roupas de piratas então!"


O álbum foi dedicado a Phil Lynott, que havia morrido em 1986. Embora não tenha sido inicialmente planejado, Sykes sentiu que "era a coisa certa a fazer" depois que o álbum foi finalizado.


A intenção de Sykes com o Blue Murder era criar um disco mais pesado do que o álbum homônimo do Whitesnake, embora mantivesse um pouco do mesmo groove e da mesma vibe. Em entrevista à revista Metal Shock, Sykes se referiu à música da banda como "funk pesado".


A música "Billy" foi descrita por Sykes como sua "faixa Thin Lizzy", com letras inspiradas no filme White Heat, de 1949. A faixa-título do álbum foi caracterizada, por John, como uma "história policial". Ele também comentou como a música o lembrava mais de seu tempo com o Thin Lizzy.


Carmine Appice



Apesar de ser creditado como compositor em "Valley of the Kings", Tony Martin afirmou que ele realmente coescreveu uma parte significativa do disco com Sykes, mas não foi creditado.


Vamos às faixas:


RIOT


Riot” possui um refrão interessante, em um clima que realmente lembra o Whitesnake do fim da década de 80.


A letra fala sobre violência:


The boy was running he had nowhere left to hide

They cut him down to the ground

Still they didn't find the knife

They say it's murder

Murder in the first degree

They have no suspect, now those hound dogs follow me


SEX CHILD


Sex Child” é mais cadenciada, mas com ótimo trabalho das guitarras de Sykes.


A letra possui cunho sexual:


Yeah yeah

Ooh, sex child

Gonna slip 'n' slide gonna come inside girl

Yeah yeah

Ooh, sex child

Yeah yeah

Sweet little momma gonna keep you satisfied


VALLEY OF THE KINGS


Valley of the Kings” é mais longa e conta com um tom mais sóbrio, sendo um dos pontos mais altos do disco.


A letra fala sobre uma batalha épica:


No way out of this place you gotta work until it's over

See the fire in the sky, in glory die

Cry if you must but die you will

The valley of the kings will still be built

See the fire in the sky, in glory die


Valley of the Kings” foi lançada como single, mas não repercutiu nas principais paradas de sucesso desta natureza.


JELLY ROLL


Jelly Roll” flerta com o Blues, tendo um ritmo bem malemolente.


A letra fala sobre uma garota:


I don't need no doctor

I don't need no priest

All I need is my baby girl

To bring it on home to me

I just need her loving each and every day

Only she can set me free and take these old blues away, yeah

Take em away


Jelly Roll” foi outro single retirado do álbum e que também não impactou as principais paradas desta natureza.


BLUE MURDER


Blue Murder” é bem Glam Metal, sendo um música com bastante cara dos anos 80.


A letra mostra um eu lírico desesperado:


I'm rolling in money I'm down on the floor

Smashing the windows and kicking the doors

They'll take me alive and that's all that I'll fear

They're getting so close but all I can hear is





OUT OF LOVE


Out of Love” é uma balada, mas pouco inspirada.


A letra fala sobre um sofrimento amoroso:


When times were hard we struggled through

A long long time ago

But things have changed, much more than this

I never thought you'd go

Taken in, my tears subside, I'm feeling lost

Can I survive without you,

I'm outta love again

My heart it cries out in pain


BILLY


Billy” é mais rápida e direta, contando com teclados bem proeminentes.


A letra fala sobre um relacionamento conturbado:


I'll tell you, girl, if we make it to the borderline

We will be free just you and me

I swear I will make you mine

`Til the end of our time


PTOLEMY


Ptolemy” também conta com ótimas guitarras de Sykes.


A letra fala sobre um eu lírico ameaçado:


Standing in the shadows there's a real mean guy

And I don't know if I'll make it

And I don't know if I'm gonna die tonight


BLACK-HEARTED WOMAN


Black-Hearted Woman” encerra o álbum com bastante energia e intensidade.


A letra fala sobre uma garota sorrateira:


When she walked in the room I was drawn

Like a fool almost hypnotized

You made my heart beat, baby, like never, never before

Underneath her disguise I saw trouble and lies

But I walked right in

She said tonight I'm gonna make you push it

And that's the score


Considerações Finais


Blue Murder acabou alcançando a 45a posição da principal parada britânica de discos e a 69ª colocação de sua correspondente, a Billboard 200.


As críticas contemporâneas para o álbum foram em sua maioria positivas. Paul Suter, do Raw, deu a Blue Murder uma classificação de dez em dez, e o chamou de "um dos melhores discos de uma era". Warren J. Rhodes, escrevendo para o The California Aggie, chamou o álbum de "excelente", enquanto Neil Jeffries, da Kerrang!, saudou-o como uma "obra-prima", dando-lhe uma pontuação perfeita.


As revisões retrospectivas do álbum são amplamente positivas, e o disco conquistou um pequeno culto de seguidores. Eduardo Rivadavia, do AllMusic, elogiou a musicalidade da banda e comentou a atemporalidade do álbum que "suportou muito melhor do que a maioria dos álbuns de heavy metal de estilo semelhante da época". O famoso Eddie Trunk também destacou o álbum em seu livro de 2011, Eddie Trunk's Essential Hard Rock and Heavy Metal.


Para promover o disco, a banda fez aparições no Hard 60, da MTV, e no The Big Al Show, apresentado por "Weird Al" Yankovic. O conjunto embarcou para uma turnê americana, em suporte ao Bon Jovi. Depois, eles se apresentaram em uma turnê tripla com Billy Squier e King's X.


O Blue Murder também tocou em várias datas nos Estados Unidos e no Japão. Devido a problemas de gerenciamento não especificados, uma turnê européia nunca se materializou.


Em 2013, Blue Murder foi relançado pela Rock Candy Records. A reedição contou com uma versão remasterizada do álbum, um ensaio de 3.500 palavras de Malcolm Dome e uma entrevista com John Sykes. As prensagens iniciais listaram uma décima música, intitulada "Cold Harbor", como parte do conteúdo. Este foi, no entanto, um erro de impressão e nenhuma nova canção aparece no álbum.


O sucesso de Blue Murder ficou aquém das expectativas, já que as vendas de seu álbum de estreia decepcionaram tanto a banda quanto a gravadora. Sykes sentiu que a Geffen não promoveu adequadamente o grupo e também especulou que o peso do disco e a falta de um single de sucesso contribuíram para o seu fracasso. John Kalodner sentiu que o fracasso do Blue Murder se resumia ao fato de John Sykes não ser um frontman forte o suficiente.


Em 1993, sairia o segundo álbum de estúdio da banda, Nothin’ But Trouble.





Formação:

John Sykes – Guitarras, Vocal, Backing Vocals

Tony Franklin – Baixo, Backing Vocals

Carmine Appice – Bateria, Backing Vocals

Músicos adicionais:

Nik Green – Teclados


Faixas:

1. Riot (Sykes) - 6:22

2. Sex Child (Sykes) - 5:51

3. Valley of the Kings (Sykes/T. Martin) - 7:51

4. Jelly Roll (Sykes) - 4:44

5. Blue Murder (Sykes/Appice/Franklin) - 4:54

6. Out of Love (Sykes) - 6:44

7. Billy (Sykes) - 4:12

8. Ptolemy (Sykes) - 6:30

9. Black-Hearted Woman (Sykes) – 4:48


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/blue-murder/


Opinião do Blog:

A estreia do Blue Murder, em seu autointitulado álbum, é uma amostra de que a presença de músicos talentosos nem sempre representa sucesso comercial.


Claro, John Sykes sempre foi um ótimo guitarrista, bem como Appice e Franklin são uma seção rítmica invejável. Mas a inexperiência de Sykes como vocalista, inegavelmente, prejudicou as possibilidades de um melhor resultado para o disco.


As composições são boas, inspiradas em muito no sucesso estrondoso de 1987, do Whitesnake, do qual Sykes foi parte fundamental. A fusão do Hard & Heavy, com ênfase no instrumental, é apimentada e é envolvente. Entretanto, um vocalista mais completo e com maiores capacidades elevariam exponencialmente as potencialidades das canções. Isto fica evidentes em faixas como “Sex Child”, uma composição incrível, mas com vocais apenas ‘ok’ de Sykes.


Mas, claro, há ótimas canções como “Black-Hearted Woman”, “Riot” e, principalmente, “Jelly Roll”.


Enfim, a estreia do Blue Murder demonstra uma banda muito competente, repleta de talento, mas cujas precipitações em seu planejamento impediram um maior sucesso comercial. Mesmo assim, é um álbum que merece ser ouvido e avaliado.


Texto originalmente publicado na Consultoria do Rock.

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