17 de maio de 2023

OZZY OSBOURNE - THE ULTIMATE SIN (1986)

 


The Ultimate Sin é o quarto álbum de estúdio da carreira-solo do vocalista Ozzy Osbourne. Seu lançamento oficial aconteceu em 22 de fevereiro de 1986, através dos selos Epic e CBS. As gravações ocorreram em 1985. A produção ficou por conta do consagrado produtor Ron Nevison.


A figura de Ozzy Osbourne está intrinsecamente ligada ao gênero Heavy Metal e seu pioneirismo através de sua ex-banda, o Black Sabbath. O Blog vai analisar o álbum The Ultimate Sin, uma proposta bem diferente na carreira do consagrado vocalista.


Bark at the Moon


Em novembro de 1983 Ozzy lançava seu terceiro álbum solo, Bark At The Moon, o primeiro a não contar com o guitarrista original Randy Rhoads, morto em um acidente de avião em 1982.


Seu substituto foi o talentoso guitarrista Jake E. Lee, o qual havia tomado parte em versões embrionárias das bandas Rough Cutt e Ratt.


Com Lee inspirado, o álbum trouxe algumas ótimas faixas como “You're No Different”, "Now You See It (Now You Don't)", “So Tired” e um clássico de Ozzy até os dias atuais, a incrível faixa-título “Bark At The Moon”.


Bark At The Moon acabou alcançando a 24ª posição da parada britânica de álbuns, atingindo a 19ª colocação de sua correspondente norte-americana.


Mais que isso, o álbum foi um grande sucesso comercial, estimando que ultrapasse já 1,1 milhão de cópias já em 1986.


Ao retornar do Betty Ford Center, em 1985, onde havia sido submetido a um tratamento para abuso de substâncias, Osbourne foi presenteado com uma quantidade substancial de música escrita pelo guitarrista Jake E. Lee.


Depois de ter sido enganado, em Bark At The Moon, por não receber créditos como compositor na publicação do álbum, Lee se recusou a efetivar sua contribuição até que ele tivesse em mãos um contrato garantindo o seu crédito e publicação de direitos como autor das canções.





The Ultimate Sin


Grande parte das músicas de Lee formariam a base do álbum. As letras foram em grande parte escritas pelo baixista e letrista Bob Daisley, até então há longo tempo trabalhando com Osbourne.


Entretanto, Daisley deixou a banda antes da gravação do disco, após ter um desentendimento com Osbourne, levando à contratação do baixista Phil Soussan como seu substituto. Daisley não foi creditado por suas contribuições como compositor na prensagem inicial de The Ultimate Sin, embora isso tenha sido corrigido nas posteriores.


O futuro baterista dos grupos Y&T e Megadeth, Jimmy DeGrasso, chegou a trabalhar com Lee e Daisley em demos para o álbum, mas esta versão da banda se desfez devido ao compromisso de Osbourne com o Black Sabbath no verão norte-americano de1985, um reencontro para o show beneficente Live Aid.


O baterista Randy Castillo e o baixista Phil Soussan, finalmente, substituíram DeGrasso e Daisley, uma vez iniciadas as gravações.





Inicialmente, o título do trabalho era Killer of Giants, devido à canção de mesmo nome. Osbourne optou por alterar o nome do disco para The Ultimate Sin no último minuto.


A arte da capa é bem legal. Vamos às faixas:


THE ULTIMATE SIN


Um ótimo riff de Lee conduz uma canção pesada e com presença firme da bateria de Castillo.


A letra é boa e fala sobre poder e suas consequências:


Overkill enough is enough there's nothing left of me to devour
You've had your fill i'm all i have left
What can stop your hunger for power
'Cos you took advantage of things that i said now the feeling is dead
And that's the ultimate sin and that's the ultimate sin





A faixa-título foi lançada como single, atingindo a modesta 72ª posição da principal parada britânica desta natureza, não obtendo maior repercussão nos Estados Unidos.


SECRET LOSER


Secret Loser” é mais simples e direta, com um ritmo mais veloz e com mais pegada Glam Metal.


A letra é ótima e fala sobre realidade e ilusão:


Seeing is not believing
It don't mean a thing
Although it appears to be that
The loser is king
I can understand that what you see
You think is real
But underneath the surface is a wound
That cannot heal


NEVER KNOW WHY


Never Know Why” é mais cadenciada, mas mantém altas doses de peso e ótima atuação vocal de Ozzy.


A letra é simples em tom de exaltação:


I leave you cold and in disgust
Don't try to tame me you'll eat my dust
I know that you know not what you do
That's why you'll never know why
Oh no you'll never know why


THANK GOD FOR THE BOMB


Thank God for the Bomb” até começa com um bom riff, mas perde fôlego no seu decorrer.


A letra contrapõe o fato da paz ser garantida por armas:


Today was tomorrow yesterday
It's funny how the time can slip away
The face of the doomsday clock
Has launched a thousand wars
As we near the final hour
Time is the only foe we have


NEVER


Never” tem na bateria de Castillo seu grande destaque.


A letra é crítica a religião:


If the Messiah is coming
Will he be too late
To reconcile our tears with our hate
And the memory of freedom
That imprisons our heart
As we're greeted by the cold hand of fate


LIGHTNING STRIKES


O riff inicial bem “priestiano” é muito bom.


A letra é simples em tom de diversão:


You know I take no prisoners
My back's to the wall
You know I must be going
When destiny calls
Until I feel that thunder shattering my brain
I won't stop


KILLER OF GIANTS


Killer of Giants” é uma das mais belas baladas que Ozzy gravou.


A letra é ótima, sendo uma mensagem contra a guerra:


Giants sleeping, Giant's winning wars
Within their dreams
Till they wake when it's too late
And in God's name blaspheme


FOOL LIKE YOU


Fool Like You” é simples e direta.


A letra é divertida e zomba dos chamados “Donos da Verdade”:


You're hearing what you want to hear
Misunderstanding all you see
And attitude in all of us
Is it really you and me


SHOT IN THE DARK


Shot in the Dark” é uma excelente canção e bastante subestimada, contando com ótima atuação vocal de Ozzy e lindas linhas de guitarra de Lee.


A letra é sombria e inquietante:


But a shot in the dark
One step away from you
Just a shot in the dark
Nothing that you can do
Just a shot in the dark
Always creeping up on you, all right





Shot In The Dark” é um clássico da carreira de Ozzy.


Lançada como single, conquistou a 20ª colocação na principal parada britânica desta natureza, com a 68ª posição da correspondente norte-americana.


A canção foi, supostamente, composta pelo baixista Phil Soussan antes que ele ingressasse na banda de Ozzy. No entanto, Osbourne foi creditado como co-autor na contracapa do álbum.


Esta questão tornou-se uma infindável fonte de discórdia ao longo dos anos, e, apesar de seu sucesso, como resultado, “Shot in the Dark” raramente tem aparecido em compilações do Madman.


Além disso, ambos (o EP Just Say Ozzy, o qual continha uma versão alternativa de "Shot in the Dark") e o álbum The Ultimate Sin foram eliminados do catálogo de Ozzy, em 2002, por conta de créditos de royalties não pagos a Phil Soussan.


No entanto, há relatos que a disputa acerca da canção são infundados, com o processo legal reconhecido entre eles era mais uma questão de contabilidade que parece ter sido resolvida no início de 1990.


A banda britânica FM fez uma versão cover para “Shot in the Dark”, presente no Only Foolin' EP, de 2012.


Considerações Finais


A nova roupagem sonora de Ozzy Osbourne caiu no gosto popular e The Ultimate Sin foi um grande sucesso comercial.


O álbum atingiu a excelente 6ª posição da principal parada dos Estados Unidos, a Billboard, além da ótima 8ª posição na correspondente britânica. Além disso, ficou com o 4º e 6º lugares nas paradas sueca e norueguesa, respectivamente.


A turnê contou com Phil Soussan no baixo e Randy Castillo na bateria, mais o tecladista John Sinclair, ex-Uriah Heep, que se juntou ao grupo antes do início da The Ultimate Sin Tour.


Em 1º de abril de 1986, uma performance ao vivo foi filmada para promoção do disco, na cidade de Kansas City, Missouri, e lançada no final daquele ano como um home video chamado The Ultimate Ozzy.


A crítica especializada, assim como boa parte dos fãs, não gostou do disco. Steve Huey, do AllMusic, detona o trabalho, dando apenas 2 de um máximo de 5 estrelas possíveis, constatando: “Há alguns bons momentos, incluindo o single "Shot in the Dark", mas no geral, o Ultimate Sin é incapaz de ultrapassar o nível de mediocridade”.


Em 1987, após as várias turnês em apoio ao álbum terem sido concluídas, o guitarrista Jake E. Lee foi despedido inesperadamente do grupo, através de um telegrama da esposa e empresária de Ozzy, Sharon Osbourne. A justificativa específica para a demissão de Lee permanece até hoje pouco esclarecida.


O baixista Phil Soussan também deixou a banda, com Bob Daisley mais uma vez retornando ao posto.


The Ultimate Sin ultrapassa a casa de 2 milhões de cópias vendidas pelo mundo.





Formação:

Ozzy Osbourne - Vocal

Jake E. Lee - Guitarra

Phil Soussan - Baixo

Randy Castillo - Bateria

Músico Adicional:

Mike Moran - Teclados


Faixas:

01. The Ultimate Sin (Daisley/Lee/Osbourne) - 3:45

02. Secret Loser (Daisley/Lee/Osbourne) - 4:08

03. Never Know Why (Daisley/Lee/Osbourne) - 4:27

04. Thank God for the Bomb (Daisley/Lee/Osbourne) - 3:53

05. Never (Daisley/Lee/Osbourne) - 4:17

06. Lightning Strikes (Daisley/Lee/Osbourne) - 5:16

07. Killer of Giants (Daisley/Lee/Osbourne) - 5:41

08. Fool Like You (Daisley/Lee/Osbourne) - 5:18

09. Shot in the Dark (Soussan/Osbourne) - 4:16


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: http://letras.mus.br/ozzy-osbourne/


Opinião do Blog:

The Ultimate Sin é um álbum controverso da carreira de Ozzy Osbourne. Há uns poucos que o amam e muitos o odeiam. Bom, sem muitas dúvidas, o álbum reflete o período conturbado da vida do Madman.


Há bons momentos em The Ultimate Sin, como a faixa-título e “Never Know Why”, em que o trabalho da guitarra de Lee e a voz de Ozzy se casam perfeitamente, em abordagens bem pesadas e bem incisivas.


Embora goste demais do Glam Metal, as faixas em que o flerte com o estilo são mais evidentes me soam menos inspiradas, como “Never” e “Fool Like You”, por exemplo.


Entretanto, 2 excelentes músicas da carreira de Ozzy estão neste álbum: a subestimada “Shot in the Dark” e uma das mais belas baladas que o vocalista gravou: “Killer of Giants”.


Enfim, The Ultimate Sin é oscilante entre momentos evidentemente muito bons e outros que abusam da palidez e da pouca inspiração. Mas vale muito à pena ouvir canções como “Killer of Giants” e “Shot in the Dark”, as quais apresentam as credenciais de um músico do quilate de Ozzy Osbourne.

2 comentários:

  1. Não sabia que este disco tinha se tornado uma raridade... Tenho o CD (na edição de 1995), como antes tivera o LP, comprado na época do lançamento. Lembro bem que a primeira vez que vi o disco ser mencionado foi na antiga revista "Metal", em que se afirmava que iria se chamar "Killer of Giants". Foi meu primeiro disco de estúdio do Ozzy (o primeiro dele que comprei foi o "Speak of the Devil"), e na época gostei bastante. Até hoje acho-o um pouco subestimado, por causa da faixa-título, "Killer of Giants" (uma das melhores musicas de Ozzy em todos os tempos), "Shot in the Dark" (bem pop, mas excelente), "Never Know Why" e "Lightning Strikes". "Thank God for the Bomb", na época, surpreendeu muito bem pela letra (que nunca foi o forte do Ozzy, convenhamos), e continuou me impressionando até que conheci The Groundhogs e sua "Thank Christ for the Bomb" (com uma letra bem melhor, aliás). Esse disco não faz feio no catálogo do Ozzy, mas acabou sendo mais fraco que os anteriores. Para piorar, logo depois saiu o fantástico "Tribute", que acho que acabou diluindo o impacto de "Ultimate Sin".
    Na minha lista dos melhores do Madman, ele ficaria em quinto lugar, perdendo apenas para "No More Tears" e os já citados três primeiros.
    Por fim, acho uma pena que Jake E. Lee foi mandado embora, porque era um excelente guitarrista e nunca mais teve o destaque que merecia (o Badlands era ótimo, mas não teve sucesso).

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    1. Eu acho que o disco tem ganhado mais fãs com o passar do tempo. Na década de 2000 (finado Orkut), este disco era praticamente uma unanimidade (no mau sentido).

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