Addiction é o quinto álbum de estúdio da carreira solo do baixista britânico Glenn Hughes. Seu lançamento oficial aconteceu em 10 de julho de 1996 pelos selos SPV e Shrapnel Records. A produção ficou a cargo de Marc Bonilla, Michael Scott do próprio Glenn Hughes.
Hora do Blog se ater à carreira-solo do grande músico britânico Glenn Hughes e de seu álbum Addiction. Vai se tratar dos antecedentes da carreira do músico para depois se focar no disco.
Início de Carreira
Hughes liderou o Finders Keepers na década de 1960 como baixista/vocalista, bem como a banda britânica de rock Trapeze. Hughes foi o baixista e vocalista principal dos três primeiros álbuns do Trapeze, lançados entre 1970 e 1972. Ele também foi creditado em contribuição de guitarra, piano e trombone para esses álbuns.
Hughes
foi recrutado para substituir Roger Glover como baixista do Deep
Purple em 1973, embora se considerasse mais um vocalista que um
baixista. Ele supostamente não estava interessado no trabalho do
Deep Purple até que alguns dos outros membros propuseram que
Paul Rodgers, do Free, fosse contratado como
co-vocalista.
Embora o recrutamento de Rodgers tenha
fracassado, Hughes agora estava interessado na "coisa de dois
cantores principais", e David Coverdale foi posteriormente
contratado como vocalista principal do Deep Purple. Os dois
acabaram dividindo as funções de vocalista principal da banda pelos
próximos três álbuns, até a separação do Deep Purple em
1976.
Lutando contra um grave vício em cocaína, Hughes então embarcou em uma carreira solo, lançando seu primeiro álbum solo em 1977, intitulado Play Me Out.
Em
1982, ele se juntou ao ex-guitarrista de Pat Travers, Pat Thrall,
para formar o Hughes/Thrall, e eles lançaram um álbum
autointitulado que passou praticamente despercebido na época. Parte
do motivo da obscuridade do álbum foi a incapacidade de apoiá-lo
com uma turnê adequada, devido ao fato de ambas as partes sofrerem
com o vício em drogas. Como Hughes afirmou em uma entrevista de
2007, "O álbum Hughes-Thrall foi um álbum brilhante,
brilhante, mas fizemos apenas 17 shows porque estávamos muito
carregados”.
Glenn Hughes |
Anos 1980
Em meados da década de 1980, Hughes gravou vários álbuns diferentes com bandas e artistas, incluindo Phenomena (Phenomena, Phenomena II: Dream Runner), Gary Moore (Run for Cover) e Black Sabbath (Seventh Star).
Os
problemas de saúde de Hughes devido à alimentação excessiva,
drogas e álcool começaram a afetar seriamente seus projetos
musicais e isso contribuiu para passagens muito curtas com Gary
Moore e Tony Iommi, já que Hughes não pôde fazer uma
turnê com eles adequadamente devido a sua saúde debilitada.
Em 1985, o Black Sabbath se reuniu com o vocalista original Ozzy Osbourne para sua apresentação única no Live Aid. Enquanto esperava por uma pausa na carreira de Osbourne, Iommi decidiu gravar um álbum solo e Hughes foi contratado para fornecer os vocais. Devido às obrigações contratuais com a gravadora, o álbum foi creditado ao Black Sabbath com Tony Iommi e lançado em 1986 com críticas geralmente positivas.
Durante a turnê para promover o novo álbum, Hughes foi substituído pelo vocalista Ray Gillen após apenas seis shows; isso foi devido a uma lesão originada de um confronto com o gerente de produção do Black Sabbath, John Downing, por conta da degradação em sua voz, e por não estar em boa forma física para completar a turnê.
No
final da década, Hughes percebeu que seu problema contínuo com as
drogas o estava atrapalhando; um Hughes limpo, sóbrio e totalmente
rejuvenescido voltou em 1991 com o vocal do hit "America: What
Time Is Love?" com o KLF.
Glenn também gravou todos os vocais para o álbum solo do ex-guitarrista do Europe, John Norum, Face the Truth. Ele então embarcou novamente em uma carreira solo que tem sido seu foco principal até o momento.
Hughes em ação |
Feel
Feel é um álbum que Hughes afirma ter feito para si mesmo, já que estava "cansado de ouvir o que fazer". É distinto do outro trabalho de Hughes porque o álbum tem um som mais pop, soul e funk do que o hard rock pelo qual ele é geralmente conhecido.
Finalmente, Addiction
Ao contrário de Feel, de 1994, que tinha um som mais leve com influências definidas de pop, soul e funk, Addiction era um álbum de hard rock definitivo, às vezes beirando o heavy metal. É geralmente considerado o álbum solo mais pesado de Hughes, tanto musical quanto topicamente.
Hughes descreve o período de sua vida em que fez o álbum como sombrio; vários problemas pelos quais ele estava passando são abordados nas canções. Muitos deles se concentram nos vícios em drogas que marcaram a vida de Hughes ao longo dos anos 80.
O guitarrista e compositor Marc Bonilla teve uma grande contribuição no álbum, interpretando, co-produzindo e co-escrevendo nove das dez canções. Este é o primeiro álbum de Hughes com o guitarrista e compositor de longa data Joakim 'JJ' Marsh. Marsh (de origem sueca) tocou guitarra em todos os álbuns solo subsequentes de Hughes até agora e fez turnês com ele em várias ocasiões.
Vamos às faixas:
DEATH OF ME
O trabalho é aberto com um Hard Rock visceral, direto ao ponto, e com ótimo refrão.
A letra tem um teor bem sombrio:
Lock the cell and kill the sun
Let me cook until I'm done
Drown my soul in love and rage
Until I kiss the loaded gun
"This is the death of me I know"
DOWN
“Down” é mais cadenciada, com um toque bluesy, e ótimos vocais de Hughes.
A letra é uma reflexão sobre as consequências de seus abusos:
I've been down is where you left me
I've been down, I do not belong
I've been down, won't somebody help me?
I've been down, I did you no wrong
ADDICTION
“Addiction” traz ótimos trabalhos de guitarras, sendo uma canção bem pesada e bem intensa, flertando com o Metal.
A letra fala sobre vício:
Throw my soul into the fire
Let my body burn in sin
It's so cold and I'm no liar
And it's all the same, all the same
It's just addiction
MADELEINE
“Madeleine” segue pesada, mas com o traço funkeado típico de Glenn.
A letra pode ser interpretada com certa amargura:
You made your choice
You have the world in the palm of your hands
I'll never know
And I will never understand
TALK ABOUT IT
“Talk About It” é uma linda balada, com a voz de Hughes destruindo tudo… incrível!
A letra fala sobre seguir em frente:
I don't want to talk about it
I don't even hear a word you say
I don't want to talk about it
I just turn my back and walk away
I’M NOT YOUR SLAVE
Mais um Hard Rock simples e direto, com certa cadencia e bom ritmo.
A letra é em tom de libertação:
You paint a tragedy, confess yourself to me
And I will take it to my grave
Your last mistake you see, you're
Damned and now I'm free
Because I'm not your slave
COVER ME
“Cover Me” é um destaque, oscilando em passagens mais calmas e outras intensas.
A letra possui um sentido de desespero:
Inside I feel the pressure
My faith I cannot measure
Seems like the wound has deepened
I wake but I'm not breathing
And I say
BLUE JADE
Com mais de 7 minutos, “Blue Jade” é uma canção incrível.
A letra fala sobre um destino:
Is
it fate or destiny?
Only she does hold the key
Fallen angel, I am driven to your side
From the moment you are here
I'm a man without a fear
You're the reason, my religion, you're my guide
JUSTIFIED MAN
“Justified Man” é um Hard Rock direto, sem firulas e com guitarras bem afiadas. Grande música!
A letra possui um teor de redenção:
And now I'm justified,
Those days are gone you see
I've been livin' in war of speculation
I stand accused but I ain't goin' anywhere
I ain't lookin' back
Until I reach my destination
I DON’T WANT TO LIVE THAT WAY AGAIN
“I Don't Want To Live That Way Again” supera a casa de 8 minutos, sendo uma canção bem bonita e mais introspectiva.
A letra é dolorosa e bem autobiográfica:
I'm miles away, as I look into the water
And there's a tide that pulls me in
The missing page where there'll be the sons and
daughters
I live and die it's hard to take
Safe within, this higher ground
The pleasure and the pain has come and gone
I have been once lost now found
And I don't want to live that way again
Considerações Finais
Embora um trabalho sólido, Addiction não conseguiu fazer barulho em termos das principais paradas de sucesso.
A versão norte-americana do álbum foi lançada com três faixas bônus ao vivo; as quais consistiam em duas canções do Trapeze - "Way Back to the Bone" (de You Are the Music ... We're Just the Band) e "Touch My Life" (de Medusa) - bem como a música do Deep Purple, “You Fool No One” (de Burn).
A
faixa “Talk About It” foi posteriormente lançada como single na
forma do EP Talk About It, um CD que incluía três faixas ao
vivo e inéditas.
Hugh Felder, da Louder, afirma sobre o trabalho: “Addiction no ano seguinte volta ao metal, e novamente o material e a voz de Hughes são fortes o suficiente para superar as tensões musicais que a produção não consegue esconder”.
Em 1999, Hughes fez uma curta turnê de homenagem a Tommy Bolin no Texas, com o irmão de Tommy, Johnnie (do Black Oak Arkansas) na bateria.
Em
2003, Hughes fez uma aparição especial no projeto de ópera metal
"AINA", ao lado de outros vocalistas convidados como
Michael Kiske, Tobias Sammet, Andre Matos e Simone Simons no álbum
de estreia Days of Rising Doom.
Formação:
Glenn Hughes – Vocals, Baixo
Marc Bonilla – Guitarras, Teclados
Joakim Marsh – Guitarras
Joe Travers – Bateria
Ronnie Montrose – Slide guitar em "Justified Man"
Faixas:
01. Death Of Me (Bonilla) – 3:46
02. Down (Axelsson/Bonilla/Hughes/Marsh) – 4:43
03. Addiction (Bonilla/Hughes) – 4:26
04. Madeleine (Axelsson/Bonilla/Hughes/Marsh) – 4:48
05. Talk About It (Bonilla/Hughes) – 4:48
06. I'm Not Your Slave (Bonilla/Hughes) – 3:51
07. Cover Me (Bonilla/Hughes) – 4:52
08. Blue Jade (Hughes/Marsh) – 7:14
09. Justified Man (Bonilla/Hughes) – 3:41
10. I Don't Want To Live That Way Again (Bonilla/Hughes) – 8:18
Letras:
Para o conteúdo completo das letras, recomenda-se o acesso a: https://www.letras.mus.br/glenn-hughes/#I
Opinião do Blog:
O talento extraordinário de Glenn Hughes no Rock é notório e evidente, mais visível nos seus tempos de Deep Purple, mas também notório em grupos como Trapeze e Black Country Communion, só por exemplo.
Sua carreira solo oscila em trabalhos realmente muito bons e outros menos elogiáveis, mas, para o Blog, Addiction é o ápice desta linha de trabalho de Hughes.
Como parte de uma espécie de expurgo pessoal, o conteúdo lírico, denso e em boa parte autobiográfico, traz um peso adicional ao instrumental, além de uma forte carga emocional ao disco.
Todas as confissões trazidas por Hughes nas letras são acompanhadas por instrumental rico, muitas vezes com um Hard Rock que flerta com o Metal, bem executado e em doses cavalares.
Tudo isto é trazido por interpretações impecáveis do vocalista, uma das vozes mais marcantes do Rock. Hughes canta com a alma e isto é muito sólido no disco.
Não há excessos no álbum e tudo soa bem coeso e homogêneo. Como favoritas, escolhemos a porrada “Justified Man” e a belíssima “Blue Jade”.
Enfim, Addiction talvez realmente seja o melhor trabalho solo de Glenn Hughes, uma das mais notáveis vozes do Rock e que destilou seu enorme talento por todos os grupos em que passou.
Grande disco do Glenn Hughes, um verdadeiro sobrevivente do rock - o mal que ele fez a si mesmo é indescritível, mas de alguma forma o cara conseguiu se manter vivo - que passou por grandes bandas e construiu uma carreira solo honesta e decente. Não tenho todos os discos-solo dele, nem sei qual seria o meu favorito, mas adoro este aqui, o "From Now On", o "Return Of the Crystal Karma" e o "First Underground Nuclear Kitchen". Já assisti o mestre ao vivo duas vezes - e estou planejando assistir a terceira, já que ele vai passar aqui novamente no começo de novembro!
ResponderExcluirMeu favorito é o Addiction mesmo, embora os quevc citou sejam também notáveis. Hughes conseguiu sobreviver e tem uma carreira que é bastante decente, mas seus problemas pessoais o impediram de ir ainda mais longe, pois o seu talento é imenso - é o que eu acho.
ExcluirO vício em cocaína aproximou Hughes e David Bowie nos anos 70 - eles se tornaram bons amigos, inclusive saindo juntos para curtirem as festas. Nicholas Pegg, que escreveu "The Complete David Bowie", informa que Hughes foi convidado para fazer backing vocals num álbum de Bowie, mas não conseguiu determinar se foi no "Station to Station" ou no "Young Americans". Fico imaginando o que poderia ter saído dessa colaboração
ExcluirHughes e Bowie teria sido muito foda!
Excluir