1001° Centigrades é o segundo álbum da banda francesa chamada Magma. Seu lançamento oficial aconteceu em 5 de outubro de 1971 através do selo Phillips Records. A produção ficou a cargo de Roland Hilda.
Momento do RAC se debruçar novamente sobre o Rock Progressivo, mas desta feita apontando para a banda francesa chamada Magma.
Origens
No início de 1967, o baterista Christian Vander tocava no Wurdalaks e no Cruciferius Lobonz, duas bandas de rhythm and blues. Com esses grupos, compôs suas primeiras músicas, "Nogma" e "Atumba".
A morte do lendário John Coltrane entristeceu Vander, que deixou os grupos e viajou para a Itália. Ele retornou à França, em 1969, e conheceu o saxofonista René Garber e o baixista e maestro Laurent Thibault. Juntamente com o cantor Lucien Zabuski e o organista Francis Moze, eles criaram o grupo Uniweria Zekt Magma Composedra Arguezdra, abreviado para Magma.
Após sua primeira turnê, a banda Magma experimentou uma rotatividade significativa em sua formação. O vocalista Lucien Zabuski foi substituído por Klaus Blasquiz, e o pianista Eddie Rabin, o contrabaixista Jacky Vidal e o guitarrista Claude Engel também se juntaram ao grupo.
O grupo trabalhou em novo material por três meses, em uma casa no Vale de Chevreuse. Eddie Rabin foi substituído por François Cahen nos teclados, e Laurent Thibault abandonou o baixo para se dedicar à produção. Francis Moze tornou-se o novo baixista.
A banda também se expandiu com uma seção de metais, composta por Teddy Lasry no saxofone e clarinete, Richard Raux no saxofone e flauta e Paco Charlery no trompete.
Christian Vander |
Magma
O primeiro álbum do grupo, Magma, foi lançado na primavera de 1970 pela Philips Records.
O grupo causou sensação, mas as reações do público foram mistas.
Após o lançamento do álbum, Claude Engel, Richard Raux e Paco Charlery deixaram o grupo. Jeff Seffer substituiu Raux no saxofone e Louis Toesca substituiu Charlery no trompete.
Christian Vander |
1001º Centigrades
Seu segundo álbum, 1001° Centigrades, foi lançado em 5 de outubro de 1971. O álbum oportunizou mais exposição da banda, incluindo uma apresentação no Montreux Jazz Festival.
1001° Centigrades tem também o título alternativo de 2, pois nas reedições futuras usam ambos os títulos como 2: 1001° Centigrades.
A primeira faixa, "Rïah Sahïltaahk", foi posteriormente regravada como um álbum de estúdio completo, Rïah Sahïltaahk, em 2014, pois Christian Vander não se considerava satisfeito com o arranjo deste álbum.
Para este álbum, conforme foi dito, o Magma passou por várias mudanças de pessoal: o guitarrista Claude Engel saiu sem ser substituído, e Alain Charlery e Richard Raux abriram caminho para Louis Toesca (trompete) e Jeff Seffer (sax, clarinete baixo).
Klaus Blasquiz |
O disco foi a segunda etapa da saga Kobaïan, do Magma, inciada em seu primeiro álbum. Com letras novamente interpretadas na linguagem inventada pelo baterista Christian Vander, o álbum narra o retorno do povo Kobaïan à Terra para salvar o planeta.
Vamos às faixas:
RÏAH SAHÏTAAKH
A faixa apresenta várias mudanças de dinâmica e há uma grande influência de jazz, com grande destaque dos metais.
Tü dü ẁah, tü dü ẁah râhssï
Tü dü ẁah, ï wah rï sï sündï
Tü dü ẁah, tü dü ẁah râhssï sündï sündï sündï
Tü dü ẁah, tü dü ẁah râhssï
Tü dü ẁah, ï wah rï sï sündï
Tü dü ẁah, tü dü ẁah râhssï sündï sündï sündï sündï
“ISS” LANSEÏ DOÏA
Nesta composição, o Jazz aparece ainda mais reluzente, seja nos andamentos, seja nas improvisações.
Ï seï deï
Hündïn dehn stoïwaah
Ï doï soï ẁaï dehn
KI ÏAHL Ö LÏAHK
Nesta música, a bateria e o baixo estão mais proeminentes, há cortes de uma sonoridade de bandas marciais, mas a construção aponta a um direcionamento mais Jazz-Rock.
Ëmëhntëhtt-Ré I Ahm Knêma Hörr Néhêm Ak Ëhntëhtt Hïm Ëk Oğërr-Ré Ïk…
Fur Dï Hël Kobaïa Ëwëh sëwëh dëwëh dötnah Wï wï rëwëhn döh Ëwëh sëwëh dëwëh dë…
Gorutz waahrn Wiïëehr Wiïëehr Gëhmaïn Wiïëehr Wiïëehr Gëhmaïn dïehr …
Hortz Fur Dëhn Stekëhn West Hur Dëh antzik Köhntarkösz Kreuhn Köhrmahn Stöht wurdah me…
Ima suri dondai Ïmah süri Dondaï ïmah süri Dondaï Ïmah süri Dondaï Süri Do…
K.A I Wï wï siwili dö rï Siwï dö woh wëhrë sëhn dëwëloï Hël…
Considerações Finais
1001° Centigrades não conseguiu atingir as principais paradas de sucesso.
Entretanto, em 1001° Centigrades, o som "zeuhl" que mais tarde veio a definir o Magma se desenvolve, embora faltem os vocais femininos operísticos e o ritmo de condução primordial do álbum seguinte, Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh.
Entre
o lançamento deste álbum e MDK, vários membros da banda
deixaram a banda devido a divergências sobre seu futuro som. Dois (o
saxofonista Yochk'o "Jeff" Seffer e o tecladista François
Cahen) saíram para formar o Zao, uma banda que segue os
passos dos dois primeiros lançamentos do Magma.
Wilson Neate, do AllMusic, afirma: “Apesar dessa continuidade conceitual com a estréia auto-intitulada do grupo, este foi um trabalho um tanto transitório em termos musicais. Ele compartilha a direção do jazz do primeiro álbum, mas também antecipa a jornada subsequente de Magma em um gênero de sua própria criação, que deve tanto a Carl Orff quanto ao rock”.
Depois ele confirma: “Em última análise, 1,001 Degrees Centigrade não é de forma alguma um disco clássico do Magma, mas "Rïah Sahïltaahk" se destaca como um excelente documento de uma banda se aproximando de sua obra-prima”.
Em agosto de 1972, o Magma lançou o álbum The Unnamables, sob o pseudônimo Univeria Zekt. No entanto, o álbum vendeu apenas 1.500 cópias. Muitos músicos deixaram a banda naquele ano, incluindo François Cahen, Louis Toesca, Jeff Seffer, Francis Moze e Teddy Lasry. Nesse mesmo ano, Christian Vander gravou a trilha sonora do filme Tristan et Iseult, de Yvan Lagrange.
Em
1973, Vander lançou uma nova formação da banda, acrescentando
Stella Vander como segunda vocalista, Claude Olmos na guitarra,
Jannick Top substituindo Francis Moze no baixo, René Garber no
saxofone e clarinete e Jean-Luc Manderlier nos teclados, entre
outros. Esta nova versão da banda lançaria seu trabalho mais
famoso, Mëkanïk Dëstruktïẁ Kömmandöh, que mais tarde
se tornaria seu álbum mais aclamado, e lhes deu fama internacional.
Formação:
Klaus Blasquiz – Vocal, Percussão
Teddy Lasry – Clarinete, Saxofone, Flauta
Yochk'o "Jeff" Seffer – Saxofone, Clarinete
Louis Toesca – Trompete
François Cahen – Pianos
Francis Moze – Baixo
Christian Vander – Vocal, Bateria, Percussão
Faixas:
1. Rïah Sahïltaahk (Vander) - 21:45
2. “Iss" Lanseï Doïa (Lasry) - 11:46
3. Ki Ïahl Ö Lïahk (Cahen) - 8:23
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://genius.com/artists/Magma
Opinião do Blog:
Bem difícil definir a sonoridade de uma banda como o Magma e de um álbum tão experimental como 1001° Centigrades.
Rock Progressivo seria um termo mais próximo, mas não exatamente preciso. É claro que 1001° Centigrades apresenta características progressivas como a alternância de dinâmicas, a mudança constante de caminhos e uma mistura - muito interessante - de musicalidades.
Mas há, neste álbum muitas experimentações, tendo como base o Rock e o Jazz, estes últimos, em intensa fusão. A partir de então, o grupo cria diversas camadas sonoras por sobre este alicerce sonoro. Individualmente, os músicos são bastante competentes.
O estranho idioma criado chega a causar estranheza, mas logo se acostuma com ele. De fato, a maior a parte do trabalho é de caráter instrumental, com espaço para solos, improvisos e desfiles instrumentais afiados.
Enfim, 1001° Centigrades não é o trabalho mais exaltado da banda Magma, mas é bastante interessante conhecer aquilo que a genial e inquietante mente de Christian Vander produzia.
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