13 de junho de 2023

GLENN HUGHES - ADDICTION (1996)

 


Addiction é o quinto álbum de estúdio da carreira solo do baixista britânico Glenn Hughes. Seu lançamento oficial aconteceu em 10 de julho de 1996 pelos selos SPV e Shrapnel Records. A produção ficou a cargo de Marc Bonilla, Michael Scott do próprio Glenn Hughes.


Hora do Blog se ater à carreira-solo do grande músico britânico Glenn Hughes e de seu álbum Addiction. Vai se tratar dos antecedentes da carreira do músico para depois se focar no disco.





Início de Carreira


Hughes liderou o Finders Keepers na década de 1960 como baixista/vocalista, bem como a banda britânica de rock Trapeze. Hughes foi o baixista e vocalista principal dos três primeiros álbuns do Trapeze, lançados entre 1970 e 1972. Ele também foi creditado em contribuição de guitarra, piano e trombone para esses álbuns.


Hughes foi recrutado para substituir Roger Glover como baixista do Deep Purple em 1973, embora se considerasse mais um vocalista que um baixista. Ele supostamente não estava interessado no trabalho do Deep Purple até que alguns dos outros membros propuseram que Paul Rodgers, do Free, fosse contratado como co-vocalista.

Embora o recrutamento de Rodgers tenha fracassado, Hughes agora estava interessado na "coisa de dois cantores principais", e David Coverdale foi posteriormente contratado como vocalista principal do Deep Purple. Os dois acabaram dividindo as funções de vocalista principal da banda pelos próximos três álbuns, até a separação do Deep Purple em 1976.


Lutando contra um grave vício em cocaína, Hughes então embarcou em uma carreira solo, lançando seu primeiro álbum solo em 1977, intitulado Play Me Out.


Em 1982, ele se juntou ao ex-guitarrista de Pat Travers, Pat Thrall, para formar o Hughes/Thrall, e eles lançaram um álbum autointitulado que passou praticamente despercebido na época. Parte do motivo da obscuridade do álbum foi a incapacidade de apoiá-lo com uma turnê adequada, devido ao fato de ambas as partes sofrerem com o vício em drogas. Como Hughes afirmou em uma entrevista de 2007, "O álbum Hughes-Thrall foi um álbum brilhante, brilhante, mas fizemos apenas 17 shows porque estávamos muito carregados”.


Glenn Hughes



Anos 1980


Em meados da década de 1980, Hughes gravou vários álbuns diferentes com bandas e artistas, incluindo Phenomena (Phenomena, Phenomena II: Dream Runner), Gary Moore (Run for Cover) e Black Sabbath (Seventh Star).


Os problemas de saúde de Hughes devido à alimentação excessiva, drogas e álcool começaram a afetar seriamente seus projetos musicais e isso contribuiu para passagens muito curtas com Gary Moore e Tony Iommi, já que Hughes não pôde fazer uma turnê com eles adequadamente devido a sua saúde debilitada.


Em 1985, o Black Sabbath se reuniu com o vocalista original Ozzy Osbourne para sua apresentação única no Live Aid. Enquanto esperava por uma pausa na carreira de Osbourne, Iommi decidiu gravar um álbum solo e Hughes foi contratado para fornecer os vocais. Devido às obrigações contratuais com a gravadora, o álbum foi creditado ao Black Sabbath com Tony Iommi e lançado em 1986 com críticas geralmente positivas.


Durante a turnê para promover o novo álbum, Hughes foi substituído pelo vocalista Ray Gillen após apenas seis shows; isso foi devido a uma lesão originada de um confronto com o gerente de produção do Black Sabbath, John Downing, por conta da degradação em sua voz, e por não estar em boa forma física para completar a turnê.


No final da década, Hughes percebeu que seu problema contínuo com as drogas o estava atrapalhando; um Hughes limpo, sóbrio e totalmente rejuvenescido voltou em 1991 com o vocal do hit "America: What Time Is Love?" com o KLF.


Glenn também gravou todos os vocais para o álbum solo do ex-guitarrista do Europe, John Norum, Face the Truth. Ele então embarcou novamente em uma carreira solo que tem sido seu foco principal até o momento.


Hughes em ação



Feel


Feel é um álbum que Hughes afirma ter feito para si mesmo, já que estava "cansado de ouvir o que fazer". É distinto do outro trabalho de Hughes porque o álbum tem um som mais pop, soul e funk do que o hard rock pelo qual ele é geralmente conhecido.


Finalmente, Addiction


Ao contrário de Feel, de 1994, que tinha um som mais leve com influências definidas de pop, soul e funk, Addiction era um álbum de hard rock definitivo, às vezes beirando o heavy metal. É geralmente considerado o álbum solo mais pesado de Hughes, tanto musical quanto topicamente.


Hughes descreve o período de sua vida em que fez o álbum como sombrio; vários problemas pelos quais ele estava passando são abordados nas canções. Muitos deles se concentram nos vícios em drogas que marcaram a vida de Hughes ao longo dos anos 80.


O guitarrista e compositor Marc Bonilla teve uma grande contribuição no álbum, interpretando, co-produzindo e co-escrevendo nove das dez canções. Este é o primeiro álbum de Hughes com o guitarrista e compositor de longa data Joakim 'JJ' Marsh. Marsh (de origem sueca) tocou guitarra em todos os álbuns solo subsequentes de Hughes até agora e fez turnês com ele em várias ocasiões.


Vamos às faixas:


DEATH OF ME


O trabalho é aberto com um Hard Rock visceral, direto ao ponto, e com ótimo refrão.


A letra tem um teor bem sombrio:


Lock the cell and kill the sun

Let me cook until I'm done

Drown my soul in love and rage

Until I kiss the loaded gun

"This is the death of me I know"


DOWN


Down” é mais cadenciada, com um toque bluesy, e ótimos vocais de Hughes.


A letra é uma reflexão sobre as consequências de seus abusos:


I've been down is where you left me

I've been down, I do not belong

I've been down, won't somebody help me?

I've been down, I did you no wrong


ADDICTION


Addiction” traz ótimos trabalhos de guitarras, sendo uma canção bem pesada e bem intensa, flertando com o Metal.


A letra fala sobre vício:


Throw my soul into the fire

Let my body burn in sin

It's so cold and I'm no liar

And it's all the same, all the same

It's just addiction


MADELEINE


Madeleine” segue pesada, mas com o traço funkeado típico de Glenn.


A letra pode ser interpretada com certa amargura:


You made your choice

You have the world in the palm of your hands

I'll never know

And I will never understand


TALK ABOUT IT


Talk About It” é uma linda balada, com a voz de Hughes destruindo tudo… incrível!


A letra fala sobre seguir em frente:


I don't want to talk about it

I don't even hear a word you say

I don't want to talk about it

I just turn my back and walk away





I’M NOT YOUR SLAVE


Mais um Hard Rock simples e direto, com certa cadencia e bom ritmo.


A letra é em tom de libertação:


You paint a tragedy, confess yourself to me

And I will take it to my grave

Your last mistake you see, you're

Damned and now I'm free

Because I'm not your slave


COVER ME


Cover Me” é um destaque, oscilando em passagens mais calmas e outras intensas.


A letra possui um sentido de desespero:


Inside I feel the pressure

My faith I cannot measure

Seems like the wound has deepened

I wake but I'm not breathing

And I say


BLUE JADE


Com mais de 7 minutos, “Blue Jade” é uma canção incrível.


A letra fala sobre um destino:


Is it fate or destiny?

Only she does hold the key

Fallen angel, I am driven to your side

From the moment you are here

I'm a man without a fear

You're the reason, my religion, you're my guide


JUSTIFIED MAN


Justified Man” é um Hard Rock direto, sem firulas e com guitarras bem afiadas. Grande música!


A letra possui um teor de redenção:


And now I'm justified,

Those days are gone you see

I've been livin' in war of speculation

I stand accused but I ain't goin' anywhere

I ain't lookin' back

Until I reach my destination


I DON’T WANT TO LIVE THAT WAY AGAIN


I Don't Want To Live That Way Again” supera a casa de 8 minutos, sendo uma canção bem bonita e mais introspectiva.


A letra é dolorosa e bem autobiográfica:


I'm miles away, as I look into the water

And there's a tide that pulls me in

The missing page where there'll be the sons and

daughters

I live and die it's hard to take

Safe within, this higher ground

The pleasure and the pain has come and gone

I have been once lost now found

And I don't want to live that way again


Considerações Finais


Embora um trabalho sólido, Addiction não conseguiu fazer barulho em termos das principais paradas de sucesso.


A versão norte-americana do álbum foi lançada com três faixas bônus ao vivo; as quais consistiam em duas canções do Trapeze - "Way Back to the Bone" (de You Are the Music ... We're Just the Band) e "Touch My Life" (de Medusa) - bem como a música do Deep Purple, “You Fool No One” (de Burn).


A faixa “Talk About It” foi posteriormente lançada como single na forma do EP Talk About It, um CD que incluía três faixas ao vivo e inéditas.


Hugh Felder, da Louder, afirma sobre o trabalho: “Addiction no ano seguinte volta ao metal, e novamente o material e a voz de Hughes são fortes o suficiente para superar as tensões musicais que a produção não consegue esconder”.


Em 1999, Hughes fez uma curta turnê de homenagem a Tommy Bolin no Texas, com o irmão de Tommy, Johnnie (do Black Oak Arkansas) na bateria.


Em 2003, Hughes fez uma aparição especial no projeto de ópera metal "AINA", ao lado de outros vocalistas convidados como Michael Kiske, Tobias Sammet, Andre Matos e Simone Simons no álbum de estreia Days of Rising Doom.





Formação:

Glenn Hughes – Vocals, Baixo

Marc Bonilla – Guitarras, Teclados

Joakim Marsh – Guitarras

Joe Travers – Bateria

Ronnie Montrose – Slide guitar em "Justified Man"


Faixas:

01. Death Of Me (Bonilla) – 3:46

02. Down (Axelsson/Bonilla/Hughes/Marsh) – 4:43

03. Addiction (Bonilla/Hughes) – 4:26

04. Madeleine (Axelsson/Bonilla/Hughes/Marsh) – 4:48

05. Talk About It (Bonilla/Hughes) – 4:48

06. I'm Not Your Slave (Bonilla/Hughes) – 3:51

07. Cover Me (Bonilla/Hughes) – 4:52

08. Blue Jade (Hughes/Marsh) – 7:14

09. Justified Man (Bonilla/Hughes) – 3:41

10. I Don't Want To Live That Way Again (Bonilla/Hughes) – 8:18


Letras:

Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/glenn-hughes/#I


Opinião do Blog:

O talento extraordinário de Glenn Hughes no Rock é notório e evidente, mais visível nos seus tempos de Deep Purple, mas também notório em grupos como Trapeze e Black Country Communion, só por exemplo.


Sua carreira solo oscila em trabalhos realmente muito bons e outros menos elogiáveis, mas, para o Blog, Addiction é o ápice desta linha de trabalho de Hughes.


Como parte de uma espécie de expurgo pessoal, o conteúdo lírico, denso e em boa parte autobiográfico, traz um peso adicional ao instrumental, além de uma forte carga emocional ao disco.


Todas as confissões trazidas por Hughes nas letras são acompanhadas por instrumental rico, muitas vezes com um Hard Rock que flerta com o Metal, bem executado e em doses cavalares.


Tudo isto é trazido por interpretações impecáveis do vocalista, uma das vozes mais marcantes do Rock. Hughes canta com a alma e isto é muito sólido no disco.


Não há excessos no álbum e tudo soa bem coeso e homogêneo. Como favoritas, escolhemos a porrada “Justified Man” e a belíssima “Blue Jade”.


Enfim, Addiction talvez realmente seja o melhor trabalho solo de Glenn Hughes, uma das mais notáveis vozes do Rock e que destilou seu enorme talento por todos os grupos em que passou.

4 comentários:

  1. Grande disco do Glenn Hughes, um verdadeiro sobrevivente do rock - o mal que ele fez a si mesmo é indescritível, mas de alguma forma o cara conseguiu se manter vivo - que passou por grandes bandas e construiu uma carreira solo honesta e decente. Não tenho todos os discos-solo dele, nem sei qual seria o meu favorito, mas adoro este aqui, o "From Now On", o "Return Of the Crystal Karma" e o "First Underground Nuclear Kitchen". Já assisti o mestre ao vivo duas vezes - e estou planejando assistir a terceira, já que ele vai passar aqui novamente no começo de novembro!

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    1. Meu favorito é o Addiction mesmo, embora os quevc citou sejam também notáveis. Hughes conseguiu sobreviver e tem uma carreira que é bastante decente, mas seus problemas pessoais o impediram de ir ainda mais longe, pois o seu talento é imenso - é o que eu acho.

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    2. O vício em cocaína aproximou Hughes e David Bowie nos anos 70 - eles se tornaram bons amigos, inclusive saindo juntos para curtirem as festas. Nicholas Pegg, que escreveu "The Complete David Bowie", informa que Hughes foi convidado para fazer backing vocals num álbum de Bowie, mas não conseguiu determinar se foi no "Station to Station" ou no "Young Americans". Fico imaginando o que poderia ter saído dessa colaboração

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    3. Hughes e Bowie teria sido muito foda!

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